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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Chorando Palhaços Tristes 3 #Panda Vermelho


Volta seus olhos para a Mansão de Suboshi:  a pequena jovem GG, ela vai nas costas de Máquina-Bagre que, enquanto se transforma em uma forma metálica, abre turbinas nos pés. Eles voam juntos para o alto da montanha...
 Enquanto isto, apenas a cabeça do Panda está para fora do feitiço de selos que o prendeu em madeira petrificada.  Ele lançara algo com os olhos, que dera uma onda de choque, porém, Miboshi nada sofreu e se levantando, depois de um tempo desacordado:
 -O que fez, Mago? – Pegunta o ainda tonto filho do clã Suboshi.
 -Existem coisas que um filho de um Mundo Só não sabe meu caro...
 -Ora, o que, Mago?
 -Que existem outros mundo... E que amigos são importantes as vezes, mesmo que longe...
 -Estranho, - diz com tom mais sério Miboshi – na hora de morrer um assassino falar isto!
 E, logo, as turbinas são escutadas, explode uma parede da muralha o enorme Peixe: a Máquina-Bagre! Ele atinge o inimigo e o carrega para fora da cena; nisto, GG salta e se encontra em frente ao Mago:
 -Olá! Lembra-se de mim, Senhor?
 -Ora, minha última discípula... A pequena máquina humana criada por Númeno, aquela que só conheço por GG... O que faz aqui? – Sorri o ser, sendo irônico.
 -Mas, foi o Senhor que me chamou... Eu fui trazida por uma fumaça vermelha, apareci numa caverna e, quando saio, vejo o Sr. Peixe lutando com uma monstra... Ela tá morta, já ajudei ele! –Sorri a garota.
 -GG, sei disto... –Estranhamente, o Panda sorri ao ver a inocência da máquina – Bem, me tire daqui, precisamos tentar me libertar!
 -Sim, Senhor!
 Só que o tempo não está com eles, pois, explode uma parede a mais e aparece o Bagre metralhando e Miboshi desviando. GG leva o Panda para dentro de um puxandinho que guardava um jardim belo. Diz para o Panda:
 -Calma, Mestre! Não permitirei que você morra!
 -GG... Eu estou morrendo, quando ficar preso nesta casca nada haverá... Você deve ouvir bem! Escute-me!
 A menina parecia sem o sorriso habitual, olhava para fora, entre tábuas de madeira, para ver se via o que ocorria na batalha.
 - ...Você deve contatar outros seres... Outros que são iguais a mim e...
 -Senhor, - Disse a máquina – se um dia puder, gostaria de ser uma pessoa de carne e ossos!
 -O quê?
- E, bem, acho que as máquinas não podem chorar, nem sorrir, nem beijar... E já vi muitos que eram de carne assim: máquinas... Bem, só gostaria de um dia ter sido de carne pra ver se ia acabar assim também, novamente dura como metal...
 E o Mestre Panda olhou com o que lhe restava de face para GG, uma simples máquina. Nada sabia o que falar sobre isto.
 - Hahahahah – Ria a moça – O senhor parece um palhaço, com estas manchas brancas e cara vermelha...
 Sem jeito, o Panda apenas sorri, algo que pouco fazia, desconcertado... Nisto, ouve-se uma explosão que começa a partir o puxadinho. É carregado por GG para fora do quarto e encontram o enorme Máquina-Bagre. Ele está com um papel retangular de selo, com o pé na sua cabeça, o último filho de Suboshi ri.
 A menina joga o Panda para trás e solta sua arma para combater o vilão, pula para cima dele tentando acertá-lo com a espada, Miboshi desvia e a acerta com um selo na testa. Ela olha vesta para o papel e o rasga. Continua a atacar.
 -O quê?!! – Diz o inimigo
-Ela é uma máquina, Miboshi... Apenas isto! –Diz com o restante das forças, o Panda.
