tag:blogger.com,1999:blog-34563764359340530222024-03-05T04:12:47.028-03:00Cachorro No LixoUnknownnoreply@blogger.comBlogger453125tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-12275196860769499682020-09-03T20:46:00.006-03:002020-09-03T20:46:29.109-03:00EisPerambulando pelo quarto escuro<br />as ideias que não são tão minhas<br />Eis-me o homem, aqui vacante<br />Em férias de algo bom em si mesmo<br />Cadenciando a marcha ao insondável problema<br />Falta cometida<br />Necessidade<br />Aquilo que não está lá<br />Sacia-se com várias sombras<br />Está em um quarto escuro, jamais vê a luz lá fora<br />Pois, é a noite da alma<br />Na marca de sua caminhada pelas diversas salas<br />Busca sair de dentro algo que deve estar lá fora<br />Sujo, sem luz que não seja fraca<br />Meros raios de uma vida imersa<br />Serei eu capaz de sair, às pressas, do mar escuro<br />E respirar?<br />Eis-lá o homem, vaidoso<br />Partindo para o caminho em círculo<br />Qual o vício o condena e cinge<br />A face a voltar-se como a serpente da falsa eternidade<br />Alimenta-se do próprio rabo<br />Vá e volta<br />Eis-te aqui, a possibilidade<br />de sair e caminhar de verdade<br />Entra no sol e queima o olhar<br />Pois, só no susto em algum despertar<br />Se ainda é capaz, eis que acredito que sim<br />Levanta-te e anda<br />E olha bem, agora, para trás"Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-86955344568988528352020-03-19T21:26:00.000-03:002020-03-19T21:26:16.737-03:00Ali, no bosque, vi<br />
Meu rouxinol<br />
Canta aqui comigo, no ritmo<br />
Do meu coração alegre<br />
Música festiva, fugitiva<br />
Que busco empreitar a corrida<br />
Em direção aos braços de minha amada, q'és<br />
Tu, pássaro?<br />
Tu, moradora de minhas florestas?<br />
Tu, segredo em meus lábios?<br />
Voa, rouxinol<br />
Canta, em solo meu peito<br />
Na manhã, ao nascer, entre lençóis te espreito<br />
Te beijo<br />
Te canto-lhe<br />
Rouxinol, seremos nós<br />
Rouxinóis.<br />
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---Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-88358237914431862622020-03-19T21:25:00.003-03:002020-03-19T21:26:25.816-03:00Ao enfrentar as ideias de uma pessoa viva, um militante pode arcar com seu pior veneno: a sátira ou o simples ato de ser ignorado. Ao escrever a História das gerações ou pessoas já mortas, haverá o ganho da satisfação do desejo por controlar a vida do outro, a trajetória de um mundo - ao qual, em geral, o pareceria alienígena. Seu ato de detratar ou glorificar terá como barreira apenas membros aceitos da tribo, acadêmicos de linguagem técnica com os mesmos cacoetes. <br />
É impossível a neutralidade, pois isto é antinatural, nossa parte da Queda ou mesmo divina (transcendente ao devir, para os não crentes), mas alardear que há a total capacidade de alterar o passado apenas demonstra o nível de canalhice com quem está morto, aqueles que sempre serão excluídos do debate e escrita da História. Um pouco de austeridade é importante e não apenas o sentimento de plena potência adolescente, que se acha um grande amante da literatura e escrita, mas que só teve contatos de autosatisfação em seu quarto.<br />
Abra as portas e janelas, deixe o sol e o vento entrar.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-45283807598773554122019-12-19T21:26:00.002-03:002020-01-15T09:07:53.098-03:00PeregrinoNão, não havia mais sentido entre nossos olhares<br />
Nada ali havia, mais que simples poeira, memórias<br />
Pois, é de pó que somos feitos, nisto estão nossos reflexos<br />
Perdidos no tempo, em algum tempo<br />
Isto, uma pequena vela trêmula, a vida.<br />
A vela se apaga, fica um cheio de pavio queimado no ar, por poucos minutos<br />
Não mais, não menos<br />
Porém, o ar permanecerá, o fogo iluminou a sombra<br />
O ato perpetuará pra eternidade<br />
A vela se apagará<br />
A luz iluminará em outras sombras<br />
Em outros quartos escuros<br />
Entre outros olhares<br />
<br />
<br />
Nós, minha querida, aqui estamos<br />
Como velas no amanhecer sendo apagadas<br />
Para que com o grande sol, sejamos todos iluminados.<br />
E, mais além, para que uma luz muito maior nos transpasse o peito<br />
Corte a sombra interior que é condição humana<br />
Sombra ignorada pelos fracos, festejada pelos demoníacos, temida, pelos sinceros.<br />
A vela se apaga, meu amor, como em nossos anos que passaram<br />
Como todos os problemas enfrentados, filhos criados, casa ajeitada<br />
Bens materiais, envelhecidos ou envernizados, também o são nossos ossos e músculos<br />
Mas, a música permanece<br />
O cheiro do pavio apagado<br />
A manhã chega<br />
O ato perpetuará em insondáveis caminhos<br />
De mistérios sutis, ouvidos por quem possa<br />
Abrir o coração<br />
Ser mais que aquela vela<br />
Apagada<br />
Apagar-se<br />
Peregrino no deserto, escuro e solitário<br />
Vendo apenas outras velas<br />
Pequeninas estrelas<br />
Iluminar o caminho<br />
Com o cheio da parafina<br />
E as estrelas distantes<br />
<br />
A vela se apagará<br />
A luz, permanecerá.<br />
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<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/vCHREyE5GzQ/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/vCHREyE5GzQ?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-53284196639874762282019-12-06T01:15:00.003-03:002019-12-06T01:15:58.255-03:00Poucos lerãoUm bom leitor, com sua experiência acadêmica e mesmo sua elevação filosófica, pode não ter nada de bom escritor. Saber como dizer algo, como um elaborado passo de dança, ou um rocambolesco verso, um filme arrastado pode, ao final do julgamento do tempo, passar como uma mera febre.<br />Há algo na humanidade de febril, a novidade, vence nos primeiros rounds, passando a ser uma certa ressaca, azeda e trintona, cheia de ressentimentos pelo que nunca foi, cega sobre o que é. Porém, existem escritos, que com a sorte de bons editores e que suas bibliotecas não fossem queimadas - o que dá a verdadeira Arte e Literatura certo grau de Fortuna -, que atingem algum ponto do entremeio humano, naquele ponto em que a consciência está nos passos de certa eternidade, ou mesmo que um grande monstro está se criando... É ali que reside a atemporalidade de uma obra, em captar, muitas vezes contemplativamente em biografias (mesmo de personagens), 'panfletariamente' para algum fim específico que é distorcido ou mesmo, pelo puro ato do acaso, do acidente.<br />Ler bem não garante a celebridade da obra, garante a libertação do leitor, são dois atos diferentes do espírito, um que se abre, outro que esculpe. Às vezes, uma imagem singela, outras, um grande palavrório rebuscado e que se torna um belo elefante de louça. Logo, sinto que existem muitos que escutam, poucos que poderão falar mais do que a sua vida ativa e madura, uns vinte anos no máximo, permitir, cabe aceitar o silêncio. A boa leitura é uma das tecnologias do silenciar-se.<br />E, no Silêncio, lutamos o mistério.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-4736651671403003522019-11-09T08:43:00.002-03:002019-11-09T08:43:54.630-03:00Tua fronteira, casinha italianaFrentes mapas<br />Que escrevi pelo teu corpo<br />Com letras de topônimos<br />De nossos encontros,<br />Daquela vista no ônibus,<br />Àquele sorvete sobre a mesa,<br />Na batata do botequim.<br />Planisfério definido em ti<br />Em teu traço para mim.<br /><br />Faço as fronteiras que em<br />Nós enlaço<br />O próximo fronte a ser descoberto<br />A nova cascata nas Áfricas<br />A ser achada, para nascer o Nilo<br />É o teu sorriso!<br />Fronteiriço, corrente do rio<br />Seperas e calas<br />A alma contigo<br />Num abraço 'inimapeável'<br />'Inecontrável'<br />'De um lugar nenhum'<br />Sendo contigo todos<br />Todas as tardes em busca<br />Daquele próximo sorriso<br />Daquela fronteira de Paraíso<br />De um pequeno tesouro<br />Escondido em desbravamento<br />Dos dias, assim<br /><br /><br />---<br /><br />Caminho pra casinha italiana<br /><br />Olhinhos cintilantes<br />Viagem do céu ao peito<br />Com as estrelas cadentes<br />Sobre meus passos<br />Fulminantes, entre o dia<br />E a noite, quando te revejo<br />Entre os beijos<br />Daquele quarto qualquer<br />Naquela casinha à italiana<br />Onde se esconde, entre-meios<br />O meu peito.<br /><br /><br />A conversar com meu<br />Olhar, vejo estes cintilantes<br />Passeio, entre seu sorriso<br />Festejo, com seu abraço<br />Toco as pontas dos dedos<br />Tecendo com nossas mãos<br />O dia de amanhã<br />A noite de segunda, a manhã de terça<br />E, de tardinha<br />Uso seus olhos que cintilam<br />Em minha memória, farol, guia,<br />Para guiar a minha volta<br />À casinha, ao lar<br />Que trago contigo<br />N'meus olhos, q'agora<br />Cintilam<br /><br />Cintilamos<br /><br />---<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://open.spotify.com/track/2AfzOdSWixeVRaQ6F0kjjq" target="_blank">https://open.spotify.com/track/2AfzOdSWixeVRaQ6F0kjjq</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-14677460500102445192019-10-19T19:23:00.002-03:002019-10-19T19:26:22.086-03:00Lar, Horizonte, AnamneseO lar é aquilo que carregamos, não onde estamos. É a construção de um castelo sólido, numa vida que, para o tempo profundo, é vento e areia. Duma praia sem mar, em eclipse, velejamos e partamos, tendo a parca luz do outro como guia, o clamor à Caridade.<br />
