Não se afete pelos outros, admita-os como outros para que você ganhe a consciência sobre sua parte com eles. Ser caridoso é também saber o que você é consigo, é estar aberto a lutar com o outro e morrer com ele. A morte da fraqueza e depressão, é ser amigo àqueles que precisam e tentar, o máximo que puder, ouvir e acreditar no outro.
Se a arrogância bater a porta, observe o que fez que despertou no outro suas flores, seus cardumes de potências, aquilo que você pôde fazer e despertar a constelação do outro. Deve se aceitar a sua pequenez no universo, porém que você faz parte dele e só isto representa que você poderá participar de toda a sua possibilidade limitada por você ser pequeno, porém, e aí está o encanto, por ser você.
Você será pro outro em muito o que você é consigo. Nossos símbolos são limitados, mas estarmos abertos, é caminho do infinito.
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Seja amigo, o que não impede o inimigo, mas firma sua mão na batalha
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Ouvir é sacrificar a fala. Porém, quando nos comparamos com o outro, não com as ações ou força, mas com a banalidade, a putaria e a materialidade, a dor corrói o egoísmo, o pior deles, que é a ambição- o não entendimento de seus limites, que é o que constituirá nós mesmos
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Entre minhas rugas, corre um menino, porém com dor nas costas.
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Nunca fui um homem, uma pessoa. Sempre o estranho, o esquisito, ou no mínimo o inteligente... Um sujeito apenas adjetivo, fui um símbolo, mas a solidão permanece. Apenas eu como alguma pouca coisa pra alguém e a realidade, o resto, me traz a dor do nada.
Abriu a porta, sem medo Viajou pelo tempo Até quando nasceu Viu tudo que não fez Fechou a porta Convocou seus próprios demônios para uma guerra Me abraçou e disse: -Adeus, meu amigo
Eu lhe beijei a face Entreguei-o aos romanos Disse adeus Me disse adeus
E em poucas linhas, toda a vida estava Morta Movimento transpassado Pontos no céu, que chamavam de Estrelas Apagaram-se entre a porta Que se fechava
Vi tudo que eu fiz E tudo que eu não fiz, m'oprimia Mais do que a extensão de mim mesmo Perdi a guerra contra meus demônios Perdi meus braços para abraçar Vi o passado Sonhei com o futuro Temi o presente
Chego ao corredor, sigo para a próxima Porta Pelo próximo, adeus Estaremos condenados à despedida?
Apenas agradeço agora Apenas isto, estou vivo Eu beijei-lhe a face, mas jamais O entregarei E nas poucas linhas, que fazem parte De minha vida Pude provar que estou vivo Não mais, nem menos A porta se fecha, eu agradeço Obrigado por tudo.
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CAVALEIRO
Com as últimas forças O cavaleiro, deixa Seu corpo cair Queda. Apenas traz pequenas Chamas Ao último suspiro Caminhante Por aí
Eu estava lá, eu vi Quando ele voou Entre as campinas, escreveu na rocha Lascou a pedra com seu próprio espírito Escreveu: -Aqui jaz, um pequeno homem, num universo de tudo o que mais há, haverá e está, mas, um homem que esteve
Compreendi, que tudo o que as vezes vale Ter vivido Tudo o que viveu Todo o sofrimento, toda a lágrima Todo o sorriso, todo o caminho Todo o encontro e batalha Jamais sairá ou deixará
Então, eu, o algoz daquele cavaleiro O enterrei com a honra que pude Obrigado, meu amigo
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ANITA
Minha pequena russian girl Esta flor vai pra você Ela é cor do céu, o entardecer Vermelho como meu sangue, quente Como teu abraço Mas, jamais tenho algo mais para te dar Desculpe a pobreza Anita Seu sangue agora é óleo Sua pele, metal Seus olhos, ainda me vêem Mas, eu poderei vê-los? Sou capaz de muitas coisas, cacei em mil mundos Cacei muitos na minha mente, outros com minha lança Encontrei tesouros, outros perdi Encontrei um coração em uma máquina Chamada gente Não mais encontrei pessoas Cada vez com mais óleo que sangue Metal que pele Cada vez mais sozinhos em si mesmos Não percebi, Anita Eu estava sozinho
Procurei por um mundo inteiro Procuraria pela galáxia Mas, não preciso, não mais
Aqui está o meu presente pra você Uma flor Uma rosa da noite Pregue teu espinho, serás novamente humana Me desculpa, Anita Já não estar mais contigo Alguns tesouros, precisam De tempo Outros, jamais se encontra Mas, se vive com eles, ainda Dentro da gente
Aqui está, Anita A rosa que me tornou gente Viva bem, abra o mundo E se um dia sentir que uma destas não-gente Te olhar com olhos verdes perdidos Saiba, lembra do meu nome Cuida do meu ser Anita Um beijo
Nunca poderia escrever um romance
O tempo das palavras
Sua distância em períodos distantes
Bem, meu amigo, já se deixaram em mim
Recuou-se
Revolto
O mar das frases, dos capítulos perdidos
Sobre náufragos e astronautas, de algum planeta Terra
Escondido sobre minhas pálpebras
Sobre sua boca, que repete o que escrevo agora
Em sua mente, ou em voz alta
As letras de um poeta sem rima
Um romance abortado nos confins de um berço
Vazio
Nunca poderia escrever um romance
Me falta o tempo da palavra
Me falta o tempo
Tempo da alma
Alma em pedaços
De algum terraço
Uma moça me espia na janela
Eu sorrio pra ela
Nunca poderia escrever um romance
Pois, não tenho você
Poeta que está dentro de mim
Você se perdeu
N'algum de meus oceanos mentais
E agora, fiquei com as frases sem rima
Dissabores do mesmo tempero
Fagulha apagada da mesma vela
A iluminar seus ruivos cabelos
Em alguma lua de prata
Ou apenas ilusão
De um terraço que em que vejo
Pássaros na revoada
Voa, voa palavra
Escreve o poema sem rima
Avisa o náufrago de sua sina
Alerta o astronauta os perigos do vazio
Que dali, em meus períodos distantes
Dali escrevo meu romance
Já não mais sabendo entre eu, e a biografia
Recua
Recuo
Volta
Volto
Mar de oceanos de mim
Céu de você, que me lê
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E na severidade, o místico entrou sobre os palácios da Terra, onde os doutores diziam serem a própria Lei. No seu lado sombrio, todo o oceano das amarguras das infindáveis rotinas, dos velhos amigos aos poucos abraços, um pouco de si, ainda aluminado, caminhava, em solo de fúria, por um vale de ois e tchaus nas lágrimas dispersas na chuva. Voa, pássaro, voa e tenta, pois é o que lhe resta