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segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Guerreiro de Deus

Caliburo era um homem de grosso modos, bebia seu refrigerante de Cola como um porco, sem passar o braço na boca depois de cada gole. Tinha também um modo muito estranho de andar: não usava motos-voadoras, os flyers, preferia cavalóides ou cães gigantes – quando estes assim queriam.

Andavam todos para fazerem suas rezas numa quente tarde de Primavera, quando, de súbito, houve um ataque. Bombas foram jogadas por toda a Vila de Nova Iorque naquele dia, os Arcanjos dirigiam seus discos e jogavam sua morte por toda aquela enorme favela em que tinha se tornado a cidade. Caliburo se escondeu em uma antiga construção, milenar, uma Estátua Gigante de uma moça, esverdeada, sem braço, ficava numa velha ilha.

O homem era enorme, 1,74m, e usava casaco de couro com pelúcias no pescoço, estava armado apenas com sua espada, quando, por sorte, viu um dos arcanjos descer da sua nave, foi mijar ácido num canto. Aproveitando-se disto, ele esmagou a cabeça do Arcanjo com uma pedra e, tomando a direção Telepática da nave, começou a ir pra cima da meia dúzia que atacava a cidade: como não estavam esperando, foram atingidos pelos canhões de balas-magnéticas e mortos quase todos, apenas um fugiu para o mais longe que pode, atravessando o Lago Salgado do Atlântico.

Pela primeira vez, em dois mil e cem anos, um humano venceu um Arcanjo, e, com isto, atingiu um membro do Exército de Deus, com êxito e não derrota. Ninguém na cidade soube como responder a ele, apenas, abraçaram-lo e levantaram-lo numa cadeira, diziam: o Guerreiro está vivo!! Viva a Humanidade,viva Bertrando!

A notícia se espalhou por todas as Tribos, que naquele tempo eram apenas 72, até chegar em Palenque, aonde Bertrando, um Ministro da Causa Humana, ouviu com atenção e disse ao seu agente Monerana: - Temos de buscar ele! Antes que Aquele o pegue!

Do mesmo modo, o disco chegou logo em Quinxasa o Arcanjo que fora atacado, ele disse: - Quero falar com aquilo que tudo sabe! –. Foi levado para o centro de um enorme zigurate de mármore, até AO, que sentado em sua mesa e portando uma grande Coroa Dourada Psônica, soube do que aconteceu e refletiu, acariciando sua longa barba loira.

-Então, alguém consegui... Este povo, não sei o que o Gerador viu neles!

Pegou um pouco de barro e moldou algo, dentro de ternos de latex, assoprando neles, abriram os olhos dois agentes, aos quais AO deu duas pastas e enviou-os para Nova Iorque, com um Disco Voador para dois.

Bateu-se na porta-janela de Caliburo, Toc Toc Toc

Monerana, com seu longo bigode sobre a boca, começou a conversar antes do homem responder-lhe, disse já que ele era um Herói pela causa Humana, desde vinte séculos atrás, quando Deus desceu na Velha Terra e levou-os para o lado do Planeta Vermelho, nunca um guerreiro teria tido tanto êxito e dado tanta esperança aos...

Então, viu Monerana os dois Agentes sentados em tapetes, Uz disse um se chamar e outro, Iz,apertaram-se as mãos no braço do outro, como era costume o cumprimento da época. O bigodudo olhou bem para Caliburo, até ver suas respostas, pois ele era empático e via as emoções. Fez um aceno com o chapéu e saiu, enquanto o homem de faces duras fechava a porta, em silêncio.

Passaram-se algumas semanas e Caliburo agora era chamado “Guerreiro de Deus” em cartazes, tido como “Salvador da Verdadeira Boa Causa”, ele era dito nos desenhos em estilo construtivista russo ou cubista (antigas escolas de pinturas de paredes da época da Velha Terra). Participava de Marchas pela Salvação dos patidários de AO; com Caliburo, formou-se a Guarda dos Homens, que marchou por entre as ruínas da cidade-floresta de Palenque, prendendo Bertrando e deixando apodrecer em um zigurate.

