sábado, 28 de maio de 2011

Tiros, drags e Foucault #Agentes do Caos

 Lá estava eu, próximo a minha mudança de vida!
 Olhando pra ela, via suas perucas loiras e seu batom mal pintado; eu, um jovem de camisa verde com listras pretas... Mas, todos odeiam listras, preferem uma roupa com bolinhas... Viver um pouquinho de cada vez, ponto por ponto...
 E dragqueen, aquela montanha de músculos e fúria, ia me fulminar, tinha na saia o coldre de sua 45, nos olhos -mão do destino-; eu tava ferrado e sem pelo.
 Pá! Pá!
 Ela atirou, as balas voavam e eu corri pra debaixo de uma mesa pesada de ébano próxima, as balas continuavam e eu sabia que estava tudo perdido, sem esperança, sem muito o que fazer...
                                              Então, ele apareceu
                                       Ratátátátá! Da porta da sala, balas salvadoras
                                       A drag caiu, morta, com peruca loira vermelha
                                                                     *
 No carro, preto e bem quadrado, estava eu assustado... No meu lado, um senhor de uns quarenta anos, terno preto, careca, óculos fundo de garrafa...
 -Qual o seu... (Tomei coragem)
 -Adolf, Adolf Foucault... -Falou o cara, que percebi ser "suave", sorrindo depois da resposta.
 -Que nome...
 -Sim, horrível! -Ele era estranho, parecia ler minhas respostas antes que eu falasse... Ou eu, que era muito óbvio; enfim, sei que ele não tinha a marca do corvo no braço direito, estava feliz... Mas, vi, de relance, outra marca: uma espada azul... Tatuada na parte de cima da mão...
 -Você... É um Deles?
 -Bem, -começou o careca a falar- fui muitas coisas na vida... Mas, neste negócio, só fui pertencente uma vez aqueles que combatem os Agentes... Mas, então, encontrei um Mestre, alguém que me mostrou como combater o Caos verdadeiramente...
 Então, o careca Foucault me contou sua história... Um sobrevivente das Guerras na Bósnia, um matador Deles e, por último, um discípulo de Helter Skelter... Isto, me calou até chegarmos num hotel, na periferia, perto ao novo terminal rodoviário, num dia cinzento e onde apenas se podia esquentar ao sol.
                                                                                *
 "Eles eram pássaros de cobre, eles tinham no peito a marca da besta, eles caminhavam mais rápido e com mais certeza que os outros, pois, tinham Sua Verdade"-Livro Vermelho, capítulo 15: versículo 13.
  -Hey, mas, como assim? Você foi discípulo do meu professor de Geografia? Foi ele que me mandou lá e...
 -Eu sei, -disse o homem de quase dois metros de altura-, era pra eu estar lá, pra te proteger mesmo... Pena que Eles, chegaram antes...
 -Por quê? Por que aquele cara vestido de mulher queria a minha cabeça? Quase fui fuzilado!
 -Por quê? Por que você é especial João! Claro, não com um nome destes: "João de SantChristian", muito chato! Hehehe
 Enquanto falávamos, Adolf tirava as botinas pretas, estávamos num quarto com duas camas, agradável; seus pés eram estranhos... Se fossem normais, não teria percebido, mas eles não eram normais... Eram prateados, eram de metal!
 "Então, subitamente, quando o guerreiro que toca o sino da manhã se desvanece, que sua missão comece; pois, o justo caminha sobre o mar, o mal, sobre os céus e tu, tu só anda"-Livro Vermelho, capítulo 16: versículo 14.
                                   Porta arrebenta, ouço tiros, muitos!
 Pulo pra debaixo de... Não há nada! fico deitado mesmo!
 O velho homem careca, descalço, dispara a arma que tem na cintura
 Os atacantes, acho que tem caras vermelhas, ou algo assim, também
 Acertam Foucault...
 ...
 Porradas, estou sendo levado pro carro, cheio de sangue do meu amigo, meu ex-novo amigo... Ou, no mínimo, salvador
 Homens de máscaras vermelhas, sou lançado no capô do carro, chegou minha hora!
 Lá estava eu, próximo a minha mudança de vida!
 Páratátátátá!
 Todos caem... Da porta, vejo um rosto... Entre o sol descendo vermelho e a noite crescendo no azul... Desmaio
                                                                    *
 "Ainda que pelo Vale das Sombras da Morte eu descanse, não pararei minha caminhada"-Livro Vermelho, capítulo 17: versículo 15
 Hoje, estou numa noite de sábado, indo pela Rua 15, com medo de assalto... Mas, mais medo Deles...
 Sem mais proteção, sou um "cavaleiro" andante... Recebi de um amigo, ou um salvador? Um Livro Vermelho; nunca fui muito religioso, mas, ele disse que o bom dos livros é lê-los, o ruim é ter que aturar quem os lê.
 Lá vou eu, sigo pela Rua 15, vou pra uma festa... Também me divirto, quando não estou escapando de tiros...
 ...
 Ah, como sai do último ataque? Bem, nada de mais, só pensei que fossem mais espertos... Acharam mesmo que alguém que se chama Adolf Foucault e usa uma perna de metal cairia por simples 32 tiros? Vocês não lêem?


