sábado, 24 de maio de 2014

 Os pequeninos pontos brancos com grandes olhos rubros subiam por seu corpo... Seu nome era Falésia e ela era um simples clone de companhia para a poderosa embaixadora Liandaar, no Planeta Cogomolom.
 Os pequeninos eram feitos da próprio fuligem e cinzas pálidas que formavam aquele mundo: sem nenhuma forma que não fosse de óleo, máquina e enxofre, tudo era fabril e exausto, tudo exalava um cheiro pútrido, menos, ora, menos os pequeninos seres feitos de fumaça e que moravam no único ponto não tomando de chaminés e nações doidamente fabris: o Pico Mais Alto.
 Falésia, estava fraca pelos ferimentos que sofrera, vários pontos vermelhos saiam de suam roupa - traje de resistência à tamanha sujeira dos Cogomolons -, estava morrendo, pois, não sentia as pesadas luvas de boxe espacial que usava, algo que nunca aconteceu. Os pequeninos subiam em cima dela e, em último momento, pensava ouvir uma voz máscula:
 -Não se preocupe... Mestre das Grandes Mãos...
 Notou que o pequenino que estava entre seus seios, olhava-a com dois pontos azuis, como se entrasse em sua cabeça, dizendo:
 -Agora, agora que você que nos protegeu está partindo, nós, que temos a forma perfeita, devemos vingar a sua vida de glória... Nós não ligávamos de vivermos à margem das terras mortas que nosso país está... Porém, eu e meus primos te vingaremos, ó Grande Guerreira, ó Grande Chena!
 Então, ela sentiu uma enorme tranquilidade e percebeu: meus ossos estão derretendo... Alguma toxina? Ácido dos pequeninos? Estão me comendo...?
 Foi sumindo, entre as dezenas que carregavam a moça. Logo, não havia mais nada dela... Apenas, pequeninos.
 ...
 Começou a crescer o pequenino de olhos azuis... Sua forma começou a ser bípede e musculosa, sentia as veias sendo construídas nele... Os pequeninos podiam se expandir naturalmente, mas, não daquele jeito... Ele estava evoluindo para algo diferente: não só ele, mas, todos os que estavam com Falésia.
 -Agora! - Gritou o de olhos azuis. - Nós somos os Grandes Defensores desta Montanha e de todos aqueles que ainda permanecem no mundo sem luz e cinza! Nós...
 Ele olhou para a única coisa que sobrou de Falésia, as luvas de boxe espacial, aonde estava escrito: "Bou"
-SOMOS OS BOUS!!!
 Atrás deles, criaturas de pelos brancos e nuas, estava uma enorme máquina de combate e mineração, morta com uma estalactite gigantesca no seu centro nervoso de aranha-robô, guinchava, morrendo.
 ...
 -E então, Liandaar... O que fará agora? - O mestre dos Cogomolons, uma criatura bípede, baixa, magra e amarela, açoitava a embaixadora com uma farpa vermelha de luz.
 -Você não pode me matar, Líder... Sabe que se isto acontecer, outros virão, uma hora ou outra, das estrelas... E liquidaram seu governo neste país, ou mesmo, acabem com este mundo!
 -Minha cara Liandaar... Não seja tola... Somos um dos países mais industrializados de nossa confederação: ataque-nos, destrua-nos e não terás mais colônias pela Galáxia!
 -Mas... Como você poderia fazer isto? Não pode impedir outros de vender ou trocar conosco...
 -Não, não posso... Mas, posso alimentar os rivais e inimigos de nossa Confederação...
 -...
 -... Pense - riu o ser de amarelos dentes, palitou com farpa de metal eles e tocou no corpo da embaixadora:
 -Nós, nós os Cogomolons uma vez já fomos assim, Arcanjos de força e dominância... Somos da mesma raiz de DNA... E vocês... Vocês são tão puros... Porém, tão sórdidos!!
 -Do que está falando?
 -... Não imaginava que nós iriamos te pegar, não?
 -Pelo quê?
 Outro deu um tapa em sua face. O Líder fez ele parar com um gesto e um olhar.
 -... Falésia, Liandarr... Sua guarda-costas!
 -Aquela cabeça de vento? O que está dizendo? Ela estava em pesquisas no Monte Mais Alto e... O que aconteceu?
 -Não seja imbecil... Nós estamos há meses enfrentando um grupo de terroristas jamais vistos...
 -Não é Movimento Verde?
 -Ora, você sabe muito bem! Eles são... Diferentes... Não são iguais a nós...
 -Como?
 -Chamam-se Bous... São enormes, brancos pelos e olhos vermelhos, amarelos e azuis... Caçam nossos homens, soldados, exploradores e operários descuidados... São como sombras... Apenas matamos um ou dois, mesmo com mini-tanques, escopetas voadoras e limpa-trabucos...
 -E daí? Mais uma experiência louca de vocês... Seu povo retarda...
 -Naquele que matamos... -disse o Líder, ajeitando o bigode e passando a mão no capacete com ponta no alto do cocuruto - Achamos o DNA de Falésia...
 -? O quê? O que está sugerindo...?
 -Eles não são normais... Parecem ter o mesmo DNA dos Cogs - abriu uma bandeja e lá estava, um pequenino, assustado e amarado... - Eles podem mudar sua forma, mas, nada de drástico... Parece, bem, parece que estas criaturas se transformaram nestes Bous... Eles usam a técnica do Boxe Espacial, além de serem muito ágeis... Como o seu clone! - Cravou o seu capacete pontudo no meio do pequenino, que morreu depois de um espasmo
 -... Então, ela escapou da morte...
 -O quê?
 Nisto, o Líder recebeu um recado no seu comunicador, olhou para Liandaar e mandou os guardas soltarem-na, dizendo:
 -Agora, isto é problema nosso, não?
-Sim... Ela era minha experiência... Nós íamos elemina-la, mas, algo não acabou com seu corpo totalmente... Não sei...
-... -Olhou o Líder para o chão - Quantos sabiam disto? Nas minha costas? Vou punir a todos!
Liandaar o olhou e apenas disse:
 -Meu caro Líder, quanto você acha que sabe só porque manda nas coisas?
...
https://www.youtube.com/watch?v=xrD9rCR-0rU

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Teoria Blondiana da Moral

  (veja o filme, não veja o final só!)

