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sábado, 9 de novembro de 2019

Tua fronteira, casinha italiana

Frentes mapas
Que escrevi pelo teu corpo
Com letras de topônimos
De nossos encontros,
Daquela vista no ônibus,
Àquele sorvete sobre a mesa,
Na batata do botequim.
Planisfério definido em ti
Em teu traço para mim.

Faço as fronteiras que em
Nós enlaço
O próximo fronte a ser descoberto
A nova cascata nas Áfricas
A ser achada, para nascer o Nilo
É o teu sorriso!
Fronteiriço, corrente do rio
Seperas e calas
A alma contigo
Num abraço 'inimapeável'
'Inecontrável'
'De um lugar nenhum'
Sendo contigo todos
Todas as tardes em busca
Daquele próximo sorriso
Daquela fronteira de Paraíso
De um pequeno tesouro
Escondido em desbravamento
Dos dias, assim


---

Caminho pra casinha italiana

Olhinhos cintilantes
Viagem do céu ao peito
Com as estrelas cadentes
Sobre meus passos
Fulminantes, entre o dia
E a noite, quando te revejo
Entre os beijos
Daquele quarto qualquer
Naquela casinha à italiana
Onde se esconde, entre-meios
O meu peito.


A conversar com meu
Olhar, vejo estes cintilantes
Passeio, entre seu sorriso
Festejo, com seu abraço
Toco as pontas dos dedos
Tecendo com nossas mãos
O dia de amanhã
A noite de segunda, a manhã de terça
E, de tardinha
Uso seus olhos que cintilam
Em minha memória, farol, guia,
Para guiar a minha volta
À casinha, ao lar
Que trago contigo
N'meus olhos, q'agora
Cintilam

Cintilamos

---
































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sexta-feira, 14 de junho de 2019

Segredo da Esfinge, Tarde feliz triste manhã, América Latina

E a honestidade consigo é a verdadeira honra


---
Pitágoras me escreveu uma carta
Nela, alheio li, fora de meus
Pensamentos, pelo deserto
Por suas areias, o festim do tempo
Cada passo pesado dado
Voltou a ser leve e aquecida
Memória de um homem
E seu menino
Jogando pinball, num boteco
Numa vila, duma cidade temperada
Ao sul do mundo
Donde já não estou

Me diz a Esfinge, a resposta
(Secreta para Édipo):
-Jamais voltarei a ser menino
Jamais estarei a ser de todo homem
Logo, velho, morrerei nestes passos
Mas, pra sempre deixarei pegadas
A quem as queira contar nas areias

Fechei o livro, com a carta do matemático
Contei as horas: eram 2 da tarde
Não sei de qual domingo
Era o aniversário de meu pai
Já não era mais aqui
Mas, lá que estava
Lá no meu coração
Aonde vaga o deserto que não o alcança?
Pois, solto é o infinito
Dos passos que jamais serão mapeados
Na areia
Do tempo
Da língua da Esfinge
Do vento, no peito
Que vira as páginas do meu livro.

---

Dois montes de concreto
Abriram o céu azul
Azul das tristezas melancólicas
Latiam os carros, gritavam guardas e vagabundos
Meu peito estava silencioso
Aos olhos dela
A garota que olhava para o céu
Pintava as estrelas seus pontinhos
Sardinhas no rosto do universo
Recheios das nuvens de algodão
Que sopradas pelo tingir
De brancos ossos
Levaram a preocupação do marinheiro
De oceano profundo, mas que secou
Olhava a garota nele e ele nela
Algum ponto cardeal secreto
Escondido, incerto
Na vida presa nos novelos
De um céu azul
Vazio de nuvens, estrelas
Porém, como o mar, posso navegar?

Te amo, naquele dia.
A chave caiu, a porta escancarou
O José não pergunta do agora, mas de ontem
E meus olhos de Capitu, ressacam
O mar seco do marinheiro
A muse olhar ao céu
Pesca a chave, dos Argonautas
Abre o tesouro e firma
Como o bem que pode ter

O abraço do instante, do Eterno Presente
Que não nos prende, nos dignifica
Envio a você, moça que olha o céu
Azul como a tristeza, terminada
Em toda a aventura que poderás ter
O abraço e beijo infinito
No instante, sem mito, poesia ou enseada
Pois, navegar é preciso, e navegando
Sem parar

Olha o céu, pequena, olha
Que brilha todo o teu ser
Obrigado
Pelo porto seguro
No céu do oceano azul, de mim e nós.