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domingo, 15 de maio de 2011

O Panda Vermelho: Vermelho Sangue

 "Monte Kailash, quatro lados, orientados pela bússola, lá deve encontrar o que procura!"
 Segui as pistas, fui subindo as vielas mortas entre as montanhas tibetanas, a cadeia se ergue por muitos quilômetros, porém é ali, neste monte, que devo encontrar o "eixo do mundo"... Minha razão de existir é descobrir sobre um antigo mestre meu, um Panda Vermelho... Lá, no topo da morada de deus, escalei, me escondendo dos crentes que ficariam ofendidos por eu tentar realizar minha crença; é normal, defendemos o que cremos.
 Em um entroncamento, próximo a nascente de um dos quatro rios que saem desta montanha... Lá esta, numa simples caixa de madeira, na vista de todos, a história de Panda Vermelho... Abri, esta em língua antiga da China, posso lê-la... Conta que:
 "Nos tempos em que os grandes generais pereciam nas mãos dos khans, um dos seus generais, um dos mais lembrados, forte e poderoso, existia ali, seu nome era Pahãra [a Montanha em hindu], mortal e vil, suas mãos trouxeram a morte para muitos dos nossos, ele vinha do Sul, do Ganges, seu nome e sua fama eram de lá, assim como de seu rival, Lãla [o Vermelho], diferiam como água se difere em essência da terra, porém, trabalhavam juntos por uma coexistência do mundo, assim como os elementos, eles eram o do Exército do Khan, o Primeiro, nele estavam desde a morte deste e da vida do filho, o Segundo, que vencera as Muralhas que colocamos ao Norte, estavam em nossas portas a Cidade Sagrada cairia sobre as mãos deles, eu vi isto quase acontecer, por jogo do destino, nada houve
 Toda esta graça nos foi dada por um antigo erro que muitos destes ditos "novos senhores" se dão a fazer, eles presumiram que venceriam o Grande Panda da Montanha, aquele que vive na Cordilheira do Céu, guardado por uma montanha de bambus, dais quais forja espadas que vertem em mil direções!
 Mas, antes de prosseguir, com o relato da derrota dos generais Khans, parto para contar nossa humilhante derrota na cidade de Baotou, nas margens do rio Amarelo, lá, onde a água brilha ao lodo, as espadas soaram e os combates começaram. Dois dias de batalha e nossas tropas não caíram, sobre as mãos do imortal Léi Bì [Braço de Trovão] nós resistimos! Ele invocara as forças de duas montanhas, desviou rios, suas espada cantante cortava até o espírito de nossos atacantes, fazendo deles, descarnados do ciclo de vida e morte!
 Mas, eis que da neblina do terceiro dia, cai sobre as tropas as forças de ninguém menos que Lãla, todos os nossos se assustam, nunca viram tal demônio! Em sua face, um urso vermelho residia, coberto de pelos e com espada ecoante, barrou o avanço de nossos dois mil de infantaria apenas com quinhentos cavaleiros! Usou terreno e trincheiras, assustou vários de nossos comandantes -menos Léi Bì-, pois fez disto boa coisa para suas montarias, corriam eles pelos vãos e cortavam todos os nossos, pulavam por rampas e começavam massacres: perdemos mil e quinhentos nisto, eles, pouco mais de cem!
 Depois, vieram muitos mais, o próprio Khan vinha para aquelas paragens, com ele, o segundo general, A Montanha Pahãra, muitos soldados vinham para lá... Apenas Léi Bì acreditou na vitória depois daquele dia! Como foi com vontade! Derrubaram, num combate até o meio dia, quase todas as forças do general Lãla, o momento e a força dos dois era tão grande, que apenas os dois, de um grupo de centenas, ficara, num círculo do corpos, os dois desembainharam as espadas por uma ultima vez, combateram como deuses, uma lenda contra o mal, Léi Bì cortou Lãla, ele caiu, numa trincheira
 Era último golpe, respiração do vento respirava com nosso mestre! Ele pulou, e de sua espada raios saíram! Golpeou o demônio na face! Qual foi a surpresa, este se levantou, segurando pelas presas a arma, jogou o Imortal na água do rio Amarelo, moveu a mão e, com diabrura, subjulgou rocha enorme e lançou!
 Nosso herói, moveu também e, com as Forças do Bem e Virtude, da Terra tirou o equilíbrio: jato d'água lançou e feriu o ataque, destruindo-o!
 O Monstro caiu por cima dele, deferiu ataque com o peso de sua pata, o imortal desvia e dá-lhe um chute, fica em posição e abre seus braços, conjura a força do Universo, uma mão toca a outra e faixas de pano de suas mãos se soltam, elas estão com escritos sagrados, antigos e belos!
 Na luz o raio de sol que desviam, feixe azul é produzido, o demônio se vê sendo queimado pela luz, ele então conjura, já com seu corpo quase em cinza, uma luz vermelha, a conjuração equilibra as forças de Léi Bì, com feixe supremo, supera o nosso imortal
 A terra chora, os céus se fundem em lágrimas, o demônio Lãla, poderosíssimo, agarra um dos sutras, ele o aprende, numa energia descomunal, brilha e golpeia o Mestre, ele cai, e derrotado, sem forças, aceita morte honrosa
 Nosso coração chora com ele, pois a espada do demônio Lãla corta sua cabeça, não há mais esperança..."
 ...
 Encontrei esta parte da história, a parte da fúria, agora é só achar o resto. Sim, ao que parece meu Mestre nunca teve um nome, Lãla... Assim o chamavam, Vermelho, o Panda Vermelho, no caso, Vermelho Sangue.
 Agora, é ir pro outro lado, no outro rio... Ouço sirenes, talvez me descobriram, não sei se poderei contar mais!


