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Pitágoras me escreveu uma carta
Nela, alheio li, fora de meus
Pensamentos, pelo deserto
Por suas areias, o festim do tempo
Cada passo pesado dado
Voltou a ser leve e aquecida
Memória de um homem
E seu menino
Jogando pinball, num boteco
Numa vila, duma cidade temperada
Ao sul do mundo
Donde já não estou
Me diz a Esfinge, a resposta
(Secreta para Édipo):
-Jamais voltarei a ser menino
Jamais estarei a ser de todo homem
Logo, velho, morrerei nestes passos
Mas, pra sempre deixarei pegadas
A quem as queira contar nas areias
Fechei o livro, com a carta do matemático
Contei as horas: eram 2 da tarde
Não sei de qual domingo
Era o aniversário de meu pai
Já não era mais aqui
Mas, lá que estava
Lá no meu coração
Aonde vaga o deserto que não o alcança?
Pois, solto é o infinito
Dos passos que jamais serão mapeados
Na areia
Do tempo
Da língua da Esfinge
Do vento, no peito
Que vira as páginas do meu livro.
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Dois montes de concreto
Abriram o céu azul
Azul das tristezas melancólicas
Latiam os carros, gritavam guardas e vagabundos
Meu peito estava silencioso
Aos olhos dela
A garota que olhava para o céu
Pintava as estrelas seus pontinhos
Sardinhas no rosto do universo
Recheios das nuvens de algodão
Que sopradas pelo tingir
De brancos ossos
Levaram a preocupação do marinheiro
De oceano profundo, mas que secou
Olhava a garota nele e ele nela
Algum ponto cardeal secreto
Escondido, incerto
Na vida presa nos novelos
De um céu azul
Vazio de nuvens, estrelas
Porém, como o mar, posso navegar?
Te amo, naquele dia.
A chave caiu, a porta escancarou
O José não pergunta do agora, mas de ontem
E meus olhos de Capitu, ressacam
O mar seco do marinheiro
A muse olhar ao céu
Pesca a chave, dos Argonautas
Abre o tesouro e firma
Como o bem que pode ter
O abraço do instante, do Eterno Presente
Que não nos prende, nos dignifica
Envio a você, moça que olha o céu
Azul como a tristeza, terminada
Em toda a aventura que poderás ter
O abraço e beijo infinito
No instante, sem mito, poesia ou enseada
Pois, navegar é preciso, e navegando
Sem parar
Olha o céu, pequena, olha
Que brilha todo o teu ser
Obrigado
Pelo porto seguro
No céu do oceano azul, de mim e nós.
Segunda, 10 de junho.
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A gente morre sozinho, ao sol e ao escuro
Aproveite
Abra-se
Pois, fechei-me em casa
Joguei a chave
Esqueci-me
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César, vencido entre as pedras
Foi acorrentado nas caravelas
Foi tomar noutro lado do mar
As terras da Cidade do Sol
Ao Norte, nasceu as 13 Colônias
Ao Sul, um Império Espanhol fragmentário
Em centrípeta força
Vai de reto ao sul ainda
O Gigante de língua portuguesa dorme
Sonhando em acordar
Mestiço, centrífugo e munido de cetro férreo
Um povo que já não crê no esforço de anos
Mas, quer tesouros em dias
Pirataria nacional
Corsários, de favela ao asfalto
Do café até a soja
Planta, mas apenas colhe
Agricultura sem semeadura
Que livros se queimem
Para fazer o carvão em dias frios
César, bêbado de vinho
Não reza mais para cruz
Pois, os meios findaram em fins
E vidas terminam no eu
Eu revolto em si
Oceano tempestuoso
Engole as caravelas
Morre o náufrago que de livros sem páginas
Tem fome.
Aproveite
Abra-se
Pois, fechei-me em casa
Joguei a chave
Esqueci-me
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César, vencido entre as pedras
Foi acorrentado nas caravelas
Foi tomar noutro lado do mar
As terras da Cidade do Sol
Ao Norte, nasceu as 13 Colônias
Ao Sul, um Império Espanhol fragmentário
Em centrípeta força
Vai de reto ao sul ainda
O Gigante de língua portuguesa dorme
Sonhando em acordar
Mestiço, centrífugo e munido de cetro férreo
Um povo que já não crê no esforço de anos
Mas, quer tesouros em dias
Pirataria nacional
Corsários, de favela ao asfalto
Do café até a soja
Planta, mas apenas colhe
Agricultura sem semeadura
Que livros se queimem
Para fazer o carvão em dias frios
César, bêbado de vinho
Não reza mais para cruz
Pois, os meios findaram em fins
E vidas terminam no eu
Eu revolto em si
Oceano tempestuoso
Engole as caravelas
Morre o náufrago que de livros sem páginas
Tem fome.
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