Segunda, 10 de junho.


---
A gente morre sozinho, ao sol e ao escuro
Aproveite
Abra-se
Pois, fechei-me em casa
Joguei a chave
Esqueci-me


---
César, vencido entre as pedras
Foi acorrentado nas caravelas
Foi tomar noutro lado do mar
As terras da Cidade do Sol
Ao Norte, nasceu as 13 Colônias
Ao Sul, um Império Espanhol fragmentário
Em centrípeta força
Vai de reto ao sul ainda
O Gigante de língua portuguesa dorme
Sonhando em acordar
Mestiço, centrífugo e munido de cetro férreo
Um povo que já não crê no esforço de anos
Mas, quer tesouros em dias
Pirataria nacional
Corsários, de favela ao asfalto
Do café até a soja
Planta, mas apenas colhe
Agricultura sem semeadura
Que livros se queimem
Para fazer o carvão em dias frios


César, bêbado de vinho
Não reza mais para cruz
Pois, os meios findaram em fins
E vidas terminam no eu
Eu revolto em si
Oceano tempestuoso
Engole as caravelas
Morre o náufrago que de livros sem páginas
Tem fome.


quarta-feira, 24 de abril de 2019

Veste, Rosário, Raminho, Lua e Sol

Nas vestes de sua boca
Teci a minha renda
Do soldado cansado descansa
Rendido aos teus braços
De menina, que aguenta.
No perfume no ar
Que tu voz desperta
Há não mais que esperar
Àquela rosa
Que vi naquele pequeno
Jardim d'espírito meu
Me chama
À aventura
De ver o céu, contar as estrelas
E ver que nele falta uma
Sol que é você

---
Douta moça, sábia
De um deserto em rosário
Levava nas contas
Cada livro e mister
Orava por mim
Orarei por ela
Neste deserto, que em horas
Tem flores carmim
Outras é o vermelho do sangue
Pude escrever neste oásis
Temporário de palavras
Pois, as palavras são vento
Mas, o vento infla os peitos
Respirando e dando efeitos
Mando a ti este feito, sábia
Em meu rosário conto os pontos
Cardiais do nosso caminho
À Ele
Em nossos vacilantes passos
Sempre vacilantes
Estarei sempre contigo
Sábia
A ler-te os livros
Das palavras ao vento
Agradeço, obrigado
De um transpassente
De um deserto, que também
Há de ter suas flores
Com rosários"

---
Numa noite, um passarinho
Levava um raminho
Na boca
Era o mar da escura treva
E ele atravessava-o
A achar terra
Meu passarinho voou
Um galho achou
Dele plantei minha árvore
Dela fiz minha morada
Meu passarinho, minha amada
Vive comigo
Eternamente, enlaçado
Nos ramos de meu lar
Naquela nova Terra
Ao quais os mares
Já não mais cobriam
Apenas banhava
---
Aspecto de uma Lua
Que beijava o oceano, numa mágoa
das cinzas praias
Viu-se, pouco a pouco
Ser Lua Nova
Sua luz, vinha do Sol
Seu coração, aquecia
Mostrando novamente
Sua face com aluz dos dias
Oh Sol, tu que me beijava na boca...
Poderei eu, disse a Lua,
Te acompanhar nos dias?"

domingo, 7 de abril de 2019

Girassol na Praça, Caminho de Amar, Sob o Mal

O amor não era pra ele, preferiu continuar caminhando. Olhou a paisagem, sorriu, guardando nisto cada lágrima do vazio que sofreu. Deitou-se, dormiu, na eternidade.
Amar não fora coisa dele, nunca foi bom nisto. Esperou, errou, jamais se perdoou.
Estes dias, o vi dormindo na relva daquela paisagem, ficou preso num novelo de sonho.
Amar não era coisa que acreditava, a porta se fechou, a luz apagou, e ele dormia.

