quarta-feira, 13 de junho de 2018

Romântico vazado



Ato de destruir leva pouco tempo,
Termina com obra longa
Confiança, um castelo, um Império
Tudo cai rápido, mesmo que demorado
Mas, a memória, algo fica
Permanece, algum sorriso
perdido no canto do rosto
Alguém olhando perdido um espaço
Um lugar qualquer, cheio daquele
significado perdido, permanente de sentido
Esquecer não é destruir
É calar


Descanso, depois da vida
Terá caos, naquilo que já vivo?
Amar é perder-se
Ou descansar eternamente?

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No toque de suas mãos, completo
Meu olhar no seu
Inteiro, descubro cada mistério
Escondido no seu corpo
Contido em sua história
Meu pedacinho brilhante de memória
Meu momento crescido de fascinação


Mas, estava apenas ali
Na sombra ausente do passante
Naquela rua chuvosa
Naquele aceno em algum ameno
Aperto do peito
Saudade, saúde, momento

Cima, embaixo
Descubro na aventura de dois
Sendo um, eu mesmo
Algum caminho feito a pares de passos
Na poeira da cidade perdida
Na trilha da montanha
Naquele pôr dos mil sóis
Entre dois olhos
Completos
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Em algum canto de lá
Uma moça sentada, perdeu os olhos
Nos meus
Sai da sala, ela não mais lá
Estava
Estando num ponto qualquer
Algum canto de cá
Quentinho no peito
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Solto
Num vôo cadente
Entre os lábios, sou palavra
Poema contente
Ou tragédia latente
Ruído em ironia
Ou grito da epopéia
Romance de alguém, pira incendiada
Prometeu que leva a luz sagrada
De algum versinho galante
Pra você, pra mim
Perdido entre alguma flor
Sol adormecido numa lua acordada


Palavrinhas em verso
Rimas de sorriso de canto dos olhos
Valorize o que te guarda, não o que te usa
Abraça o que fala com você
Não o que fala de si por você
E em uma ou duas palavrinhas
Um amigo agradece cruzar seu caminho

terça-feira, 5 de junho de 2018

Terça de 26 um terço

Não lute com o seu passado, ele sempre vence. Tente conversar, o quanto a aguentar o seu espírito

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Tristeza
De ser quem tu és, de estar onde não está
De nada ver em seus anos que
Punhados de areia perdidos
Entre atos e omissões
Nada a mais
Tudo a menos
Contudo algo, entre símbolos e poemas loucos
Reside, resiste
Neste corpo de vinte e tantos
Tão poucos, tão tantos
Anos.
Parabéns, poeta perdido em seu tempo.

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Alguns lutam e ficam nas sombras, para outros brilharem

sábado, 2 de junho de 2018

Sábado Personalidade/Memória

Personalidade/Memória
Eu sei que sou pelo que fui
Eu sei que sou pelo que fui fazendo
E sei o incompleto do que fiz
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Sopro
Em meus passos, atrás das orelhas
Passando pelo correr de sangue do pescoço
Sopra
Da memória, me escapa
Aquele dia de sol ardente
Mas, brisa fria
Correndo, soprando
Alma de meu caminho
Estrada de minha história
Sopro
Agora fraco, agora frágil
Entre os braços escapo
Alguma lágrima de algum outro lugar
Algum em outro algo
Alguma outra brisa fria, num sol ardido
Alma do meu perrene e agora
Pouco ar
Pouca alma
Mas, movimento
Entre minhas idéias, um alento
Entre os ares das páginas de livros
Um caminho
No meu auto-amor, um robô
Movido por sopro
Ora suspiro, ora palavra, ora afeto


Hora que a alma vai, com sopro
De uma beijo
Dá as memórias
Da melancolia à melhora
Ainda sopro
Ainda respiro
Entre os braços

"O Real me dá asma", disse Cioran

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Às novelas
Dos ventos da noite
Que adormecem meus pés
Mancham meus dedos
Nesta sujeira do inverno
Nesta neve suja, que enerva
Entre pensamentos, atos e omissões


Tormento de um resfriado
Grito de algum vizinho
Latidos de cães para os gatos
Eu, sou aquele felino
Observando tudo, correndo por aí
Na noite
No véu da noite
Te respiro, doença que é
Esta vida, as vezes
Outras, umas tantas
Pequenina aventura diária
De um gato preto feiticeiro
Caminhando entre as colinas de concreto de uma cidade
Qualquer
Poesia barata
Guardada no bolso, olhando
Entre os rostos perdidos do desterro
Algum futuro barato, vendido por aí
Algum latido embusteiro
Algum aperto no peito

Doença no inverno, sujeira do tempo
Correndo entre o relógio
Como as patas do gato preto