MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://www.youtube.com/watch?v=Nfha8kxY7EE
Era uma manhã de outubro, uma triste manhã que terminava naquele triste cidade de Khartoum City, mas havia no chão outra coisa, aonde pessoas passaram uma vez, um punhado de gritos era coletado por soldados que, atirando com fuzis ou fincando com baionetas, acertavam os chamados "infiéis"... Estas famílias que, antigamente, conseguiam fazer suas rezas cinco vezes por dia, hoje, e aqui nesta cidade, não faziam nada mais do que se esconderem em guetos feitos nos bairros mais distantes do rio, única fonte de água limpa naquele calor dos infernos... O abismo entre "aqueles" e os "outros" havia se tornado insustentável... Por motivos da crença, este elemento estranho de não se ver e dizer que é observado, pensar que alguém liga para sua existência, matava-se naquela cidade, mas, isto não me interessa, aqueles prisioneiros e seus carrascos eram minhas peças, precisava de sua dor.
Quatro líderes da religião perseguida estavam para ser enforcados, na praça central de um bairro vigiado... Levei um fuzil e uma barra de chocolate, um era pra daqui a alguns instantes, o outro, pra depois, ou vice-versa...
Leram algo, não sei o que era... Puxaram a corda que dispara a alavanca que faz um mecanismo de morte, os corpos caem em sequência... Um barulho surdo é feito por meus peões... Para eles, talvez fosse uma porta que se abria pro seu Céu...
Há um barbudo lá, um gordo e um magro... Minha mira, está neles, nas cordas que os carregam pra outro mundo, se é que este existe... No meu fino instante, em que todo o povo dali, naquele gueto, presta atenção em silêncio e temor, escolho quem para sobreviver?
O gordo se debate, vejo que não aguenta a queda do palanque... O barbudo, esta muito confiante em sua "missão" e deixa o corpo cair levemente para o sono derradeiro... Aquele ser magro, de nome Salim, ele parece bem... Seu irmão, o líder que morreu sem ganhar a minha chance de piedade - pois, quebrou o pescoço, o idiota -, ao seu lado deu-lhe o temor da morte...
Faço minha escolha, dou dois tiros...
Um, mata o gordo, o outro, liberta Salim... Há alvoroço, gritos de alegria e surpresa... Sou visto pelos soldados que faziam a segurança do local, tiros saem de seus fuzis... Eu, vestido como os perseguidos, sou por eles protegido - caem sobre as balas e com paus enfrentam espadas e fuzis...
Corro, corro pelos tiros que não me acertam. Minha barriga arde em chama vermelha, minhas mãos também... Meu nome é Vishy, o Homem Azul...
* *
-Vishy? O Azul? - Grita aquele ser estranho... Ele está na Embaixada da Laurásia, escondido e dando ordens, é uma cabeça; basicamente, o corpo daquele serzinho de um metro e meio não representa em nada a sua "fúria interna", é um demônio... Perverso matador de crianças que de tão cheio de si, acabou só com a cabeça e uns bracinhos e perninhas... Estranho ser, tem prisioneiros, a Família Carneiro - o pai esta amarrado em uma cadeira, os três filhos, em uma jaula, a mãe, ainda uma bela mulher de 30 e poucos, esta de roupa emborrachada vermelha, esfrega-se no queixo da cabeça voadora para lhe dar prazer... Ou, ele cortaria suas crianças... Eram apenas turistas, agora, são prisioneiros como são os perseguidos desta cidade quente e empoeirada
-Vishy Ravana... Este desgraçado tem que morrer! -Diz para um subordinado, enquanto este limpa o chão e a mulher come um banana, ao qual dá pedaços para os filhos na jaula... Ela chora... Ele a vê e ri sempre, mas não agora, não com aquele ser andando por aqui, em Khartoum City.
-Senhor... Por que tem tanto medo deste ser?
-Por quê?! -Grita o ser - Imbecil!!! - Ele chuta a cabeça do guardinha, uma cabeça chutando outra...
...Mas, tudo para, até a cabeça de pensar bobagens... Uma gota de suor salgado corre por minha testa e pela de todos que estão naquela sala, do prédio da Embaixada da Laurásia, que ficava perto de uma certa praça, onde momentos atrás, ouvi-se tiros... Ao qual o leitor sabe de quem são
...
Ouve-se sons para fora do cômodo, depois silêncio... O Homem Azul entra... Sua aparência é assustadora... Agora as roupas brancas típicas da região estão em frangalhos, seu manto negro se mistura com a pele tão branca que é azulada... Em cada mão, um círculo com sete outros dentro, no peito, queima uma gigantesca réplica dos desenhos das mãos... É a chamada "Roda da Fortuna", se ainda me lembro do nome antigo...