Não somos o melhor dos homens, muitas vezes é na solidão de piso frio, que fincamos as estacas de nossa barraca. Porém, mesmo lá não estou sozinho, pois alguém segura minha mão, no silêncio. Admitir o silêncio, por fim, é respeitar o som da vida, abrir à possibilidade de escutar alguma harmonia, mesmo polifônica, mesmo perdida na garganta de um marinheiro - naquela baía, de vento e areia.<br />
O lar se carrega ora perdido, ora encontrado nos braços da Rosa, mas lá está, navegando, ao som do coração que bombeia, no tambor da vida, da possibilidade de estar presente. Da presença de estar conosco: fique.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBqgtL6fdZ94nV7aqMD84hgHIP_V5QKPnly4KZ8ESkguK4H8yf8iyAN-JnxG_jmQp92Aw3-P3OamfLbrsqfTsXBUhevSfl74WSKAwNxEBSoJ6OyD3kZC7QDmxl6Uqih3jyaDlPbN3uuMCk/s1600/16112620-painel-decorativo-festa-o-pequeno-principe-05-300x160sku2836v19857-405-1-800x534.webp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="534" data-original-width="800" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBqgtL6fdZ94nV7aqMD84hgHIP_V5QKPnly4KZ8ESkguK4H8yf8iyAN-JnxG_jmQp92Aw3-P3OamfLbrsqfTsXBUhevSfl74WSKAwNxEBSoJ6OyD3kZC7QDmxl6Uqih3jyaDlPbN3uuMCk/s320/16112620-painel-decorativo-festa-o-pequeno-principe-05-300x160sku2836v19857-405-1-800x534.webp" width="320" /></a></div>
<br />
Formas e linhas, linhas e horizontes<br />
Jamais busquei minha rosa<br />
No peito que não o meu<br />
Na paisagem que é tua<br />
Encontrei as retas de lá<br />
Pra cá<br />
Catou-me no vento, catavento<br />
Da alma, correndo por lá<br />
Aprisionado em linhas?<br />
Assovia o vento, entre as janelas<br />
Do coração<br />
<br />
---<br />
Aquele pequeno príncipe<br />
Que começara a história de minha vida<br />
Olharia no espelho de meus olhos e veria<br />
O quê?<br />
<br />
Quantos braços necessários para levantar o voo<br />
De uma andorinha<br />
De quantos abraços, aquece o meu peito<br />
O sol do Verão<br />
Lembrou-me dos Invernos, passa-se as rotações<br />
As translações<br />
As viagens<br />
Permanece aquele avião, aquelas asas<br />
De menino<br />
<br />
Pequeno princípio<br />
Que uma esperta raposa, caçada bailarinos<br />
Me chama a cativar<br />
<br />
Cativo aquilo que cultivo<br />
Da cultura nasce alguma rosa<br />
Com espinhos, mas n'alguma ponte entre cá e lá<br />
A beleza reside nonde o véu se abre<br />
E não é mais necessário ver<br />
Pois, cativares<br />
A verdade se mostra, estás aberto?<br />
<br />
Olho ao espelho<br />
Aberto aos olhos do lúdico toque do tempo<br />
Passos num deserto de olhos e ventos<br />
<div>
Rugas, lápis, abraços e cataventos<br />
Arrumo meu avião, vou me embora<br />
Dou adeus para voltar<br />
Aqui mesmo, d'onde nunca sai<br />
Das vistas daquele menino<br />
Das vistas daquele menino<br />
Que me perguntará sempre:<br />
És tu?</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-13881470763110666322019-09-23T05:27:00.001-03:002019-09-23T05:30:48.471-03:00A Geografia como Descoberta<div style="text-align: justify;">
Venho aqui trazer um pequeno texto sobre algo grande, algo que não terminará a disciplina geográfica, porém, se apresenta como a redução atualizada de meus pensamentos sobre a mesma, depois de uma graduação e da aplicação da visão-geográfica pelo mundo a fora. Só nesta frase inicial, apresento o à-fora e a visão-geográfica, dois aspectos de minha estrutura, aos quais, porém, talvez um dia exemplifique de forma mais condizente.</div>
<div style="text-align: justify;">
A Geografia enquanto um gradiente re-ordenado de operações realizadas para se transmitir um certo aspecto do <i>De Fora</i>, isto é, sempre tem algum fundo de linguagem tensionada ao real concreto: quando estou sobre uma paisagem que conheço, quando desejo ir a um lugar, mesmo que nunca irei no mesmo (mesmo em romances), ou quando não há desejo, mas, obrigação social de estar presente em dado momento (o que chamo de obrigação cronológica, ou cronotropia). Para este aspecto do que sei, ou do que sabemos, posso chamar e dou o seu primeiro nome de <i>Radical </i>e de <i>Mapa-cenário</i>. </div>
<div style="text-align: justify;">
No primeiro, e o uso de forma a lembrar certamente Ortega y Gasset, existe algo de <b>incontornável</b>, e esta característica é fundamental: existe uma pedra, todo o meu sistema sensível e minha intuição e razão o fazem vê-la, não poderei atravessar aquela pedra, aquela coisa-objeto (e aqui me distancio do espanhol e fico confortável em ser coisista grego, pois foi deste coisismo que advém todo a Ciência Natural, curiosa sobre as coisas mortas). Porém, para fora daquilo que meu corpo não contorna, tem de enfrentar - logo, viver radicalmente é batalha -, existe a demanda de minha vontade, do desejo ou opinião, ao qual projeto ou <i>tomo </i>como projeto sobre o aspecto de um cenário. Este cenário me é dado e pode ser exemplificado em um mapa, logo, chamo de Mapa-cenário para diferenciar a ideia, pois não me surgiu par ordenado e a língua me limita, nestas horas da noite, a diferenciar melhor. Para um cenário, entendo como o desejo de que algo concreto possa ser conformado em linhas, polígonos, planos de metas, estatísticas ou nomes técnico-científicos bonitos e acachapantes, isto é, <b>quero</b> - logo, vontade de querer e <i>ser querido</i>, seja, assim, esta definição de "volanté" oriunda através do neotomismo de Gustavo Corção, seja sob o coração dos homens, com a vontade de poder, obediência, de um De Jouvenel, Nietzsche e afins. A expressão da vontade de domínio e organização e gestão é <i>aspecto segundo</i>, tirando momentos muito específicos da vida humana, como em guerras ou comércio, na maioria dos casos não me preocupo com o como chegar, tirando obstáculos - como a violência urbana, o trânsito, etc. - ou até aspectos belos - como um jardim que leve minha amada, um museu com meus pais, um parque com meus filhos (logo, a beleza é sempre total, uma presença total de Lavelle, a feiura, particular) - que afetem os meus passos imediatamente. Aquele aspecto segundo do mapear, logo, não é imediato, não é da vida humana, mas, de certa ação social, com efeitos históricos alardeantes por algum historiador, e que se traduzem na <b>representação</b>, cartográfica, estatística e mesmo literária (àquela mais próxima da vida concreta - e nisto, de certa forma me aproximo da fala de Olavo de Carvalho e do livro de Éric Dardel da importância da literatura -, devido à tragédia, comédia, drama, ou seja, seu meio de escrita, que é bem melhor que a esgrima do papel milimetrado do técnico); assim o ato de representar algo geograficamente demanda uma tradução para o futuro, do passado em vista de nossa limitada área condicional e ativa do presente, sempre tomado aqui como primordial, radical, seja com minha influência de Gasset ou de Lavelle. Tal tradução se dá, em vistas de minha leitura de Vilém Flusser, sobre certa demanda dos sistemas de necessidades sociais e da vontade do sujeito, sua organização, ao que chamo de "formação do mapa", demandaria outro texto meu (se é que voltarei no assunto geográfico).</div>
<div style="text-align: justify;">
Deste longo parágrafo, uma tormenta para todos, já que não me limito a ter piedade de leitores (sou um "jovem-velho"), advém certas questões e palavras que são incontornável, querer e representação, para isto eu chamo do primeiro aspecto, do que sei ou virei a saber, do <i>Cogito</i>. Porém, existem mais dois aspectos que refleti, agora, nesta madrugada, que a Geografia se preocuparia: o <i>ignóbil </i>e o <i>incógnito</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sobre o ignóbil, é todo aquilo inarticulado, presente no mundo, logo, a Geografia é sempre referente à um mundo - mesmo imaginário, ainda terá ligação com o incontornável, como uma representação -, que é possível de ser apreendido, porém, não possui o domínio da vontade humana, o é <b>irreparável</b>. Trata-se de tudo que nos chega, pelas leituras ou sentidos, que vai se perdendo, é, de fato, o esquecimento do que não importa no presente, o que passa, o trajeto - geralmente, se não encaixado naquilo que achamos Belo, <i>raiz do fixar</i>, do ruim, <i>raiz do evitar, </i>ou Útil, aspecto de fixação para o econômico. E fora do jogo de fixações e evitamentos está certamente o <b>mundo de monstros</b> - e esta coisa-criatura será agora importante -, mas também daquilo que vai nos ocorrendo e não guardamos, daquela <i>série operativa</i> que simplesmente não florescerá em nada, certamente, aí está nossa sustentação física que nos exerce o alimentar, o beber, o dormir, talvez em seu limite em ser representado, o prazer. Logo, o ignóbil é verbo, mas, apenas verbo, o que já é tudo, porém, não é percebido - ele o pode, com certeza -, mas, passa, logo, se usarmos as lentes do Tempo, o aspecto geográfico do ignóbil é <b>passado </b>(você passará por tudo aquilo, ao inarticulado e esquecido, mas, passará). Uma boa