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sábado, 26 de agosto de 2017

Corpo Político

"Um grande problema das teses de hoje é a política do corpo. Quando se transmuta o corpo externamente a nós mesmos para uma coisa sempre política, se cria duas coisas: a primeira é o eu perdido, o livre-arbítrio torna-se construção de outros, o meio suplanta o interior dando-o a nossa vida um caráter menor, sempre de máscara e nunca de ator, acabamos não construindo nada por estas teses, mesmo que eles travestam-se de psicologia e simbolismo instrumental; a segunda é a própria onipotência da política, o agir-político e o ars politic fica interinamente em movimento, desconcertando-se as ideias de rotina, melancolia, tédio e mesmo das crises em si, pois, se tudo é política, tudo está em embate, logo, não há como identificar os movimentos reais de transformação, pois, tudo está em um processo (positivo ou negativo dependendo da sua visão ideológica). Assim, o corpo não torna-se prisão do aventureiro, mas, simples construção social (o símbolo toma parte do ente, logo, o símbolo sou eu?), os variados outros constroem uma obra vazia, a memória perdida e compartilhada não serve a nada, ela em si só caminha, caminha e não forma nada - mesmo que nós queiramos construir motivos para nossa vida e viver bem, mesmo que apenas livres, isto é inútil, não existe eu, nem o vazio, existe símbolo por esta visão moderníssima. Se não existe eu, porque continuar a escrever? E o niilismo envergonhado cria histórias de Vontade de Potência, pois terminar a si mesmo não pode, toda a Vida é transformação, se ele diz ser ela apenas contínuo vazio (morno, homens e mulheres mornos), logo, não existe vida" (Emil Haddaward, "Nas Garras do Fantástico")