-Você esta vivo?
-Não, estou como uma Vingança... Eu vim te matar, demônio! -Responde o Homem-Azul ao Homem-Cabeça;
Aquele que é simplesmente um membro ambulante pula, aperta um botão e logo um sinal toca, soldado aparecem e revela-se a armadilha... Tiros são ouvidos e toda a Família Carneiro vão morrendo, sobram dois filhos... Vishy libera uma luz da mão, quebra as grades da jaula e leva um casal de filhos que sobreviveu... As poças de sangue do soldadinhos, pai e mãe, além do irmão fazem os pequenos chorarem...
A corrida não é importante, importante é a chegada.
Aquele homem de sobrenome Ravana, o de pele azul, está cercado numa igreja, a basílica de Krizevci... Ninguém vai mais lá depois da guerra das religiões, só há pó do deserto ali... O sol é quente, mesmo às 4 da tarde... Quinze anos têm os dois irmãos, Vishy olha-os, não sente nada por sua tristeza... Diz
-Vocês precisam estar vivos... Fiquem vivos...
-Quem... Quem é você? -Diz a menina, a mais corajosa, logo, a que mais chorou.
-Meu nome é Vishy Ravana, sim, é estranho...
-Nossos pais... Você? - O menino pergunta, ele é um pouco esperto, mas esta em um estado quase catatônico...
-Não trago mortos de novo a vida... Eu só tenho um poder limitado... Mas, isto não importa, vocês têm que ficar vivos, para contar a uma pessoa especial sobre aquela cabeça maldita!
-Quem? Algum rei ou deus?
-Não, um Agente do Caos, não sei o que eles são... São pessoas, acho, apenas isto... -O homem azul olha para o nada, lembra de quando os Agentes salvaram sua vida na Ilha de Experiências de um cientista louco, algum desgraçado que cortava pessoas e as misturava com animais... Porém, no caso dele, ele foi combinado com que eu chamo de Angélico, um ser antigo e destruidor... No entanto, Ravana não era um Agente do Caos...
-Você é um deles? É seu amigo? -Pergunta a menina... Estranho, mas creio que o homem azul tinha uma força no seu olhar de cor mais azul, os dois estavam calmos...
-Não, mas acho que nunca serei... -Ele responde...
O ronco de sete tanques e mais de cem soldados fora da Igreja se faz... São máquinas da 1ª Guerra, os Mach gigantescos de ferro, semi-robôs com canhões aonde poderia ser uma "cabeça", eles são as armas mais mortais daquela região... E, logo, o general de Artilharia Pesada, liga de seu telefone vermelho na cabine da arma
-Alô! Senhor Bes Head! Estamos prontos!
-Atirem! Atirem com tudo!! - A cabeça de perninhas grita... Ele sorri...
Tudo começa, e a Igreja vai indo pro chão...
-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! -Gritam as crianças... Ravana sabe que é o fim, ele sabe que precisa deixar as crianças vivas, para contarem e ele realizar sua vingança... Contra o ser que o criou, contra o maldito que em sua pele escreveu os círculos da destruição...
"-Os círculos!!!", pensa o homem-azul, ele retira seu manto preto, olha para os dois que gritam enquanto tudo explode, diz;
-Vocês nascem de novo aos quinze anos... Não morram por simples coisas... Como eu, que salvo suas vidas agora! -E então, ele joga seu casaco em cima dos dois, apenas isto...
As pedras caem... É o teto vindo abraçar mortalmente... Ele abre os braços, os círculos brilham, as rodas de fogo rodando por toda a parte...
tudo queima
pouco a pouco, ele brilha mais ainda
explode, tudo explode
a igreja de Krizevci se transforma em pedaços
os pedaços acertam os soldados
todos caem, todos morrem
...
-Então, vocês confirmam o que escrevi aqui? -Pergunto para as crianças, os dois estão em silêncio, no hotel que fica na cidade parcialmente destruída no centro por uma "misteriosa" explosão; ainda sujos, com um aceno de cabeça confirmam tudo... Me levanto... Com esta história que relatei aqui já escrita e corrigida no computador à vapor...
Coloco minha máscara de gás, aquele jovem sonhador... Ao menos, conseguiu minha ajuda... Da parede do quarto, eu invoco um rinoceronte, me transformo num corvo e pouso sobre seu ombro... Esta quente e a cidade cria seus jovens tornando-os órfãos, como um dia foi Vishy Ravana, que "...Tinha na pele círculos desenhados e no coração circulava apenas lágrimas.", sim, acho que isto é um bom final para o meu diário sobre ele... Agora, é hora da cabeça voadora rolar!
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