Primeiro, isto é um exercício, não é e não será por muitas décadas um exercício de Filosofia, nem de Sociologia, muito menos da Político-economia que se pratica na Humanidade baseada nas Potências dos indivíduos ora perdidos numa coletividade caduca, ora elevados a condição de sábios de um Destino que lhes é aplicado.
 Logo, início meu argumento dizendo que esta teoria se baseará não em um livro, nem em um autor, nem mesmo em um texto de letras, mas, em um filme: Três Homens em Conflito (Il buono, il brutto, il cattivo), de Sérgio Leone, dos anos sessenta do século XX, calendário de Cristo. Não estou inventando a roda ou algo do gênero, pois, não escrevo novidade nem uma interpretação fora do meu contexto caduco, porém, não posso deixar de realizá-la nem dela ser minha, em um sentido de Nietzsche de indivíduo e obra, porém, mais no que posso chamar de "minha condição individual" interpreto a moral humana que fui confrontado até agora em três pontos, condições, categorias (ou não), gêneros, sexos, diferenças.
 Ponto 1: o ser humano cria diferenças, porém, qual é a origem das diferenças? Encontro assim meu primeiro tópico, o Bom. O Bom é o igualmente, o meu, o teu, o nosso. A alteridade é aqui, mesmo que haja o tal respeito antropológico (racista ou racialista, de certa feita), a visão do outro como outro, logo, ele não sou eu, logo, pressuposto, não é do Bom. O Bom não é mérito, mérito origina da Condição de alguém, não do nosso. Logo, o Bom é ecológico, forma sistemas, estruturas, categorias, epistemas (quando já velho), paradigmas (os "cientistas" de hoje gostam desta palavra hoje aqui no Brasil), ou seja, ele Mantém coisas, elementos e ideias. Ele sustenta biologicamente as coisas.
 O Mau, logo, deveria ser o contrário do Bom, não? Ele não mantém, ele é o Caos, ele desordena, é a Quebra do Paradigma, não? Ele é o Outro, o não nós?
 Não.
 O Mau é aquele que é a Mudança, porém, não é a Mudança em si, pois, esta é tão efêmera e dura tão pouco, que é quase irregistável: a História, assim, cai na condição de Falsidade? Não, mas, da ficção ela é irmã, como já dizem muitos pós-caducos hoje em dia. O Mau é uma condição abstrata, ele é virtual, ele não existe de fato, ele se adquire como uma forma determinada com certos discursos, porém, é metamorfa quando o tal objeto que-não-é-Bom modifica-se.
 "-Ora, não entendi"
 Explico: o Mau é aquele dos Olhos-de-Anjo, ele adquire a condição de Pairar sobre o espectro da Moral como em semelhança a Tentação Cristã, porém, ele tem sempre caras e bocas, ele não é para o Inferno, ele não é o que podemos chamar de Ruim, mas, ele é a Condição da Mudança, que, quando muda, passa a ser o Bom, o Novo Bom.
 Isto não é dialético, porém. Não existem expirais malucas pairando nas nossas cabeças que não sejam colocadas lá, por uma tradição Newtoniana, Galiléica, Zaratrusta (não a do alemão bigodudo), o Mau pode ser discernido do Bom porque eu posso dizer que ele não é a nossa ideia, nosso estilo, nossa tribo, nossa economia-modelo, porém, ele de fato não é nada, é uma Condição. Talvez, o Mau seria a Utopia? Não sei, o sonho é por si só ficção, porém, não posso dizer que o Mau seja Utopia, mas, que a Utopia pode estar no Mau.
 O Feio, ponto 3.
 Finalmente, o que condiciono, aquilo que eu doto de alto. Você é baixo, você é um cachorro! Você é bonito, feio, lírico. O Feio condiciona as coisas através de Mecanismos do Bom, porém, sempre com a Presença do Mau: com o Feio, eu entendo os outros dois - pois, logo que o Bom Permanece, o Mau é Presente e, ambos, são condicionados pelo Feio.
 O ato de dar o sentido, não só cognitivo, nem sensitivo, nem biológico, é fruto de várias discussões do hoje em dia deste texto, vários ditos têm sobre isto, porém, nenhum que ainda possa dotar o humano por causa da Condição Individual do Feio: ele é aquilo que dota algo de si mesmo, logo, as coisas não são dotadas por si mesmo de algo. Então, como existe Mau e Bom? Pois, isto nada tem de condição ou funcionamento mecânico. Nós, desde que fazemos coisas com pedras lascadas, bambu e naves espaciais, sempre precisamos da mecânica da "Condição leva a Efeito", não, isto não possui uma Lógica neste argumento que apresento (neste trecho), pois, a questão de se dotar algo pela questão do Feio, não está em ritmo com colocar a letra A leva até a letra B, o Feio é aquele que, de fato, condiciona os elementos, Bom e Mau, a agirem em certa medida, porém, o Mau, o Bom e o Feio existem uma interdimensão dificilmente não intercalada, dificilmente, não categorizante ou divisora que não anule a existência de duas, ou mesmo, das três.