Um bom leitor, com sua experiência acadêmica e mesmo sua elevação filosófica, pode não ter nada de bom escritor. Saber como dizer algo, como um elaborado passo de dança, ou um rocambolesco verso, um filme arrastado pode, ao final do julgamento do tempo, passar como uma mera febre.
Há algo na humanidade de febril, a novidade, vence nos primeiros rounds, passando a ser uma certa ressaca, azeda e trintona, cheia de ressentimentos pelo que nunca foi, cega sobre o que é. Porém, existem escritos, que com a sorte de bons editores e que suas bibliotecas não fossem queimadas - o que dá a verdadeira Arte e Literatura certo grau de Fortuna -, que atingem algum ponto do entremeio humano, naquele ponto em que a consciência está nos passos de certa eternidade, ou mesmo que um grande monstro está se criando... É ali que reside a atemporalidade de uma obra, em captar, muitas vezes contemplativamente em biografias (mesmo de personagens), 'panfletariamente' para algum fim específico que é distorcido ou mesmo, pelo puro ato do acaso, do acidente.
Ler bem não garante a celebridade da obra, garante a libertação do leitor, são dois atos diferentes do espírito, um que se abre, outro que esculpe. Às vezes, uma imagem singela, outras, um grande palavrório rebuscado e que se torna um belo elefante de louça. Logo, sinto que existem muitos que escutam, poucos que poderão falar mais do que a sua vida ativa e madura, uns vinte anos no máximo, permitir, cabe aceitar o silêncio. A boa leitura é uma das tecnologias do silenciar-se.
E, no Silêncio, lutamos o mistério.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
Poucos lerão
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segunda-feira, 23 de setembro de 2019
A Geografia como Descoberta
Venho aqui trazer um pequeno texto sobre algo grande, algo que não terminará a disciplina geográfica, porém, se apresenta como a redução atualizada de meus pensamentos sobre a mesma, depois de uma graduação e da aplicação da visão-geográfica pelo mundo a fora. Só nesta frase inicial, apresento o à-fora e a visão-geográfica, dois aspectos de minha estrutura, aos quais, porém, talvez um dia exemplifique de forma mais condizente.
A Geografia enquanto um gradiente re-ordenado de operações realizadas para se transmitir um certo aspecto do De Fora, isto é, sempre tem algum fundo de linguagem tensionada ao real concreto: quando estou sobre uma paisagem que conheço, quando desejo ir a um lugar, mesmo que nunca irei no mesmo (mesmo em romances), ou quando não há desejo, mas, obrigação social de estar presente em dado momento (o que chamo de obrigação cronológica, ou cronotropia). Para este aspecto do que sei, ou do que sabemos, posso chamar e dou o seu primeiro nome de Radical e de Mapa-cenário.
No primeiro, e o uso de forma a lembrar certamente Ortega y Gasset, existe algo de incontornável, e esta característica é fundamental: existe uma pedra, todo o meu sistema sensível e minha intuição e razão o fazem vê-la, não poderei atravessar aquela pedra, aquela coisa-objeto (e aqui me distancio do espanhol e fico confortável em ser coisista grego, pois foi deste coisismo que advém todo a Ciência Natural, curiosa sobre as coisas mortas). Porém, para fora daquilo que meu corpo não contorna, tem de enfrentar - logo, viver radicalmente é batalha -, existe a demanda de minha vontade, do desejo ou opinião, ao qual projeto ou tomo como projeto sobre o aspecto de um cenário. Este cenário me é dado e pode ser exemplificado em um mapa, logo, chamo de Mapa-cenário para diferenciar a ideia, pois não me surgiu par ordenado e a língua me limita, nestas horas da noite, a diferenciar melhor. Para um cenário, entendo como o desejo de que algo concreto possa ser conformado em linhas, polígonos, planos de metas, estatísticas ou nomes técnico-científicos bonitos e acachapantes, isto é, quero - logo, vontade de querer e ser querido, seja, assim, esta definição de "volanté" oriunda através do neotomismo de Gustavo Corção, seja sob o coração dos homens, com a vontade de poder, obediência, de um De Jouvenel, Nietzsche e afins. A expressão da vontade de domínio e organização e gestão é aspecto segundo, tirando momentos muito específicos da vida humana, como em guerras ou comércio, na maioria dos casos não me preocupo com o como chegar, tirando obstáculos - como a violência urbana, o trânsito, etc. - ou até aspectos belos - como um jardim que leve minha amada, um museu com meus pais, um parque com meus filhos (logo, a beleza é sempre total, uma presença total de Lavelle, a feiura, particular) - que afetem os meus passos imediatamente. Aquele aspecto segundo do mapear, logo, não é imediato, não é da vida humana, mas, de certa ação social, com efeitos históricos alardeantes por algum historiador, e que se traduzem na representação, cartográfica, estatística e mesmo literária (àquela mais próxima da vida concreta - e nisto, de certa forma me aproximo da fala de Olavo de Carvalho e do livro de Éric Dardel da importância da literatura -, devido à tragédia, comédia, drama, ou seja, seu meio de escrita, que é bem melhor que a esgrima do papel milimetrado do técnico); assim o ato de representar algo geograficamente demanda uma tradução para o futuro, do passado em vista de nossa limitada área condicional e ativa do presente, sempre tomado aqui como primordial, radical, seja com minha influência de Gasset ou de Lavelle. Tal tradução se dá, em vistas de minha leitura de Vilém Flusser, sobre certa demanda dos sistemas de necessidades sociais e da vontade do sujeito, sua organização, ao que chamo de "formação do mapa", demandaria outro texto meu (se é que voltarei no assunto geográfico).
Deste longo parágrafo, uma tormenta para todos, já que não me limito a ter piedade de leitores (sou um "jovem-velho"), advém certas questões e palavras que são incontornável, querer e representação, para isto eu chamo do primeiro aspecto, do que sei ou virei a saber, do Cogito. Porém, existem mais dois aspectos que refleti, agora, nesta madrugada, que a Geografia se preocuparia: o ignóbil e o incógnito.
Sobre o ignóbil, é todo aquilo inarticulado, presente no mundo, logo, a Geografia é sempre referente à um mundo - mesmo imaginário, ainda terá ligação com o incontornável, como uma representação -, que é possível de ser apreendido, porém, não possui o domínio da vontade humana, o é irreparável. Trata-se de tudo que nos chega, pelas leituras ou sentidos, que vai se perdendo, é, de fato, o esquecimento do que não importa no presente, o que passa, o trajeto - geralmente, se não encaixado naquilo que achamos Belo, raiz do fixar, do ruim, raiz do evitar, ou Útil, aspecto de fixação para o econômico. E fora do jogo de fixações e evitamentos está certamente o mundo de monstros - e esta coisa-criatura será agora importante -, mas também daquilo que vai nos ocorrendo e não guardamos, daquela série operativa que simplesmente não florescerá em nada, certamente, aí está nossa sustentação física que nos exerce o alimentar, o beber, o dormir, talvez em seu limite em ser representado, o prazer. Logo, o ignóbil é verbo, mas, apenas verbo, o que já é tudo, porém, não é percebido - ele o pode, com certeza -, mas, passa, logo, se usarmos as lentes do Tempo, o aspecto geográfico do ignóbil é passado (você passará por tudo aquilo, ao inarticulado e esquecido, mas, passará). Uma boa parte do pensar geograficamente, logo, fluindo por toda aquilo que chamam de Ciência Humana, busca erradicar o ignóbil, a Arte, busca esquematizá-lo, matizá-lo em cores e passos de dança, o aspecto ignóbil tem algo de passagem, algo de buscar o lúdico - no sentido que me traz Corção, do mito de Campbell, da sofisticação lúdica de Huizinga, do simbolismo de Eric Voegelin, presente fortemente na tensionalidade que trago neste texto -, assim, busca ser transformado em algo com sentido (palavra que tomo de Viktor Frankl) pela própria natureza humana (seja lá o que isto for, como diria um Isaiah Berlin), sendo o possível, porém, também o passado, que desemboca em nosso vazio existencial. E no par possível-passado, se dá o trajeto, o caminho, mas como um trajeto cego-surdo-mudo é a própria fonte permanente do ser humano em sua expressão no mundo, porém, é inarticulada, não está na categoria da razão ou por ser de difícil tradução, contém neste espaço a lenda, o causo, o costume, mesmo o sentimento, um lugar limítrofe. Porém, mesmo estas ferramentas me são incapazes de expressar o passado, são sempre deficientes por sua natureza, elas precisam ser deficientes, pois é a "geografização" do ignóbil, daquilo que mesmo esforçados, seremos ignorantes, porém, abertos para saber e expressar.
