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quinta-feira, 27 de junho de 2019

Superar, Vício

Só se supera quando se entende ou se sabe o que viveu. A ciência advém de uma certa brutalidade consigo em uma guerra interna, mas também um acordo. Abraçar-se, você e a memória de seus atos e omissões, o nosso acesso ao passado, faz parte deste processo, severo, porém doce, de perdoar-se verdadeiramente e partir, assim, ao novo.

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Ter o vício parte também do desejo de possuir para si uma experiência completa, o início e fim de um ato, que você presencia e lhe traz prazer. É a busca de completar a sua incompleta existência, pelo consumo de coisas, que você organiza, seja em atos, técnicos e cheios de maneirismos - como fumar um cigarro, beber uma bebida, manter uma relação com alguém tóxico, etc. - e que lhe darão o poder de terminar aquilo. Me parece uma busca por ser não apenas o criador, mas o viciado busca destruir/consumir a coisa em ato, busca o controle, em si, do tempo - a morada da alma - mesmo que este seja apenas o "tempo das coisas".

domingo, 28 de abril de 2019

Tagarelice, Testamento, Escrita dentro

Cada vez mais acredito na auto educação. Exige mais disciplina e a pressão social do meio - amigos, colegas e professores - do é difusa ou diluída pelo contexto das obras de referência.

Não é apenas estudar e ler, é saber quando calar a boca e refletir, silenciosamente e consigo (se bem que as vezes parece que se topa com gente de interior vácuo), porque coisas como este mural são como amplificadores de vozes: milhões de vozes, esperneando em busca da atenção que não dispendem consigo, repetindo chavões e slogans.
Talvez esta seja apenas uma voz mal-educada, verdade, assim como isto não vai ser lido e talvez seja só esta "tara pós-moderna" com opinião, mas em alguns momentos quero ver uns vídeos de gatos ou memes normais, usar as redes sociais pra rir... Porém, realmente eu deveria ficar no silêncio, assim se ouve, mas tente aguentar a tagarelice infernal.


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Por dentro tudo, por fora, nada.
Na tensão em ser e parecer
e sendo inútil,
me despeço nestes passos
Perdidos em algum deserto
De prédios
Sem almas abertas
Só portas trancadas
Na janela escancarada
Deste farrapo aqui
Triângulos místicos pitagóricos
Não fazem efeito
Slogans de Marx e Mises
Biografia patife de Nietzsche
Nada surte efeito
Neste rigor consigo
Misericórdia débil com outro
Imbecil coletivo
Estou sempre tido incluído
Enquanto, nenhum fármaco
De mister
Parece reduzir a dúvida
Cartesiana
Sobre onde termina meu eu
Começa o seu
Mas, indo além
Terei eu confessado em Hipona?
Terei eu os cavalos de Vontade Potente?
Terei?
Sem ter tido, sofro em ser
Reduzo à aparência
Coletando evidências
Escrevo esta carta testamento
Pretérita
Que dentro do peito não pare a guerra
Pois, a paz de, me diz Tostói
Nele está
E rogo fortaleza
Rogo por você, leitor em sua mesa
Sê diferente, sendo honesto
Com você.



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Escrever, sem parar, em busca
Da tensão, linha presente
Numa mera aparência imprimida
Impressão do mundo
Impressa nestas palavras

Achei ser doente uma vez, pela palavra acometido
Mas, não mais
Minha doença nada tem haver com a cura
Que a escrita me traz
Sem parar
A tensão permanecerá
Entre o ser e o buscar o todo
A tensão elétrica das máquinas não irá parar
A abertura do espírito, por alguma música da alma

Posso permanecer azedo
Paralisado
Conformado, estatizado
Libertado estarei aqui
Nesta pena
Nesta pena e café
Ao meu lado, triste gato, ágora cachorro
Pássaros na janela
Sol lá fora
Assim como a lua caminha
Numa natureza
Ou na cidade-fortaleza sob meus pés
Os passos de uma escrita ilimitada
A partir da palavra indizível
Indescritível
Que é viver
Vivo impresso
Impreciso
Na tensão, sem parar
Escrever, é lutar
Dentro de si, pros outros.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Porta e mais 2 ou Anita e a Rosa Negra


PORTA

Abriu a porta, sem medo
Viajou pelo tempo
Até quando nasceu
Viu tudo que não fez
Fechou a porta
Convocou seus próprios demônios para uma guerra
Me abraçou e disse:
-Adeus, meu amigo


Eu lhe beijei a face
Entreguei-o aos romanos
Disse adeus
Me disse adeus

E em poucas linhas, toda a vida estava
Morta
Movimento transpassado
Pontos no céu, que chamavam de
Estrelas
Apagaram-se entre a porta
Que se fechava

Vi tudo que eu fiz
E tudo que eu não fiz, m'oprimia
Mais do que a extensão de mim mesmo
Perdi a guerra contra meus demônios
Perdi meus braços para abraçar
Vi o passado
Sonhei com o futuro
Temi o presente

Chego ao corredor, sigo para a próxima
Porta
Pelo próximo, adeus
Estaremos condenados à despedida?