Caliburo se tornou o mais famosos marketing daqueles anos, porém, Monerana, fugido de Palenque antes da invasão, foi aparecer nas montanhas de Quinxasa, liderando um grupo de rebeldes contra-o-sagrado, liderando cães gigantes e papagaios-rapina. Caliburo, com os Agentes Uz e Iz e um regimento invadiu as florestas temperadas da região, portando as pistolas de balas-magnéticas, quando, de súbito, o próprio bigodudo Monera, já mais velho, chegou com um grupo de rebeldes: tiroteio intenso!

Novamente, o Guerreiro de Deus escondeu-se, mandendo-se dentro de um barraco, viu um dos Agentes, Uz, cair sendo estraçalhado por um pastor belga negro.

-Socorro! – Abriu a porta Iz, já falando com Caliburo – Estes malditos pareciam que sabiam aonde estávamos e...

Saiu da porta do quarto ninguém menos que Monerana, quando avistado por Iz, este tentou reagir sacando sua pistola. Apenas um tiro foi disparado, o agente de barro caiu morto, desfigurando-se.

#

-Então, como aquilo aconteceu? Em Mil Anos não havia uma tentativa tão grave de invasão! As Montanhas de Restos de Quinxasa sempre foram redutos de paz para nossos filhos da Causa!

-Sim, foram, meu Senhor! – Respondeu com fervor Caliburo para AO, olhando entre os vidros do zigurate, admirando a atmosfera vermelha do mundo.

Em sua mesa, o ser de longos cabelos e barba olhou com ferocidade de seus olhos azuis em um mapa projetado em 3d sobre a mesa:

-Agora, a fúria divina caíra sobre todo aquele que viveu e apoiou isto, agora, eu farei como fiz há muito tempo, aniquilando estas bestiais criaturas vindas dos macacos... Criaturas como você, meu belo Guerreiro, só que estúpidas por não aceitarem a mim!

O Guerreiro olhava os diversos templos que haviam na cidade que, através das orações e preces ao nada, davam força aquele que se dizia tudo, Alfa e Ômega.

-Quão hipócrita é haver Deus e quão relutante é o Homem, que olhando para o precipício, não pôde pular?

-Conheço esta citação... Da Velha Terra... ... – Respondeu AO, fazendo longa pausa.

-Desconfiou de algo tão simples?

-Não, não supus uma estratégia tão infantil, como uma criança, assim são todos vocês, humanos!

-As vezes, a simplicidade é a maior demonstração da verdadeira divindade, que existe entre nossas cabeças...

Ouviram-se tiros de armas psônicas naquele dia, assim como balas-magnéticas, tudo acabou quando houve um choque forte de duas massas na Praça da Liberdade, em frente ao zigurate. Quando os Arcanjos arrombaram a porta, fechada para uma reunião importante, já as janelas estavam quebradas e a sala vazia.

Dois corpos foram encontrados lá embaixo, com a face atônita de todos.

Assim ficaram, sem palavras, pois havia descoberto algo: Deus estava morto, e agora era de verdade.


domingo, 18 de novembro de 2012

Menina Coelha 3 - Ab ungibus leo


...