Confesso que este parágrafo do aspecto geográfico do ignóbil é difícil, trata-se de texto recente, trata-se do meu agora escrito, porém, coletemos que o que temos: a Geografia do par Mapa-cenário e Radical, aquilo que chamo de Cogito (em uma piada séria com Descartes) e a Geografia do Ignóbil, do possível-passado em nossos trajetos cegos-surdos-mudos deficientes, porém, possíveis de serem fixados, evitados, mesmo que muito nos seja irreparável, poderia parar aí. Eu simplesmente poderia terminar meu texto e seria um Moderno, ser um definidor, organizador de palavas. Mas, busquei além, busque o Além. Estamos que o limite entre o ignóbil e alguma outra coisa é onde vivem os Mitos, os monólitos do tempo humano, aquilo que não se sabe a fonte, porém, que são mais fortes sendo sutis que a espada de qualquer rei - eu poderia dizer que são condições da espécie biológica, da estrutura ou da forma, se eu fosse um ateu ou do designer inteligente -, aqui não há possibilidade de história, nem mesmo há possibilidade nenhuma para o limitado humano. Na Geografia do Incógnito, tenho registros ignóbeis em contos ou grandes catedrais das religiões, ou mesmo nas limitações sociais mais básicas, em toda a fundação (e me lembro de Asimov), do instinto gregário; e é apenas pelas falas mais silenciosas que posso registrar o geográfico disto, posso fazer esquemas arqueológicos e antropológicos, posso imprimir o meu eu em canções ou simplesmente me impelir por certas atitudes morais, porém, nada é possível aqui.
No Incógnito, não há apenas humanos, não é apenas o Cogito nem Ignóbil, mas, o jogo (sendo o lúdico disto já uma tradução) de sombras, cores, luzes, mas profundidade. A taxa de silêncio cresce ao ilimitado nesta região se comparado com Ignóbil, logo, lá é sem fronteiras, pois entende-se que teremos ali o infinito, algo parte de nossa imbecilidade em tentar conceber o infinito, claro. Lovercraft, Robert Howard me vem a mente, quando ali coloco, como limítrofe entre o possível de ser conhecido, análogo ao lúdico, o mundo dos monstros, da destruição primal, do temor, daquilo não apenas desconhecido, mas da tormenta em si dos elementos naturais, daquilo que habita nas sombras - com certa taxa de caos e entropia. A morte habita ali, morrer habita o incógnito, logo, um "espaço da morte" é mero slogan literário, pois, em si e este habitante do Incógnito é um bom exemplo de uma das características-chave desta região: é incompreensível, sempre o será, não há repetição, não existe em nós enquanto humanos, enquanto potência humana, logo, sem auxílio do ilimitado de Deus, uma transcendência pessoal do incógnito. Poderia chamá-lo de mistério, mas o próprio mistério já nos é a mensagem, já é a única voz que advém dali, ou melhor, de lá, do Altíssimo, isto é, Alguém que é mais que o incógnito, que o impossível de saber. Se neste ponto do texto, o leitor vir com ranger de dentes e choros sobre religiosidade, ou sobre como um cristão é limitado - apesar de considerar que os islâmicos, budistas e hinduístas me compreendam -, ou qualquer coisa do gênero, recomendo que aqui me responda o quanto possível que a própria estrutura de realidade do leitor não se limite apenas ao ignóbil e o que ele diria dos monstros em sua vida, pois, eles podem até não terem presas ou qualquer característica ficcional, podem apenas ser um julgamento de que as coisas dão errado na vida ou qualquer bobagem limitada de psicologia, porém, prefiro pensar na profundidade e na minha própria limitação, não só não minha, como sua e de toda a humanidade, seja lá o que isto for, no que se refere que todo este "pode" sobre o incógnito já seja este escritor tentando expressar o inexpressável. Se o milagre existe, se o monstro existe e se Alguém está conosco, cabe a cada um sua língua e responsabilidade por ela. O que não poderíamos saber, aquilo que nos está posto e será misterioso para o sempre, ainda está.
Se algo está, pode ter sua Geografia, mesmo que esta se limite as fronteiras do Incógnito e do Ignóbil, mesmo que eu só a possa lhe mostrar como Cogito, em representações, o fundamento da ação geográfica é a Descoberta do estar, dos vários "estares". Fundamentos de palavras, gradiente re-ordenado de símbolos, impressões ideológicas, patológicas, literárias ou intuitivas, a descoberta no sentido de desbravar a efetividade dos símbolos registrados para a minha vontade, pela potência do outro afim de descobrir no ignóbil nossos trajetos passados e passos futuros. E neste salto, digo que a Geografia, é descoberta, se continuarei este texto, isto já não é mais meu, mas parte do incógnito.
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domingo, 28 de abril de 2019
Poente, Fantasma, Ronda da Madrugada
Poente.
Odeio... Estar assim
Morto de esperar
Esperanças afogadas
Nas lágrimas que já estão secas
Como um riacho que não mais
Desemboca num mar
Não mais quero morrer apenas,
Quero virar solo, ser útil
Porém, silencioso
Porque o som do meu peito
Dói numa desarmonia de minha alma
Irrefletido num espírito
Que se perde
Entre os dentes
Vociferando palavras erradas
De um cara errado
Deprimido, entre o sol
Poente
---
O fantasma atormentava seu coração
Mas, eterno é o presente
Que se lembra da solidão
Dos passos cansados,
Ar parado no peito
Quando, insuspeito
Abriu-se às vestes
De um abraço solar
Abraço amigo
Fazia tocar, o coração fantasma
Desperto estava
Naquele presente
---
Há um silêncio pela casa
Ronda a madrugada
Firma na noite
Não é alvorada, nem tu
Oh face iluminada
Deixa de ser contada
Há um silêncio da penumbra
Mesmo com a lâmpada ligada
Tudo permanece ali
Eu, ali, preso
No eterno presente
Na função arbitrária
Julgamos um passado que esquecemos
Esperamos futuros possíveis
Mas, estarei eu sendo juiz implacável
Sem direito à me deixar em paz?
Mas, estarei eu sendo possível
De sustentar pernas, sonhos e bocas
Quando às tempestades passar?
O presente, lhe sou preso
O presente, lhe sou grato
"Sê tudo naquele que crê"
Que pra Ele se deixe o julgo,
Mas, dá força
Pra segurar minha espada
De ferir a mim mesmo
Que eu esteja presente no que sou,
No erro
No acerto
Posso estar presente, pra mim mesmo?
Peço, rogo
Naquela morada há silêncio
Naquele lar, o meu coração
Ouço a harmonia da canção muda
O eterno presente é caminho
Não apenas, um simples fractal
Pois, sou passarinho
Pois, voo na noite
Daquele silêncio, um mundo um cantinho
Naquele aquietamento
Não sou o universo
Escuto o verso
O presente da alma
Escuta, amigo
Escuta o silêncio
Odeio... Estar assim
Morto de esperar
Esperanças afogadas
Nas lágrimas que já estão secas
Como um riacho que não mais
Desemboca num mar
Não mais quero morrer apenas,
Quero virar solo, ser útil
Porém, silencioso
Porque o som do meu peito
Dói numa desarmonia de minha alma
Irrefletido num espírito
Que se perde
Entre os dentes
Vociferando palavras erradas
De um cara errado
Deprimido, entre o sol
Poente
---
O fantasma atormentava seu coração
Mas, eterno é o presente
Que se lembra da solidão
Dos passos cansados,
Ar parado no peito
Quando, insuspeito
Abriu-se às vestes
De um abraço solar
Abraço amigo
Fazia tocar, o coração fantasma
Desperto estava
Naquele presente
---
Há um silêncio pela casa
Ronda a madrugada
Firma na noite
Não é alvorada, nem tu
Oh face iluminada
Deixa de ser contada
Há um silêncio da penumbra
Mesmo com a lâmpada ligada
Tudo permanece ali
Eu, ali, preso
No eterno presente
Na função arbitrária
Julgamos um passado que esquecemos
Esperamos futuros possíveis
Mas, estarei eu sendo juiz implacável
Sem direito à me deixar em paz?
Mas, estarei eu sendo possível
De sustentar pernas, sonhos e bocas
Quando às tempestades passar?
O presente, lhe sou preso
O presente, lhe sou grato
"Sê tudo naquele que crê"
Que pra Ele se deixe o julgo,
Mas, dá força
Pra segurar minha espada
De ferir a mim mesmo
Que eu esteja presente no que sou,
No erro
No acerto
Posso estar presente, pra mim mesmo?
Peço, rogo
Naquela morada há silêncio
Naquele lar, o meu coração
Ouço a harmonia da canção muda
O eterno presente é caminho
Não apenas, um simples fractal
Pois, sou passarinho
Pois, voo na noite
Daquele silêncio, um mundo um cantinho
Naquele aquietamento
Não sou o universo
Escuto o verso
O presente da alma
Escuta, amigo
Escuta o silêncio
quarta-feira, 25 de julho de 2018
Quarta feira depressiva nos vales de minha alguma alma
Olho para gente ao meu redor
Vejo montanhas e oceanos
Mas, vejo apenas
Não sinto
Há apenas matéria nessa gente
Essa modernidade evoluída
Foi do fora, pra dentro e diz que dentro
Não há nada
Não mais motivos para ser você
Apenas mais um
Não apenas aceitar ser pequeno
Mas, ficar sendo pequeno
Mínimo, calado. Em seu lugar
Aceitar o que te dizem e revoltar-se
Do jeito correto, naquele ou outro
Caminho
Te chamam de burro, vagabundo
Ou romântico
E deve ficar quieto
Não existe eu, não há fora e dentro é aparente
Tudo um jogo de espelhos, prisão ou depressão
E no vale de lágrimas, a maior parte
Das mesmas coisas, do mais do mesmo
Você se aquieta, você apaga. Morre
No deserto do que os outros dizem ser correto
Errado, injusto ou até mesmo... Real
Mas, o real te bate as tripas
Te aparece nos momentos chave
Em que heróis do cotidiano
Dos feitos de pequena escala, mas de profundo toque
Dependerão de você
Então, o mundo cala
Ele não ajuda, envergonha.