parte do pensar geograficamente, logo, fluindo por toda aquilo que chamam de Ciência Humana, busca erradicar o ignóbil, a Arte, busca esquematizá-lo, matizá-lo em cores e passos de dança, o aspecto ignóbil tem algo de passagem, algo de buscar o <i>lúdico </i>- no sentido que me traz Corção, do mito de Campbell, da sofisticação lúdica de Huizinga, do simbolismo de Eric Voegelin, presente fortemente na tensionalidade que trago neste texto -, assim, busca ser transformado em algo com sentido (palavra que tomo de Viktor Frankl) pela própria natureza humana (seja lá o que isto for, como diria um Isaiah Berlin), sendo o possível, porém, também o passado, que desemboca em nosso vazio existencial. E no par possível-passado, se dá o trajeto, o caminho, mas como um <b>trajeto cego-surdo-mudo</b> é a própria fonte permanente do ser humano em sua expressão no mundo, porém, é inarticulada, não está na categoria da razão ou por ser de difícil tradução, contém neste espaço a lenda, o causo, o costume, mesmo o sentimento, um lugar limítrofe. Porém, mesmo estas ferramentas me são incapazes de expressar o passado, são sempre deficientes por sua natureza, elas <i>precisam ser deficientes</i>, pois é a "geografização" do ignóbil, daquilo que mesmo esforçados, seremos ignorantes, porém, abertos para saber e expressar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Confesso que este parágrafo do aspecto geográfico do ignóbil é difícil, trata-se de texto recente, trata-se do meu agora escrito, porém, coletemos que o que temos: a Geografia do par Mapa-cenário e Radical, aquilo que chamo de Cogito (em uma piada séria com Descartes) e a Geografia do Ignóbil, do possível-passado em nossos trajetos cegos-surdos-mudos deficientes, porém, possíveis de serem fixados, evitados, mesmo que muito nos seja irreparável, poderia parar aí. Eu simplesmente poderia terminar meu texto e seria um Moderno, ser um definidor, organizador de palavas. Mas, busquei além, busque o Além. Estamos que o limite entre o ignóbil e alguma outra coisa é onde vivem os Mitos, os monólitos do tempo humano, aquilo que não se sabe a fonte, porém, que são mais fortes sendo sutis que a espada de qualquer rei - eu poderia dizer que são condições da espécie biológica, da estrutura ou da forma, se eu fosse um ateu ou do designer inteligente -, aqui não há possibilidade de história, nem mesmo há possibilidade nenhuma para o <b>limitado humano. </b>Na Geografia do Incógnito, tenho registros ignóbeis em contos ou grandes catedrais das religiões, ou mesmo nas limitações sociais mais básicas, em toda a fundação (e me lembro de Asimov), do instinto gregário; e é apenas pelas falas mais silenciosas que posso registrar o geográfico disto, posso fazer esquemas arqueológicos e antropológicos, posso imprimir o meu eu em canções ou simplesmente me impelir por certas atitudes morais, porém, nada é possível aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
No Incógnito, não há apenas humanos, não é apenas o Cogito nem Ignóbil, mas, o jogo (sendo o lúdico disto já uma tradução) de sombras, cores, luzes, mas <b>profundidade</b>. A taxa de <b>silêncio </b>cresce ao <i>ilimitado </i>nesta região se comparado com Ignóbil, logo, lá é sem fronteiras, pois entende-se que teremos ali o infinito, algo parte de nossa imbecilidade em tentar conceber o infinito, claro. Lovercraft, Robert Howard me vem a mente, quando ali coloco, como limítrofe entre o possível de ser conhecido, análogo ao lúdico, o mundo dos monstros, da destruição primal, do temor, daquilo não apenas desconhecido, mas da tormenta em si dos elementos naturais, daquilo que habita nas sombras - com certa taxa de caos e entropia. A morte habita ali, morrer habita o incógnito, logo, um "espaço da morte" é mero slogan literário, pois, em si e este habitante do Incógnito é um bom exemplo de uma das características-chave desta região: é <b>incompreensível</b>, sempre o será, não há repetição, não existe em nós enquanto humanos, enquanto potência humana, logo, sem auxílio do ilimitado de Deus, uma transcendência pessoal do incógnito. Poderia chamá-lo de <i>mistério</i>, mas o próprio mistério já nos é a mensagem, já é a única voz que advém dali, ou melhor, de lá, do Altíssimo, isto é, Alguém que é mais que o incógnito, que o impossível de saber. Se neste ponto do texto, o leitor vir com ranger de dentes e choros sobre religiosidade, ou sobre como um cristão é limitado - apesar de considerar que os islâmicos, budistas e hinduístas me compreendam -, ou qualquer coisa do gênero, recomendo que aqui me responda o quanto possível que a própria estrutura de realidade do leitor não se limite apenas ao ignóbil e o que ele diria dos monstros em sua vida, pois, eles podem até não terem presas ou qualquer característica ficcional, podem apenas ser um julgamento de que as coisas dão errado na vida ou qualquer bobagem limitada de psicologia, porém, prefiro pensar na profundidade e na minha própria limitação, não só não minha, como sua e de toda a humanidade, seja lá o que isto for, no que se refere que todo este "pode" sobre o incógnito já seja este escritor tentando expressar o inexpressável. Se o milagre existe, se o monstro existe e se Alguém está conosco, cabe a cada um sua língua e responsabilidade por ela. O que não poderíamos saber, aquilo que nos está posto e será misterioso para o sempre, ainda está.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se algo está, pode ter sua Geografia, mesmo que esta se limite as fronteiras do Incógnito e do Ignóbil, mesmo que eu só a possa lhe mostrar como Cogito, em representações, o fundamento da ação geográfica é a <b>Descoberta do estar</b>, dos vários "estares". Fundamentos de palavras, gradiente re-ordenado de símbolos, impressões ideológicas, patológicas, literárias ou intuitivas, a descoberta no sentido de <i>desbravar a efetividade dos símbolos registrados para a minha vontade, pela potência do outro afim de descobrir no ignóbil nossos trajetos passados e passos futuros</i>. E neste salto, digo que a Geografia, é descoberta, se continuarei este texto, isto já não é mais meu, mas parte do incógnito.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-40003133372897790812019-07-27T09:33:00.001-03:002019-07-27T09:37:42.725-03:00Indomável, Louça Chinesa, Vigia no peitoIndomável, presença<br />
Daquilo que não mais nomeias<br />
Das tempestades, em cadeia<br />
Nacional de ser tudo, mas<br />
Mais um pouco<br />
Mesmo limitado, mesmo não original<br />
Indomável, na honestidade<br />
Fortaleça na crença<br />
Faça você mesmo, lute<br />
Contra todo o demônio dentro de si<br />
Escapatória não há<br />
Mas, sempre uma mão maior, fundamento<br />
Te firmará os pés pra suportar o próximo soco<br />
Sem que porém, jogue a toalha<br />
<br />
Indomável<br />
Indomesticável<br />
Se proste à Verdade, deixe de ser escravo de muitos senhores<br />
Indomine-se<br />
Indenomine-se,<br />
Nas épocas de Trevas<br />
é que podemos ver as estrelas<br />
E nos fazem valer, as lanternas<br />
<br />
---<br />
Louça Chinesa:<br />
<br />
Um poema não pode ser engasgado<br />
Se te faz ouvires calado<br />
aquilo que esconde<br />
nem o maior dos pecados<br />
de um coração partido<br />
por nosso próprio punho<br />
tento, em vão, colar os pedaços<br />
daquela louça chinesa<br />
Que caiu da antiga mesa<br />
de nossa velha casa<br />
não tendo mais lar, nem louça<br />
fiz uma barraca, no quintal<br />
busquei fazer de Babel estas linhas<br />
<br />
Perseguindo o céu, com poemas<br />
tornei a fechar minha voz<br />
à tagarelice do mundo<br />
que oferece abraço, porém de serpente<br />
que dá o beijo, porém na face da busca dos centuriões<br />
que dá meu ouro, já apenas meu...<br />
Nunca nada mais<br />
<br />
E nestas minguadas fortunas que não tenho amores que nunca senti<br />
palavras que perdem o verso<br />
a pedra que afunda no lago<br />
daquele velho quintal<br />
sou eu<br />
afunda ao fim.<br />
<br />
<div>
---<br />
A ponta travada do peito a garganta<br />
Emudece-me na parede<br />
<br />
Como um quadro de uma casa velha<br />
<br />
Que é meu coração às terças<br />
<br />
Mas, sempre às quintas<br />
Prolongam às quartas<br />
Mas, vigia<br />
Vigia o pátio do meu peito<br />
Um tritrinar afônico<br />
Tritura a minha voz<br />
Meu próprio, eu<br />
Já nem sei muitas vezes se estou aqui<br />
Ou nas paredes<br />
Inanimado, quadro velho<br />
Que se esqueceu de ser visto<br />
Mas, de prego vacilante<br />
Torto é seu esquadro<br />