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terça-feira, 10 de maio de 2011

Pondo o gato pra fora pra tomar leite #Agentes do Caos

 Gato de Sunshine, famoso, poderoso, idiota... Traiu os Agentes do Caos.
 1943, Bairro de Stuffmind, Parí, Marseille
 "E lá estou, com minha túnica branca, cabelo escorrido e dificuldade de falar esta língua dos Ocidentais, pelo menos seu alfabeto foi mais fácil... Mas, por que vocês têm que ser tão porcos? Tão "expressivos"? Bah!
 ..."
 As nuvens estão negras, os aviões soam em constante, anjos de ferro e fogo, lá esta o Catástrofe Reiza-Fu, ele é um dos Agentes que mais cumpriram missões, em algum momento, um dos outros o chamou assim, e então ele ganha este título, por sorte, não por merecimento, sem eleição, apenas uma vontade de quem o chamou assim. Usava sete espadas, duas pequenas, no cinto e cinco presas nas costas, cabelo negro, era difícil ver seus olhos... E estávamos no meio da Guerra, a Junta seria atacada pelos Aliados, era a hora...
 -Você poderia me matar agora, mas nunca vai evitar de enfrentar as consequências que criei! -Falou o gordo que tinha jeito humano, porém suas pele negra era atravessada por linhas rosas, era Sunshine.
 Reiza-Fu tenta acertar-lhe um golpe com suas espadas, ele desvia, o céu começa a trovejar, e não são raios, o Gato gordo desvia e dá um soco, eles estão nos telhados, o antes atacante se vê encurralado, caído e sem espadas
              -Não mais! Japa!
              Sunshine lança uma pequena bola de fumaça, o "japa", no meio do telhado destruído, levanta rápido, pula para o lado, mas a pequena esfera cinzenta explode, em onda de fogo ácido, derrete o lugar...
 "Vejo luz branca", pensa a mente do gordo, ele vira para trás: É Reiza-Fu! O Criador de Universos, acorda seus sonhos... Tenta decepá-lo, o outro defende, joga novamente nos telhados, mas o oriental cai em pé, fica na posição que aqueles que lutam chamam de base, a posição do cavaleiro, com as pernas um pouco abertas e com a postura ereta, o gato -agora o gordo esta virado totalmente num felino gigante, rosa com listras pretas- lança mais uma bola cinza, Reiza-Fu defende com um golpe, mais uma esfera, mais uma defesa.
 -Que grande malandro!! -Diz o gato gordo, Sunshine
 Lança sua pele rosa no chão, esta de terno, a batalha non-sense se completa, pois do corpo humano e gordo com cabeça e rabo de gato, retira uma metralhadora, daquelas giratórias, Rátátátátátátá!
 ...
 "O telhado se espatifa, e eu vôo pelos céus, e faço deles, a justiça de minha lâmina do vento"
 E no pulo do Catástrofe, os tiros a metralhadora o perseguem, ele lança uma bola de luz branca, ela aumenta e ele entra nela, some
                                Será que morreu? Não, só esta por ali, ali, atrás do gato, de novo!