O nada não serve a nada
Apenas a si mesmo
O falatório do meio, dos doutores, televisores
Alguns amores
Nada te ajudará quando o Real te demandar:
-Seja agora, ou cale-se para sempre!
Pois, quanto falatório seu espírito aguenta
Antes de virar um calado
Pó de sapato
De alguma montanha agorenta?
"A sorte favorece os audazes", li uma vez
Enquanto atravessava de navio, um canal
Perdido no tempo dos meus pensamentos.
---
Um Quixote sem escudeiro
Um homem num deserto de gente
Coberto de poeira, sua preguiça do mundo
Seus mestres, apenas trouxe decepção ou ranger de dentes
É poeta, porém ruim
É artista, porém frustrado em outros caminhos
Nada tem de muito valor
Nada fez de muita coisa
Nada fora do mundo do básico, do discreto e até fácil
Serei nada?
Talvez
Mas, sua obra pode ser apenas estender a mão
Apenas ouvir
Apenas falar o que tem de ser dito
E isto, meu caro, seus diplomas e fariseus não darão
A paciência
O silêncio respeitoso, numa modernidade que apenas
Valoriza o grito, o militar e o reagir
A ajuda é necessária e a estrutura se faz
Resistindo
Resistindo a si mesmo, ao maremoto do mundo
A fúria de si mesmo
Ao abraço que aquieta a dor do outro, mesmo que por segundos
Um cavaleiro não se faz apenas de espadas
Mas, em andar e errar
Aceitar ser errante
Lutar em combate quando mesmo o espírito se fragmenta
Em lágrimas
Em injúrias de si contra si
Continue, continue a viver
Segure mais um pouco
Sustente mais alguém, levante mais um caído
Caia, mas, ajude
Do jeito que for
Se apenas puder escutar, se apenas puder caminhar com outro
Faço-o
E seu existir, fará sentido pra ele
"Abster-se de si, enxergar o outro"
Li em um escudo uma vez, num campo de batalha
Sempre vindouro
----
Vejo montanhas e oceanos
Mas, vejo apenas
Não sinto
Há apenas matéria nessa gente
Essa modernidade evoluída
Foi do fora, pra dentro e diz que dentro
Não há nada
Não mais motivos para ser você
Apenas mais um
Não apenas aceitar ser pequeno
Mas, ficar sendo pequeno
Mínimo, calado. Em seu lugar
Aceitar o que te dizem e revoltar-se
Do jeito correto, naquele ou outro
Caminho
Te chamam de burro, vagabundo
Ou romântico
E deve ficar quieto
Não existe eu, não há fora e dentro é aparente
Tudo um jogo de espelhos, prisão ou depressão
E no vale de lágrimas, a maior parte
Das mesmas coisas, do mais do mesmo
Você se aquieta, você apaga. Morre
No deserto do que os outros dizem ser correto
Errado, injusto ou até mesmo... Real
Mas, o real te bate as tripas
Te aparece nos momentos chave
Em que heróis do cotidiano
Dos feitos de pequena escala, mas de profundo toque
Dependerão de você
Então, o mundo cala
Ele não ajuda, envergonha.
O nada não serve a nada
Apenas a si mesmo
O falatório do meio, dos doutores, televisores
Alguns amores
Nada te ajudará quando o Real te demandar:
-Seja agora, ou cale-se para sempre!
Pois, quanto falatório seu espírito aguenta
Antes de virar um calado
Pó de sapato
De alguma montanha agorenta?
"A sorte favorece os audazes", li uma vez
Enquanto atravessava de navio, um canal
Perdido no tempo dos meus pensamentos.
---
Um Quixote sem escudeiro
Um homem num deserto de gente
Coberto de poeira, sua preguiça do mundo
Seus mestres, apenas trouxe decepção ou ranger de dentes
É poeta, porém ruim
É artista, porém frustrado em outros caminhos
Nada tem de muito valor
Nada fez de muita coisa
Nada fora do mundo do básico, do discreto e até fácil
Serei nada?
Talvez
Mas, sua obra pode ser apenas estender a mão
Apenas ouvir
Apenas falar o que tem de ser dito
E isto, meu caro, seus diplomas e fariseus não darão
A paciência
O silêncio respeitoso, numa modernidade que apenas
Valoriza o grito, o militar e o reagir
A ajuda é necessária e a estrutura se faz
Resistindo
Resistindo a si mesmo, ao maremoto do mundo
A fúria de si mesmo
Ao abraço que aquieta a dor do outro, mesmo que por segundos
Um cavaleiro não se faz apenas de espadas
Mas, em andar e errar
Aceitar ser errante
Lutar em combate quando mesmo o espírito se fragmenta
Em lágrimas
Em injúrias de si contra si
Continue, continue a viver
Segure mais um pouco
Sustente mais alguém, levante mais um caído
Caia, mas, ajude
Do jeito que for
Se apenas puder escutar, se apenas puder caminhar com outro
Faço-o
E seu existir, fará sentido pra ele
"Abster-se de si, enxergar o outro"
Li em um escudo uma vez, num campo de batalha
Sempre vindouro
----
Se eu pudesse dar um pequeno conselho de escrita, diria: não mate o seu narrador interior. Não permita que coisas como a escola (universalizada, ou em raros casos, em grupos fechados), os amigos ou pseudo-amigos, os jornais e especialistas - falsos ídolos de idoneidade, destruam a sua capacidade de ler e escrever o próprio mundo, seja por imagens ou figurinhas, cantando com a família ou discutindo com humor numa mesa de domingo, nos causos intermináveis. Sua vida será sua, ela pode ser uma prisão ou um castelo, pode viajar ou lutar em cada minuto, mas, é sua e responsabilidade sua, ser capaz de narrar a si mesmo e não escapar e deixar-se levar pelo falatório, demoníaco, de quem não tem nada haver contigo, mas, pensa saber mais ou que tem o direito de ordenar a vida, não te dar conselhos, mas, ordens.
Escrever um texto decente ou minimamente comunicativo, algo que nunca fiz direito, ou que evito reler por sempre achar incompleto - a vida é incompleta, e é bom que seja assim -, passa por esta capacidade de criar o que existe em uma dimensão nova, diferente. Não é pensamento, nem crença ou fé, é transmissão, é palavra, imagem, é agir no papel passivo para criar um despertar em quem lê. É contar a história ou estória viva, lançar das palavras todo o sangue e ossos, arrasar pelas frases sua ideia, suas memórias contidas e trabalhadas. Lutar, escrever é uma épica aventura de si mesmo para o outro.
E se você não observa ou sente o outro, nunca poderá escrever algo decente ou, até mesmo, falar algo que preste. Poderá fazer outra coisa, várias coisas, o mundo é diverso e pleno de várias atividades, porém, narrar algo, não serás capaz de fazer, talvez em outro momento, quem sabe? Quando seus olhos abrem e você vê aquilo que está fora, poderá escrever sobre o que está dentro e narrar a mínima folha caindo entre o Céu de infinitos grãos de estrelas, como a mais fantástica coisa contida do abraço de seus pais até o tempo de abraçar seus filhos, da ida a escola até a ida para o túmulo, do ver aquela pessoa até beijá-la, naquele dia, na chuva.
Escrever é narrar outro, sabendo que é você, o responsável por aquele mundo, de frases, suspiros e, quem sabe, bocejos. Narração sua, guarde-a, lute-a, faça-a.
sábado, 7 de julho de 2018
Segunda Dor nas Costas d Nervoso
A poesia está no silêncio
Do olhar perdido de um horizonte
Aflito, apaixonado ou
Na ironia de cada dia
Em seus braços nos levando
A vida
E cada esquina que passo
Cada cheiro, toque que tenho
Estou lá
Na minha presença de si
Consciente em algum nível
De minha estrofe interna
Meu verso amarrado, atado ao peito
Minha âncora fixa entre a palavra não dizível
E toda a estrada entre eu e você
Que me lê
Pequeno leitor, de um mínimo escritor
A poesia está no silêncio do grito
Sufocado do silogismo, lógica épica
Canção de março, água de abril
Frio do inverno, amor de verão
No seu abraço, ah, naquele mesmo
Na memória, na lembrança
Que é calada
Mas, que guarda
O mundo inteiro
A minha presença, agora velho
Enrugado e sereno
Entre as rabugices, entre as fúrias juvenis
Vai apagando uma ou outra coisa
Vai deixando
A memória, eu
Minha presença vai ficando quieta
Me torno poesia
Me tornarei estrofe dos outros
Alguns me amando, outros me odiando
Mas, eu, enquanto a um velho cão neste mundo
Abarco ele inteiro
Observando-o, de revesgueio, canto de olho
Silêncio
Da poesia
À memória
À história
E filosofias
-Morreu hoje, fulano de tal, uma boa pessoa
Não tente mudar o mundo, não é necessário ou possível e apenas te representa o ego que alguma ideia lhe pôs e você acredita que elas estão fora de sua cabeça, na fala dos outros. Busque contar sua história e ser uma pessoa que tenha medos, arrependimentos, algum carinho e virtudes que possa guardar em seu tesouro.
