sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Arqueólogo #Agentes do Caos

                                                                  Os deuses forjaram a lua e depois, uma estrada de tijolos amarelos para ela. A princesa, celada no castelo, chorava sangue pelo amante, aquele que fora derrotado pela deus... A tristeza dos dois fazia toda a terra triste, tão triste, que as ervas tornavam-se negras e mortas, os pelos dos animais caíam, os reis não tinham governo, os médicos não mais curavam, estrelas não podiam ser contadas, nem lidas.
                                                            Então, o dobrão de ouro caíra nas mãos do ladrão. Dando seu corpo ao Corrupto, ela gerará com ovos um milhar de homens-cobra, sedentos por sangue e ossos, eles não vão parar até injetar seus ovos em todo homem e mulher, criança e idoso, até que todos os guerreiros caíam e sucumbam a força de seu império.
                                             Então, e só então, os Senhores do Caos se cansarão deste mundo, com suas asas irão jogá-lo para longe e, com seu braço que se estende por montanhas, esmagará cada vivo ou morto, carne ou metal. Então, só então, o Caos reinará como o silêncio e não mais o barulho.
                                                         *
 Levava este manuscrito rápido para meu chefe, em Madchester. O velho Emanel Sworblü estava com uma cara péssima, se fosse possível piorar sua cara já feia! Sou arqueólogo de Indiana e meu nome é Johnes Stevens-Lucas, trabalhei sempre como consultor para a Ordem... Mas, agora, tinha algo muito importante, algo concreto demais para ser simples crença.
 -Você, -falou Emanel- Johnes, tão racional e cartesiano, me trazendo um pedaço de pano de 500anos atrás... O que é isto? Ficando mole depois de velho?
  Tive vontade de esmagar a cara dele, mas, com certeza, ele podia me matar com apenas uma mão, então, continuei: "-Há mais de quinhentos anos, barcos e mais barcos de colonizadores pararam em Asteca e Inca, derrubaram e mataram, mas eu descobri algo que prova que "mais alguém" esteve antes por ali...
 -O que? -Surpreendi o velho.
 Não era pra menos, o que falava era dum plano de nossos inimigos, os Corruptos do Caos, haviam guardado a muito tempo, nos templos e casas por toda a floresta amazônica e nos Andes. Difícil acreditar, mas, enquanto Lorde Azul fundava a Ordem em Bretan, os navegadores escandinavos cruzavam os mares gelados, os chineses, o grande mar, assim como os habitantes das ilhotas ao longos desta imensa porção d'água, junto deles, pude provar, até agora, que três dos "Caóticos" estiveram nas terras ao sul do Equador. Dois tinham sido náufragos, e não tinham tanta importância, mas, um terceiro, vindo das ilhotas do grande mar me chamou a atenção: parecia um peregrino, suas ordens eram de causar a desordem por onde passasse, era um mestre em domínio de um tal de Mana (desculpe, mas a região dele não a de meus estudos, por isto, a ignorância), além de ter um corpo de homem, mas cabeça e pele de tubarão. Fora cultuado por alguns povos, mas, parece que foi morto por um poderoso senhor dos Andes, uma serpente emplumada que queimava como o sol, esta guerra foi a responsável pela criação das Cataratas que temos lá hoje em dia, são registros desta batalha -claro, elas não foram criadas pelos dois, mas seu tamanho aumentou, e muito, graças a tal batalha épica.
 -Histórias Stevens, apenas histórias não me interessam! -Disse-me o velho chefe da Ordem da Lâmina Azul.
 -Mas, a morte de seu filho sim, não? -O velho me jogou contra uma parede e falou se eu sabia de algo sobre isto...
 -Ele morreu em circunstâncias misteriosas... Haviam ovos dentro dele! Talvez...
 -O que?! Acha que meu filho virou portador de ovos duma raça demoníaca? E o que o homem-tubarão tem haver com isto?!! -Capturei o velho...
 -O homem-tubarão, ou melhor, no tempo em Iguaçu que ele viveu, foi lá que encontrei provas do manuscrito espanhol que lhe mostrei... Ocorre que talvez nem os próprios Agentes do Caos soubessem da existência de tal membro, creio que o plano que ele começou a 1300anos foi "reativado" agora... Por quem, eu não sei!
 O medo estampou os olhos do velho... Homens-lagarto era a última coisa que ele queria, considerando o estado em que a Ordem caminhava, cada vez mais para "o buraco". "-Você sabe como parar isto?", perguntou-me o velho, "-Sim", respondi a seu temor.
 Às 22horas do dia 28 de janeiro de 1912, um grupo de vinte cavaleiros da Ordem Azul, incluindo o próprio líder Emanel, partiram para o mausoléu da família em Dublin; tinham, como os instrui, eliminar todo o corpo de Rihan, o filho do velho, queimariam o corpo e por três dias o velariam... Eu ficaria aqui, preparando ervas para localização de outros ovos (aprendi tal receita em livros antigos de padres em missões espanholas de Iguaçu).
 -Obrigado, meu jovem! -O velho sorriu para mim com seus dentes amarelos e pôs as mãos nos meus ombros... Eu havia ajudado muito a Ordem e merecia "tal gratidão", incomum ao velho tais gestos. Partiram depois.
 Fique alguns dias na casa, boa comida e bebida, belos quadros e livros -da época, séc. XVII/XVIII, em que eram grandes. Entrava no quarto e fingia que trabalhava, manhã e noite. No terceiro dia, sai um pouco, falando aos empregados que precisava ir a uma padaria, descansar uns minutos da rotina -claro que me olharam feio, pois seu patrão era inflexível a dar horários e folgas-, mas fui.
 Sentei na mesinha, tomei um café, um homem de capa preta passou perto de mim, deixou-me um jornal. Terminando o café, abri o jornal, fingi lê-lo, os vigias da Ordem estavam por toda a parte naquele bairro; peguei o telefone marcado nele e, depois de ir ao banheiro, voltei-me a cabine de telefones da padaria, arranquei um fio de um deles, liguei:
 -Esta tudo pronto, vão ficar fora mais um dia. O código das armas é BRAVO-1PJ e HIDDEN SCONTEN, há vinte canhões anti-aéreos cobrindo a região, mas com os códigos, é só desativar;
 -Duó mitriar -Falou-me a voz em "duendês", logo, entendi, às 20horas deveria matar os guardas da torre que controlava os canhões, inserir os códigos e sair o mais rápido possível, pois, como sabia, nada daquele bairro sobraria com três bombardeiros.
 Desliguei, paguei minha conta e, sob olhares desconfiados, desci a rua e peguei um bonde, eram ainda 17horas... Talvez alguém tivesse ouvido, mesmo tendo cortado o fio duma escuta no telefone que usei, mas, e daí, meus poderes começavam a se abrir, minhas mãos ficavam roças... Os Agentes do Caos estavam vindo.



 MUSIQUETA DA POSTAGEM

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