                                Mas, ele lança um chute, erra, uma lâmina o acerta,
                                É como o vento
                                O Gato de Sunshine é ferido no braço, porém
                                Defende com a metralhadora, o Catástrofe a parte ao meio
             -Você quer me matar? Vocês são preponderantes, nunca conseguirão!
             ...
             -Sempre haverá alguém como eu! Alguém que quer o poder, que sabe do
             Poder do Caos!
 Reiza-Fu, lhe dá um chute, o gordo cai...
 Um assobio é ouvido no ar... A sorte se lança, é hora de terminar isto, pois o Catástrofe japonês sabe que o tempo é mais uma questão de ação do que de relógio... E ele age, plaina pelo ar e fica no mesmo plano que seu inimigo, abre os braços, a luz enche o céu escuro do lugar... Os telhados desolados têm pequenos olhos, nas janelas, fugitivos, que não tiveram tempo, medo se encontra em cantos, a vida esta por terminar, tanto daqueles que não fugiram, quanto de um traidor, traidor Deles...
 Sunshine, ferido no braço, retira uma pistola de um coldre nas costas, é um canhão de cinco polegadas, prepara o tiro, luzes em forma de esferas saem de seu atacante, as esferas cobrem o lugar, ele atira, o atacante desaparece...
                                  "Cinco lâminas, para um guerreiro digno"
                                   O telhado explode por baixo, em cinco estouros, de cada um
                                   Uma espada                                
                                   Cada umas lâminas de Raiza-Fu
                                   Acerta um ponto do dorso do gordo
                                   Ele desmaia
 -Então... -Fala Sunshine ainda desorientado- É isto...
 Ele esta preso, cada lâmina de Raiza-Fu esta crava, e estas, por estarem perfurando também a viga da casa, prenderam o gato gordo...
 O silêncio sepulcral se faz, o Catátrofe diz:
 -Você tentou, mesmo... Diria até parabéns, afinal, você buscou o que acreditava...
 -Miserável! Porco!
 Os zumbidos se fazem em som das trombetas finais, o vencedor faz uma esfera de luz e nela embarca, a luz sobe e vai rápido, mesmo existindo dentro de um micro-universo, ele não poderia resistir a força dos anjos de metal, os dragões feitos por mãos humanas...
 -Então... É isto...
 Fala Sunshine, depois que suas ira é descontada ao máximo... Tem medo, pavor, mesmo sendo um ser fantástico, ainda somos humanos -realmente não importa se mestre ou fraco, todos temos nosso último momento
 E dois minutos depois, o chão se faz fogo, e pelas grandes granadas que como ovos caem dos dragões de metal, o bairro, os olhos escondidos e o gato gordo, descansam... Em carne queimada e escombros... Foram beber leite