Na casa velha em que vive 'sta min'alma<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/1fjCal0_bJg/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/1fjCal0_bJg?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-45455283822643757482019-06-27T14:27:00.002-03:002019-06-27T14:27:56.838-03:00Superar, VícioSó se supera quando se entende ou se sabe o que viveu. A ciência advém de uma certa brutalidade consigo em uma guerra interna, mas também um acordo. Abraçar-se, você e a memória de seus atos e omissões, o nosso acesso ao passado, faz parte deste processo, severo, porém doce, de perdoar-se verdadeiramente e partir, assim, ao novo.<br /><br />---<br />Ter o vício parte também do desejo de possuir para si uma experiência completa, o início e fim de um ato, que você presencia e lhe traz prazer. É a busca de completar a sua incompleta existência, pelo consumo de coisas, que você organiza, seja em atos, técnicos e cheios de maneirismos - como fumar um cigarro, beber uma bebida, manter uma relação com alguém tóxico, etc. - e que lhe darão o poder de terminar aquilo. Me parece uma busca por ser não apenas o criador, mas o viciado busca destruir/consumir a coisa em ato, busca o controle, em si, do tempo - a morada da alma - mesmo que este seja apenas o "tempo das coisas".Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-22392330442311950562019-06-27T14:17:00.001-03:002019-06-27T14:22:50.978-03:00Coração severo, Esqueceu a LiberdadeA severidade no coração<br />
Alimenta de si<br />
Complacente dos outros<br />
Faz do manto celeste<br />
<br />
Seus sonhos cadentes<br />
Veste a armadura de um castelo esquecido<br />
Entre ruínas de desejos e fúrias<br />
Um lampejo ainda se faz<br />
Uma mão ainda te firma<br />
Cristo ensina a solidão e sacrifício<br />
Necessários pra ver o outro<br />
Roma caída de senados e plebes<br />
Morrendo nas províncias, invade<br />
Império dentro do coração do homem<br />
Na língua escondida das estátuas<br />
Os césares traficam, sua alma por prata<br />
Eu estive, Estige,<br />
Sobre os rios egípcios, nas areias dos livros<br />
Me livrei da ignorância, frutificando dúvidas<br />
Agora, em ruínas, os anos acumulam<br />
As portas de um coliseu de gente<br />
Acumularam-se nos ônibus e trens<br />
E eu, na estrada rotineira<br />
Impérios, césares e a mão que firma<br />
Terá força pra lutar?<br />
<br />
Escreva, veja, severo<br />
<br />
Escreva, veja, severo<br />
<br />
---<br />
<br />
O homem que esqueceu o que é liberdade<br />
Permanece na sua prisão<br />
Costumeira, em carne que vê o mundo<br />
Apenas uma rosa, sem flor, cheia de espinhos<br />
E viveu, como um cientista de outros tempos<br />
Em um experimento, chamado vida<br />
Um projeto de filósofo<br />
Um pequeno escritor burguês<br />
Um bom aluno, porém, nunca um professor<br />
Um bom ouvinte, mas, nunca um conselho que preste<br />
<br />
<br />
Aquele que esqueceu a liberdade<br />
De não ser lido, de arriscar buscar a vitória<br />
De sair pra fora de casa, pela janela<br />
Pois, temia que não lhe dessem bom dia na porta<br />
Viveu trinta anos preso dentro de si<br />
Murmurando palavras, escrevendo versos<br />
Preso, naquilo que chamava de lar<br />
Por, não ter mais memória do que é impossível<br />
Contentou-se, com o imaginável<br />
-Não é possibilidade, se não há mais como tentar!<br />
Me disse o cão-de-guarda, em algum banho de sol<br />
<br />
A liberdade é um mal para a cabeça, você a tem<br />
Quando começa a ver as correntes<br />
Quando sente o que não sentiu<br />
Quando dói, mas, ainda assim, você pode voar<br />
Por mares de nuvens tempestuosas<br />
Alguma fênix existirá? Ou será apenas imaginação<br />
Daquele prisioneiro de si, escrevendo em carvão<br />
Achado em algum canto de fogueira<br />
Esquecida, esqueceu-se, de seu coração<br />
Pulsante, preso no peito<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/w8vsuOXZBXc/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/w8vsuOXZBXc?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />---</div>
Incompletude daquele que perde-se<br />Nos montes<br />À vistas de achar os gigantes<br />Escondidos sob as capas dos livros<br />Deve calar-se e amiudar<br />O tempo sob as barbas de seus anos<br />Em regresso de força e vitalidade<br />E buscar guardar o que foi bom<br />Para transmitir que tentou de bem<br />Que buscou o bom combate<br />Que travou, contra os demônios de si<br />A caça nas sombras<br />Mesmo sem mão amiga, mesmo calado<br />O trecho no caminho que jamais cede<br />Mesmo sendo isolado<br /><br /><br />Sabedoria sê resposta, mesmo o que não ocorreu, por mais do que me acontecera!<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-64618868693675447482019-06-14T00:35:00.002-03:002019-06-14T00:37:15.939-03:00Segredo da Esfinge, Tarde feliz triste manhã, América LatinaE a honestidade consigo é a verdadeira honra<br />
<br />
<br />
---<br />
Pitágoras me escreveu uma carta <br />
Nela, alheio li, fora de meus<br />
Pensamentos, pelo deserto<br />
Por suas areias, o festim do tempo<br />
Cada passo pesado dado<br />
Voltou a ser leve e aquecida<br />
Memória de um homem<br />
E seu menino<br />
Jogando pinball, num boteco<br />
Numa vila, duma cidade temperada<br />
Ao sul do mundo<br />
Donde já não estou<br />
<br />
Me diz a Esfinge, a resposta<br />
(Secreta para Édipo):<br />
-Jamais voltarei a ser menino<br />
Jamais estarei a ser de todo homem<br />
Logo, velho, morrerei nestes passos<br />
Mas, pra sempre deixarei pegadas<br />
A quem as queira contar nas areias<br />
<br />
Fechei o livro, com a carta do matemático<br />
Contei as horas: eram 2 da tarde<br />
Não sei de qual domingo<br />
Era o aniversário de meu pai<br />
Já não era mais aqui<br />
Mas, lá que estava<br />
Lá no meu coração<br />
Aonde vaga o deserto que não o alcança?<br />
Pois, solto é o infinito<br />
Dos passos que jamais serão mapeados<br />
Na areia<br />
Do tempo<br />
Da língua da Esfinge<br />
Do vento, no peito<br />
Que vira as páginas do meu livro.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
---</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/3Wh8x6VgEQ8/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/3Wh8x6VgEQ8?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div>
<br />
Dois montes de concreto<br />
Abriram o céu azul<br />
Azul das tristezas melancólicas<br />
Latiam os carros, gritavam guardas e vagabundos<br />
Meu peito estava silencioso<br />
Aos olhos dela<br />
A garota que olhava para o céu<br />
Pintava as estrelas seus pontinhos<br />
Sardinhas no rosto do universo<br />
Recheios das nuvens de algodão<br />
Que sopradas pelo tingir<br />
De brancos ossos<br />
Levaram a preocupação do marinheiro<br />
De oceano profundo, mas que secou<br />
Olhava a garota nele e ele nela<br />
Algum ponto cardeal secreto<br />
Escondido, incerto<br />
Na vida presa nos novelos<br />
De um céu azul<br />
Vazio de nuvens, estrelas<br />
Porém, como o mar, posso navegar?<br />
<br />
Te amo, naquele dia.<br />
A chave caiu, a porta escancarou<br />
O José não pergunta do agora, mas de ontem<br />
E meus olhos de Capitu, ressacam<br />
O mar seco do marinheiro<br />
A muse olhar ao céu<br />
Pesca a chave, dos Argonautas<br />
Abre o tesouro e firma<br />
Como o bem que pode ter<br />
<br />
O abraço do instante, do Eterno Presente<br />
Que não nos prende, nos dignifica<br />
Envio a você, moça que olha o céu<br />
Azul como a tristeza, terminada<br />
Em toda a aventura que poderás ter<br />
O abraço e beijo infinito<br />
No instante, sem mito, poesia ou enseada<br />
Pois, navegar é preciso, e navegando<br />
Sem parar<br />
<br />
Olha o céu, pequena, olha<br />
Que brilha todo o teu ser<br />
Obrigado<br />
Pelo porto seguro<br />
No céu do oceano azul, de mim e nós.<br />
<br />
Segunda, 10 de junho.<br />
<br />
<br />
---</div>
<div>
A gente morre sozinho, ao sol e ao escuro<br />
Aproveite<br />
Abra-se<br />
Pois, fechei-me em casa<br />
Joguei a chave<br />
Esqueci-me<br />
<br />
<br />
---<br />
César, vencido entre as pedras<br />
Foi acorrentado nas caravelas<br />
Foi tomar noutro lado do mar<br />
As terras da Cidade do Sol<br />
Ao Norte, nasceu as 13 Colônias <br />
Ao Sul, um Império Espanhol fragmentário<br />
Em centrípeta força<br />
Vai de reto ao sul ainda<br />
O Gigante de língua portuguesa dorme<br />
Sonhando em acordar<br />
Mestiço, centrífugo e munido de cetro férreo<br />
Um povo que já não crê no esforço de anos<br />
Mas, quer tesouros em dias<br />
Pirataria nacional<br />
Corsários, de favela ao asfalto<br />
Do café até a soja<br />
Planta, mas apenas colhe<br />
Agricultura sem semeadura<br />
Que livros se queimem<br />
Para fazer o carvão em dias frios<br />
<br />
<br />
César, bêbado de vinho<br />
Não reza mais para cruz<br />
Pois, os meios findaram em fins<br />
E vidas terminam no eu<br />
Eu revolto em si<br />
Oceano tempestuoso<br />
Engole as caravelas<br />
Morre o náufrago que de livros sem páginas<br />
Tem fome.</div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/Pn74p9l6vks/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/Pn74p9l6vks?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div>