---
Na Praça, no sábado,
Vi um girassol, cair do céu como uma neve, andou por aí como menina.
Cresceu à luz solar
Bailou como mulher, com ursos e lobos, aprendeu psicologia com raposas,
viveu a voar, com os passarinhos roxos,
Azuis e amarelos, aqueles
Que hora me pousam no bolso
Aquele girassol, me contou um segredo:
"Da vida não tenhas medo, de mudar o seu caminho, desde que no vento
Leves consigo sempre ao sol"
Saiu ele, com capinha e espada, à lutar no seu passinho
Eu fiquei, ali mesmo, no bolso, passarinhos

Fiz da conta um colar
E dos anos minha estradinha
Passei entre vários matos e muito aprendi
Na minha pracinha
Hoje, o vi,
O girassol menina, com seu reininho
de amiguinhos e flores
mandei um oi, tomamos sorvete e comemos pipoquinha
E num domingo mágico qualquer
Deu-me nova luz, aquela amarela, plantinha

Olha, girassol, olha
Que a luz é eterna
Enquanto caminhas

---
Não busque as emoções e sentimentos. Livre-se do julgamento, daquilo que pensas precisar fazer para amar, pois, isto será veneno.
Provamos o amor por atos, não palavras. O sentimento virá, pois o amar é maior que uma palavra: Amar é um caminho, o meio à vida.
---
À guerra dentro da cabeça
Da gente
Quando passou a tempestade
Teu navio está naquela névoa
Aquela mística nuvem, que encobre as paixões
Que me fez perde o desejo de mim
Que me fez odiar o cheiro do mar
Que, naquelas noites de domingo intenso
Me afoga no oceano que sou
O combate cessou, não há mais tambores
O sorriso da moça, me veio a cabeça
Naquele dia de chuva
Ensopado até os ossos, aquele momento icônico
De qualquer história contada
Pois, a história é contada sempre, queira o que diga
O estúpido acadêmico, sacerdote
Que jamais será capitão de nada
Será sempre após, sempre um depois
Antes, antes houve a crise, a revolução
Agora, haverá os mortos
As lágrimas
A ferida dói depois do corte
E quando você vê, sente
Mesmo naquele momento, a adrenalina passa
(Seja isto o que for)
Mas, daí, enquanto o navio está
Névoa matutina
O sorriso parece pequeno
Pois, questiono o que eu fiz
Ser culpado pelo temporal que quase virou o navio
Encharcou-me até os ossos
À guerra me levou
Dentro da gente
Dentro do peito, os tambores vibram
Chamam pela batalha que passou
Que eu sobrevivi
E que talvez, torça o nariz, como torço o espírito
Por ter superado
Levado com leveza
Beijado a princesa
Ou, apenas, ficado

Daí, ela veio
Como de mansinho, não me convenço
De merecer agrado
Busco motivos, pra no oceano morrer afogado
Mas, ir para a guerra, meu amigo
Meu criado, minha Alma
É lutar, não brincar com o cajado
Livra
Leve
Tenta voar como o pássaro, capitão
Pois, você consegue
A ferida doerá apenas depois do corte
A lágrima, depois do não-dito
Mas, o sorriso
Aquele sorriso
Dela, da sua Alma
Aquele sorriso é ao Infinito
---
Os males se espalham pelo mundo, queimam a tudo, corrompem o que foi belo, o que estava em nós, aqueles que eram bons. Duvidaremos, porém, não é errado, temeremos, porém, temer Aquele que É nos trará coragem, buscaremos algo que sustente, mas, a verdadeira base é a estrada.
Sim, o mal é em maior número, mas, diga, meu amigo, aquilo que é bom, mesmo que único, mesmo que secreto, mesmo que você não creia em nada que lhe faça ajoelhar-se e ser humilde, mesmo que você nunca o veja operar, ele está lá. E a bondade está em menor número, porém, é insuperável, frutifica, pois não precisa nada mais que se deixe por ela infundir, é duradoura, mesmo com todo o açoite, toda a mágoa, toda a solidão... Você poderá durar, não será bom sempre, não seremos nunca, mas, nosso mal não remediará o bem, pois, mesmo perdidos, podemos achar o caminho, e se perdidos novamente, ainda estaremos seguindo.
Admita-se aberto e receba.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Chuva, gavião, amor fruto