Dois em um pequeno carro preto: Alice e César. Lá se abria a enorme City Apple, com seus vinte milhões de habitantes, era tão enorme que as pessoas viviam em prédios em cima de prédios, formando enormes Teias Residenciais. Vendidas pelo trabalho por doze anos na Grande Empresa, única firma que funcionava e dava certo naquele mundo...
 Os dois seres eram menores do que tudo naquele mundo, eles não conseguiam achar nada ali... Não havia um rastro do Serafim, que diziam estar com o nome de Caído. Procuram por pensões e templos, bancas de revista e puteiros, mas, nada... Nos pequenos becos, apenas pequenas garrafas de vodca e palavras e russo-mandarim, indecifráveis para eles... Os dois aventureiros...
 Então, eles resolveram comer em um fast-food e viram, embaixo do copo de refrigerante de Cola de Alice, um pequeno papel:
-Socorro! – Lá estava escrito. E olhando para o lado, viram um senhor cinza, sentado em uma cadeira, magro e tomando a 4ª xícara de café...
 César então saiu do ombro de Alice voou para atrás de uma placa, aonde tomou uma lágrima e tornou-se o professor Elias, que reprovou o Pai de Violeta no último ano do Ensino Médio, velho bigodudo e alto, agora César sabia de vários cálculos matemáticos... Mas, isto não era importante, já que seus passos não deviam levar-lhe para isto. Foi andando e tocou no ombro do magro ser cinza:
-Saia, tenho de trabalhar! –Disse ele, com voz que sumia. Sua mão, porém, pegou na de César e escreveu:
-Socorro! Eu preciso de ajuda!
 Mas, o homem cinza desviou dos olhos do bigodudo César e saiu do fast-food, levando o hambúrguer para comer no trabalho. Alice seguiu seu colega enquanto eles perseguiam o cinzento até um enorme prédio, lá dentro, eles conseguiram ir apenas até as portas do elevador, pois,  seguranças com máscaras de raposa e arco-flechas os deteriam:
-Aqui é lar das Firma Grande Empresa, apenas funcionários podem passar... Ordem do nosso presidente!
  Alice e César ficaram em um banco de concreto no lado de fora, vendo o movimento da empresa, que parecia não ter funcionários, já que ninguém entrava lá... Então, César pegou uma Letra ao qual ele poderia perguntar qualquer coisa e pensou no que dizer... Alice, “afobada”, se antecipou e disse:
-Quem é o mestre de tudo aqui e aonde ele está?
-Alice! –Disse César- Agora perdemos mais uma pergunta!!!
-Olha! Eu posso ver o que é de cada Eu! Sei o que há dentro daquele homem cinza que vimos... Espere e veja o que a Letra dirá!
 Então, a Letra disse que o mestre de todo aquele mundo era um ser cinzento, que havia Caído pois se perdera dentro dos dias, dentro das tarefas de sempre... Ele se tornou um mero Ser-do-Sempre-o Mesmo. Para cada dia que ele tomava para si, foi criando uma raposa, que protegia o seu castelo, a Grande Firma. Que na frente dos dois estava!
 César amou por alguns segundos o fato de ter salvado Alice, e sua esperteza e personalidade. Mas, era calculista agora, já estava pensando em como entrar... Então, teve uma ideia! Com uma lata de refrigerante ele fez um focinho para Alice, que tinha cabelos vermelhos e orelhas, ao qual ainda pôs amarrada uma vassoura. Para César, uma calculadora e pastas...
 Foram rumando até as portas dos elevadores, quando o guarda parou-os, disse César:
-Sou o Contador
-Contador, o que é isto?! –Perguntou uma raposa
-É aquilo que conta, oras... Toda a Firma precisa de um! – E as raposas se olharam
-Olhe –disse Alice – ele está comigo, posso garantir que ele não fará nada! Sou uma de vocês!
-Você? Quem é você? Quinta-feira dia 20 de dezembro de 1982, conhece esta daqui? –Perguntou a raposa a outra
-Não, Segunda-feira dia 4 de outubro de 1973, não sei quem é...
-Oras! Eu sou... Bem, eu sou... Sou Sexta-feira dia 1º de maio de 1994! Dia do Trabalho!
 As duas raposas se olharam e pareceram respeitar aquela raposa mais que eles, pois, “era uma nobre” e, com uma referência, deixaram eles passarem e apertarem os botões:
-Mas, espera! –Disse uma delas, - Isto não foi Sexta, foi numa Quarta! INTRUSOS! – E as raposas pegaram seus arcos e bestas, nisto, os dois aventureiros entraram no elevador e apertaram o andar 11
-Por que 11, César?!!!
-Por que é um número repetido, parece uma rotina, não?
E lá foram os dois, enquanto as raposas foram pelas escadas, pois não sabiam largar as armas e apertar botões ao mesmo tempo.