Pois, talvez o que se chama espírito apenas seja a arca que abarca meu mundo. Indizível, mas, que conto, ponto a ponto, nas minhas histórias
Do olhar perdido de um horizonte
Aflito, apaixonado ou
Na ironia de cada dia
Em seus braços nos levando
A vida
E cada esquina que passo
Cada cheiro, toque que tenho
Estou lá
Na minha presença de si
Consciente em algum nível
De minha estrofe interna
Meu verso amarrado, atado ao peito
Minha âncora fixa entre a palavra não dizível
E toda a estrada entre eu e você
Que me lê
Pequeno leitor, de um mínimo escritor
A poesia está no silêncio do grito
Sufocado do silogismo, lógica épica
Canção de março, água de abril
Frio do inverno, amor de verão
No seu abraço, ah, naquele mesmo
Na memória, na lembrança
Que é calada
Mas, que guarda
O mundo inteiro
A minha presença, agora velho
Enrugado e sereno
Entre as rabugices, entre as fúrias juvenis
Vai apagando uma ou outra coisa
Vai deixando
A memória, eu
Minha presença vai ficando quieta
Me torno poesia
Me tornarei estrofe dos outros
Alguns me amando, outros me odiando
Mas, eu, enquanto a um velho cão neste mundo
Abarco ele inteiro
Observando-o, de revesgueio, canto de olho
Silêncio
Da poesia
À memória
À história
E filosofias
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Cada homem vive em contar sua história. Se não pode resgatá-la, se você simplesmente a odeia, se coloca-a sobre a esfinge de sistemas ou condições simplesmente materiais, alheias a você e sua responsabilidade, já não está mais neste mundo, mas, apenas grita e chora nele, em um amor pelo desespero. Busca matar deuses, pois você em si já não reconheceria nada ou nenhum deles, sua história é meramente um dado, uma estatística, um verbete de enciclopédia ou alguém que poderia ser lembrando apenas num momento sem emoção, ao lermos algum obituário antigo.-Morreu hoje, fulano de tal, uma boa pessoa
Não tente mudar o mundo, não é necessário ou possível e apenas te representa o ego que alguma ideia lhe pôs e você acredita que elas estão fora de sua cabeça, na fala dos outros. Busque contar sua história e ser uma pessoa que tenha medos, arrependimentos, algum carinho e virtudes que possa guardar em seu tesouro.
Pois, talvez o que se chama espírito apenas seja a arca que abarca meu mundo. Indizível, mas, que conto, ponto a ponto, nas minhas histórias
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terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Rogai silÊncio
O silêncio mental, a higiene dos pensamentos em pessoas, atos e omissões, fisiocrata das ideias sem patas nem cabeça. Ó, roguei a ti senhora Minerva minha, e apenas tive vazio! Ó, rogue a eu mesmo e logo tive confusão! Peço silêncio a mim mesmo, limpo de fatos e outros tempos passados! E neste caco, momento fati, um pouco de felicidade! Amém, silenciado! Amém.
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Sol que ilumina a tormenta
A paz de uma vida atormentada
É o silêncio da busca pelo último suspiro
Em cada momento não vivido
E lembrado como se fosse o único.
Não existe mais nada a não ser o silêncio
neste frio espaço sideral
Compreendo pouco o que meus olhos não vêem
No frio do escuro
Do espelho pétreo do nada
Daquele sol queimante lascivo
Naquele ônibus que parte do Centro pro
Bairro
Observo rostos vazios
Nada me contam, nada me dizem
Eu não digo nada também
pela janela nós vemos uns aos outros
Passarem seus dias, na iminência
De morrer de felicidade.
Vejo as bocas que nada mais falam
A não ser dos beijos que não deram, ou se arrependem
Juventude alongada, nada mais pensa que não seja
Dominar o mundo que nunca será seu
Não, a paz de uma vida atormentada
É o silêncio do barulho da cidade
Ouço apenas barulho, não escuto pessoas
Pois, elas já se foram
Seus corpos ali, suas mentes
Tomando o ônibus do Centro-bairro
Eu talvez, também
Minha vida atormentada
Meus passos cansados
Já não tenho mais pegadas
Que veja e reconheça como minhas
Somos todos um pouco dos outros agora
Atormentados
Num mundo de jovens bobos, velhos imbecis
Bocas que jamais beijam mais de uma vez
Olhares que se perdem nas janelas
E sol
O silencioso sol
Que ilumina a tormenta
É o silêncio da busca pelo último suspiro
Em cada momento não vivido
E lembrado como se fosse o único.
Não existe mais nada a não ser o silêncio
neste frio espaço sideral
Compreendo pouco o que meus olhos não vêem
No frio do escuro
Do espelho pétreo do nada
Daquele sol queimante lascivo
Naquele ônibus que parte do Centro pro
Bairro
Observo rostos vazios
Nada me contam, nada me dizem
Eu não digo nada também
pela janela nós vemos uns aos outros
Passarem seus dias, na iminência
De morrer de felicidade.
Vejo as bocas que nada mais falam
A não ser dos beijos que não deram, ou se arrependem
Juventude alongada, nada mais pensa que não seja
Dominar o mundo que nunca será seu
Não, a paz de uma vida atormentada
É o silêncio do barulho da cidade
Ouço apenas barulho, não escuto pessoas
Pois, elas já se foram
Seus corpos ali, suas mentes
Tomando o ônibus do Centro-bairro
Eu talvez, também
Minha vida atormentada
Meus passos cansados
Já não tenho mais pegadas
Que veja e reconheça como minhas
Somos todos um pouco dos outros agora
Atormentados
Num mundo de jovens bobos, velhos imbecis
Bocas que jamais beijam mais de uma vez
Olhares que se perdem nas janelas
E sol
O silencioso sol
Que ilumina a tormenta
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quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Ditadura da Ação
Ficar contente com o pouco que sou
É a única estrada que vejo
Na janela do meu ônibus
É caminho seco e áspero de mim mesmo
Busquei por certos anos a chuva e a bonança
Vi que eu mesmo não era digno
Vi que outros ao redor eram menos ainda
Me fechei
Selo-me dentro de mim mesmo
Busco não mais o Eu
Passamos da idade disto
Não busco mais a tranquilidade
Utopia muito grande
Busco, talvez, o silêncio de algumas manhãs
Busco, talvez, a dignidade do trabalho algum dia recompensado
Porém, já não tem mais o Eu ali
Não está em nenhum lugar mais
O busquei por esquinas e perguntei para várias pessoas
Elas só me respondem com perguntas sobre si mesmas
Ou deboche
A única saída, as vezes
É a violência de si contra si
A destruição da Vontade pela Razão
A ilusão pelo "agir"
Vivemos ditadura da Ação
Mas, não vejo ninguém agindo
Apenas olhando seus próprios Narcisos
Como cães de caça por si mesmos
O mundo lhes passa e nada apreendem
Apenas dúvidas e mais dúvidas sobre si
O mundo passa
Não busco mais o Eu
Ele se perdeu totalmente
Dentro da aventura de minha vida
Mesmo rotineira, bucólica e ridícula.
É a única estrada que vejo
Na janela do meu ônibus
É caminho seco e áspero de mim mesmo
Busquei por certos anos a chuva e a bonança
Vi que eu mesmo não era digno
Vi que outros ao redor eram menos ainda
Me fechei
Selo-me dentro de mim mesmo
Busco não mais o Eu
Passamos da idade disto
Não busco mais a tranquilidade
Utopia muito grande
Busco, talvez, o silêncio de algumas manhãs
Busco, talvez, a dignidade do trabalho algum dia recompensado
Porém, já não tem mais o Eu ali
Não está em nenhum lugar mais
O busquei por esquinas e perguntei para várias pessoas
Elas só me respondem com perguntas sobre si mesmas
Ou deboche
A única saída, as vezes
É a violência de si contra si
A destruição da Vontade pela Razão
A ilusão pelo "agir"
Vivemos ditadura da Ação
Mas, não vejo ninguém agindo
Apenas olhando seus próprios Narcisos
Como cães de caça por si mesmos
O mundo lhes passa e nada apreendem
Apenas dúvidas e mais dúvidas sobre si
O mundo passa
Não busco mais o Eu
Ele se perdeu totalmente
Dentro da aventura de minha vida
Mesmo rotineira, bucólica e ridícula.
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quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Menina Coelho 3 - Ab alio expectes quod alteri feceris
Cápitulo 3 - Ab alio expectes,
quod alteri feceris
-Eu voltei. –Disse César
-Então, está aqui,
para terminarmos com isto.
-Sim, estou... Amigo
Saudade... Estou acabado... O que vivi nesta viagem...
-Eu sei, a luta com
os Serafins me destruiu, me fez perder meu sonho, minha agora Violeta
-O que fazer agora,
os Serafins estão comigo...
-Eu lhe falei do meu
genro, Tomas... Não?
-Sim
-Ele é a única coisa
que pode mata o mestre do Castelo Hospital, o Poderoso...
-Mas, como assim? E
os Serafins?! Tudo que passei... Foi, por nada?