Chove, como em m'alma
que escorre entre as paredes
duma vila sem nome, qualquer uma
cai a chuva, que pinga n'entre os ouvires
gotas ilimitadas de si
cata cada gole d' água
alma que escorre
chove lá fora
chove aqui dentro
forma rio
corre, vaza, escoa
no delta dum mundo qualquer
de terra salgada de lá
me escorre de cá
passo, escorro
o rio permanecerá
a água choverá
eu, riofico

---

Por um momento, vi um gavião
Nele, foi meu coração
Por aqueles horas, vi o tempo
Nos olhos do gavião, para os meus
Vi o ilimitado de meus limites
Do alto, vi pequeno eu mesmo
Todos nós
Nos sonhos imanentes, instinto de gavião
Abri a tudo meu olhar ao mundo
Por um tempo, dois dias ou mais
Pareceu-me que sabia muito
Mas, apenas olhava com os olhos do pássaro
Não os meus
Não há ordem nesta cultura da desordem
Neste galope de cavaleiros bêbados
Já estou ébrio de mim
Já me assola o gavião
Me lembra teus olhos:
Sou pó, mas sereis sal desta terra?
Pode resistir a olhar tudo
Falar nada
Voar, poderá voar, gavião?
Até que o sóis apaguem e
a luz deixe o sem limites
Voa, gavião
Por um momento
Nos vimos.

---

Frutifica no peito
do seu amor
Aquilo que ele
Quis ser
Paciente, veja ele
Livre
Abraça, beija e deixa
Voar com você
No imenso
Céu presente em todos nós

sexta-feira, 1 de março de 2019

Liberte os outros

Não se afete pelos outros, admita-os como outros para que você ganhe a consciência sobre sua parte com eles. Ser caridoso é também saber o que você é consigo, é estar aberto a lutar com o outro e morrer com ele. A morte da fraqueza e depressão, é ser amigo àqueles que precisam e tentar, o máximo que puder, ouvir e acreditar no outro.
Se a arrogância bater a porta, observe o que fez que despertou no outro suas flores, seus cardumes de potências, aquilo que você pôde fazer e despertar a constelação do outro. Deve se aceitar a sua pequenez no universo, porém que você faz parte dele e só isto representa que você poderá participar de toda a sua possibilidade limitada por você ser pequeno, porém, e aí está o encanto, por ser você.
Você será pro outro em muito o que você é consigo. Nossos símbolos são limitados, mas estarmos abertos, é caminho do infinito.
...
Seja amigo, o que não impede o inimigo, mas firma sua mão na batalha



---
Ouvir é sacrificar a fala. Porém, quando nos comparamos com o outro, não com as ações ou força, mas com a banalidade, a putaria e a materialidade, a dor corrói o egoísmo, o pior deles, que é a ambição- o não entendimento de seus limites, que é o que constituirá nós mesmos


---
Entre minhas rugas, corre um menino, porém com dor nas costas.


---
Nunca fui um homem, uma pessoa. Sempre o estranho, o esquisito, ou no mínimo o inteligente... Um sujeito apenas adjetivo, fui um símbolo, mas a solidão permanece. Apenas eu como alguma pouca coisa pra alguém e a realidade, o resto, me traz a dor do nada.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Homem na Lua, Viajante, Estrada da menina

Entre o espaço de seus olhos
Viajei por todos os oceanos, das profundas Marianas
Aos altos céus de Everest
Cruzamos os olhares naquela esquina de Paris
Naquele ônibus em São Paulo, na capital dos desolados
Na pequena estrada de alguma vila, em Portugal
Ou nas plantações de flores secretas, no Paquistão
Entre o espaço de minhas mãos
Te abracei e senti o toque do mundo inteiro
Me sustentando às pernas
Os ombros cansados se repousaram
Minha voz se calou
E eu viajei
Entre o espaço de seus olhar, com o meu
Meus pés se firmaram no solo
Caminhando por uma estrada de outro
De outros mais que caminharam
Que falharam ou governaram
Que venceram ou resistiram


Entre o espaço de seus olhos
Já não mais precisei me ver no espelho
Pois, estava completo, contigo
Vi eu mesmo