 Foram ao 11º, nada. Foram ao 22º, apenas um enorme escritório de biombos vazios... Então, apertaram mais uma vez e no 33º abriram as portas e estavam já com patas de raposas – elas tinham 4 patas, sobem 4 vezes mais rápido!!!
 No 44º, os dois saíram e deram de cara com uma sessão só de scanners e calculadoras... Quando estavam quase desistindo de correr entre os corredores, viram em um do canto ele: o Serafim Caído... Ele tirava xerox de um memorando, um mesmo memorando... Mesma página de uma mesma história.
-Hey, você!!! –Gritou Alice em seu ouvido
-Hey, o quê? – Se assustou o homem cinza, tanto que até ganhou cor...
-Vamos sair daqui!! – Gritava Alice com ele, enquanto César o olhava...
-O quÊ?!!! Não!! Tenho trabalho a fazer!!! – E o homem cinza ficava cada vez mais colorido...
-Pare, Alice –Disse o pássaro – Olhe ele, está assustado... Está...
-Hã? – E a jovem coelha-moça percebeu, as cores do serafim voltavam, enquanto ele se assustava cada vez mais...
-Se a rotina dele criou tudo isto... –Disse César- Para cada susto na vida, há uma resposta de fortaleza e colorido dele!
-Mas, com  o que podemos assustá-lo mais?!! – Perguntou Alice
-... – Calculou o pássaro, enquanto o serafim caído ficava agachado, assustado, ao lado de uma copiadora – Já sei!
 Então, abriu-se as portas das escadarias e vieram as raposas, Alice, pegou uma cadeira e golpeava uma, tentando detê-las, mas, logo, vieram flechas e uma acertou o Serafim... Neste momento, César agarrou-o pelos cabelos e bateu seu cara na luz da copiadora, tirou uma folha e mostrou para o Caído...
 Ele olhou, ele estava com dor e vendo a si mesmo... Então, tudo se desequilibrou e o chão se tornou líquido!
 Todos afundaram e só acordaram no alto de um prédio:
 César olhou para um enorme ser masculino com peruca loira e vestido de bolinhas, ele carregava uma escopeta numa mão e uma espada na outra, fixava seu olhar no topo de outros mil prédios. O pássaro acordou Alice e disse:
-É ele?! Será ele?
-Sim, sou eu, pequeno aventureiro... Pelo seu ato, todos os meus exércitos serão teus... Mas, terei de derrotá-los primeiro!!! – Ele, o enorme ser andrógeno, golpeou uma série de dardos voadores e os transformou em cinzas... – Salvarei vocês simplesmente porque me ofereceram algo que ninguém jamais me dera: um momento de alívio e lazer, um pequeno suspiro, uma pequena lembrança boa, até, queridos!
 E atônitos, os dois foram assoprados pelo Serafim. Porém, antes deles serem levando pelo vento, ele os advertiu:
-Cuidado! Na última Ilha existe o mais mortal de todos nós, com ele, apenas um pode atravessar o buraco de agulha que é seu coração... E, jamais, jamais, olhem em seus olhos, pois todos que tem vida neles quando os verem são roubados!
 E os ventos levaram os dois, já César era um pássaro e Alice o segurara contra o peito, enquanto viam o grande Serafim Caído lutando com seus dias da rotina, em batalha furiosa. Foram para o Norte, última ilha para salvarem Violeta do Hospital, a Los Petras.
...
Era árida, apenas cerrado de baixas árvores... Duas horas andando e já chegaram na costa da pequena ilha de Los Petras. Um enorme conjunto de pequenas árvores secas e tortas, com construções devastadas. No centro, uma Monólito.
-César... –Disse Alice – Você disse que o último Serafim era o Mudo... Será que ele?
 O pássaro olhou quieto... Ele via aquele estranho monumento, sabia que algo estava ali... Mas, um pensamento maior o incomodava:
-Alice... Eu te amo...
-O quê? Mas, você não tem sua família? César?!! – Então... A moça-coelho viu César tomar uma lágrima e se transformar em Cimitarra, ao qual ele disse:
-Sei que você amou este homem-deus, pois ele te deu vida... Mas, fui eu, Alice, fui eu!!!  -Então, César agarrou Alice para beijá-la, e ela bateu eu seu estômago e correu para perto de algumas árvores... Nisto, vei um pensamento que a incomodou:
-Este maldito... Ele me matou! Ele me deixou ser devorada por aquele monstro-dentes-de-sabre! – Alice olhou para o lado e havia uma faca, ao seu lado, uma peça de xadrez que ela nem notou: um peão.
 A coelha-moça pegou a faca e escondeu sob o vestido de flores azuis... Chegou perto do obcecado e babante César, que a agarrou.
 Logo, ele a deitou na relva dourada, mas, mais logo, um filete de sangue caiu sobre a terra e um berro de César. Ao lado de Alice, ele gemia, parecia assustado com algo que via:
 -Adeus! – A coelha iria matá-lo, porém, olhou bem em seus olhos... E o viu.
