sábado, 7 de julho de 2018

Segunda Dor nas Costas d Nervoso

A poesia está no silêncio
Do olhar perdido de um horizonte
Aflito, apaixonado ou
Na ironia de cada dia
Em seus braços nos levando
A vida
E cada esquina que passo
Cada cheiro, toque que tenho
Estou lá
Na minha presença de si
Consciente em algum nível
De minha estrofe interna
Meu verso amarrado, atado ao peito
Minha âncora fixa entre a palavra não dizível
E toda a estrada entre eu e você
Que me lê
Pequeno leitor, de um mínimo escritor


A poesia está no silêncio do grito
Sufocado do silogismo, lógica épica
Canção de março, água de abril
Frio do inverno, amor de verão
No seu abraço, ah, naquele mesmo
Na memória, na lembrança
Que é calada
Mas, que guarda
O mundo inteiro


A minha presença, agora velho
Enrugado e sereno
Entre as rabugices, entre as fúrias juvenis
Vai apagando uma ou outra coisa
Vai deixando
A memória, eu
Minha presença vai ficando quieta
Me torno poesia
Me tornarei estrofe dos outros
Alguns me amando, outros me odiando
Mas, eu, enquanto a um velho cão neste mundo
Abarco ele inteiro
Observando-o, de revesgueio, canto de olho
Silêncio
Da poesia
À memória
À história
E filosofias

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Cada homem vive em contar sua história. Se não pode resgatá-la, se você simplesmente a odeia, se coloca-a sobre a esfinge de sistemas ou condições simplesmente materiais, alheias a você e sua responsabilidade, já não está mais neste mundo, mas, apenas grita e chora nele, em um amor pelo desespero. Busca matar deuses, pois você em si já não reconheceria nada ou nenhum deles, sua história é meramente um dado, uma estatística, um verbete de enciclopédia ou alguém que poderia ser lembrando apenas num momento sem emoção, ao lermos algum obituário antigo.
-Morreu hoje, fulano de tal, uma boa pessoa
Não tente mudar o mundo, não é necessário ou possível e apenas te representa o ego que alguma ideia lhe pôs e você acredita que elas estão fora de sua cabeça, na fala dos outros. Busque contar sua história e ser uma pessoa que tenha medos, arrependimentos, algum carinho e virtudes que possa guardar em seu tesouro.
Pois, talvez o que se chama espírito apenas seja a arca que abarca meu mundo. Indizível, mas, que conto, ponto a ponto, nas minhas histórias

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