segunda-feira, 26 de julho de 2010

Projeto Audvisual

Esse aqui é o primeiro de uma série que combina a preguiça das férias com o assunto que todos amamos (ou pelo menos temos alguma curiosidade): Ets. Espero que gostem, se não gostarem, vocês são livres pra isto.

'

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sufrágio de ideários: Bigode de taturana!

-Férias... Putz, logo já tão indo... Nem ficam pra tomar um café!
Risadas.
-Ah! Cala boca gordo! -Berra mulher bela, morena de olhos verdes, sua face não tão concervada, porém ainda chamo ela de bela.
Na festa do filho de dois anos todos estão na diversão, todos navegam no barco da alegria de Heitor. Gordo -ou como me disse, "fortinho"-, de bigode negro e roupas ajustadas ao seu estilo, mas que nada eram caras (inclusive a mulher as usava para limpar o chão, as vezes as estragadas, outras ainda "usáveis", mas pra ela ao gordo não serviam mais).
Esse menino em corpo de velhote era um "coração de ouro". Não batia em cachorro, nem pisava em formiga quando criança, nessa fase também apanhava.
A mulher era Aurélia, como dicionário de ofensas, não peria a chance de descontar o pai bebum, o colégio e o enganador Romão, as roupas das madames da novela das 10 horas... O homem que tinha dava tudo que queria... Mas, o vestido da madame não!
-Vou comprar pão e passar no trabalho pra resolver umas pendências, tudo bem? -Disse o gordo Heitor.
-Vai logo! Bigode de taturana! -Ela lavava a louça, ele beijou sua bochecha e sorriu (ela, escondido, também). Saiu, ela foi ligar para alguém depois que terminou e lavar o prato do almoço.
Chovia, a fonte no Centro da cidade, com sua cara de cavalo parecia chorar a morte de sua mãe égua.
Heitor chegava em casa, descolorida e descascada, o serviço de gari não dava pra tudo. Barulho nos fundos, um barbudo sai de casa- calça recém colocada e cheiro estranho... O filho dormia na casa da avó, no outro bairro...
Arma do pai... A casa dele era perto.
Entrou, Heitor olhou a mulher.
Ela beijou sua face, "-Oi, Bigode de taturana!", disse num misto e seriedade e graça que me conquistou. Áureos tempos que namoravámos, não é minha velha?...
Assim, em vez de gatilho estourado, naquela noite foi gerado o segundo filho: Clara, de lindos olhos castanhos.
Vocês esperavam pólvora... Mas, houve sim esta. Trinta anos depois.
-Daí você corria e falava prô Seu Firmino: Vai lavá o pé, italiano porcatião!
Risadas.
-A piazada era foda naqueles tempos, não é Heitor?!
-É... Como falava o velho italiano: "-Piazada do capeta!"
Mais risadas no azilo. A roda de velhos se divertiam ao ouvir a lembranças, que também eram deles, do gordo de bigodes brancos chamado Heitor.
-Adeus, pai! -Disse o filho, último a lhe falar; a mulher saira para fumar um pouco. Ele inclinou a cabeça na cama da Santa Casa... Seu filho, médico que correu de simpósio na Itália, moveu-se rápido com suas calças boca de sino:
-Os tempos já são outros...- Pensou o pai, Heitor vira a calça... Lembrou daquela calça! Daquele barbudo... Mas, viu olhos verdes da menina, hoje mulher bela e morena.
Alma, se sorri, a dele sorriu e foi.
Aurélia, no dia seguinte, assim como no resto da semana, passou de negro. Aurélia estava sem palavras, dela pelo menos... Tentou lembrar de alguma piada do marido.
Lembrou da arma na gaveta. O novo marido comprara para a proteção.
Dedo no gatilho e...
Pá!
No coração ela teve certeza, mesmo não tendo morrido e nem atirado:
-Eu amava aquele... Bigode de taturana!
"-Açogueiro lento foi matar o boi, mas passou antes na venda, depois no bar e um pouquinho na casa da mãe, pra broa comer... Quando no matadouro chegou, pele osso e um bilete do cachorro Maneco que na frente do açougue ficava dizendo: -'Se por ti esperaste, morreria de fome!""
Risadas, dela somente. Mas, elas tinham sabor de lágrimas, era uma piadinha de festa de filho do Heitor, o Bigode de taturana dela.