---


Saudação de um homem na Lua

-Dentro do seu corpo
Dentro de meu corpo
Um raio de fogo percorre do pecado até minhas entranhas
O festim de um foguete
Iluminando a noite escura
Aqui ao sul dos trópicos


-Te vejo vir, com seu jeito
Com seu todo o seu você
Não posso mais sentir ou demonstrar o que sinto
Calou minha boca
Fazendo falar a minha alma

-Também já não posso mais, resistir a tal fusão
Que traz a sua boca
Para a minha
Forja o aço de uma lança, que furou o céu
Que chega a até a Lua
...
Agora estou aqui, nesta terra pálida de cor açúcar
Como tua pele
Vejo a Terra, ela é azul, solidão verte dos mares
Mas, a força, a força de tantos que estão aí
Enterrados
Eu os sinto, eu os vejo, eu estou com eles
Estarei com eles, como estou contigo, Aquela que Olho

E na Lua, o Olhar se perdeu
Aquela que olhou, espera por ele
Assim como ele espera por ela
O tempo para para os dois
Quando vêem um ao outro
Mas, a Lua e as estrelas continuam em seus movimentos
Misteriosos

Dentro dos corpos celestes, haverá luz?
Dentro das vistas dos homens, haverá escuridão?
Agora estou aqui, nesta pálida terra cor de açúcar
Devaneios mil, azul de meu peito, cor anil

Minha alma fala
Quando a boca cala
E a palavra escreve




---
Caminha, jovem menina
Caminha, corre
Busca aquilo que falta no seu peito
Que a estrada se faz na caminhada
Na batalha que forja
Aquilo que na paz falta
Não desista
Continua
Que a vida é contínuo
Pode sofrer
Mas, ainda há pelo que sorrir
Sempre haverá
Sempre caminhará
Mesmo que com passos lentos na velhice
Ou afobados, na juventude
Fugindo d'onde está
Ou atacando com a carga de um cavaleiro
O inimigo a sua frente
Estará ali, menina
Dependente de seus passos


Agora, me abraça
Dorme bem comigo em sua cabeça
Pois, estou aqui contigo
Sou aquele que segura sua mão sempre
Que você precisa sempre estar contigo
Me vê no espelho,
E neste olhar amigo espera
Eu que sou você
Te fazer um pedido:
Continua e caminha
Que só na estrada se faz e se enfrenta o perigo

sábado, 11 de agosto de 2018

Sábado com algum french touch


Entre as torres da cidade
dormem os sonhos
dormem os amores
dormem lágrimas
o que corre sobre mim
cai como a chuva
da luz do crepúsculo
em cada pensamento
fugindo entre os olhos no mundo
fixa! Fixa!
no céu poente da memória


---

N'alguma praia
entre o fim do mar
na linha do horizonte
entre a boca dos dois amantes
um fim inteiro de todo o amor
terminado entre o último abraço de ontem
e o amanhã solteiro
em seus pensamentos
Caminhando na praia
estavam os dois
perdidos em alguma dimensão paralela
nada falavam
tudo diziam
vi n'aquilo um verdadeiro amor?
ou, cúmplices de um crime
dois ladrões da alegria do mundo
no momento deles
abraçaram o tudo, inteiro
entre a distância de suas bocas, toque de suas mãos
entre a distância da praia à linha do horizonte
entre a distância de limite de seus fios de cabelos
até aqueles pequenos fios brancos
Tudo, inteiro
Apenas dois, pra dois
N'algo entra no mar
Cai no horizonte
E me beija
Me beija até tudo
Tudo estar completo
Que crime, isto
Que crime