-Não, meu amigo
César... Eu não poderei vencer sem os dois... Pois, Tomas faz parte de minha
filha, assim como ela faz parte de mim...
-O que acontece
agora?
... E no silêncio, o
pássaro ouviu o que devia fazer. Ele fizera um trato, e agora terminaria seus
dias:
Tomou a última lágrima.
...
Nas portas do enorme Hospital viu surgir o
Poderoso... Ao seu lado direito, a Enfermeira, no esquerdo, a Filha. Ele olhava
um pássaro que estava ali há semanas e sumiu por meses... Porém, voltou há
alguns dias e agora estava ali... Ele viu nos olhos dele e achou estranho...
-Quem é você? –
Perguntou o Poderoso
-Eu, eu sou ele!
Então, o Médico temeu, como nunca em sua
vida... O pássaro falou e depois se transformou eu um homem de olhos
distantes... E a Filha gritou:
-Pai?!!!! – Então,
algo doeu nela e ela desmaiou...
-... – O Médico viu
aquilo e não acreditava... Aquela imagem nas fotos de sua falecida esposa, ao qual ela disse que era um
Ser Maior que ele e que o fez desejar a morte de tudo que havia nisto, pois,
apenas um poderia ser Grande: Ele mesmo. Levantou os braços e deu um tapa na
enfermeira:
-Chama nossos
filhos!
Ela, com maquiagem borrada, foi chamando cada
um dos números do alfabeto, aos quais foram saindo das portas do prédio branco
uma enorme número de soldados de negro, com metralhadoras...
-Você! Pai desta
fêmea pequena ao qual ainda não consegui que tenha uma cria minha, qual é teu
desejo?! Como quer morrer para o Maior de todos?!
-Meu desejo? –Sorriu
o homem profundo – Violeta... Ela vai sonhar novamente, mesmo que tenha de
acabar com todo este mundo! E com eles acabarei!
E apontando para o chão, tudo tremeu...
Do Leste apareceu alguém, era Cimitarra, com
um exército de pessoas com roupas e flores nos cabelos. Junto dele, do
Nordeste, veio o Caído, com raposas munidas de dardos e bestas... Então, houve
um lançar de armas e tiros.
E na chuva de morte, o pássaro pegou a
deslocada Violeta e correu com ela, correu e correu, enquanto a chuva caíra e
explodia em ventos de fogo.
-Não, volta com minha fêmea e cria! – E lançou
o médico para cima dos dois, com grande tamanho eram seus passos, porém,
segurado por Cimitarra foi... Que o golpeava e tentava impedí-lo de caminhar e
pegar Violeta
Nisto, a Enfermeira, pegou uma pistola e em
uma nuvem que a escondia, atirou nas costas do pássaro... Ele ainda correu mais
um pouco, com Violeta nos braços, entrando em uma casa abandonada...
-Estou... Estou...
-Quem... –Disse
olhando com olhos verdes a moça – Quem é você?
-Velha amiga... Sou
eu, aquele que caiu pela sua história, aquele que veio te salvar... Mas, que
você não conhece assim... Sou eu, apenas eu... – Eu uma lágrima caiu da face
daquele ser... E ele voltou a ser o que era
-César... – Então,
então ela acordou e viu
Virou-se para a porta e lá estava a Amante
Enfermeira, ela apontou a arma para ela, mas, Violeta não temeu... Minha filha
não temeu mais. Ela gritou e logo muitos dardos acertaram o corpo da mulher que
deixava-a dopada, ao qual virou uma
massa de açúcar podre e morto...
-É hora... É hora de César ser o que és!
Então, a Filha saiu e viu o caos da batalha,
viu quando Cimitarra teve suas asas coloridas e braços arrancados... O Serafim
Caído o tirou dali e tentou acertar o Poderoso com um tiro, mas, apenas o
deteve... Ele crescia, ele crescia...
Violeta
olhava tudo aquilo... Olhou César morto em um canto, temeu por tudo... E o
Médico crescia, sua face ficava mais medonha... Então, a moça ferida por tudo,
olhou para o lado e ali esta um ser de armadura negra e capa branca, orelhas de
coelho e cabelo ruivo:
-Olá!
-Olá?
-Eu acabei com seu pai
anos atrás... Mas, eu sei como parar com tudo isto!
-Quem é você?
-Meu nome?... Eu sou
apenas alguém... Alguém, Silêncio...
Violeta não mais entendia... Mas, eu sim...
Logo, o Exército de Filhos do Poderoso estava vencendo e cercando tudo com suas
balas... Porém, o Serafim Mudo levantou seu braço e do ar se fez um elmo negro,
ao colocá-lo, disse para Violeta:
-Nós apenas podemos destruir o corpo físico do
Médico Monstro, apenas você, apenas Violeta pode ter a beleza de matar seu
poder... E a maior beleza que tens está em algo que teu pai te deu! Há anos!
Lembra dele! César, o Pássaro Guerreiro descobriu qual era... E agora você,
jovem futura rainha de sua vida, deve se lembrar!
E o Serafim abriu as asas mais brilhantes de
celofane de todas, e voou, em direção ao monstro... Levantou teu braço e nele
disse:
-Avante! VINGANÇA DOS FUTUROS!
E de toda a parte de suas asas caíram maçãs, e
das maçãs explodiram crianças... E as crianças voavam e caregavam mais
maçãs... Em todo o soldado elas caíram,
e pelo corpo do enorme Médico elas agarraram e seguraram... O Gigante Poderoso
Padrasto caíra, e ele temeu aquilo:
-Quem é você?!
-Eu? Eu trago algo
que a tudo caí... Eu sou o Silêncio de todo o poder... E cada criança aqui é um
de seus filhos, alguém que você prendeu sobre a égide da sina!
E Violeta viu o medo daquele homem que havia
feito aquilo com ela... E, lembrou da morte de César... Então, ela caiu e
lembrou-se do Pai:
-Veja, filha...
–Disse ele para ela – este é seu amigo, este é Tomas!
Então, lembrou do
segredo que seu pai lhe deu: um amigo para todas as horas, um amigo que havia
sido seu marido até... A lembrança foi crescendo até que ela, Violeta, olhou
para o lado e viu um rapaz de gravata e terno... Ele disse:
-Há muito tempo
gostaria que você voltasse, pequena Violeta de meus dias...
-Tomas?
-Sim... Apenas um
pequeno amigo imaginário... Apenas algo que seu pai fez para você e por isto
morreu...
-Desgraçado!!!!!!!!!!
–Libertou-se o Poderoso e olhou, gigante, para o pequeno rapaz, que recitou:
“Um a Lágrima virou Rufião
Outra, Alice
Outra, Bigodudo Professor
Da penúltima, virou um Serafim
E na última, tornou-se o Pai
Silenciado
De uma letra virou Mapa
Da segunda, virou Saber sobre a
City Apple
E na última, o medo do Desejo
E da Maçã virou futuro...
E eu sou a Esperança!”
E tocou as mãos de Violeta, e ela soube que
por um momento, lá atrás, lá no começo da história, ela foi feliz...
Ouvi então um estalado, e havia um buraco lá,
no Cemitério.
O Poderoso parou, ele olhou e aquele não era
mais o Pássaro na forma do Pai, mas, o verdadeiro Pai... Tomas se transformou
em Pai... O Amigo Imaginário que nunca deixou a mente da menina estava de
volta!
-Olá e adeus, filha! Com um sopro se vai um
sonho, com um acordar você volta e estará tudo bem... Seu pai sempre estará
aqui...
Sobre os olhos de pavor, o Poderoso ajoelhou e
o Fantasma Pai com soco lhe explodiu a cabeça, o sangue jorra! Sangue que apaga
tudo!
Tudo acaba, tudo acaba... Menos o que sonhamos
um dia!
Então, Cimitarra, Caído, Mudo, as
crianças-maçãs, as raposas arqueiras, as pessoas flores, o Hospital, City
Apple, os Campos, Alice, César, Tomas, o Padrasto, a Mãe, o Pai...
Tudo se apaga.
E... Quando acordei, o silêncio não mais
havia...
Apenas um olho
aberto e sonolento
Apenas um sonho da
menina
Menina Violeta
?
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domingo, 18 de novembro de 2012
Menina Coelha 3 - Ab ungibus leo
...
Dois em um pequeno carro preto: Alice e César. Lá se abria a
enorme City Apple, com seus vinte milhões de habitantes, era tão enorme que as
pessoas viviam em prédios em cima de prédios, formando enormes Teias Residenciais.
Vendidas pelo trabalho por doze anos na Grande Empresa, única firma que
funcionava e dava certo naquele mundo...
Os dois seres eram
menores do que tudo naquele mundo, eles não conseguiam achar nada ali... Não
havia um rastro do Serafim, que diziam estar com o nome de Caído. Procuram por
pensões e templos, bancas de revista e puteiros, mas, nada... Nos pequenos
becos, apenas pequenas garrafas de vodca e palavras e russo-mandarim,
indecifráveis para eles... Os dois aventureiros...
Então, eles resolveram
comer em um fast-food e viram, embaixo do copo de refrigerante de Cola de
Alice, um pequeno papel:
-Socorro! – Lá estava escrito. E olhando para o lado, viram
um senhor cinza, sentado em uma cadeira, magro e tomando a 4ª xícara de café...