MUSIQUETA DA POSTAGEM
Relacionamentos... Ó, se sente e imagine.
'

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Anarquia no formigueiro

Imaginemos a seguinte situação: um formigueiro, com seus grupos de cortadeiras, guerreiras, rainha e etc. Agora, quero que vocês façam um esforço e pensem em um grupo de formiguinhas que usem suas calças rasgadas, jaquetas de couro, ou melhor, se quisermos pensar em um exemplo recente de nosso dias, elas têm suas franjinhas e roupas coloridas (quem leu e não gostou, não julgue meu exemplo, vamos nos ater ao fato que quero demonstrar). Todos esses animaizinhos estão nesse mesmo formigueiro, interagindo.
Primeiro, uma formiga que ouve rock vai se juntar a outra que gosta do mesmo estilo... Mas, isso sempre acontece?!! -Ouvi alguém perguntar aí do outro lado, e digo: Por acaso você prefere se juntar com quem entende o que você diz, ou alguém que sempre discorda de você, realmente, você tem mais amigos que concordam e te dão algum tipo de apoio, ou alguém que te enche o saco sem fundamento nenhum -puramente na chatice. Calma, isto é normal (se é ruim, não sei).
Depois, uma formiguinha vai se identificar com a outra: "-Olha, robô essa jaqueta, aí?" ou "-Oh, se comprô onde essa calça verde-limão? No Free Market?". Logo, elas vão criar uma série de códigos e vão começar para se comunicar, mas não vão alterar só sua língua, também vão mudar seu espaço: dos clubes ou pubs que vão crescer até as lojas de discos ou os sites de compartilhamento de música. Vão criar um "micro-mundo"...
Tá, mas e a anarquia no formigueiro?!!
Pense, no formigueiro há o "macro-mundo", há leis gerais que todos teoricamente respeitam, mas também há esses micro-mundos, o futebol no final de semana de um grupo de trabalhadores de um fábrica, um grupo de calouros numa universidade, um grupo de carolas de uma igreja, etc. Diversos pequenos unversos que convivem com um dado Universo.
Nesse convívio, claro, há conflitos e tudo mais, porém, por que chamar esse texto com um título de anarquista? Uso este termo no sentido de quebra de uma regra geral... ?..., isto é, pense que no formigueiro há essa formiguinhas rockers, elas talvez não vão se sentir mais tão "do formigueiro", mas sim "do rock", ou seja, o formigueiro parece que perde a sua qualidade de ser "o todo".
...Mas, agora podemos pensar que o formigueiro não é nada mais que um "micro-mundo" também? Ele apenas é um convívio desses mundos que as formiguinhas vivem, ou é o Universo?
Precisamos de linhas que meçam nosso espaço, podemos medir onde vivemos, ou tudo não passa de um grande caos em um formigueiro?
...Hoje, são vocês que decidem pessoal!


MUSIQUETA DA POSTAGEM
Pras formiguinhas saberem que em todo o lugar há um punk rock
'

sábado, 3 de julho de 2010

Sufrágio de ideários: A mãe que guarda

Era 21 de junho, o ano eu nem me lembro. Estava bordando e ouvindo uma AM de músicas calmas e baladinhas... Me ligaram, meu filho morreu.
Essa droga de prisão me atormenta... Maldita seja aquela mulher! Me casei com a desgraçada e agora estou aqui... Droga! A culpa não é minha!
A senhora de cabelos brancos e blusa de lã rosa saiu de casa, pegou seu carro (um modelo antigo e grande). Andava nele pelas ruas, era o começo do verão, mas era frio pela manhã. Pensava em como seu garoto -aquele que pasava em todas as matérias, quase entrara na Faculdade mais conceituada, a Federal, trabalhou duro por dez anos como caixa de supermercado e, hoje, tinha voltado a estudar e iria começar seu curso no fim do ano-, tudo era diferente agora: aquela mulher havia comido e vomitado o coração dele!
Vadia! -Pensou ele- Me traiu com o Roberval! Miserável, agora ela tá grávida dele... Se eu não fosse tão incompetente teria dado a bala na cabeça dele, não do pirralho burro do irmão! O filho eles era pra não ter pai, não tio!
Na noite de 20 de junho, uma corda foi estendida na cela 21. "O lugar só tinha um preso, a última rebelião coincidira com a transferência do rapaz, 29 anos, loiro, pesando 61 quilos, estava magro devido a prisão de quase seis meses. Assassino, morrera em circunstâncias de graves crises de depressão, viria a começar seu trtamento em um semana. Se enforcara com um cinto. Assinado: O carceireiro. Ratificado: O legista."
A mãe chegou, sua face dura como uma pedra, alma rígida de dor. Olhou para o corpo... Parecia só dormir...
Chegou em casa, não iria para o culto hoje. A alma não acreditava mais, só o corpo, este sim, acreditou nas pílulas. Uma azul, duas vermelhas... Um beijo do anjo do último suspiro, um sono eterno. A mãe viúva que não saiu por uma semana decidiu beijar...
E assim, tomou. Foi-se.
22 de junho, 4 horas da manhã mais ou menos. Porra, tô com uma maldita dor de cabeça! -O rapaz saia na surdina, em companhia tinha o legista do IML. Dele ganhara um par de roupas, já vestido com a calça boca de sino e com brilhantina no cabelo, estava um "cidadão comum", como brincara o seu comparça. O tal recebera o cheque, com data anterior a "morte" do emissor: metade pra ele, metade pro outro, o carcereiro.
Em um despedida silenciosa, saiu pela rua, tinha que pegar um ônibus. Iria sumir por um tempo, depois de alguns dias iria visitar sua única amiga, aquela que cuidou dele e foi visitá-lo na prisão. Não tentaria a busca de vingança por causa da vagabunda... Tinha apoio, tinha alguém que ele confiava e iria ajudar a começar uma vida nova: sua mãe.