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-43997024067254423722019-06-06T15:21:00.000-03:002019-06-06T15:25:43.626-03:00Lápide ao Sol, 27 anosMe enterrem com o rosto<br />Virado ao sol<br />Que banhado sobre aquelas tardes<br />Refletiu a vida<br /><br />Das estrelas que jamais morreram<br />Mesmo tendo sido, há tempos<br />Desaparecidas no espaço frio e negro<br />Aonde busca os homens?<br />Sua própria divindade<br />Nesta mortalidade?<br />Nesta múltipla estrada, de uns poucos caminhos<br />Mas, que será sempre feita<br />Das tuas pegadas<br />Dos teus passos, alguns dos mais dolorosos<br />Serão os jamais dados<br /><br /><br />Me deitem finalmente<br />No alto daquela montanha<br />Ao qual estive preso na minha filosofia<br />De voar por aí, nas palavras ao vento<br />Escutadas de seus espíritos<br />Num peito vazio, de mil ventos<br />Mil montanhas a correr atento<br />O lar que carrego comigo<br /><br />Me deixem naquela tarde<br />Onde o sol aquece o rosto<br />Já calvo e antigo em 27 anos<br />Mas, eterno<br />Na transcendência da comunhão<br />Dos laços e do amor<br />Que tentou escutar<br />Mesmo pequeno<br />Mesmo fraco<br />Este homem que agora é d'outrora<br />Agora jaz em uma caveira, que mesmo ela<br />Jaz ao sol<br />Mesmo a lembrança dos amigos e amores que se vão<br />Que te esquecem<br />Permanecerão<br /><br />Pois, no além navegam apenas os fortes<br />Que deste mundo sabem não se contentar<br />E, banhado ao sol<br />Daquela tarde nos mares de montanhas<br />Aceitam que a estrada só termina<br />Quando o sol deixa de brilhar<br /><br />Me enterrem, sem epitáfio que não seja<br />"Banhado ao sol"<br /><br /><br />---<br /><br />Hoje, conto mais um ano em minha linha<br /><br />De passos frente ao abismo<br />Na borda desta<br />corrente de desespero<br />Equilibrista do nada interior<br />Com alguma coisa pro Outro<br />A estrela brilha e alumina, dizem<br />O espaço de matéria negra dentro<br />de si<br />A Terra gira, ela nunca para,<br />esperança de um porvir<br />Numa pólvora acesa de fúria,<br />Numa cama deitado em pavor<br />Nada reflete-me no espelho<br />Que não o vento<br />Frio, neste primeiro dia de sol<br />Numa semana insólita de chuvas<br />Busco a pessoa que fui numa imagem<br />Na frase amiga de verdadeiras companhias<br />Mesmo instantâneas, como a vida o é.<br /><br />Somos instantes, preenchidos de infinito<br />E não queiramos percorrer à beira<br />Sem antes ver o mar do mundo<br />Navegar é preciso<br />Resistir-se, mais um dia, também<br />Mesmo niilista de mim, meu mundo é platônico<br />Mesmo emotivo, sou gélido como aço<br />Mesmo místico, severo comigo<br />A tensão, tensionar-se sem morrer<br />Sem matar-se<br />Pois, você está aberto<br />Se fechado, abra-se, abrace<br />Aquele amigo, aquela mãe, aquela amante<br />Ou ninguém, como eu sempre estarei<br />Navegando nos oceanos profundos<br />Aguardando e vendo o mundo<br />Mostrar, pandórico<br />O infinito a quem busca humilde<br />Não ser nada mais que superar-se<br />E ver a unidade<br />A consciência<br />A minha presença<br />Te abraçando agora, se sofres leitor<br />Compartilho contigo as lágrimas<br />E com elas, façamos mar de Camões<br />Pois, o desterro é a ordem<br />Dos que tem o lar no coração.<br /><br /><br />Aquieto-me nas palavras<br />O poema está se fechando<br />Completo 27 anos de Fernando Pessoa ou Augusto dos Anjos<br />Completo, estou vazio<br />O vento gélido curitibano trespassa<br />Cristo, em minha praça<br />Deus, à Ágora, calou-se<br />Pois, o seu reino não é deste mundo<br />E agradeço a Ele, nesta oração poemada<br /><br />A caneta descansa, pois no peito<br />Um poema se lê.<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1c1e21; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/9ook4Bes3Vs/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/9ook4Bes3Vs?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-61112430172779540482019-05-15T12:27:00.001-03:002019-05-15T12:27:18.116-03:00Honesto, andar, Galope do EnforcadoVentrículo, de seu coração<br />Pesa ao levar a água<br />Que compõe o meu sangue<br />Você que se esconde nas sombras de meu ser<br />Busco imediatamente, como procuro<br />Palavras para descrever que:<br />O que é original é prisioneiro de si<br />O honesto, é livre ao mundo<br />Corre fluído, máximo possível expresso<br />Nesta língua que escrevo<br />Aviva do ventrículo ao poeta<br />Que pelo poema, se fará o mais falante<br />da mudez que existe na palavra<br />Que diga tudo o quanto possível<br />Naquele que pode não ser original<br />Mas, honesto consigo.<br /><br /><div>
---<br />O que faz andar é aquele passo ainda não dado.<br /><br />---<br />Enforcado na beira-da-estrada<br />Passei por ele, condenado<br />Eu a cavalo, a galope<br />Ele, porto de pássaros, pendurado<br />Livre de meus passos, preso em meus pensamentos<br />Já dele não obtinha respostas, era mudo<br />Surdo estava seu peito<br />Como eu cego do que tinha feito<br />Pensei mesmo que ele era mais livre<br />Pois eu, preso neste terreno de possibilidades<br />Delas, só abraçava a angústia<br /><br />Condenado, ele era eu<br />Na beira de uma estrada<br />Me achei cavaleiro viajante<br />Como enforcado pedante<br />Entre Quixote e Judas<br /><br />Passou-se o tempo em meus passos<br />Já nada mais ali havia pendurado naquele poste<br />Nem eu, meu cavalo<br />Não saberia dizer se sonho ou não<br />Me ver enforcado cavaleiro, errante-pendurado<br />Sabia daquela estrada<br />Ela ainda estava lá<br />Era minha vida<br />A única mantida, contida<br />Entre cavalos e cordas<br /><br />O próximo passo<br />É aquele que ainda será dado.<br /><br />"Galope do enforcado"</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/nwuO9fHwwAA/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/nwuO9fHwwAA?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/OswHQP66OlE/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/OswHQP66OlE?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div>
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-25824148269404622152019-05-15T12:20:00.000-03:002019-05-15T12:20:12.189-03:00Moro no bosque, Domingo furiosoEu moro naquele bosque<br />
Perto da serra<br />
Onde um riacho se esconde<br />
Entre o meio de meu peito<br />
Silenciosa, melancolia<br />
Alimenta meu espírito<br />
Com aquilo que não tive<br />
Obtendo<br />
Alguma ou outra alegria<br />
Mas, apatia<br />
Tudo apatia<br />
<br />
---<br />
<div>
Na fúria, de um domingo<br />
Qualquer<br />
Famílias voltam com sua criançada escandalosa<br />
Em pais mais escandalosos<br />
Tudo, um bravio de bestas<br />
Mecânicas, ônibus, parques moldados<br />
Tudo, um qualquer<br />
Sol de outono coroa a cabeça com calor<br />
A gritaria das máquinas e crianças permanece<br />
A serra de minha casa está longe<br />
O lar do meu peito, desbastado de novas<br />
Árvores está<br />
No mundo<br />
Máquinas e crianças-pais, tagarelam<br />
Tagarelar pra não deixar-se o silêncio<br />
Tomar de si<br />
A voz mecânica<br />
E num coro preso, sem tom ou som<br />
As vozes se abafam, na barulheira<br />
De domingo</div>
<div>
<br /></div>
<div>
---<br />
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-86872600374856518292019-04-28T20:34:00.001-03:002019-04-28T20:41:29.296-03:00Tagarelice, Testamento, Escrita dentroCada vez mais acredito na auto educação. Exige mais disciplina e a pressão social do meio - amigos, colegas e professores - do é difusa ou diluída pelo contexto das obras de referência.<br />
<br />
Não é apenas estudar e ler, é saber quando calar a boca e refletir, silenciosamente e consigo (se bem que as vezes parece que se topa com gente de interior vácuo), porque coisas como este mural são como amplificadores de vozes: milhões de vozes, esperneando em busca da atenção que não dispendem consigo, repetindo chavões e slogans.<br />
Talvez esta seja apenas uma voz mal-educada, verdade, assim como isto não vai ser lido e talvez seja só esta "tara pós-moderna" com opinião, mas em alguns momentos quero ver uns vídeos de gatos ou memes normais, usar as redes sociais pra rir... Porém, realmente eu deveria ficar no silêncio, assim se ouve, mas tente aguentar a tagarelice infernal.<br />
<br />
<br />
---<br />
<br />
<div>
Por dentro tudo, por fora, nada.<br />
Na tensão em ser e parecer<br />
e sendo inútil,<br />
me despeço nestes passos<br />
Perdidos em algum deserto<br />
De prédios<br />
Sem almas abertas<br />
Só portas trancadas<br />
Na janela escancarada<br />
Deste farrapo aqui<br />
Triângulos místicos pitagóricos<br />
Não fazem efeito<br />
Slogans de Marx e Mises<br />
Biografia patife de Nietzsche<br />
Nada surte efeito<br />
Neste rigor consigo<br />
Misericórdia débil com outro<br />
Imbecil coletivo<br />
Estou sempre tido incluído<br />
Enquanto, nenhum fármaco<br />
De mister<br />
Parece reduzir a dúvida<br />
Cartesiana<br />
Sobre onde termina meu eu<br />
Começa o seu<br />
Mas, indo além<br />
Terei eu confessado em Hipona?<br />
Terei eu os cavalos de Vontade Potente?<br />
Terei?<br />
Sem ter tido, sofro em ser<br />
Reduzo à aparência<br />
Coletando evidências<br />
Escrevo esta carta testamento<br />
Pretérita<br />
Que dentro do peito não pare a guerra<br />
Pois, a paz de, me diz Tostói<br />
Nele está<br />
E rogo fortaleza<br />
Rogo por você, leitor em sua mesa<br />
Sê diferente, sendo honesto<br />
Com você.<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br /></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/D-70bIP3Ng0/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/D-70bIP3Ng0?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br />
---<br />
