De todas as bandeiras que levantei
Desde o Bósforo até Viena
Dos florentinos e venezianos que abracei
Daqueles estandartes que ajudei a levantar
Do braço cansado, do soldado caído
Eu, aquele que pensava ser o Leão, Águia e Touro
Me vejo agora cercado
Me vejo agora simples porco-espinho
Uso-me de minha polícia, de meus megafones e tambores
Observo as raposas, elas ali, me olhando nos olhos
Mas, de nada faço que não permaneço,
Apenas estável
Apenas Estado
Estado que existe, mas que bandeiras poderá levantar?
Aonde a Vontade não passa de ser
Sua mera bula de remédio, seu mero espelho de tela
Matei muito, fiz-te matar
Hoje estou aqui, amortecido
No vinho de outrora resiste o livro de história
Que a criança lê, o jovem finge que ignora
O Estandarte ainda ali, caído na mesa
E a espada desembainhada lá fora
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terça-feira, 3 de abril de 2018
Estado moribundo
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Viena
quinta-feira, 27 de julho de 2017
João, a Pedra
João, só por um momento
Largou de si mesmo
João virou pedra
Lá, observando ao seu redor, anos, séculos, milênios
Primeiro viu aquele moço com a lança, caçando
Depois, outro plantou
Um fez o que plantava, plantar e lhe dar um pouco
Dizia dar segurança, ouviu João, a Pedra
Então, depois de certo tempo, aquele que dava segurança
Ficou com vários que plantavam, ele colhia
Houve um momento que o perigo tão longe estava
Que o segurança precisava criar medo
O medo, viu João a Pedra, é um pequenino broto
Ele cresceu, virou árvore
E os que plantavam cortaram a cabeça do rei
"Nós agora nos cuidaremos sozinhos", disseram os plantadores
Poucos meses ou décadas depois, João já não se lembra
Novos seguranças surgiram, agora em vários lugares
Todos diziam ter o caminho da esperança
Todos diziam ser capazes e morais
Então, depois de um certo tempo, ninguém mais segurava nada
Tudo era fluído que desaparece no ar
E os plantadores criaram um ídolo, um totem
Pegaram a pedra João e lhe moldaram algo qualquer
E agora, esta coisa sem rosto, esta ideia, lhe dava segurança
Porém, João permanecia ali, impassível
Colocaram a Razão e deixaram a emoção, ficar seguro era agora ciência exata, economia social, ou qualquer nome
Menos João, ele estava apenas lá, firmamento
Então, a Segurança, bela senhora de pintinha na cara
Começou a ficar enamorada do Medo, agora belo e garboso
João, vendo o amor dos dois, começou a sentir algo
João, a pedra, sorriu
Os plantadores, os antigos seguranças, o símbolo que acreditavam
Nada disto parecia importar para aqueles pequeninos
A Senhora enamorava o Senhor e os dois giravam a roda
Cada vez mais rápido
João percebeu os gritos e ranger de dentes
Da eterna busca por algo fixo, seguro, mas com liberdade
João não precisava disto, era uma pedra
Era seguro por natureza e liberdade não era sua busca
João chorou
Com os pequeninos, a pedra viu seu fim
Eles o quebraram, dilaceraram
João ficou em silêncio
Eles o construíram em um castelo e diziam estar seguros ali
João, sorriu novamente
Sua busca continuará, pequenos
E nos milênios entre plantadores, seguranças e ídolos
A única coisa que permanecerá será a mim
João, a pedra
Largou de si mesmo
João virou pedra
Lá, observando ao seu redor, anos, séculos, milênios
Primeiro viu aquele moço com a lança, caçando
Depois, outro plantou
Um fez o que plantava, plantar e lhe dar um pouco
Dizia dar segurança, ouviu João, a Pedra
Então, depois de certo tempo, aquele que dava segurança
Ficou com vários que plantavam, ele colhia
Houve um momento que o perigo tão longe estava
Que o segurança precisava criar medo
O medo, viu João a Pedra, é um pequenino broto
Ele cresceu, virou árvore
E os que plantavam cortaram a cabeça do rei
"Nós agora nos cuidaremos sozinhos", disseram os plantadores
Poucos meses ou décadas depois, João já não se lembra
Novos seguranças surgiram, agora em vários lugares
Todos diziam ter o caminho da esperança
Todos diziam ser capazes e morais
Então, depois de um certo tempo, ninguém mais segurava nada
Tudo era fluído que desaparece no ar
E os plantadores criaram um ídolo, um totem
Pegaram a pedra João e lhe moldaram algo qualquer
E agora, esta coisa sem rosto, esta ideia, lhe dava segurança
Porém, João permanecia ali, impassível
Colocaram a Razão e deixaram a emoção, ficar seguro era agora ciência exata, economia social, ou qualquer nome
Menos João, ele estava apenas lá, firmamento
Então, a Segurança, bela senhora de pintinha na cara
Começou a ficar enamorada do Medo, agora belo e garboso
João, vendo o amor dos dois, começou a sentir algo
João, a pedra, sorriu
Os plantadores, os antigos seguranças, o símbolo que acreditavam
Nada disto parecia importar para aqueles pequeninos
A Senhora enamorava o Senhor e os dois giravam a roda
Cada vez mais rápido
João percebeu os gritos e ranger de dentes
Da eterna busca por algo fixo, seguro, mas com liberdade
João não precisava disto, era uma pedra
Era seguro por natureza e liberdade não era sua busca
João chorou
Com os pequeninos, a pedra viu seu fim
Eles o quebraram, dilaceraram
João ficou em silêncio
Eles o construíram em um castelo e diziam estar seguros ali
João, sorriu novamente
Sua busca continuará, pequenos
E nos milênios entre plantadores, seguranças e ídolos
A única coisa que permanecerá será a mim
João, a pedra
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