---
Na fumaça, em que todo o fogo
Está
Minha cabeça funcionando
Emitindo
Ideias como louco
Caçando seus moinhos
Conversando com seus demônios
Volvendo em seus ventos
Ares de pensamento
Da brisa até a tempestade, nas frases
Na caçada
De algum momento
Presente, parado no tempo
Registrável como poema
Ficção de alguma filosofia futura
Fumaça de nem sempre fogo
Ideia que nem sempre boa
Presente que esconde ora fundos vales
Ora serras
Nebulosas serras! Terras de Sóis, estrelas miradas
Artes passadas
Que em seus montes, ó serras! Que em seus montes me
Aqueça este inverno
Nas constelações
Torres das pontas góticas de uma capela
De todo o meu poema guarde
E ali, ali
No sacrário que me inspiras a escrever
Musa que aquece o coração
Da neblina, da fumaça do mundo inteiro
Escreva ao menos uma letra da verdade
Uma pequena coisa daquilo que passo
Da minha alma que presenteio
Mundo inteiro
Mas, sei, ora sinistro, funesto ou surdo mundo
Que jamais preciso dele uma resposta
Mas, que eu, Musa Sofia
O ajuntarei de perguntas
O questionarei nos poderosos, nas coroas e jóias
E buscarei nos passarinhos, no orvalho
Na rosa
Ou no ônibus de manhã, no salgado da padaria
Alguma prova desnecessária
Apenas porque já está lá
No meu peito
Que toda a real poesia da alma
Já encanta um pouco o verso inteiro
Queima cabeça! Queima! Que de sua fumaça, me faz verso!

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Romântico vazado



Ato de destruir leva pouco tempo,
Termina com obra longa
Confiança, um castelo, um Império
Tudo cai rápido, mesmo que demorado
Mas, a memória, algo fica
Permanece, algum sorriso
perdido no canto do rosto
Alguém olhando perdido um espaço
Um lugar qualquer, cheio daquele
significado perdido, permanente de sentido
Esquecer não é destruir
É calar


Descanso, depois da vida
Terá caos, naquilo que já vivo?
Amar é perder-se
Ou descansar eternamente?

---


No toque de suas mãos, completo
Meu olhar no seu
Inteiro, descubro cada mistério
Escondido no seu corpo
Contido em sua história
Meu pedacinho brilhante de memória
Meu momento crescido de fascinação


Mas, estava apenas ali
Na sombra ausente do passante
Naquela rua chuvosa
Naquele aceno em algum ameno
Aperto do peito
Saudade, saúde, momento

Cima, embaixo
Descubro na aventura de dois
Sendo um, eu mesmo
Algum caminho feito a pares de passos
Na poeira da cidade perdida
Na trilha da montanha
Naquele pôr dos mil sóis
Entre dois olhos
Completos
---
Em algum canto de lá
Uma moça sentada, perdeu os olhos
Nos meus
Sai da sala, ela não mais lá
Estava
Estando num ponto qualquer
Algum canto de cá
Quentinho no peito
---


Solto
Num vôo cadente
Entre os lábios, sou palavra
Poema contente
Ou tragédia latente
Ruído em ironia
Ou grito da epopéia
Romance de alguém, pira incendiada
Prometeu que leva a luz sagrada
De algum versinho galante
Pra você, pra mim
Perdido entre alguma flor
Sol adormecido numa lua acordada


Palavrinhas em verso
Rimas de sorriso de canto dos olhos
Valorize o que te guarda, não o que te usa
Abraça o que fala com você
Não o que fala de si por você
E em uma ou duas palavrinhas
Um amigo agradece cruzar seu caminho

sábado, 12 de maio de 2018

sábado sexta

Olhar pro lado e sentir que nada tem
Não tenho amigos que já não incomodei
Ou luzes que apago com minha sombra
Reduzo-me ao silêncio
Não quero incomodar
Mas, meu grito sai por palavras
Abafado, quieto
Ninguém se importaria
Em dois anos apenas lembrariam
Aonde aconteceu a despedida
Não, apenas uma lembrança
De um homem-máquina sem motor
Vendo-se como sucata
Atrapalhando vocês
Com sua estranheza
Palavras e modos
Desculpe, mais uma vez

----
Existo por apenas duas horas em cinco dias da semana. Na hora da aula ou explicar. De resto, sou uma parede quando não se olha.