Escrever, sem parar, em busca<br />
Da tensão, linha presente<br />
Numa mera aparência imprimida<br />
Impressão do mundo<br />
Impressa nestas palavras<br />
<br />
Achei ser doente uma vez, pela palavra acometido<br />
Mas, não mais<br />
Minha doença nada tem haver com a cura<br />
Que a escrita me traz<br />
Sem parar<br />
A tensão permanecerá<br />
Entre o ser e o buscar o todo<br />
A tensão elétrica das máquinas não irá parar<br />
A abertura do espírito, por alguma música da alma<br />
<br />
Posso permanecer azedo<br />
Paralisado<br />
Conformado, estatizado<br />
Libertado estarei aqui<br />
Nesta pena<br />
Nesta pena e café<br />
Ao meu lado, triste gato, ágora cachorro <br />
Pássaros na janela<br />
Sol lá fora<br />
Assim como a lua caminha<br />
Numa natureza<br />
Ou na cidade-fortaleza sob meus pés<br />
Os passos de uma escrita ilimitada<br />
A partir da palavra indizível<br />
Indescritível<br />
<div>
Que é viver</div>
<div>
Vivo impresso<br />
Impreciso<br />
Na tensão, sem parar<br />
Escrever, é lutar<br />
Dentro de si, pros outros.<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br /></span></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-3050527852973131522019-04-28T20:22:00.000-03:002019-04-28T20:22:33.327-03:00Poente, Fantasma, Ronda da MadrugadaPoente.<br />
Odeio... Estar assim<br />
Morto de esperar<br />
Esperanças afogadas<br />
Nas lágrimas que já estão secas<br />
Como um riacho que não mais<br />
Desemboca num mar<br />
Não mais quero morrer apenas,<br />
Quero virar solo, ser útil<br />
Porém, silencioso<br />
Porque o som do meu peito<br />
Dói numa desarmonia de minha alma<br />
Irrefletido num espírito<br />
Que se perde<br />
Entre os dentes<br />
Vociferando palavras erradas<br />
De um cara errado<br />
Deprimido, entre o sol<br />
Poente<br />
<br />
---<br />
<br />
O fantasma atormentava seu coração<br />
Mas, eterno é o presente<br />
Que se lembra da solidão<br />
Dos passos cansados, <br />
Ar parado no peito<br />
Quando, insuspeito<br />
Abriu-se às vestes<br />
De um abraço solar<br />
Abraço amigo<br />
Fazia tocar, o coração fantasma<br />
Desperto estava<br />
Naquele presente<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
---<br />
<br />
Há um silêncio pela casa<br />
Ronda a madrugada<br />
Firma na noite<br />
Não é alvorada, nem tu<br />
Oh face iluminada<br />
Deixa de ser contada<br />
Há um silêncio da penumbra<br />
Mesmo com a lâmpada ligada<br />
Tudo permanece ali<br />
Eu, ali, preso<br />
No eterno presente<br />
Na função arbitrária<br />
Julgamos um passado que esquecemos<br />
Esperamos futuros possíveis<br />
Mas, estarei eu sendo juiz implacável<br />
Sem direito à me deixar em paz?<br />
Mas, estarei eu sendo possível<br />
De sustentar pernas, sonhos e bocas<br />
Quando às tempestades passar?<br />
O presente, lhe sou preso<br />
O presente, lhe sou grato<br />
"Sê tudo naquele que crê"<br />
Que pra Ele se deixe o julgo,<br />
Mas, dá força<br />
Pra segurar minha espada<br />
De ferir a mim mesmo<br />
Que eu esteja presente no que sou,<br />
No erro<br />
No acerto<br />
Posso estar presente, pra mim mesmo?<br />
Peço, rogo<br />
Naquela morada há silêncio<br />
Naquele lar, o meu coração<br />
Ouço a harmonia da canção muda<br />
O eterno presente é caminho<br />
Não apenas, um simples fractal<br />
Pois, sou passarinho<br />
Pois, voo na noite<br />
Daquele silêncio, um mundo um cantinho<br />
Naquele aquietamento<br />
Não sou o universo<br />
Escuto o verso<br />
O presente da alma<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Escuta, amigo<br />
Escuta o silêncioUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-30171434498960685622019-04-24T02:00:00.003-03:002019-04-24T02:00:38.073-03:00Veste, Rosário, Raminho, Lua e SolNas vestes de sua boca<br />Teci a minha renda<br />Do soldado cansado descansa<br />Rendido aos teus braços<br />De menina, que aguenta.<br />No perfume no ar<br />Que tu voz desperta<br />Há não mais que esperar<br />Àquela rosa<br />Que vi naquele pequeno<br />Jardim d'espírito meu<br />Me chama<br />À aventura<br />De ver o céu, contar as estrelas<br />E ver que nele falta uma<br />Sol que é você<br /><br />---<div>
Douta moça, sábia<br />De um deserto em rosário<br />Levava nas contas<br />Cada livro e mister<br />Orava por mim<br />Orarei por ela<br />Neste deserto, que em horas<br />Tem flores carmim<br />Outras é o vermelho do sangue<br />Pude escrever neste oásis<br />Temporário de palavras<br />Pois, as palavras são vento<br />Mas, o vento infla os peitos<br />Respirando e dando efeitos<br />Mando a ti este feito, sábia<br />Em meu rosário conto os pontos<br />Cardiais do nosso caminho<br />À Ele<br />Em nossos vacilantes passos<br />Sempre vacilantes<br />Estarei sempre contigo<br />Sábia<br />A ler-te os livros<br />Das palavras ao vento<br />Agradeço, obrigado<br />De um transpassente<br />De um deserto, que também<br />Há de ter suas flores<br />Com rosários"<br /><br /><div>
---<br />Numa noite, um passarinho<br />Levava um raminho<br />Na boca<br />Era o mar da escura treva<br />E ele atravessava-o<br />A achar terra<br />Meu passarinho voou<br />Um galho achou<br />Dele plantei minha árvore<br />Dela fiz minha morada<br />Meu passarinho, minha amada<br />Vive comigo<br />Eternamente, enlaçado<br />Nos ramos de meu lar<br />Naquela nova Terra<br />Ao quais os mares<br />Já não mais cobriam<br />Apenas banhava<br /></div>
<div>
---<br />Aspecto de uma Lua<br />Que beijava o oceano, numa mágoa <br />das cinzas praias<br />Viu-se, pouco a pouco<br />Ser Lua Nova<br />Sua luz, vinha do Sol<br />Seu coração, aquecia<br />Mostrando novamente<br />Sua face com aluz dos dias<br />Oh Sol, tu que me beijava na boca...<br />Poderei eu, disse a Lua,<br />Te acompanhar nos dias?"</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-13701549423955103742019-04-18T12:04:00.001-03:002019-04-18T12:04:18.560-03:00Insônia, Espião, Lanterna inspiradaInsones, suicida<br />Cada gota que caiu<br />No mar da tua vida inútil<br />De um mundo de falatório<br />De uma gente má com algum outro<br />De fé e esperança que chamo de amigo<br />Mas, que no fim, estamos sozinhos<br />O caminho é solitário de gente<br />Só Deus é presente<br />Ai de mim, pensar em expulsar<br />Mas, duvido de mim<br />Não mais que em mim<br />Nesta egolatria alcoólatra<br />Ídolo do Eu<br />Subjetivo aparente, insones<br /><br />Não acordo, pois nunca dormi<br />Não sorrio, pois pouco me alumina<br />Não beijo, pois amar é uma lembrança<br />Já não abandono o barco, este barco<br />Do negativo<br />A negação de que posso, virou a droga<br />De que tenho<br />Disponho-me como algo possível de ser feliz<br />No passado<br />O futuro, me traz pavor<br />... Já não penso, atuo<br />Já não ajo, vejo<br />Não me escuto, estou em silêncio<br /><br />O suicida abraça em si<br />O futuro como eterno passado<br />O fundamental lhe é invisível aos olhos<br />Duvida poder ouvir Ele efetivamente<br />Duvida sobre o presente<br />Como que fosse teoria hipócrita<br />Da gente hipocondríaca<br />Atrás de sua porta da alma<br />Não, o inferno não sou os outros<br />Débil<br />É o eu<br />O arrogante não o vê<br />O arrogante real, já se perdeu<br />Eu, aqui no meio<br />Silencioso<br />Insone<br />Suicida<br />...<br />São seis horas da manhã, suportei mais uma noite sem sono. Descanso depois, num canto da minha rotina, no abraço que não tenho.<br />Durmo, vejo o mundo, durmo-o<br />Insone, na Alma do Mundo<br /><br /><div>
---<br /><br />Expiatório<br />Atrás da porta, na fresta da janela<br />O espião avista a pena<br />Que escreve à linhas retas<br />O que o Mistério lhe fez por tortas<br />Arregaça, escritor<br />Que escrever a teoria é pôr-na linha<br />Aquilo que é disperso<br />Fala, cantor de gente<br />Mas, ajoelhará ao Temor<br />Ri, só ri criança<br />Que a risada é a constante<br />Nos liga a todos nós em todas as fases<br />Meio maligna, mas honesta<br />Como o choro jamais será igual<br />Pois, o choro é rio meandro<br />Afunda por várias partes<br />Mas, meu riso, no espanto<br />Treme o universo do homem<br />Aquele que acaba nas estrelas<br />Que não é o nosso<br />Daquele que ri, <br />Mas, que também pode chorar<br /><br />No papel, cai lágrima</div>
<div>
Que expia ao espião<br />Será o riso? Ou o coração?<br />Da janela, jamais saberemos<br />Abre a porta o personagem<br />A pena, jamais para...<br /></div>
<div>