 Girou a mão e rodou para trás, neste momento, um vento se deu e o véu escuro da névoa se tornou ele, o Último Serafim. Em silêncio, o ser era pálido e seus olhos vazios... Alice não olhou para eles, lembrou do conselho do Caído, vi-o pelo reflexo da adaga...
 O Ser mudo, então, olhou para o chão e a menina-coelha também, lá estava um tabuleiro de xadrez, com peças... O tabuleiro se estendia pela relva... Se estendia por tudo!
 O Serafim pegou duas peças e as jogou para longe, César e Alice foram lançados para o outro lado da Ilha... Que eram pequena, como a chance deles de ficarem vivos...
 A coelha então abriu um buraco e os dois se esconderam... Ela tentava fazer uma tala para o braço cortado de César:
-Alice... Descobir algo... –Falava enquanto gemia – O Pai de Violeta... Ele... Ele... Esta lembrança é de sua morte, quando os Serafins o levaram... Eu sei por que...
 -Hã?
-Ele... Ele por uma vez fez algo perigoso, ele teve um sonho! E os serafins não puderam mais matar os anjos... Não puderam governar o mundo... Pois, com um sonho, o Pai seria o mestre deles, pois, barganharia com cada um...
-Mas, ele morreu por quê? Não tem sentido! –Gritou Alice
-Por que a vida não é feita de sonhos... Eu vejo isto agora... Ela é feita... Por nossas mãos!! – E César viu que tinha o poder de um Serafim, e se curou do corte, disse ainda:
-Alice, busca o que é este ser... Quem é o mudo!
 A moça-coelho olhou para o papel em que estava escrita a última letra... Pensou e perguntou:
- César quis me amar, eu quis matá-lo, o Serafim Mudo é aquele que está com nossos desejos mais profundos e secretos... Mas, qual é o dele, o que ele quer e ninguém sabe?!
 O papel lhe respondeu... Ao pé do ouvido
 Neste hora, abriu-se todo o chão e apareceu o Serafim, com dois pequenos peões...
-Eu lutarei com ele!!! – Gritou César, cheio de si.
-Não há como lutar com nossos desejos mais profundos... Amigo... –Disse Alice, e nisto, olhou para o fundo dos olhos do Serafim...
-Olhe para mim, vil criatura muda!
E ele olhou
-Eu te ofereço algo que você quer, mas, que esconde em segredo para sim mesmo... Eu te ofereço, uma nova chance!!! Uma vida mortal!
-... –A criatura muda olhou Alice... Sem palavras, ou melhor, se movimentos ou pensamentos, algo dentro daquele manto de neblina bateu: um coração de metal voltou a bombear. E uma lágrima desceu do rosto do Serafim...
-Alice! –Disse César, voltando a ser pássaro –Você?!
-Apenas um deve terminar esta viagem, meu amigo César... Vá, vá e termine com isto... – E debaixo do vestido, Alice, a menina-coelho, retirou a maçã-de-vento, ela mordiscou um pedaço e derrubou o resto, que caiu na terra e afundou.
 Seu corpo de moça expandiu até virar uma gigantesca bola de carne... Então, o Serafim puxou com um vento e, César ainda teve tempo de se agarrar na mão da moça, que apenas uma lágrima derramou...
A Neblina a engoliu e, depois, explodiu...
Todo o ar nebuloso de Los Petras saiu, revelou-se o sol e do sol acordaram brotos...
 -Olá, Guerreiro César!
 O pássaro acordou feliz, pois era a voz de Alice, porém, não era mais ela. Apenas com sua face e orelhas, estava mais alta e com uma couraça de armadura negra, sobre capa branca, não, não era mais ela:
-Sim, sou eu, o Serafim Mudo... Você me conquistou, derrotou-me, mesmo que não tenha sido você...
-Então, Alice...
-Ela está bem, ela será eu e será imortal, como eu sou... Agora que meu vício foi morto, farei com servidão o que me pedires... Sei quem és e a quem serve...
-Sabes? –Disse o pássaro, chorando por dentro pelo que ouvia, ainda confuso
-Sim... Um Pai que uma vez teve um Sonho... Ao qual está cada vez mais difícil ter hoje... E o seu sonho está em sua filha, está lá... Não deixarei que nada aconteça a isto... Apesar de ter matado ele há anos atrás, quando com engrenagens ele fez este sonho...
-Por quê?
-Oras, agora eu tenho uma nova chance... Só precisava disto... Só precisava de... Alice – E ele sorriu com o sorriso dela, que não estava mais ali – Agora, vá, eu cultivarei aquela maçã e logo terei milhares de novas chances... Mas, primeiro, você tem de ir ver seu mestre... Vá, vá e faça você mesmo!
 E o Serafim estalou os dedos, e tudo não passou de uma tela de pintura: o Pássaro César estava novamente lá, aonde tudo começou, lá: entre lápides, viu aquela de seu mestre... Aonde apenas estava escrito:
Saudades. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Menina Coelha 2 - Ab ungibus leo