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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Miojo com vinho #Agentes do Caos

 Fui fazer um miojo a noite, fazia tempo que estava com fome... E minha marca de corvo no braço esquerdo as vezes incomodava, assim como meu dente, um pouco de tártaro somente... Passei pra cozinha, estava assistindo tv, uma novela das seis, a porta do corredor ao meu lado, um vulto, sentado, decidi por miojo de frango...
 -Por favor! Me liberta! Eu te pago!
 Ah, droga! Ele tirou a mordaça de novo! Pus o pano a boca dele, cara de trinta anos, anel de casado, roupa meio social... Lá, na cadeira, na porta do corredor...
 Coloquei a panela com água, começava a ferver...
 -Eu conto tudo pra você! Me solta! Tô a três dias aqui! Me...
 Sai da cozinha, com uma faca, cortei a barriga dele, sangue na minha camiseta preta, um tom estranho de cor de vinho se produziu quando o sangue caiu nela...
 Você morrem em... Olhei o relógio, depois de pôr o miojo na água quente... 3 a 4 minutos!
 Ele me olhava com tristeza, ou medo, ou os dois... Ah, e tinha a raiva também, pra que, eu não sei
 Terminou de ferver...
 Um último grunido: "-Você não precisa me matar! Eu te pago! Me deixa assim, furado, num hospital! Vai, por favor! Você veio por causa do dinheiro do Robin! Tá no cofre! Lá de casa!"
 -Não estou com você por causa do dinheiro, brô! -Estava eu, com a faca, sentado no sofá e prestando atenção na minha novela...
 -Então, o que?!! Porra!! Respon...
 Levantei, peguei a faca, atravessei sua garganta de baixo pra cima, pronto
 Meu miojo tá pronto, com algumas manchas vermelhas
                             *                       *                      *


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terça-feira, 3 de maio de 2011

D'quem gosta de sua mulher #Agentes do Caos

 "Xeque-Mate!"
 ...
 "Lá vou eu de novo, amar ela.
 Sempre amei ela, secretamente, como olhos cegos, tristes, sorriso transmitindo meu sentimento...
 E..."
 Encontrei isto, enquanto fazia uma limpeza no meu novo apartamento... Coisa velha, de anos atrás...
 Quando a gente ainda acredita.
 O Processo foi assim: eu era um suburbano, um estudante sem esperança que uma vez encontrou algo que o fazia se libertar; não precisei de armas ou espadas, decidi por melhorar minha lábia, minha esperteza... Seria o "Príncipe" de livros antigos... E tinha de ser naquela madrugada, fria de maio...
 Pus minha calça boca de sino naquele dia, lembro que era a meio verde, desci as escadas... Tinha a pistola 45 na mão, a noite tinha sido boa, mas ela era Um Deles, tinha que pegá-la, tinha que conseguir... Minha chance foi amá-la, passar a noite com ela, agora era hora de terminar com meu trabalho
 Amar, é só um trabalho
 Fui descendo as escadas de mansinho, correndo e esgueirando pelas paredes como vinho que escorre na toalha de mesa e beija o seu pé, com sua cor vermelha, suja sua roupa enquanto você, montado nela, respira na mesma frequência, na mesma batida o coração bate... TumTumTum
 Como disco quebrado, LP antigo do ano passado, uma música passava pela minha cabeça, luzes azuladas e fracas, vi ela: branquinha e de cabelo vermelho, tomando leite com chocolate, perto da geladeira de pesado tom metálico, me viu, viu o que eu portava:
 Sorriu, como nunca antes vi, com dentes que pintaram a sala de dourado
 Eu estava lá, faca e queijo na mão, poderia acabar com uma das mais famosas Agentes, eu poderia terminar com tudo aquilo, suava, ela, só de camisola transparente, me diz:
 -Vem, último beijo, depois, descarrega esta pistola em mim!
 Fui, cheguei perto, toquei nela
 ...Lábios quentes, doce sabor de queijo, com um cheiro engraçado, beijei seus lábios...
 Sim, não aguentei, a pistola não disparou
 Ela tinha sorriso de prata, corpo de máquina, cada articulação tinha pequenas depressões, pequenas coisinhas... Dobrinhas... Era ainda um Deles, eu, simples mortal, não aguentara aquilo... Mas, aquele que nunca deu um beijo por simples ato de roubar, quem nunca deitou só por deitar, fez por fazer, pra compensar a falta de esperança que tem, que atire-se do primeiro prédio.
 Foi a noite, depois... Enquanto olhava pra cara dela:
 -Xeque-Mate!
 Disse-me, a lâmina entrou no meu peito, na luz azul da lua, enquanto minha barriga sentia a frieza da faca, a faca do queijo, de ontem...
 Ela se vestiu e começou a sair, eu, morria.
 Isto foi a dois meses, estou no fim do processo agora... Com barriga costurada, força aumentada, minha cara no espelho é mais azul que com cor... Meu sangue agora é de frio material, agora meu coração nada mais é que uma máquina de bombeamento... TumTumTum
 Pus minha calça boca de sino, novamente. Hoje, no meu apartamento, enquanto lia o poeminha de anos atrás, pensei: "Como eu era feliz", mas, então, de súbito, lembrei que as vezes é preciso se arriscar em escolher se vai atirar ou ter uma ótima noite... Preferi a noite, talvez prefira depois a pistola... Depende, hoje não sou mais humano, perdendo um pouquinho de cada vez...
 Procurando a Agente ruiva



