sexta-feira, 8 de março de 2019

Chuva, gavião, amor fruto

Chove, como em m'alma
que escorre entre as paredes
duma vila sem nome, qualquer uma
cai a chuva, que pinga n'entre os ouvires
gotas ilimitadas de si
cata cada gole d' água
alma que escorre
chove lá fora
chove aqui dentro
forma rio
corre, vaza, escoa
no delta dum mundo qualquer
de terra salgada de lá
me escorre de cá
passo, escorro
o rio permanecerá
a água choverá
eu, riofico

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Por um momento, vi um gavião
Nele, foi meu coração
Por aqueles horas, vi o tempo
Nos olhos do gavião, para os meus
Vi o ilimitado de meus limites
Do alto, vi pequeno eu mesmo
Todos nós
Nos sonhos imanentes, instinto de gavião
Abri a tudo meu olhar ao mundo
Por um tempo, dois dias ou mais
Pareceu-me que sabia muito
Mas, apenas olhava com os olhos do pássaro
Não os meus
Não há ordem nesta cultura da desordem
Neste galope de cavaleiros bêbados
Já estou ébrio de mim
Já me assola o gavião
Me lembra teus olhos:
Sou pó, mas sereis sal desta terra?
Pode resistir a olhar tudo
Falar nada
Voar, poderá voar, gavião?
Até que o sóis apaguem e
a luz deixe o sem limites
Voa, gavião
Por um momento
Nos vimos.

---

Frutifica no peito
do seu amor
Aquilo que ele
Quis ser
Paciente, veja ele
Livre
Abraça, beija e deixa
Voar com você
No imenso
Céu presente em todos nós

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