domingo, 21 de julho de 2013

A Arma com Moto Continum

Havia visto as pequenas pontes de açúcar e as pequenas laranjas que formam o universo. Viajando por entre as máximas ondas de luz e energia, não havia limites em que os braços daquela galáxia não se desbotassem em servir ou mesmo ouvir o Pensamento Nyxk.
Ouvir um Pensamento, pois, os Impérios passam, os reis e prefeitos morrem, porém, nada é tão forte quanto um pequeno pensamento, um leve sussurro. Tão leve, tão pequeno e simples para ser levado de boca em boca que, cada um que o escuta e o fala repetidamente, traz consigo e para si o fato de levá-lo para outros, família, Estado, Nação, Igreja, Classe, tudo, como um pequeno sussurro.
Nós, os Serafins, como somos chamados, ou Nyxk, como nós nos chamamos, decidimos nosso nome por causa de quatro seres que de nossa "raça" que foram importantes:
 O para Nibodor, o Pioneiro, damos a letra N. Ele derrotou todos na Guerra Civil do nosso planeta original, tornou-se um ditador até sua morte, mostrou as Ferramentas de União dos Estados, pela força. A Segunda letra, Y, é de Ydrian, a Mil-Sóis, uma fêmea que liberou o caos e conquista por mil sistemas solares, os seus "mil-sóis" também eram as primeiras armaduras de guerra, quando nossas naves passaram a conservar mais que destruir. Só que, precisávamos de tempo para governar este vasto Império, e quando Ydrian morre na guerra contra Alípio, o Monstro da Boca Infinita, o andrógeno Xobo, toma o título de o Gestor, derrotando o inimigo e ficando por dez mil anos no poder, quando se criam planetas inteiros destinados para criar uma Polícia para o Império. 
 N, Y e X, eram macho, fêmea e andrógeno, os três gêneros da raça Nyxk, os dois gametas e aquele que pari as crias. Para acabar com a última fronteira, a do gênero, surge Kaiel, o K. Ele era um General do Império que aposta seus recursos e tropas para desenvolver uma Armadura ao qual chamariam outros povos de uma palavra semelhante ao que nós chamamos no nosso mundo de "Serafins". Uma pele de guerra, uma pele de conservação e a pele daquele que usa a armadura. Kaiel se proclama Imperador e cria a Supremacia da Armadura Serafim, quando todos os do Império são colocados em uma.
 Kaiel dá a distinção daqueles que Invadem e os que vivem no Império, para os que voam por aí, dão o nome com fim "el", os outros têm nomes comuns. Mas, a Guerra não foi o mais importante dele, pois, Kaiel realiza a descoberta do Pensamento: "conserve apenas o diferente, não deixe nada igual, para manter o diferente, tenha apenas o Pensamento e não mais o Império"
 Os Generais, agora livres das ordens de um imperador, tomam ele em prisão. Agora, os Serafins dominam a tecnologia das Dimensões, possuindo ampla energia e transporte, podendo assim, não ter mais um governo central, mas, unido por algo mais forte: o Pensamento Nyxk.
 Kaiel, preso em um vácuo dimensional secreto, nunca mais é visto, os Generais, cada um toma parte de um lado, até que, 100 mil anos antes de agora em que lhes falo, há uma Guerra Civil: ela não para, há aqueles que tomam partes de si, não havendo comunicação e várias facções se dividem, entretanto, diferente de outros, o Pensamento não se desagrega, apenas, é dividido em vários olhares.
 É neste contexto que nasço, como um militar completo, pois, fui muito cedo levado com outros de meu planeta dentro da Galáxia Nyxk, fui levado para o Centro do Pensamento, o Sistema Original. Vi o Planeta Original, ou, um dos muitos que dizem ser ele: passados cem mil anos, é estranha aquela atmosfera, toda em gases de carbono, tudo é escuro e  morno, existem os Nuuog [buldogues com couraça de lava], que comem e são comidos por Folicós [cogumelos-árvores], e no céu voam dragonóides, os Syncós [lacraias dragões com asas], eles são os líderes daquele mundo, nós, os Nyxk, deixamos eles lá, habitando timidamente apenas uma colônia; estas criaturas são os mais temidos animais, pois, são do nosso planeta natal, vivem muito, como nós, porém, têm língua própria, Governo da Força, da Cadeia Alimentar, são misteriosas figuras de nosso passado, como crianças que brincam em escombros, também vivem daquilo que já fomos um dia, talvez aí, na Terra, haja a mesma sensação, mas, acho difícil, afinal, vocês são jovens demais. 