---<br /><br />Inspiração, numa inadequação.<br /><br />Frente fria, numa gente de coração quente.<br /><br />Lanterna sem bateria, refletindo em espelhos, pra tentar achar qual não o é: bater no verdadeiro, que mostra a terra. A alma do mundo, porém, é única real, topa no meu peito, me puxa aos ouvidos e diz:<br />-Olha, a linda flor de cerejeira, é linda por você estar aqui e vê-la! Aquieta o peito, que o perfume está aí, fora de você, tenha-se respeito!<br />Afago a barba, tomo o café quente sem queimar a boca, durmo, no torpor do sabor. O sol daquela manhã é belo, mas agradeço pelo todo, ser bem maior que o mundo.<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/fUjOfsoBhMY/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/fUjOfsoBhMY?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-11741747398281751872019-04-18T12:04:00.000-03:002019-04-18T12:04:09.569-03:00Jardim descobri a RosaAndei pelo jardim, passeando em trilha de sombras mestres <br />filósofos mortos há muito<br />andaram, refletiram, decuparam<br />um mundo ocupado de si<br /><br />Só eu me senti só<br />clamei às estrelas, mas, elas sempre serão em silêncio<br />clamei em mim mesmo, inocente de minhas forças<br />perdi-me em abraçar o mundo<br />pedi mais uma vez, a totalidade<br />de todas a frases, nos livros e palavras<br />ao vento, minha prece se fora<br />parei de pedir, vivi<br />e num ato, naquele jardim<br />vi uma rosa<br />ela me olhava, com olhos profundos<br />de algum mar distante<br />que naveguei por algum momento, instante<br />em que lhe disse: -Bom dia, querida rosa, em que pensas?<br />- No sol que brilha no Céu, na Lua que corre ao mar a noite, mas, que eu, aqui, ainda estou, instante<br />permaneço, parada<br />mas, nada de mal seria isto, pois mesmo<br />assim, vejo todo o mundo!<br />Naquela rosa plantada, colhi o broto<br />de uma justa poesia<br />nestas linhas, partilho a minha filia<br />e dei àquela rosa daquele jardim secreto<br />sempre, todo o seu bom dia<br /><br /><br /> ---<br /><br />"Odeio sempre este sol, me faz lembrar quem eu sou"<br /><br /><div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-32394585302487032732019-04-07T20:07:00.000-03:002019-04-07T20:08:51.307-03:00Girassol na Praça, Caminho de Amar, Sob o MalO amor não era pra ele, preferiu continuar caminhando. Olhou a paisagem, sorriu, guardando nisto cada lágrima do vazio que sofreu. Deitou-se, dormiu, na eternidade.<br />
Amar não fora coisa dele, nunca foi bom nisto. Esperou, errou, jamais se perdoou. <br />
Estes dias, o vi dormindo na relva daquela paisagem, ficou preso num novelo de sonho.<br />
Amar não era coisa que acreditava, a porta se fechou, a luz apagou, e ele dormia.<br />
<br />
<div>
---<br />
Na Praça, no sábado,<br />
Vi um girassol, cair do céu como uma neve, andou por aí como menina.<br />
Cresceu à luz solar <br />
Bailou como mulher, com ursos e lobos, aprendeu psicologia com raposas, <br />
viveu a voar, com os passarinhos roxos,<br />
Azuis e amarelos, aqueles<br />
Que hora me pousam no bolso<br />
Aquele girassol, me contou um segredo: <br />
"Da vida não tenhas medo, de mudar o seu caminho, desde que no vento<br />
Leves consigo sempre ao sol"<br />
Saiu ele, com capinha e espada, à lutar no seu passinho<br />
Eu fiquei, ali mesmo, no bolso, passarinhos<br />
<br />
Fiz da conta um colar<br />
E dos anos minha estradinha<br />
Passei entre vários matos e muito aprendi<br />
Na minha pracinha<br />
Hoje, o vi, <br />
O girassol menina, com seu reininho <br />
de amiguinhos e flores<br />
mandei um oi, tomamos sorvete e comemos pipoquinha<br />
E num domingo mágico qualquer<br />
Deu-me nova luz, aquela amarela, plantinha<br />
<br />
Olha, girassol, olha<br />
Que a luz é eterna<br />
Enquanto caminhas<br />
<br />
---<br />
Não busque as emoções e sentimentos. Livre-se do julgamento, daquilo que pensas precisar fazer para amar, pois, isto será veneno.<br />
Provamos o amor por atos, não palavras. O sentimento virá, pois o amar é maior que uma palavra: Amar é um caminho, o meio à vida.</div>
<div>
---<br />
À guerra dentro da cabeça<br />
Da gente<br />
Quando passou a tempestade<br />
Teu navio está naquela névoa<br />
Aquela mística nuvem, que encobre as paixões<br />
Que me fez perde o desejo de mim<br />
Que me fez odiar o cheiro do mar<br />
Que, naquelas noites de domingo intenso<br />
Me afoga no oceano que sou<br />
O combate cessou, não há mais tambores<br />
O sorriso da moça, me veio a cabeça<br />
Naquele dia de chuva<br />
Ensopado até os ossos, aquele momento icônico<br />
De qualquer história contada<br />
Pois, a história é contada sempre, queira o que diga<br />
O estúpido acadêmico, sacerdote<br />
Que jamais será capitão de nada<br />
Será sempre após, sempre um depois<br />
Antes, antes houve a crise, a revolução<br />
Agora, haverá os mortos<br />
As lágrimas<br />
A ferida dói depois do corte<br />
E quando você vê, sente<br />
Mesmo naquele momento, a adrenalina passa<br />
(Seja isto o que for)<br />
Mas, daí, enquanto o navio está<br />
Névoa matutina<br />
O sorriso parece pequeno<br />
Pois, questiono o que eu fiz<br />
Ser culpado pelo temporal que quase virou o navio<br />
Encharcou-me até os ossos<br />
À guerra me levou<br />
Dentro da gente<br />
Dentro do peito, os tambores vibram<br />
Chamam pela batalha que passou<br />
Que eu sobrevivi<br />
E que talvez, torça o nariz, como torço o espírito<br />
Por ter superado<br />
Levado com leveza<br />
Beijado a princesa<br />
Ou, apenas, ficado</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Daí, ela veio<br />
Como de mansinho, não me convenço<br />
De merecer agrado<br />
Busco motivos, pra no oceano morrer afogado<br />
Mas, ir para a guerra, meu amigo<br />
Meu criado, minha Alma<br />
É lutar, não brincar com o cajado<br />
Livra<br />
Leve<br />
Tenta voar como o pássaro, capitão<br />
Pois, você consegue<br />
A ferida doerá apenas depois do corte<br />
A lágrima, depois do não-dito<br />
Mas, o sorriso<br />
Aquele sorriso<br />
Dela, da sua Alma<br />
Aquele sorriso é ao Infinito</div>
<div>
---<br />
Os males se espalham pelo mundo, queimam a tudo, corrompem o que foi belo, o que estava em nós, aqueles que eram bons. Duvidaremos, porém, não é errado, temeremos, porém, temer Aquele que É nos trará coragem, buscaremos algo que sustente, mas, a verdadeira base é a estrada.<br />
Sim, o mal é em maior número, mas, diga, meu amigo, aquilo que é bom, mesmo que único, mesmo que secreto, mesmo que você não creia em nada que lhe faça ajoelhar-se e ser humilde, mesmo que você nunca o veja operar, ele está lá. E a bondade está em menor número, porém, é insuperável, frutifica, pois não precisa nada mais que se deixe por ela infundir, é duradoura, mesmo com todo o açoite, toda a mágoa, toda a solidão... Você poderá durar, não será bom sempre, não seremos nunca, mas, nosso mal não remediará o bem, pois, mesmo perdidos, podemos achar o caminho, e se perdidos novamente, ainda estaremos seguindo.<br />
Admita-se aberto e receba.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-72767875523961778922019-03-31T12:54:00.001-03:002019-03-31T12:54:41.955-03:00Céu azul, quatro amigos, voz de DeusSofrer no eu de andar por aí<br />sobre a sua sombra<br />esconder-se<br />mas, falta o meu abraço<br />que ocupa meu próprio peito <br />segura m'alma dentro<br />não me deixar pra que eu voe<br />não me deixar <br />que voe<br />até você<br /><br /><br />---<br />Eu falei com Deus e Dele apenas ouvi o silêncio, apenas ouvi a minha própria voz. Pensei ser Ele, pensei que estávamos todos destinados a sê-Lo. Deus, então me derrubou, pois minha fraqueza se revelou, pois sou humano, limitado e frágil, um castelo de muralhas abertas ao mundo, não mais precisa de guarda que não seja o teu próprio coração. Eu falei com Deus e esperei ouvir a Sua voz, então, compreendi, eu o ouvi pelas coisas. E não precisei mais ter esperança, nem tanta fé, tive certeza.<br /><br /><br />---<br />São nas palavras dos gestos e atos, que se escondeu o mister dos novos caminhos<br /><br /><br />---<br />Quatro pontos cardeais <br />caminham pela rua<br />calam estrelas pela estrada<br />daquela via suja <br />quatro pequenos caminhantes<br />entre espíritos dançantes<br />de um qualquer largo<br />passaram pela vida<br />afilharam os passos<br />nos muros em murros<br />de qualquer Centro perdido<br />duma capital do sul<br />quatro cavaleiros<br />cadentes de assuntos mil<br />fazem do coração amigo<br />via da amizade<br />n'eu céu anil<br /><br /><br />---<br /><br />Olhei no céu azul<br />De um sábado em que eu<br />Estava um qualquer<br />Em algum momento, entre<br />Uma crise de choro ou um grito de fúria<br />Era o mesmo céu<br />O mesmo pra você<br />Meu leitor<br />Que voa como pássaro<br />Está aí, eu aqui<br />Nesta toca, caverna de Platão<br />Aqui, eu raposa<br />Aí, você passarinho, sabiazinho<br />No aguardo por alçar vôo<br />Canta melodia secreta<br />Que anoto no sigilo de meu pensamento<br />E escrevo na discrição das palavras<br />Jamais as letras do céu ocuparão<br />Tudo que contém o voar de um passarinho<br />Toda a cor azul que daqui<br />De minha toca raposa, enxergo<br />Não em letras de pergaminho<br />Mas, azul de uma canção<br />Que se fez poema<br />Entre nós dois, nós todos nós<br />Que lemos de verdade<br />Lemos com a vida<br />Pois, a permanência, o mesmo céu<br />Ocupa e cai sobre nossas cabeças<br />Séculos dos séculos<br />Contados em quilômetros, de linhas<br />Descritas<br />Porém, impossíveis de serem lidas<br />São aquelas que tocam pelo coração<br />Quando escuto meu passarinho<br />Neste céu azul de um sábado<br />De um escritor qualquer<br />Este mesmo céu<br />Que cai descrito, sobre nós<br /><br /><br />Pare, respire<br />Toma fôlego e voa<br />Que onde estamos sempre será pedacinho<br />Do infinito céu, que nos abarca<br />Nos permitindo voar<br />Passarinhos.<br /><br /><br />---<div>
