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sábado, 10 de fevereiro de 2018

Processador Quebrado

Eduardo Van Dick tinha um problema, seu processador estava quebrado.
Era uma manhã fria, mas o sol viria e toraria toda a lataria dos enormes aranha-céus vivos de Beirute, quando todos estaria atrasados para seus café-da-tarde, porém não poderiam ainda terminar seus turnos nas fábricas de dados. Eduardo não estava entre eles, ele era um acadêmico, ou o que restou deles, neste mundo louco de ciborgues, beatrônicos e animais-humanóides, ele escrevi com certa irregularidade para um Diário do Fim do Mundo, uma faculdade disposta a recolher algumas peças de conhecimento em Humanidades para depois enviá-las para a Grande Mãe Data, que escolheria o que significava para a vida fraterna ou não.
Porém, Van Dick tinha o problema de estar quebrado, ele não sabia o porquê. Se foi a sua noitada jogando Dom Dons ou a comida gordurosa processada em tonéis de carvalho, nada disto parecia responder seu principal problema:
-Meu processador parou, Tio - disse o jovem magrelo
-O quê? - riu o forte homem negro a sua frente, seu tio Amálio estava ali para buscar alguns quadros com fotos, valiam fortunas nos hipersites - Você está errado, Eduardo, isto é impossível... Como você está aqui, andando e falando se ele está quebrado?
-Não sei... Mas, olha só - abriu o peito e próximo do estômago, nada lá, nem um tipo de luz, barulho ou bugiganga louca, apenas o mais puro silêncio.
-... Olha, é melhor chamarmos alguém, talvez a polícia
-Sério? É tão grave?
-Bem, eles cuidam disto... Você deveria contar a sua mãe e...
-Não, tudo bem, eu chamo, obrigado tio!
Van Dick chamou a polícia, com a pouca coragem que tinha, apenas depois de perguntar a mesma coisa para uma colega e comentar com um professor. Duas horas depois, andando pela grama do campus politécnico, ele vê dois policiais, uma Quero-quero humano e um ciborgue:
-Olá, senhor... Eduardo Van Dick (eles usaram o scanner nas miras foscas no meio de suas testas). Estamos aqui para levá-lo
-O quê?
-Sim, o senhor possui problemas de manutenção - disse o ciborgue, sabendo que era difícil que um cara de metal como o jovem confiasse em um "mudado". - Será tudo coberto pelo Estado.
-... Bem, então, está bem... Que a Grande Mãe me guarde!
-Amém! - responderam, estranhamente, ambos
Eduardo foi sendo levado para uma nave urbana, porém, quando ele ia saindo, viu uma moça, uma moça-coelho de lindas formas, porém, jovem e cabelos azuis, ressaltando mais as poucas coisas animais. Ele a olhou se sentiu a paixão, que todo o dia tinha por alguém nos autotrens, sempre diferente, Eduardo pensou ter achado a resposta, pensou que o processador tinha funcionado e...
Entrando dentro do veículo, dirigiram por algum tipo de autoestrada estranha, que os repórteres não mostravam... Senti alguém me olhando, creio que estou sendo vigiado.
O rapaz passou por uma triagem e, nu ao mostrar seus ainda poucos implantes ciborgues, foi trazido para dois Guardiões de Data. Eles eram normais, digo, pessoas normais e olharam o herói, dizendo:
-Não há mais nada no seu processador. Isto é uma mentira e você será multado por perder o tempo do Estado.
O jovem Eduardo arrependido e humilhado, voltou pra casa, ficou uma semana de cama, um pouco triste, mas, pode voltar pro emprego... Como se nada tivesse acontecido.
...
Eu sei o que houve, meu nome é Felícia Van Dick e eu sou a sua esposa. Ele não se lembra, o mundo não se lembra bem, mas, a mãe sabe, aqueles dois também e o futuro nestas páginas...
Sinto uma mão robô me apertar o ombro. O Caçador-vermelho

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