 Lá, na Origem, como outros que comigo vieram, encontrei um Mestre, Colobos, que me levou ao pantanoso continente de Fauno. Aonde ele luta contra gorilas brancos do Norte, lá, ele que é um enorme verme com cara de pombo me diz:
-Em nosso mundo, nós não temos tantas armas e armaduras como vocês, porém, vivemos em paz, pois, nós vemos o que há no Tempo, nós vemos a Realidade!
 E aquele povo, que chamei de Colobos, eles vêm cada possibilidade da realidade, como se fosse um enorme emaranhando de flocos de neve, só que, eles podem ver cada um dos perfeitos desenhos lá de dentro, emaranhados de possibilidades, ao qual nós só temos noção de uma ou outra, eles, vêm quantas. Eu, como aqueles outros, era um Ponto Fixo, ou seja, tenho em algum momento de minha vida uma enorme convergência, não sei qual é, não sei quando, apenas sei que tenho. "-Só não confunda Lógica e Matemática com Destino", me disse Colobos uma vez.
 Então, vivi mil anos em treinamento para ser guerreiro, me formei militar e ganhei uma armadura. Quando vi, estava dentro do enorme sistema que é um Pensamento Galático, me senti vazio, porém, a esperança de me encontrar naquele emaranhando de planetas e estações espaciais me dava algo. Aos dois mil anos, perdi a Esperança e converti ela em Rotina, forjei minha luta e decidi entrar para a Tropa de Conquista, que estava por agora a avançar para outra Galáxia.
 Fui impedido, com uma mensagem telepática no meu capacete.
 Colobos me disse sobre ser um Ponto Fixo e não confundir com Destino, porém, não sei até que ponto eu acreditei nisto, ou, as instituições de nosso Pensamento assim acreditaram: fui armado com um Canhão de Moto Continum, uma arma que mata Serafins, logo, me colocaram um Dispositivo de Destruição Psônica no capacete, que pode destruir planetas inteiros com vida organizada em nervos (pulso elétrico), me lançaram sobre uma atmosfera esverdeada, que eu jurava conhecer, meu corpo reconhecia aquilo, eu sabia aonde poderia estar.
 Então, veio o fogo, e eu fiz criaturas chorarem, só que, meu corpo simplesmente agia. Eu estava a serviço de manter a Diferença do Pensamento, pois, aqueles ali eram povos que conseguiram chegar próximos de tecnologias que seriam maravilhosas, porém, não para nós, os Nyxk.
 Quando, eu e mais quatro, terminamos, todo aquele planeta estava em ruínas, seus mares de água perderam metade do volume, chovia ácido, o metal das cidades estava incandescente, aqueles que estavam vivos, tinham perdido toda a informação sobre sua sociedade, ou eram novos e iriam morrer logo. Plantamos sementes de Capabus (rinocerontes carnívoros), que atacariam e formariam manadas destrutivas daquela terra, depois, colocaríamos algo em cima, alguns colonos.
 Estava andando por uma ruína, plantando sementes da destruição, quando peguei em uma pequenina placa de plástico, observei bem, li apenas: Dia Internacional da Terra de Ganz. G, A, N, Z, lidas em silêncio, lidas em sussurro, que fez meu corpo parar de agir sozinho:
 Olhei para as ruínas:
 -Eu... Nasci aqui...
 Havia, assim, acabado com a última parte do velho eu, afundei em mim mesmo, num mar que não era de água nem piche, mas, um misto dos dois.
 Quando matei a mim mesmo, me libertei das memórias do passado, porém, elas se juntaram em uma única agulha e, agora, depois de dois mil anos, elas voltam como se fossem um pequeno e mortal ponto no meu peito-respirador [serafins não têm coração, cada parte do seu corpo tem uma "bomba"].
 Todo o Pensamento, toda a questão de ser diferente é normal... Porém, e agora, quando eu acabei com a minha diferença? O que fazer?


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