César então saiu do
ombro de Alice voou para atrás de uma placa, aonde tomou uma lágrima e
tornou-se o professor Elias, que reprovou o Pai de Violeta no último ano do
Ensino Médio, velho bigodudo e alto, agora César sabia de vários cálculos
matemáticos... Mas, isto não era importante, já que seus passos não deviam
levar-lhe para isto. Foi andando e tocou no ombro do magro ser cinza:
-Saia, tenho
de trabalhar! –Disse ele, com voz que sumia. Sua mão, porém, pegou na de
César e escreveu:
-Socorro! Eu preciso de ajuda!
Mas, o homem cinza
desviou dos olhos do bigodudo César e saiu do fast-food, levando o hambúrguer para comer no trabalho. Alice seguiu seu colega enquanto eles perseguiam o
cinzento até um enorme prédio, lá dentro, eles conseguiram ir apenas até as
portas do elevador, pois, seguranças com
máscaras de raposa e arco-flechas os deteriam:
-Aqui é lar das Firma Grande Empresa, apenas funcionários
podem passar... Ordem do nosso presidente!
Alice e César
ficaram em um banco de concreto no lado de fora, vendo o movimento da empresa,
que parecia não ter funcionários, já que ninguém entrava lá... Então, César
pegou uma Letra ao qual ele poderia perguntar qualquer coisa e pensou no que
dizer... Alice, “afobada”, se antecipou e disse:
-Quem é o mestre de tudo aqui e aonde ele está?
-Alice! –Disse César- Agora perdemos mais uma pergunta!!!
-Olha! Eu posso ver o que é de cada Eu! Sei o que há dentro
daquele homem cinza que vimos... Espere e veja o que a Letra dirá!
Então, a Letra disse
que o mestre de todo aquele mundo era um ser cinzento, que havia Caído pois se
perdera dentro dos dias, dentro das tarefas de sempre... Ele se tornou um mero
Ser-do-Sempre-o Mesmo. Para cada dia que ele tomava para si, foi criando uma
raposa, que protegia o seu castelo, a Grande Firma. Que na frente dos dois
estava!
César amou por alguns
segundos o fato de ter salvado Alice, e sua esperteza e personalidade. Mas, era
calculista agora, já estava pensando em como entrar... Então, teve uma ideia!
Com uma lata de refrigerante ele fez um focinho para Alice, que tinha cabelos
vermelhos e orelhas, ao qual ainda pôs amarrada uma vassoura. Para César, uma
calculadora e pastas...
Foram rumando até as
portas dos elevadores, quando o guarda parou-os, disse César:
-Sou o Contador
-Contador, o que é isto?! –Perguntou uma raposa
-É aquilo que conta, oras... Toda a Firma precisa de um! – E
as raposas se olharam
-Olhe –disse Alice – ele está comigo, posso garantir que ele
não fará nada! Sou uma de vocês!
-Você? Quem é você? Quinta-feira dia 20 de dezembro de 1982,
conhece esta daqui? –Perguntou a raposa a outra
-Não, Segunda-feira dia 4 de outubro de 1973, não sei quem
é...
-Oras! Eu sou... Bem, eu sou... Sou Sexta-feira dia 1º de
maio de 1994! Dia do Trabalho!
As duas raposas se
olharam e pareceram respeitar aquela raposa mais que eles, pois, “era uma
nobre” e, com uma referência, deixaram eles passarem e apertarem os botões:
-Mas, espera! –Disse uma delas, - Isto não foi Sexta, foi
numa Quarta! INTRUSOS! – E as raposas pegaram seus arcos e bestas, nisto, os dois
aventureiros entraram no elevador e apertaram o andar 11
-Por que 11, César?!!!
-Por que é um número repetido, parece uma rotina, não?
E lá foram os dois, enquanto as raposas foram pelas escadas,
pois não sabiam largar as armas e apertar botões ao mesmo tempo.
Foram ao 11º, nada.
Foram ao 22º, apenas um enorme escritório de biombos vazios... Então, apertaram
mais uma vez e no 33º abriram as portas e estavam já com patas de raposas –
elas tinham 4 patas, sobem 4 vezes mais rápido!!!
No 44º, os dois saíram
e deram de cara com uma sessão só de scanners e calculadoras... Quando estavam
quase desistindo de correr entre os corredores, viram em um do canto ele: o
Serafim Caído... Ele tirava xerox de um memorando, um mesmo memorando... Mesma
página de uma mesma história.
-Hey, você!!! –Gritou Alice em seu ouvido
-Hey, o quê?
– Se assustou o homem cinza, tanto que até ganhou cor...
-Vamos sair daqui!! – Gritava Alice com ele, enquanto César
o olhava...
-O quÊ?!!!
Não!! Tenho trabalho a fazer!!! – E o homem cinza ficava cada vez mais
colorido...
-Pare, Alice –Disse o pássaro – Olhe ele, está assustado...
Está...
-Hã? – E a jovem coelha-moça percebeu, as cores do serafim
voltavam, enquanto ele se assustava cada vez mais...
-Se a rotina dele criou tudo isto... –Disse César- Para cada
susto na vida, há uma resposta de fortaleza e colorido dele!
-Mas, com o que
podemos assustá-lo mais?!! – Perguntou Alice
-... – Calculou o pássaro, enquanto o serafim caído ficava
agachado, assustado, ao lado de uma copiadora – Já sei!
Então, abriu-se as
portas das escadarias e vieram as raposas, Alice, pegou uma cadeira e golpeava
uma, tentando detê-las, mas, logo, vieram flechas e uma acertou o Serafim...
Neste momento, César agarrou-o pelos cabelos e bateu seu cara na luz da copiadora,
tirou uma folha e mostrou para o Caído...
Ele olhou, ele estava
com dor e vendo a si mesmo... Então, tudo se desequilibrou e o chão se tornou
líquido!
Todos afundaram e só
acordaram no alto de um prédio:
César olhou para um
enorme ser masculino com peruca loira e vestido de bolinhas, ele carregava uma
escopeta numa mão e uma espada na outra, fixava seu olhar no topo de outros mil
prédios. O pássaro acordou Alice e disse:
-É ele?! Será ele?
-Sim, sou
eu, pequeno aventureiro... Pelo seu ato, todos os meus exércitos serão teus...
Mas, terei de derrotá-los primeiro!!! – Ele, o enorme ser andrógeno,
golpeou uma série de dardos voadores e os transformou em cinzas... – Salvarei
vocês simplesmente porque me ofereceram algo que ninguém jamais me dera: um
momento de alívio e lazer, um pequeno suspiro, uma pequena lembrança boa, até,
queridos!
E atônitos, os dois
foram assoprados pelo Serafim. Porém, antes deles serem levando pelo vento, ele
os advertiu:
-Cuidado! Na última Ilha existe o mais mortal de todos nós,
com ele, apenas um pode atravessar o buraco de agulha que é seu coração... E,
jamais, jamais, olhem em seus olhos, pois todos que tem vida neles quando os
verem são roubados!
E os ventos levaram
os dois, já César era um pássaro e Alice o segurara contra o peito, enquanto
viam o grande Serafim Caído lutando com seus dias da rotina, em batalha
furiosa. Foram para o Norte, última ilha para salvarem Violeta do Hospital, a
Los Petras.
...
Era árida, apenas cerrado de baixas árvores... Duas horas
andando e já chegaram na costa da pequena ilha de Los Petras. Um enorme
conjunto de pequenas árvores secas e tortas, com construções devastadas. No
centro, uma Monólito.
-César... –Disse Alice – Você disse que o último Serafim era
o Mudo... Será que ele?
O pássaro olhou
quieto... Ele via aquele estranho monumento, sabia que algo estava ali... Mas,
um pensamento maior o incomodava:
-Alice... Eu te amo...
-O quê? Mas, você não tem sua família? César?!! – Então... A
moça-coelho viu César tomar uma lágrima e se transformar em Cimitarra, ao qual
ele disse:
-Sei que você amou este homem-deus, pois ele te deu vida...
Mas, fui eu, Alice, fui eu!!! -Então,
César agarrou Alice para beijá-la, e ela bateu eu seu estômago e correu para
perto de algumas árvores... Nisto, vei um pensamento que a incomodou:
-Este maldito... Ele me matou! Ele me deixou ser devorada
por aquele monstro-dentes-de-sabre! – Alice olhou para o lado e havia uma faca,
ao seu lado, uma peça de xadrez que ela nem notou: um peão.
A coelha-moça pegou a
faca e escondeu sob o vestido de flores azuis... Chegou perto do obcecado e
babante César, que a agarrou.
Logo, ele a deitou na
relva dourada, mas, mais logo, um filete de sangue caiu sobre a terra e um
berro de César. Ao lado de Alice, ele gemia, parecia assustado com algo que
via:
-Adeus! – A coelha
iria matá-lo, porém, olhou bem em seus olhos... E o viu.
Girou a mão e rodou
para trás, neste momento, um vento se deu e o véu escuro da névoa se tornou
ele, o Último Serafim. Em silêncio, o ser era pálido e seus olhos vazios...
Alice não olhou para eles, lembrou do conselho do Caído, vi-o pelo reflexo da
adaga...