----
"A coisa que te guarda
Que cria abismo na real
É a distância da tua boca da minha
Afetando, num inferno astral
Todo o contínuo espaço-tempo de nós juntos"

---
Entre o vento e uma boa coxinha
Existem mais mistérios que nos múltiplos
Cálculos estelares
De meus cálculos renais
Seguindo compassos
De dança cósmica
Entre um sorriso amarelo
Em crise depressiva
Ou um abraço
Que já nem sei mais perdido
Ou festivo
Ou mesmo, faustivo
Contratando socialmente com o Diabo
De um afago a uma indiferença
Entre o vento
E uma boa coxinha
Existe um mar de picuinhas e gracinhas
Numa aula perdida
Nos arredores de Curitiba

domingo, 15 de abril de 2018

Fragmentos de domingo 19

Pois, a chuva está vindo, meu amor
e eu já não temo mais ficar molhado
perto de você, má amie
apenas a giro das tempestades e as órbitas
de planetas em mundos sombrios,
dos globos oculares
do peso dos corpos
e aquela escuridão torna-se
doce
e aquele fingimento
sadio
só que eu não estou na chuva
estou estranho
um estranho na perdição de si
Um estranho antes da chuva

----
"Há uma tendência a dificultar tudo"


Sonhos, abraços e beijos
Coisas agradáveis são difíceis,
Coisas mais sinceras
As aventuras são difíceis
A intolerância, a ignorância e estupidez
Gratuitas
Ainda assim, o tudo pode ser belo, estimulante
Ainda que minha vida esteja cinza
Parca
Perdida
Em algum momento ela estava lá
Viva.
Mas, a vejo agora numa vitrine
Um pedra perdida
Em si mesma
Alguns momentos ela ressurge, ela voa
E por estas linhas que você lê
E eu escrevo
Algo nasce em algum rio
Algo corre entre uma nascente e algum delta do engasgo
Por aí
Algo corre
O tempo escapa pelas mãos
E tudo fica difícil


A aventura se cala
A vitrine se despedaça
E eu já não sei quem olha no espelho
E quem já foi olhado


Olha, uma pequena luz
Perdida em algum lugar
Belo, estimulante e moral
Apenas sentimentos de um desocupado bardo

-----
Escondi uma pérola aos porcos
Aos poucos
Era um deles



sábado, 7 de abril de 2018

Seis poetas de sábado

Estava andando pela rua cheia de matos, quando
Súbito ouvi seus passos
Cantava sobre o vento
Riscava sobre a estrada se seu olhar
Eu a vi, mas já não havia vida mais lá
E pelo encanto, por magia tremida da terra
Fui varrido para dentro dela
E já não havia mais nada ali
Já não havia mais eu
Apenas ela
Apenas tudo, mas apenas no passado de seus passos
Que eu caminhava e existia
Não era uma sombra, mas a inflexão
Entre seus lábios a cada palavra a te ouvir
Entre seus cantos de olho, lá eu estava
No pequeno assobio do vento
Estava em todo o lugar com ela, mas
Já não estava
Não mais


Meu nome era Tobias,
Um grande gato amarelo e gatuno
Que pelas pradarias te via e encontrara
Escondida em uma brisa de passos


----

Rute olhava o Céu
Era o seu maior crime, em um mundo feito de pedras
Ela foi presa numa torre, mas de lá ainda olhava o infinito
Buscando respostas
Buscando a si
Rute era mal vista, ninguém gostava de Rute
Mas, ela andava por ruas vazias
E se sentia presa por forças invisíveis
Rute, uma alma que viajou
Estava nas estrelas
Mas, também estava ali
Enquanto caia
Rute voava pela janela, já não era mais
Rute
Já não existiam mais sombras de ninguém
Quando viram Rute desaparecer
Ela já não mais olhava
o Céu




-----

Foi a última vez que vi Tomé
Me falava de sua última viajem de ácido, ou pra Barcelona
Já não me lembro, já não lembro o que havia no meu copo
Ele entrou num ônibus
E as portas se fecharam fazendo um som estranho
Tomé estava dentro de uma enorme serpente metálica

De toda a tua técnica empregada
De toda a força que lhe torceu o metal
De toda a matéria morta para fazer seus motores gritarem pela cidade
Apenas via meu amigo ir embora
Apenas senti um pequeno bater de asas de borboleta

E quando vi, estava no furacão
Estava no olho daquela cama, que me puxava
A gravidade do sono dos justos
E eu nem era tanto assim
Cansado, caí, tombei
E nunca mais vi Tomé
Ele agora estava lá
Eu ali
Em algum lugar
Todos nós estamos
Mas, você escuta o bater das asas?