<div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/F5ixNXa6Nuc/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/F5ixNXa6Nuc?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br /><br />Num fio, que tu nunca se encontra<br />Apenas tromba com outros<br />Olhares<br />Que não serão nunca pra você<br />Mas, sempre de um outro qualquer<br />E você, está ali, andando<br />Por aí<br />Fantasma em seus próprios passos<br />Um ser neutral que usa suas próprias botas<br />Respira um ar que pesa<br />Que parece levar aos pulmões de um condenado<br />"Há estar aí"<br />Já não mais estava, anda<br />Trilha, nunca se encontra<br />Apenas uma fila de vários outros<br />Por aí<br />Por lá<br />Em alguma cidadezinha fria, contida numa metrópole<br />Um jovem ou uma jovem<br />Trombou em mim<br />Não soube jamais seu nome<br />Porém, soube que era eu<br />Num fio, que não mais se tece<br />Achei meu duplo<br />Um reflexo do espelho<br />Derretido entre o olhar do outro<br />Que escorre entre minhas tripas<br />O olhar que era meu, o refletido<br />Reflexivo<br /><br /><br />Trombe-lhe, e, quando vi<br />Havia sumido<br />Pois, não há nada meu ali<br />Que um sonho, devaneio<br />De uma juventude gótica <br />De uma cidadezinha ao sul do mundo<br />Passada num fio da Moira<br /><br />Passei<br />Trombei<br />E você nem me viu?<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /><iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/bjsvY2V5HUI/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/bjsvY2V5HUI?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div>
<br /></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-35884226234751094302019-03-22T11:02:00.000-03:002019-03-22T11:02:16.507-03:00DEZ POEMAS, Ontem, NiceDez poemas escrevi<div>
três para meus pais<br />quatro para meus amores<br />dois para próximos amigos<br />mas, um, aquele que esteve sempre comigo <br />este eu perco sempre de vista <br />este poema para mim<br />é mister que me faz seguir <br />meus próprios passos<br /></div>
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---<br />Quis hoje acordar atrasado<br />Mal dormido, cheguei cedo<br />Me doeram as costas<br />Do continente de uma alma qualquer<br />Ao qual meu espírito banhava, com frases<br />Soltas<br /><br />Comprei um novo All Star<br />Ele viera sem cadarço<br />Eu, como ele sem par<br />Quis hoje não me apressar<br />Terminei meu livro do Pessoa<br />Terminei-me com a vida, com o tênis All Star<br />Sem o cadarço<br />Sem o laço<br /><br />Quis anteontem, me matar<br />Quando o mar não tinha sentido<br />E amarrado eu estava no navio<br />Me doendo por sereias de voz morta<br />Ontem dormi pouco<br />Mas, estava sem laço<br />Fui achá-lo num abraço<br />Numa portuguesa de Pessoa<br />N'qualquer bem-estar contigo<br />Seguindo passos com amigo<br /><br />Hoje, quis me atrasar<br />Cheguei cedo<br />Resisti, ao medo<br />Em aqui neste mundo estar<br />Estado oceânico de mim mesmo<br />Banhei o espírito na alma<br />Navego trêmulo, porém sonâmbulo<br />Firme, porém em dúvida<br />Fractal, porém eu. Eu?<br /><br />Geógrafo dos mapas das linhas<br />Circunavego, o poema<br />Alma do mundo<br />Ascuta<br />Estou aqui<br />No silêncio a buscar, navegar<br />Navegar é preciso<br />Quis atraso, acabei por navegar<br /><br />---<br />Cante, que reúne a estrada, pequeno infante<br />Que já não mais trará apenas glórias<br />Serás em devaneio, cantante<br />A própria musa da memória? <br />Passarei por você, Nice<br />Em minha vela aos mares da Terra Sagrada<br />Portarei armas contra o infiel na caminhada<br />Mas, já agora, agora ele n'alma minha vaga<br />Pois, estamos sobre o mesmo Deus<br />Porém, difere a palavra<br />Em qual Verbo cantará?<br />Estou aqui em minhas obras, deposto a espada<br />Lutei, morri matando<br />Pois, sobrevivi na espreita<br />Mesmo te olho agora, Nice<br />Nos olhos de cada alma<br />Na boca de Mulher feita<br />O corpo de minha força, assim se deita<br />Cruzado como cruzei aquela rua<br />Em que vi teus olhos, dita feita<br />Venha comigo, cidade Nice<br />Tome comigo um café desta empreita<br />Cavaleiro das doze quadras<br />Cantar apartilhada<br /><br /><br />---<br />Todo o gênio morre na véspera.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-27522945299293007192019-03-09T14:41:00.000-03:002019-03-09T14:41:01.453-03:00Vender-se"Algumas pessoas usam seus corpos e sua imagem, como pinturas ou performances (sejam íntimas ou públicas, pois hoje mesmo isto já está perdendo o sentido), ficam se enrolando àqueles que se acham muito espertos ou o são, realmente, por possuir por algum tempo a disposição destas pessoas. Porém, o comércio de si, este utilitarismo das existências, toda este troca-troca me parece uma perda de tempo... Realmente, perdi muitos dias de minha juventude buscando profundidade nas coisas, achei que este comércio de si fosse algo dos jovens, me enganei, os velhos também o fazem, porém, por falta de oportunidade, força física ou beleza, resolvem amadurecer. Talvez as crianças não o façam, mas, nelas tudo é tão espontâneo que talvez seja isto, tolhido por esta lógica comercial, logo não passe de uma simples memória estúpida, que é o que chamo a nostalgia sobre a própria vida.<br />Porém, talvez buscar profundidade nas coisas e não em meu interior, seja o meu erro. Ao menos, ainda me atormentará toda esta geração de vendidos, mesmo que eu ainda me venda, as vezes, por simples poder do hábito ou cansaço intelectual. Todos estes anos acumulados, com lágrimas falsas, sorrisos de fotografias, depressões por falta de sentido na vida, todo este mal-estar humano me causa tristeza, pois sou parte de toda esta decadência materialista e não existem mais ordens ideias no mundo que não te puxem ou pra baixo, em profanas neuroses, ou pra cima, em coletivismos que hora ou outra vão requirir a destruição do gênero humano.<br />Enfim, são só algumas palavras que anoto neste caderno, de alguém que tentou voar como gavião por cima das nuvens um pouco... Mas, não pôde, não é mais possível, a força não está em nós que nos possa levantar, assim como a profundidade das coisas, está nelas e não em nossos véus de atitudes, muitas delas simplesmente vendidas, entre gente que não gostamos e um ou dois amigos e amores.<br />Que se vendam, que se amadureça por falta de capacidade, que sejam tomados por este mal-estar de 2019, ainda buscarei algum pouco água ao que possa mergulhar, mesmo em um oceano que, no fim, eu demonstre ser apenas uma poça. Já não se pode deixar-se ferir e não acreditar em si mesmo pelas práticas dos outros, deixe-os livres e fale, não se cale, não deixe de demonstrar em suas faces que tudo tem seu grau de falsidade, mesmo que demorem as máscaras para cair, mesmo que você morra sozinho, ainda estas palavras serão lidas, machucará este hedonismo e talvez lhe dê até um prazer, se fizer errado, mas, se fizer certo, você mostrará a este mundo de comércio de consciências um sorriso estranho... O sorriso de ser livre, ser real, limitado e improvável, que alguém sobreviva, mesmo que por apenas 27 anos, a todo este mal-estar venenoso e comerciável."<div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456376435934053022.post-9525397769432699772019-03-08T07:02:00.000-03:002019-03-08T07:02:05.121-03:00Chuva, gavião, amor frutoChove, como em m'alma<br />
que escorre entre as paredes<br />
duma vila sem nome, qualquer uma<br />
cai a chuva, que pinga n'entre os ouvires<br />
gotas ilimitadas de si <br />
cata cada gole d' água<br />
alma que escorre <br />
chove lá fora <br />
chove aqui dentro <br />
forma rio <br />
corre, vaza, escoa <br />
no delta dum mundo qualquer <br />
de terra salgada de lá<br />
me escorre de cá<br />
passo, escorro <br />
o rio permanecerá<br />
a água choverá <br />
eu, riofico<br />
<br />
<div>
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<br />
Por um momento, vi um gavião<br />
Nele, foi meu coração<br />
Por aqueles horas, vi o tempo<br />
Nos olhos do gavião, para os meus<br />
Vi o ilimitado de meus limites<br />
Do alto, vi pequeno eu mesmo<br />
Todos nós<br />
Nos sonhos imanentes, instinto de gavião<br />
Abri a tudo meu olhar ao mundo<br />
Por um tempo, dois dias ou mais<br />
Pareceu-me que sabia muito<br />
Mas, apenas olhava com os olhos do pássaro<br />
Não os meus<br />
Não há ordem nesta cultura da desordem<br />
Neste galope de cavaleiros bêbados<br />
Já estou ébrio de mim<br />
Já me assola o gavião<br />
Me lembra teus olhos:<br />
Sou pó, mas sereis sal desta terra?<br />
Pode resistir a olhar tudo<br />
Falar nada<br />
Voar, poderá voar, gavião?<br />
Até que o sóis apaguem e<br />
a luz deixe o sem limites<br />
Voa, gavião<br />
Por um momento<br />
Nos vimos.<br />
<br />
---<br />
<br />Frutifica no peito<br />do seu amor<br />Aquilo que ele<br />Quis ser<br />Paciente, veja ele<br />Livre<br />Abraça, beija e deixa<br />Voar com você<br />No imenso<br />Céu presente em todos nós</div>
Unknownnoreply@blogger.com0