O Ser mudo, então,
olhou para o chão e a menina-coelha também, lá estava um tabuleiro de xadrez,
com peças... O tabuleiro se estendia pela relva... Se estendia por tudo!
O Serafim pegou duas
peças e as jogou para longe, César e Alice foram lançados para o outro lado da
Ilha... Que eram pequena, como a chance deles de ficarem vivos...
A coelha então abriu
um buraco e os dois se esconderam... Ela tentava fazer uma tala para o braço
cortado de César:
-Alice... Descobir algo... –Falava enquanto gemia – O Pai de
Violeta... Ele... Ele... Esta lembrança é de sua morte, quando os Serafins o
levaram... Eu sei por que...
-Hã?
-Ele... Ele por uma vez fez algo perigoso, ele teve um
sonho! E os serafins não puderam mais matar os anjos... Não puderam governar o
mundo... Pois, com um sonho, o Pai seria o mestre deles, pois, barganharia com
cada um...
-Mas, ele morreu por quê? Não tem sentido! –Gritou Alice
-Por que a vida não é feita de sonhos... Eu vejo isto
agora... Ela é feita... Por nossas mãos!! – E César viu que tinha o poder de um
Serafim, e se curou do corte, disse ainda:
-Alice, busca o que é este ser... Quem é o mudo!
A moça-coelho olhou
para o papel em que estava escrita a última letra... Pensou e perguntou:
- César quis me amar, eu quis matá-lo, o Serafim Mudo é
aquele que está com nossos desejos mais profundos e secretos... Mas, qual é o
dele, o que ele quer e ninguém sabe?!
O papel lhe
respondeu... Ao pé do ouvido
Neste hora, abriu-se
todo o chão e apareceu o Serafim, com dois pequenos peões...
-Eu lutarei com ele!!! – Gritou César, cheio de si.
-Não há como lutar com nossos desejos mais profundos...
Amigo... –Disse Alice, e nisto, olhou para o fundo dos olhos do Serafim...
-Olhe para mim, vil criatura muda!
E ele olhou
-Eu te ofereço algo que você quer, mas, que esconde em
segredo para sim mesmo... Eu te ofereço, uma nova chance!!! Uma vida mortal!
-... –A criatura muda olhou Alice... Sem palavras, ou
melhor, se movimentos ou pensamentos, algo dentro daquele manto de neblina
bateu: um coração de metal voltou a bombear. E uma lágrima desceu do rosto do
Serafim...
-Alice! –Disse César, voltando a ser pássaro –Você?!
-Apenas um deve terminar esta viagem, meu amigo César... Vá,
vá e termine com isto... – E debaixo do vestido, Alice, a menina-coelho,
retirou a maçã-de-vento, ela mordiscou um pedaço e derrubou o resto, que caiu
na terra e afundou.
Seu corpo de moça
expandiu até virar uma gigantesca bola de carne... Então, o Serafim puxou com
um vento e, César ainda teve tempo de se agarrar na mão da moça, que apenas uma
lágrima derramou...
A Neblina a engoliu e, depois, explodiu...
Todo o ar nebuloso de Los Petras saiu, revelou-se o sol e do
sol acordaram brotos...
-Olá, Guerreiro
César!
O pássaro acordou
feliz, pois era a voz de Alice, porém, não era mais ela. Apenas com sua face e
orelhas, estava mais alta e com uma couraça de armadura negra, sobre capa
branca, não, não era mais ela:
-Sim, sou eu, o Serafim Mudo... Você me conquistou,
derrotou-me, mesmo que não tenha sido você...
-Então, Alice...
-Ela está bem, ela será eu e será imortal, como eu sou...
Agora que meu vício foi morto, farei com servidão o que me pedires... Sei quem
és e a quem serve...
-Sabes? –Disse o pássaro, chorando por dentro pelo que
ouvia, ainda confuso
-Sim... Um Pai que uma vez teve um Sonho... Ao qual está
cada vez mais difícil ter hoje... E o seu sonho está em sua filha, está lá...
Não deixarei que nada aconteça a isto... Apesar de ter matado ele há anos
atrás, quando com engrenagens ele fez este sonho...
-Por quê?
-Oras, agora eu tenho uma nova chance... Só precisava disto...
Só precisava de... Alice – E ele sorriu com o sorriso dela, que não estava mais
ali – Agora, vá, eu cultivarei aquela maçã e logo terei milhares de novas
chances... Mas, primeiro, você tem de ir ver seu mestre... Vá, vá e faça você
mesmo!
E o Serafim estalou
os dedos, e tudo não passou de uma tela de pintura: o Pássaro César estava
novamente lá, aonde tudo começou, lá: entre lápides, viu aquela de seu
mestre... Aonde apenas estava escrito:
Saudades.
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Menina Coelha 2 - Ab ungibus leo
Cápitulo 2 – Ab ungibus leo
Um pequeno vento o
levou para o Leste, enquanto caminhava para lá, com suas asas a bater, César
levava consigo três pequenas armas que lhe dei para derrotar os serafins: cinco
lágrimas, três letras e uma maçã-de-vento. Com as lágrimas, ele poderia tomar a
forma de pessoas que conheci na minha vida, com as letras, ele poderia saber de
três segredos, com a maçã, poderia fazer uma bomba que expandia tudo até os
confins do, fazendo com que quem a comesse se transformasse em luz e pó.
Com a primeira letra,
César fez com que uma montanha lhe desse um mapa de onde estavam os três
serafins. A velha montanha de arenito lhe deu, chorando em sua poeira:
Três ilhas, a
primeira, a Ilha de Campo, estava o Gigante Cimitarra, na segunda, a Enorme
City Apple, o Serafim Caído, na terceira. Ilha de Las Petras, o Serafim Mudo.
Lá foi César,
caminhando por uma corrente de vento até a primeira Ilha, à Leste. Lá estava um
enorme descampado, aonde não havia nada mais que cabanas e pessoas com fazendas
de coelhos. No meio de um enorme vale, lá estava a casa de Cimitarra, seu nome
era Centro do Mundo.
Enorme e vil criatura, era um Smilodon, felino de
dentes-de-sabre. Comendo em um enorme prato três coelhos, que ainda vivos, grunhiam e mexiam seus narizinhos César apenas olhava a criatura, que antes era
um serafim, mas, ao comer um coelho depois de matá-lo sem querer, foi tomando
forma monstruosa, até se tornar um monstro pré-histórico... Este monstro deu um
nome de arma a si mesmo, Cimitarra. Era o Governador da Ilha do Campo, ao qual
julgava todos se eram dignos ou não de viverem...
César questionou a um
aldeão o por quê de subjugarem-se a tal criatura, e ele lhe respondeu:
-Há anos nós somos assim, nós só somos nós porque temos a
coletividade... E Cimitarra nos deixa assim, juntos, subjugados à Ele, nós
somos felizes, pois não precisamos de nós mesmos... Não precisamos de Alice.
E César descobriu quem era Alice: um menina-coelho de
cabelos vermelhos, vivia no Centro do Mundo, no castelo estava, lá, numa jaula,
atrás de Cimitarra... Ela era bruxa poderosa, mas, sem memória passada... Sabia
aonde estava a personalidade de cada pessoa da ilha, só que não lembrava... Não
lembrava nem aonde estava a de Cimitarra, a antiga Verve de Serafim dele...
O pequeno sabiá sabia
que deveria salvar Alice e não matar o gigantesco Smilodon, pois era contra a
violência... Mesmo isto indo contra as ordens do Pai de Violeta, Saudade. Então,
César foi com suas pequenas asas e a bolsa aonde escondia suas armas, logo, pôs
uma lágrima em seus olhos e se disfarçou de Rufião, o menino que bateu no Pai
quando ele era pequeno.
Com forma bruta, passando por soldado, César chegou até um
enorme salão, cheio de escudos, daqueles que tentaram matar Cimitarra em tempos
antigos. O pássaro pegou um deles e uma lança e foi ver o ser governante, que
estava comendo sem parar os coelhinhos.
-NÃO TRAZ AQUI VIOLÊNCIA, SOU O REI DELA, DE NADA VALE ISTO
– Veio uma voz das paredes, ao qual César temeu por sua vida... Ele não fora
avisado, mas, todo o serafim tem mil olhos em todas as direções... Se tentasse
ir por qualquer lado, em qualquer lado um atacante morreria, já que estes seres
eram os aqueles que matavam anjos.
A gigantes criatura
se virou, e César apenas viu que em sua calda havia uma jaulinha, e nela, Alice
estava. O pássaro em sua forma de Rufião lançou a arma e abriu a cela, de onde
a menina-coelho caiu, e os dois correram, e a criatura correu atrás, destruindo
toda a mobília do salão
Atrás de um enorme
par de chinelos, o pássaro ouviu da moça:
-Obrigado ser desconhecido... Em séculos apenas mortos
vinham aqui... Te agradeço com um beijo, te amo agora! – E a menina-coelho
beijou a face de César, que olhou-a bem... Sabia que aquilo era errado...
Aquela ideia que tivera...
Os chinelos foram
jogados para o lado e lá estava ele: Cimitarra, enorme e furioso.
-Antes de me matar,
você pode me dizer se come coelhos? –Perguntou César
-COMO! CRIATURA RATAZANA! POIS, SUA CARNE É MACIA E ME
LEMBRA ALGO!