Cápitulo 2 – Ab ungibus leo


 Um pequeno vento o levou para o Leste, enquanto caminhava para lá, com suas asas a bater, César levava consigo três pequenas armas que lhe dei para derrotar os serafins: cinco lágrimas, três letras e uma maçã-de-vento. Com as lágrimas, ele poderia tomar a forma de pessoas que conheci na minha vida, com as letras, ele poderia saber de três segredos, com a maçã, poderia fazer uma bomba que expandia tudo até os confins do, fazendo com que quem a comesse se transformasse em luz e pó.
 Com a primeira letra, César fez com que uma montanha lhe desse um mapa de onde estavam os três serafins. A velha montanha de arenito lhe deu, chorando em sua poeira:
 Três ilhas, a primeira, a Ilha de Campo, estava o Gigante Cimitarra, na segunda, a Enorme City Apple, o Serafim Caído, na terceira. Ilha de Las Petras, o Serafim Mudo.
 Lá foi César, caminhando por uma corrente de vento até a primeira Ilha, à Leste. Lá estava um enorme descampado, aonde não havia nada mais que cabanas e pessoas com fazendas de coelhos. No meio de um enorme vale, lá estava a casa de Cimitarra, seu nome era Centro do Mundo.
Enorme e vil criatura, era um Smilodon, felino de dentes-de-sabre. Comendo em um enorme prato três coelhos, que ainda vivos, grunhiam e mexiam seus narizinhos  César apenas olhava a criatura, que antes era um serafim, mas, ao comer um coelho depois de matá-lo sem querer, foi tomando forma monstruosa, até se tornar um monstro pré-histórico... Este monstro deu um nome de arma a si mesmo, Cimitarra. Era o Governador da Ilha do Campo, ao qual julgava todos se eram dignos ou não de viverem...
 César questionou a um aldeão o por quê de subjugarem-se a tal criatura, e ele lhe respondeu:
-Há anos nós somos assim, nós só somos nós porque temos a coletividade... E Cimitarra nos deixa assim, juntos, subjugados à Ele, nós somos felizes, pois não precisamos de nós mesmos... Não precisamos de Alice.
E César descobriu quem era Alice: um menina-coelho de cabelos vermelhos, vivia no Centro do Mundo, no castelo estava, lá, numa jaula, atrás de Cimitarra... Ela era bruxa poderosa, mas, sem memória passada... Sabia aonde estava a personalidade de cada pessoa da ilha, só que não lembrava... Não lembrava nem aonde estava a de Cimitarra, a antiga Verve de Serafim dele...
 O pequeno sabiá sabia que deveria salvar Alice e não matar o gigantesco Smilodon, pois era contra a violência... Mesmo isto indo contra as ordens do Pai de Violeta, Saudade. Então, César foi com suas pequenas asas e a bolsa aonde escondia suas armas, logo, pôs uma lágrima em seus olhos e se disfarçou de Rufião, o menino que bateu no Pai quando ele era pequeno.
Com forma bruta, passando por soldado, César chegou até um enorme salão, cheio de escudos, daqueles que tentaram matar Cimitarra em tempos antigos. O pássaro pegou um deles e uma lança e foi ver o ser governante, que estava comendo sem parar os coelhinhos.
-NÃO TRAZ AQUI VIOLÊNCIA, SOU O REI DELA, DE NADA VALE ISTO – Veio uma voz das paredes, ao qual César temeu por sua vida... Ele não fora avisado, mas, todo o serafim tem mil olhos em todas as direções... Se tentasse ir por qualquer lado, em qualquer lado um atacante morreria, já que estes seres eram os aqueles que matavam anjos.
