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domingo, 28 de abril de 2019

Poente, Fantasma, Ronda da Madrugada

Poente.
Odeio... Estar assim
Morto de esperar
Esperanças afogadas
Nas lágrimas que já estão secas
Como um riacho que não mais
Desemboca num mar
Não mais quero morrer apenas,
Quero virar solo, ser útil
Porém, silencioso
Porque o som do meu peito
Dói numa desarmonia de minha alma
Irrefletido num espírito
Que se perde
Entre os dentes
Vociferando palavras erradas
De um cara errado
Deprimido, entre o sol
Poente

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O fantasma atormentava seu coração
Mas, eterno é o presente
Que se lembra da solidão
Dos passos cansados,
Ar parado no peito
Quando, insuspeito
Abriu-se às vestes
De um abraço solar
Abraço amigo
Fazia tocar, o coração fantasma
Desperto estava
Naquele presente




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Há um silêncio pela casa
Ronda a madrugada
Firma na noite
Não é alvorada, nem tu
Oh face iluminada
Deixa de ser contada
Há um silêncio da penumbra
Mesmo com a lâmpada ligada
Tudo permanece ali
Eu, ali, preso
No eterno presente
Na função arbitrária
Julgamos um passado que esquecemos
Esperamos futuros possíveis
Mas, estarei eu sendo juiz implacável
Sem direito à me deixar em paz?
Mas, estarei eu sendo possível
De sustentar pernas, sonhos e bocas
Quando às tempestades passar?
O presente, lhe sou preso
O presente, lhe sou grato
"Sê tudo naquele que crê"
Que pra Ele se deixe o julgo,
Mas, dá força
Pra segurar minha espada
De ferir a mim mesmo
Que eu esteja presente no que sou,
No erro
No acerto
Posso estar presente, pra mim mesmo?
Peço, rogo
Naquela morada há silêncio
Naquele lar, o meu coração
Ouço a harmonia da canção muda
O eterno presente é caminho
Não apenas, um simples fractal
Pois, sou passarinho
Pois, voo na noite
Daquele silêncio, um mundo um cantinho
Naquele aquietamento
Não sou o universo
Escuto o verso
O presente da alma




Escuta, amigo
Escuta o silêncio

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Se chorar e Escrever atormenta

Se chorar, canta um tiquinho
Se sorrir, guarda no espacinho
Em que brilhe seu coração
Uma lembrança boa
Uma nota bela


Anda, aguenta firme
Existe sol na janela
A esperar que te conquiste
Um pouco de sossego nesta vida
Um pouco,claro, de momento triste
Uma paz com você
Que insiste
Em ver eu
Como eu
Não sei ver

Anda, aguenta
Que o coração não arrebenta
Se durar mais um dia
Se mantém a sonhar
A fazer
À tentar
Canta a música da sua alma
Pela janela, o universo
Sorri meu abraço

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Escrever, uma atormentação
Seja dos diabos
Seja a firmeza divina que me sustenta
Sejam estas palavras entrecruzadas
Escrevo mal, pois não quero ser lido
Tenho medo da descoberta deste produto
Deste pó, deste egoísmo que é meu estilo
Meu pedestal de artista é mínimo
Poucos amigos, poucos sorrisos desperto
Nada tendo para criar, repito
Repito o que encontro no meu peito
É lá que acho minhas palavras
E em alguns poucos livros
E em muitas conversas
E em caros amigos
Não espero mais nada desta vida escrita
Não escrevo nada que não circule
Entre a amargura
Ela entra, se instala e me diz sempre:
-Você fracassou, garoto... Olha os outros
Olho, vejo sorrisos, vejo a vida
Mas, não há, duvido, não a vejo em mim
Escrevo palavras mortas, não para gente só viva
Mas, para quem está um pouco morto
Tento aluminar uma laterna, acender um cigarro, lhe dar um café
E cortando as linhas como estrofes, busco lhes dar um fundo, mínimo, é verdade
De que é possível, mesmo para um inútil como eu
Dar esperança:
Voem, cresçam
Esta é a palavra dos mortos, daqueles
Que fundam e firmam a terra sob seus pés
Vá, escreva
Vá, voe
São as linhas de um moço que no fracasso, ainda escuta o som do infinito.

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-Deita teu ouvido no chão, pequenino, ascuta... A voz daqueles que firmam teus pés, aqueles por quem trilha seus passos. Honra os mortos com as linhas que escreve, bastião, na tua estrofe no livro da vida (Eduardo Ricieri, Os 9 Castelos, 2025)

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Os contos de Dalton e os haikai de Leminski combinam com nosso calar de poucas palavras curitibanas. São parte de nossa paisagem Geográfica Literária...