-Eu sei o quê!
-O QUÊ?
E César agarrou Alice
pelas orelhas e a jogou nas presas do enorme Smilodon:
Ele a destroçou e se
alimentou dela.
E depois, muita luz.
Os olhos da criatura se abriram em duas pérolas negras... Ela ajoelhou e
das costas arrancou-se um homem de barba e vestimenta militar...
- O QUE... O QUE HOUVE...?!!! –Perguntou o homem
-Você estava com uma coisa importante, Cimitarra, você
estava sem você mesmo! –Disse o pássaro –Apenas Alice poderia te dar isto, já
que diziam que ela era a Personalidade de todos... Mas, -chorou o pequeno ser,
já voltando a ser pássaro na forma – uma rosa morreu hoje...
O serafim olhou
aquilo e disse, com olhos pesados:
-SER... VOCÊ ME LIBERTOU, TE DEVO A MINHA VIDA EM SERVIDÃO
QUANDO PRECISAR, PORÉM, ESTA MENINA TAMBÉM PRECISA SER AJUDADA!
-Ela está quieta agora, silêncio de morte! Nada podemos
fazer e há de ter!
-ERRADO ESTÁ... SE TUA LÁGRIMA QUE USOU PARA SE TRANSFORMAR
EM HOMEM PODE MUDAR A FORMA DE UM PÁSSARO PARA UMA LEMBRANÇA VIVA, TAMBÉM PODE
MUDAR UM MORTO PARA O MESMO
-Mas... Ela... Não durará nada!
-A ISTO DEIXE COMIGO... –Disse o serafim
E César derramou a
lágrima nos restos destroçados de Alice, a menina-coelho renasceu na forma do
primeiro amor adolescente do Pai, só que com cabelos ruivos vivos e as orelhas
do pequeno roedor branquinho...
-Mas, o que há
aqui?!! -Perguntou Alice.
-UMA NOVA VIDA E UM AGRADECIMENTO – Disse o Serafim,
dando-lhe um beijo na boca da moça, seus olhos tornaram-se pedra topázio –
AGORA, NÃO ESQUECERÁ MAIS DE NADA... EU TE MATEI UMA VEZ, NÃO FOI ESTE
PÁSSARO... TU DEVES SERVI LO ATÉ QUE EU PAGUE A DÍVIDA COM ELE, EM TROCA, COM
ESTE BEIJO, VOCÊ TERÁ A MEMÓRIA E LEMBRARÁ DE TUDO QUE VIVERES A PARTIR DE
HOJE... ADEUS, ALICE...
E a moça-coelho,
atônita, se afastou e viu o serafim abrir enormes asas de celofane, voando e
explodindo o teto do salão. César segurou-a pela sua mão e lhe disse:
-Agora temos de ir, tenho uma missão, moça dos olhos de
topázio...
-Mas, as pessoas daqui... De meu mundo...
-Sem Cimitarra para segurar suas personalidades, elas florescerão – sorriu César.
Os dois voaram em
direção Nordeste, para a Ilha City Apple e, enquanto voavam, as flores brotavam
das cabeças das pessoas da Ilha de Campos. Logo, os aqueles campos floresceram
logo, ideias nasceram... E os eus deles voltaram a ser eus. Alice agora olhava
todos com alegria, pois, esta era a primeira memória boa que tivera em anos
...
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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Menina Coelha - Memento mori
Capítulo 1 - Memento mori
Eu me casei aos 5
anos, disse minha filha, enquanto eu a ouvia, em silêncio. Seu marido tinha 16
já e estava num colégio do Céu, próximo aos anjos, que tinha asas
multicoloridas de papel celofane. O nome de meu genro era Tomas, eu o amava
como um filho, mesmo ele sendo apenas: um sonho. Sonho de minha filha
Enquanto ela
caminhava, caiu em pequenos espinhos – me disse no outro dia – o Tomas estava
longe e não a protegeu, ele era seu amigo imaginário e havia abandonado minha
filha... Não acreditava mais no amor, nem ela nem ele, não acreditavam mais em
nada... Eu ouvia em silêncio enquanto ela contava que quando pisou no primeiro
ramo de espinhos, o mais um veio até sua perna e se amarrou nele, indo e
subindo, ia caminhando por sua perna e a prendia.... Os ramos foram até suas
partes secretas e com 13 anos, minha filha sangrou pela primeira vez... Seu
amigo e marido Tomas estava longe, eu supunha que ele havia sido levando pelos
Asas de Todas As Cores, como eu, anos atrás, no mesmo ano de quando ela se casou.
O sangue de suas
perninhas fez com que minha antiga rainha, Felícia, que podia se transformar em
uma gata ( eu usava isto para conquistar corações de metal, bombas hidráulicas
de sangue, como o meu, por aí), a trancasse em um Hospital. Porém, a menina esperava
sair dali o quanto antes... Fraca, mas, confiante, continuava a me contar as
coisas, por meio de cartinhas enviadas por passarinhos... César era o mais fiel
deles, quase um amante dela... Aquele pequeno bem-te-vi era minha única
comunicação com minha filha, que me contava coisas mais atrozes a cada pequeno
bilhetinho escrito com ponta de cateter:
O nome dele era
desconhecido, ele era um Padrasto. Não era como o meu, avô de minha filha, que
nos criou com amor que seus filhos que não teve. Ele era estranho... Médico de
Felícia, tentava sempre arrumar seu nariz, orelha e boca, pois isto desagradava
a minha ex, sempre mexendo, tentava cada vez mais deixá-la como ele: seu nariz
ela pontiagudo, suas orelhas, em cima da cabeça, seus olhos, esbugalhados e vermelhos
pela cólera, me davam uma mostra de como era a Beleza, desde que eu fui levado
pelos Anjos-De-Todas- as Cores...
Mas, minha ida para o
Silêncio daquela cripta não me deixava de pensar em minha pequena filha, que
casara com 5 anos com um sonho, eu não me permitia... Meus ossos cada vez mais paralisados e meus vermes cada vez mais com fome, pois minha carne acabara...
Eu era apenas uma Enorme Vontade, ao qual eu dei o nome de Saudade. Saudade foi
aos poucos se tornando meu nome, e eu contei isto a minha filha... Ela me
contava que este nome combinava com meus olhos, sempre verdes, como o mar de
nossa cidade suja...
Foi em um dia, quando
a mãe de minha Filha estava sedada. O Padrasto tomou uma pequena garrafa de
gasolina e despejou nela, com um pequeno corte de um fio solto e conivência de
uma enfermeira amante, deixou e esperou minha ex ligar seu ventilador... Era um
dia quente, era quente como o inferno... Mas, isto não era importante, não
ligava daquela fêmea me encontrar no silêncio, apenas ligava para o que César
iria me contar dias depois....
Minha filha, sedada e ainda zonza, apenas viu um Padrasto
com seu tubo de carne vermelha e nojento, coisa odiosa... Coisa que não é pra
ninguém!!! Coisa que é ato indigno, não pela parte biológica, mas, pela ação
odiosa... E a pequena... Um dia ela acordou no ato, um dia ela chorou por
Tomas, mas, o maldito havia ido embora...
Como eu fui embora...
E a Saudade foi se tornando algo estranho, força motriz. Foi
indo na única parte que havia sobrado na minha carcaça: bomba hidráulica cheia
de coisa vermelha que não mais havia... Ela foi revivendo, foi tornando-se algo
poderoso... Algo forte...
Mas, minha filha ainda estava no Hospital, sua mente estava
em um feitiço de medo. Ela ia a escola com outros meninos, belos meninos para
genros, mas, nenhum ligava para ela... Pequena garota de 17, cabelos roxos até
a testa e tênis de borracha: também ela não ligava, a Filha era muda – a mais
maligna cirurgia do Padastro.
Eu tinha que fazer
algo agora... Só que o Padastro era agora nomeado Poderoso, pois nos ossos
chamuscados de minha esposa, aquele Médico achou a Escritura de todos os meus
bens. E com eles ele tomou para si um Castelo, aquele Hospital; ao seu lado,
deixava uma mansão, no quarto embaixo das escadas, minha filha jazia... Muda.
Morta, semi-morta.
Eu tinha que fazer
algo agora, mas, como minha única forma era César, tinha de levar em conta que
ele estava velho, fraco, penas brancas na cabeça... Só que, tinha de me ajudar!
Pedia a ele que me achasse três pequenos serafins, eles eram loiros, forma de
meninas, olhos negros... Como demônios antigos, foram eles que me levaram anos
atrás... César aceitou a missão, porém, me disse:
-Cuida da minha família? É minha última viagem nesta vida...
Meus ossos estão frágeis meus sonhos, se foram, meus filhos, crescem... E
apenas algo me mantém, O Algo que Me Faz Lembrar...
E minhas palavras no
silêncio lhe prometi um terço do meu reino em vida e uma parte do meu coração
imortal para cada filho do pequeno sabia. César aceitou e nunca mais voltou
para a janela de minha Filha, ao qual o pássaro me dizia que tinha a única
alegria de ser Violeta, a menina muda, mas, que ao menos em seus cabelos
coloridos, fugia do reino maligno do Poderoso.
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