Legião de bestas de queijo e presunto
E então vi no céu, o escarlate da tarde de janeiro para dezembro vi o céu e nuvens se abrirem assim, fuuuuóóóó, foi seu som. Saíram discos de lá.
Eles desceram, e abriu uma porta um homem velho... De uns trinta anos. Me olhando na face, disse:
-Tu é o profeta?
-Não sei, tu me chamas assim? -Ele encoleirizou-se e praguejou-me; dizia que vinha de muito longe, uma tal de Escócia do Sul, ou algo assim.
Quando estava prestes a castigá-lo, pois me irritara e lançara meu cajado sobre ele -derrubando-o, uma mão tomou-me de assalto. A pele negra e o cabelo pintado a spray de vermelho denunciava: Zenão, o profeta antigo ali estava.
-No faça iço! -Me disse ele, com sua língua presa que eu havia cortado um pedaço alguns dias antes.
-Por que?
-Esste é um anço! Buurro! Ele fiera em pass! - Como sabe? - Respondi.
-No çei... É apenass o que çei! - Me citou poesia antiga, o safado. Acreditei.
Fomos cear. Dividimos o pão e o vinho em quatro, pois minha mulher -a ex de Zenão- estava junto e, pela lei, devia ser a melhor alimentada.
-Qual tua procedência hóspede? - Fica quieta mulher! -Respondi-lhe a altura dum homem.
-Quieto você! Quem pensas que és?! - Diante disto, com raiva no coração, fique calado: "Pois palavra de mulher não se desdiz", já dizia a lei.
-Vim de Celuria e não vim aqui para fazer-lhes brigar uns com os outros. Isto já fazem bem! - Riu - Vim anunciar ordens, ordens de lá! - Apontou para o chão, depois para o céu.
E disse a profecia, ou se quiser chamar, a ordem:
-Em vinte e quatro horas na meia-noite, deves ver como a luz se porta, não a da lua, mas a tua -do candeeiro!
Ele falou e eu entendi, o velho Zenão e minha mulher ficaram com cara e pastel.
Logo, veio o café e eu disse: "-Já é a hora!". Perguntaram-me do quê, respondi:
-Da liberdade da mente, do fulgor do peito e da ira do Filho sobre o Pai! -E lancei minha espada sobre minha esposa, sobre o velho e sobre Zenão, este não caiu de prima -tive de esforçar e cortar-lhe um braço e depois feri-lo de morte.
Sai de casa, corri para o campo e depois para a estrada. Minha justiça seria aquela que caberia em todo o ser pensante e toda a criatura criada à Luz, eu seria a tua Justiça que os livros proferiram ao velho do disco!
Mas, eis que no segundo viajante que iria matar pela estrada, me deparei com um magrelo de óculos de garrafa e roupas quadriculadas; não pude atacá-lo, pois antes do golpe, ele virou-se e disse:
-Se você pensa que faz o certo, erra. A alguns quilômetros daqui há uma guerra, chamam-na de Guerra do Loko... Tu devia ser um dos generais dela, esta seria tua prova... Porém, reprovou.
Eu me assustei, caiu minha espada da mão, mas eu logo me recuperei -tinha que interrogá-lo, catei a adaga e fui.
Ele me repeliu, com uma mão me derrubou -sem força, mas com conhecimento. Pisou na minha perna e a partiu em duas, eu chorei de dor.
-Nós -falou-, as bestas que cheiram a queijo e defumam seus inimigos como presunto, não iremos permitir alguém assim como você!
Logo, vieram luzes, do céu vi o brilho azul e me senti voando, fui arrebatado e lançado aqui, na Ilha de Las Loiras- a prisão mais terrível por não ter absolutamente nada para se fazer.
Por isto, escrevo estes diários.
#Em vinte e quatro horas na meia-noite, vê como a luz se porta, não a da lua, mas a tua -do candeeiro
MUSIQUETA DA POSTAGEM
24 horas.
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