Apenas agradeço agora
Apenas isto, estou vivo
Eu beijei-lhe a face, mas jamais
O entregarei
E nas poucas linhas, que fazem parte
De minha vida
Pude provar que estou vivo
Não mais, nem menos
A porta se fecha, eu agradeço
Obrigado por tudo.

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CAVALEIRO

Com as últimas forças
O cavaleiro, deixa
Seu corpo cair
Queda.
Apenas traz pequenas
Chamas
Ao último suspiro
Caminhante
Por aí


Eu estava lá, eu vi
Quando ele voou
Entre as campinas, escreveu na rocha
Lascou a pedra com seu próprio espírito
Escreveu:
-Aqui jaz, um pequeno homem, num universo de tudo o que mais há, haverá e está, mas, um homem que esteve

Compreendi, que tudo o que as vezes vale
Ter vivido
Tudo o que viveu
Todo o sofrimento, toda a lágrima
Todo o sorriso, todo o caminho
Todo o encontro e batalha
Jamais sairá ou deixará

Então, eu, o algoz daquele cavaleiro
O enterrei com a honra que pude
Obrigado, meu amigo

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ANITA

                      

Minha pequena russian girl
Esta flor vai pra você
Ela é cor do céu, o entardecer
Vermelho como meu sangue, quente
Como teu abraço
Mas, jamais tenho algo mais para te dar
Desculpe a pobreza
Anita
Seu sangue agora é óleo
Sua pele, metal
Seus olhos, ainda me vêem
Mas, eu poderei vê-los?
Sou capaz de muitas coisas, cacei em mil mundos
Cacei muitos na minha mente, outros com minha lança
Encontrei tesouros, outros perdi
Encontrei um coração em uma máquina
Chamada gente
Não mais encontrei pessoas
Cada vez com mais óleo que sangue
Metal que pele
Cada vez mais sozinhos em si mesmos
Não percebi, Anita
Eu estava sozinho


Procurei por um mundo inteiro
Procuraria pela galáxia
Mas, não preciso, não mais

Aqui está o meu presente pra você
Uma flor
Uma rosa da noite
Pregue teu espinho, serás novamente humana
Me desculpa, Anita
Já não estar mais contigo
Alguns tesouros, precisam
De tempo
Outros, jamais se encontra
Mas, se vive com eles, ainda
Dentro da gente

Aqui está, Anita
A rosa que me tornou gente
Viva bem, abra o mundo
E se um dia sentir que uma destas não-gente
Te olhar com olhos verdes perdidos
Saiba, lembra do meu nome
Cuida do meu ser
Anita
Um beijo

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Quinta escrita




Nunca poderia escrever um romance
O tempo das palavras
Sua distância em períodos distantes
Bem, meu amigo, já se deixaram em mim
Recuou-se
Revolto
O mar das frases, dos capítulos perdidos
Sobre náufragos e astronautas, de algum planeta Terra
Escondido sobre minhas pálpebras
Sobre sua boca, que repete o que escrevo agora
Em sua mente, ou em voz alta
As letras de um poeta sem rima
Um romance abortado nos confins de um berço
Vazio
Nunca poderia escrever um romance
Me falta o tempo da palavra
Me falta o tempo
Tempo da alma
Alma em pedaços


De algum terraço
Uma moça me espia na janela
Eu sorrio pra ela
Nunca poderia escrever um romance
Pois, não tenho você
Poeta que está dentro de mim
Você se perdeu
N'algum de meus oceanos mentais
E agora, fiquei com as frases sem rima
Dissabores do mesmo tempero
Fagulha apagada da mesma vela
A iluminar seus ruivos cabelos
Em alguma lua de prata
Ou apenas ilusão
De um terraço que em que vejo
Pássaros na revoada

Voa, voa palavra
Escreve o poema sem rima
Avisa o náufrago de sua sina
Alerta o astronauta os perigos do vazio
Que dali, em meus períodos distantes
Dali escrevo meu romance
Já não mais sabendo entre eu, e a biografia
Recua
Recuo
Volta
Volto
Mar de oceanos de mim
Céu de você, que me lê

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E na severidade, o místico entrou sobre os palácios da Terra, onde os doutores diziam serem a própria Lei. No seu lado sombrio, todo o oceano das amarguras das infindáveis rotinas, dos velhos amigos aos poucos abraços, um pouco de si, ainda aluminado, caminhava, em solo de fúria, por um vale de ois e tchaus nas lágrimas dispersas na chuva. Voa, pássaro, voa e tenta, pois é o que lhe resta

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Sendo
Um lágrima na chuva
Adeus, eu mesmo.