MUSIQUETA DA POSTAGEM
Sobre descendência, escolho uma "seleção artificial":
http://http//www.youtube.com/watch?v=7PMKk3sLgVo

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sufrágio de ideários: Silvio, o mascate da Colt

(Esse post é um exercício se "egoísmo" meu, ele é uma crônica que resolvi escrever aqui -o título antes dos dois pontos indicarão isso, se não quiser ler, pule e vá para outra coisa)
Ele muito trabalhou, lutou cada dia em suor e cabelos brancos. Sua face era de um homem de cinquenta, mas tinha trinta e cinco e meio. Sua fala era pesada como a de alguém que tem uma grave doença nos pulmões, ele tirara chapas no médico recentemente, nada havia.
Viveu quinze anos outra vida, da filha de olhos esmeralda. Mas, agora tudo estava díficil: o leite acabara e o café estava caro... A Crise caía com seus tentáculos sobre a cabeça daquele pai.
Era inverno, geava e o rio Ivo congelava finas camadas de gelo em sua águas. Frias água como o frio que tomou meu coração... Eu, o pai, empunhei uma arma, matei o homem e ganhei vinte cruzeiros do Dom Rámom, o Chefe. Se no rio, congelavam suas águas o saco dos pirralhos que escapavam do Instituto de Educação para pular e nadar, afim de impressionar as bobas das carolinhas, também o peito da minha filha chiava e congelava... Estava com "o mal".
Se eu o visse, entenderia por que o pai fazia aquilo, sua filha vomitou sangue na escola, sujou o laboratório de Biologia. A pobre estava nas últimas.
Porém, eu -o pai que agora estou falando- não pensei na hora de fazer o serviço e matar o desafeto do Dom, o tal de Dantas comera a mulher dele; não sou o maior moralista, me sirvo como viúvo que sou, das "meninas" da Casa Roxa, na esquina da rua Quinze, mas eu receberia vinte cruzeiros... Vin-te cru-zei-ros! Quinze iriam para o remédio e o tratramento na Santa Casa, o resto para o material da menina, não me atrevo a gastar com putas o que é para minha filha... Para seu futuro!
No inverno que citei, vi o pai cruzar a avenida, eu fora ordenado por uma tal de família Dantas para dar um "passeio" naquele frio matutino. Ele saíra da farmácia com um embrulho debaixo do braço, tinha cara serena, mas mesmo assim, foi no local de madrugada, logo quando abriu. O pai tinha medo da polícia, era um pai, não assassino.
Hoje, dou a terceira dose do remédio... Minha filha já está melhor, hoje ela vai tentar sair da cama e...
Pá!...
Pá!
Coçei a barba por fazer, ascendi um cigarro, guardei a Colt; pensei em enviar algum dinheiro para a guria, mas, meu trem já estava pra sair e o quartel era próximo. Acho que a menina morreu ou foi prum convento, não sei...
Meu nome é Silvio, antigo mascate, atual... Atual "encaminhador".

MUSIQUETA DA POSTAGEM
Hoje, vou incluir a seguinte melodia de sombras
<'