"Entrevistei um demônio sobre o estado do Inferno..." - Assim começava a minha matéria no The Newsnet, matéria de domingo - primeiro dia da semana.
Tudo aconteceu cerca de cinquenta anos depois do Apocalipse de 2046. Foi tudo muito atômico e áspero naquela época, é verdade. Meu pai me contava sobre o racionamento de água e comida, já que as plantações estavam empesteadas por tipos de fungos brilhantes que nunca vimos, além de que, com as batalhas entre Anjos, Demônios e Nações terem detonado tudo que conhecíamos como Economia Global... Ao menos, foi assim, por umas décadas.
Mas, enfim, depois de um tempo, quando limpamos toda a bagunça da guerra, enterramos os mortos dos três lados e fizemos diversos acordos de paz, bem, tudo acabou bem. Pude cursar um bom Jornalismo na Universidade Gogol e me formei com honras. Arranjei este emprego medíocre e podia passar minhas férias de um dia semanal em paz (bem, uma das medidas do pós-Fim do Mundo é que não precisávamos trabalhar tanto, algumas regras e responsabilidades sociais haviam, bem, simplesmente perdido o sentido por algumas décadas e nós tínhamos que ir reconstruindo tudo aos poucos). Depois de várias matérias sobre as "eternas consequências da Guerra Angelical", Divina, tanto faz, finalmente, foi dado um recado por uma assessora do macro-site de que um duque demônio exilado queria dar uma entrevista.
Achei estranho me chamarem, mas, bem, eu era destinado a matérias de domingo e quase ninguém lia elas, porque todos começavam a semana já entediados e de saco cheio em seus empreguinhos, logo, deixaram pra mim a bomba.
-O que eu seria? Um repo, um ateu, um demônio, um budi??
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