 A gigantes criatura se virou, e César apenas viu que em sua calda havia uma jaulinha, e nela, Alice estava. O pássaro em sua forma de Rufião lançou a arma e abriu a cela, de onde a menina-coelho caiu, e os dois correram, e a criatura correu atrás, destruindo toda a mobília do salão
 Atrás de um enorme par de chinelos, o pássaro ouviu da moça:
-Obrigado ser desconhecido... Em séculos apenas mortos vinham aqui... Te agradeço com um beijo, te amo agora! – E a menina-coelho beijou a face de César, que olhou-a bem... Sabia que aquilo era errado... Aquela ideia que tivera...
 Os chinelos foram jogados para o lado e lá estava ele: Cimitarra, enorme e furioso.
 -Antes de me matar, você pode me dizer se come coelhos? –Perguntou César
-COMO! CRIATURA RATAZANA! POIS, SUA CARNE É MACIA E ME LEMBRA ALGO!
-Eu sei o quê!
-O QUÊ?
 E César agarrou Alice pelas orelhas e a jogou nas presas do enorme Smilodon:
 Ele a destroçou e se alimentou dela.
E depois, muita luz.  Os olhos da criatura se abriram em duas pérolas negras... Ela ajoelhou e das costas arrancou-se um homem de barba e vestimenta militar...
- O QUE... O QUE HOUVE...?!!! –Perguntou o homem
-Você estava com uma coisa importante, Cimitarra, você estava sem você mesmo! –Disse o pássaro –Apenas Alice poderia te dar isto, já que diziam que ela era a Personalidade de todos... Mas, -chorou o pequeno ser, já voltando a ser pássaro na forma – uma rosa morreu hoje...
 O serafim olhou aquilo e disse, com olhos pesados:
-SER... VOCÊ ME LIBERTOU, TE DEVO A MINHA VIDA EM SERVIDÃO QUANDO PRECISAR, PORÉM, ESTA MENINA TAMBÉM PRECISA SER AJUDADA!
-Ela está quieta agora, silêncio de morte! Nada podemos fazer e há de ter!
-ERRADO ESTÁ... SE TUA LÁGRIMA QUE USOU PARA SE TRANSFORMAR EM HOMEM PODE MUDAR A FORMA DE UM PÁSSARO PARA UMA LEMBRANÇA VIVA, TAMBÉM PODE MUDAR UM MORTO PARA O MESMO
-Mas... Ela... Não durará nada!
-A ISTO DEIXE COMIGO... –Disse o serafim
 E César derramou a lágrima nos restos destroçados de Alice, a menina-coelho renasceu na forma do primeiro amor adolescente do Pai, só que com cabelos ruivos vivos e as orelhas do pequeno roedor branquinho...
 -Mas, o que há aqui?!!  -Perguntou Alice.
-UMA NOVA VIDA E UM AGRADECIMENTO – Disse o Serafim, dando-lhe um beijo na boca da moça, seus olhos tornaram-se pedra topázio – AGORA, NÃO ESQUECERÁ MAIS DE NADA... EU TE MATEI UMA VEZ, NÃO FOI ESTE PÁSSARO... TU DEVES SERVI LO ATÉ QUE EU PAGUE A DÍVIDA COM ELE, EM TROCA, COM ESTE BEIJO, VOCÊ TERÁ A MEMÓRIA E LEMBRARÁ DE TUDO QUE VIVERES A PARTIR DE HOJE... ADEUS, ALICE...
 E a moça-coelho, atônita, se afastou e viu o serafim abrir enormes asas de celofane, voando e explodindo o teto do salão. César segurou-a pela sua mão e lhe disse:
-Agora temos de ir, tenho uma missão, moça dos olhos de topázio...
-Mas, as pessoas daqui... De meu mundo...
-Sem Cimitarra para segurar suas personalidades, elas florescerão – sorriu César.
 Os dois voaram em direção Nordeste, para a Ilha City Apple e, enquanto voavam, as flores brotavam das cabeças das pessoas da Ilha de Campos. Logo, os aqueles campos floresceram  logo, ideias nasceram... E os eus deles voltaram a ser eus. Alice agora olhava todos com alegria, pois, esta era a primeira memória boa que tivera em anos
...