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 http://www.youtube.com/watch?v=nkKxGzm98AU

domingo, 1 de maio de 2011

Pela Flor Dourada #Agentes do Caos

  Uma vez fui ao Rio do Prata para estudar algumas espécies de plantas muito interessantes, diziam ser dum antigo Jardim Suspenso de uma Cidade Dourada, ela fazia parte de três: Eldorado dos Carajás ao Norte, Z, no centro e ao sul, uma cidade estranha, sem nome, apenas referência... "Ela deveria estar no meio do Caminho dos Índios, o Peabiru", me disse um índio velho do Chaco uma vez. Neste entroncamento, o "meio do mundo", estava a cidade que não era de diamante, como a cidade Z, nem de ouro, como em Eldorado, mas de cobre, vermelha como sangue... E lá estava eu, em 1970's, procurando isto, no meio duma densa floresta, enquanto aproveitava o desvio da atenção que o governo de Brasilis gerava ao fazer as obras faraônicas pra construção duma gigantes hidrelétrica, obra humana, imitando os paredões que via ali, com suas cascatas e tudo mais... Comigo, apenas um guia, descendia de índio e negro, tinha um colar de dente marcado com símbolos antigos, de nome Pablo, tinha cabelo negro e enrolado, uma mulher chamada Maria, linda, ao qual já vira na cidade, quando o contratei, tinha também boa pontaria, deveria tomar cuidado...
 Meu disfarce caiu, no sétimo dia de viagem, quando olhei uma planta simples e nem soube de qual família era, Pablo, graduando em Biologia, desconfiou, mas, eu precisava chegar a meu destino, Nós tínhamos que descobrir algo, antes que aquele lugar fosse destruído pelas águas...
                                Foi durante uma manhã, em maio
                                A oportunidade lançada, por um penhasco passamos 
                                Lancei Pablo às águas do rio, corri
 Duas horas depois eu estava numa caverna, escavada na rocha negra, atrás de cachoeira, vi algo estranho, vi a luz amarela e cúprica, o azar recompensa os fracos e fortes, a sorte, qualquer um, sem nomes ou categorias... Lá estava, uma planta de cobre, única na caverna... Talvez na região, no Mundo! Eu consegui!
 Cheguei perto dela e minha marca de corvo no braço direito coçava, eu conseguira atingir minha missão, logo conseguiria levar esta coisa bizarra e até mágica, que a muito tempo fora criada por um rei metade Serpente e Jaguar, um semi-deus poderoso, guardião deste lugar; ele fora morto por um de nossos membros, um perdido, chamado Azuma, o homem-tubarão, um dos Grandes Agentes do Caos... Pena, que a fórmula de tal planta, que diziam ser uma das fontes do semi-deus, tivera sido perdida, e o próprio Akuma morto, por um ser estranho, um lobo vermelho de nome Guará... Mas, tirando estas histórias, lendas mostravam-se a mim como reais, pelo menos em sua origem: eu, um explorador de San Paul, conseguira achar a Planta de Cobre! Eu poderia fazer muitos inventos, muitas coisas... Será que ela me traria a imortalidade?!
                O sonho de qualquer homem e mulher é ser lembrado por algo que fez ou digam que fez   
                                        E eu seria!
 Cheguei perto dela e... E...
 Senti a seta, veneno...
   * * *
 Minha testa ardia, era a tarde já, estava com caçadores, não... Não eram simples caçadores...