----

JAMAIS FUGIRÁ DO MEU JULGO
FARISEU DOS INFERNOS
Gritou o homem nos montes nos primeiros anos de nosso calendário
JAMAIS FUGIRÁ DE MINHA JUSTIÇA
Ó INFIEL
Disse algum europeu no medievo
JAMAIS FUGIRÁ DE MEUS GRITOS DO QUE É VERDADE
Ó IGNORANTE
Me disse aquele pequeno homem com suas estatísticas e ferramentas de medição
JAMAIS FUGIRÁ
DE TODO O MEU APARELHO
Me disse o censor, antes de cortar minha cabeça,
Botá-la numa caixa
Deixá-la "bonita, formal e justa"
Fazer com que eu clamasse palavras que não reclamara
Que não entendia
Apenas em um grito uníssono
Apenas um grito
Apenas mais um na história humana
Dos enormes pesos dos olhos dos outros
Sobre sua fronte
Sobre seus olhos, apenas a tormenta


Não poderás fugir de nós
Oh, jovem das trilhas
Nós temos agora o Aparelho
E você, apenas a sua consciência


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Estava mascando chiclete
Andando de bicicleta
Na praia mais linda dos teus olhos
Perdidos no mar de abril


Quando se ama,
Não se perde
Se acha tudo
Até o erro é doce
Até o amargo é apenas uma pedrinha
Só vejo pontes quando amo
Jamais muros
Jamais as muralhas se elevam

Estarei amando?

Estava
Não

E daquele chiclete grudado embaixo da mesa
Daquele café que te fiz
Daquela luz da praia que agora
É o pôr do Sol numa montanha qualquer
Vi um pequeno túnel
Uma pequena trilha de pedras
De mãos dadas
Abraços
E amigos

O amor não é misterioso
Só se vive sendo muito mais no corpo d'outro
As vezes, por fortuna, aquele também responde
O sinal do farol
Senão, a vida se vive
No mar persegue
Meu tesouro
A minha pérola de seu olhar
O seu sorriso que apaga toda a chama do peito
Toda aquele turbilhão que sai,
Que te sente
Sente ao ver, ao tocar, sentir com cada parte
Está ali, naquela trilha
Já não vejo apenas pontes, construo o que quiser
Já consigo firmar meus passos no horizonte
E nós, dois equilibristas da Vontade
Afastamos e voltamos
Como a maré que nunca te deixa
O mar
De meus olhos
Meus desejos

Imensidão de oceanos
Profundidade de carícias
Universo de mim em nós
Me compra um chiclete?

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A palavra que escrevo
É de um desocupado
Escrevendo nas paredes, tentando gritar
Naquela cela dentro de si
Que para outros é tão macia, quanto qualquer
Outro navio
Partem para aventuras, escrevem para mim
Apenas os vejo
Não estou com eles
Apenas os vejo contando sobre o resto de suas vidas
O desprezo do desocupado
Daquele que apenas nunca verá nada de belo
Pois, apenas está sobre as feias
Tripas do desassossego


Aquele homem magro, chamado Eduardo
Estava entre os últimos que embarcaram no trem
Ele olhava para mim com olhos fundos de polaco
Azedo entre as palavras
De um desocupado
Não via nada mais que uma prisão
Aonde eu via uma estrada
Aonde eu estava?
Estava ali, a olha Eduardo com tons sérios
Enquanto seus olhos fechavam
Cintilantes de uma noite de 20 horas acordado
Eu o olhava fixamente naquele trem
Em cada palavra
Do desocupado
De si mesmo
Negava ocupação

E, no espaço vago, desocupado
Eu estava olhando Eduardo
No reflexo do espelho
Às 6 horas da manhã
No lugar vazio, o Eduardo
Sentando
Não-existindo
Entre alguma perdida manhã de sábado

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Construções

Gostar de alguém é querer construir com alguém e não de alguém, não a pessoa como exercício de seu egoísmo em mudar, mas mudando o mundo com ela. Do seu para o nosso, respeitando-se enquanto dois juntos. Amar é doar, mas não doar-se além da conta, de perder a capacidade de enxergar: o que o outro me oferece? Estaremos construindo pontes, estradas ou castelos?
Palavras de homem que já não amará mais, de sua muralha braveja o deserto de si mesmo
Na estiagem da multidões de eus, sem alguém.