 Treze homens mais ou menos, todos caboclos, ou com cara de índio... Me senti estranho, estava com febre, nem me lembro se vi a cara de um ou de todos, pois me pareciam de diversos fenótipos, não só descendentes de índios, mas... O veneno fazia efeito...
 Reconheci Pablo, ele sorria pra mim, mesmo estando machucado, e me disse num misto de espanhol:"-Você não me pegou... Nós te pegamos!"
 Lembrei do osso marcado... Imbecil! Eles eram a Ordem do Jaguar! Antigo grupo de guardas dos restos das Cidades Sagradas! Eles acabaram com diversas expedições, dos bandeirantes até Falset, o inglês, ótimo, estava morto...
                             Uma carta na manga, um jogo de sorte
 Balas zuando como marimbondos, vespas amarelas que ferroam com o veneno ardente de seus traseiros! Os militares de Brasilis, junto a bandoleiros que os guiaram, e também outros de Argentin e até do Chile... Eu desmaiei no começo do combate...
 *Três dias depois*
 Acordei num dia quente... Vi que estava num acampamento numa clareira. 
 Próximo do meio dia, o comandante veio falar comigo, tenente Jonas, brasileiro como eu; ele dizia que estava tudo bem, que era o único a sobreviver... Me senti com sorte, me arrisquei a perguntar o porquê:
 -Por que? Um parente ajuda o outro, ué!
 Ele tinha a Marca, o Corvo no Braço Direito.
 Passei algumas horas lá, comi a refeição e sai pela floresta, enquanto saia, passei por uma cova recém aberta, pude ver o nome de Pablo na correntinha pra fora da cova... Pensei na mulher dele, sim, pensei nisto.
 Desci o caminho que eu estudei por meses antes de encontrar o que queria, lembrei que Pablo fora meu amigo, mas, amigos não são nossos sonhos... Sentia que ele vinha pra mim, como se correndo, minha princesa em lágrima! Talvez fosse o veneno, ou não...
 Fui na caverna... Lá estava ela! Peguei-a e colhi, guardei e ia levando ela...
 Consegui meu sonho!
 Porém, enquanto voltava para o acampamento, um guarda me parou, temi por meu sonho, pensei em minha pistola... Seria suicídio, ao menos naquele momento... 
 Já de frente pro tenente Josias, ele me disse:
 -Você tem uma opção: Se nesta bolsa estiver um livro preto, com páginas pretas, nós o mataremos, não adianta o que fizer, mas, isto só ocorre se você mentir sobre o que há nesta bolsa... Qualquer outra coisa no mundo, ou no Universo, vamos deixar passar... Apenas, deixe-nos ver o que há aí, esta é sua única opção e chance de ir embora deste inferno verde.
 Deixei.
 Ele olhou, viu uma planta, livros sobre Biologia e mais umas quinquilharias... Vendo a pistola, ele sorriu amarelo e disse: "-Você foi esperto de ficar quietinho!"
 Sai daquele acampamento, fui do inferno verde para minha cidade, depois, consegui ir para um lugar isolado, no interior... Esta ali, com meu sonho...
 * * *
 Hoje, estou aqui com minha vida... Muito bem, neste anos com computadores e chips nas cabeças das pessoas, estou tão bem que mandei esta carta ao meu amigo, este que publica nossas obras... Sou um jovem senhor de cinquenta anos e vinte anos de corpo... Enfim, acho que meu sonho veio a mim, por uma sorte, um jogo de dados, correndo ele veio e eu, eu, em meu desespero chorei por quase perdê-lo, mas, consegui pegá-lo, hoje sou jovem... Apenas de corpo... Sou uma Máquina com Chips velhos.


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