 -ORAS! –Grita o filho de Suboshi, desviando dos ataques da menina com sua grande espada – Então, terei de acabar com isto de outro jeito!
 Com um golpe certeiro, Miboshi parte a espada da menina, com outro, perfura seu peito. Sua mão a atravessa:
 -Vê? Robô tolo! Eu sou o filho Amado de Suboshi! Nem você pode me deter e...
          ... Logo, os cabos que formavam GG vão se agarrando no braço de Miboshi. Ele vai tentando se libertar, não consegue, tenta acertar o braço na cabeça da robô, com o outra mão ela o segura... O desespero do ser vai aumentado, batendo com cabeçadas e chutes, mais e mais fios vão surgindo e agarrando o Mestre do Silêncio, que grita e grita.
 -Hey, Novo mestre... – Fala o resto de GG
 -Sim, menina...
 -Foi bom ter convivido com o senhor... É lenda...  Mesmo que apenas uma vez – E ela sorri, com o resto de cara... Sai correndo, levando o maldito Miboshi, que berra e berra. Uma luz pisca dos seus olhos vivos....
              Há um penhasco próximo, que dá para um deserto.
 Ela salta e se vai. Explodindo em uma luz amarela e roxa, como seus cabelos e tênis, fios e Miboshi. Uma jovem mecânica-robótica de dezessete pra dezoito, acho... Agora nada mais que: pedaços de máquina.


  Por um instante, lágrimas caem... Apenas um instante.
               “Lágrimas de um palhaço triste”
 A frase vem subindo pela cabeça do “Lendário Panda”, ao qual vai caminhando para uma sala no centro de todo o complexo. Os pedaços de madeira vão caindo enquanto anda e há fumaça ao longe. A frase ressoa em sua cabeça, sem parar, sem ir, sem ficar de vez, apenas, indo.
  Vê um jardim florido e uma árvore enorme, nela, um meio-homem velho se agarra à armadura e chora, chora e chora... Ele se liga a árvore e tem a pele dela.
 Mas, não são lágrimas de alguém que perdeu alguém, mas, algo. Ainda que as coisas pareçam as mesmas, algos não te deixam esperando num telefone a discar um número de alguém que nunca mais vai retornar a ligação. Uma ligação... Isto era algo que a pequena adolescente GG havia dispertado no Panda... No entanto, não aquela árvore velha, não o velho que ali estava enterrado-vivo, um metavivo... Ele era algo que daria poder, a qualquer custo... Talvez.
 -Suboshi.
-Hã? Hã! – A coisa apenas gruni. E no meio de sua testa abriu-se um olho fantasmagórigo, com um círculo cinzento dentro de pálpebras vermelhas.
-Vi... –Gruniu a coisa – Vi a tua chegada... O Olho de Warana vê tudo!
 -Um “olho previsor”? –Olhou com cara de descrédito para a coisa o Panda, ela apenas gruniu mais uma vez  - Você mudou teus filhos para monstros, você deu isto a eles confiando no tal “Olho-de-Warana” ao qual você viu o futuro e... E não pôde saber que não havia futuro? Não para você?!
 O Panda se aproximou e tentou pegar a armadura em que a árvore-Suboshi se agarrava, esmagou seus galhos que expeliam sangue, mas, mesmo assim não largava. Então, o Panda vira-se e com a mão na boca faz uma corneta, ao qual expeliu fogo que se misturara com as lágrimas do velho e sua madeira. Queimou então, carregada com outras lágrimas, de um palhaço, um guerreiro triste... E o fogo consumiu a velha árvore, mas, não a Armadura do Clã, não o tesouro... Este, permanecia vivo, ainda em pé.
 O Panda vai até o altar em que estava a coisa e coloca-a no corpo, pois ainda estava apenas com o short preto e branco – suas roupas de baixo. A Armadura de Suboshi é dele, ele agora começa a ler seus segredos... Vê tudo que o velho Suboshi viu e aprendeu: o Panda mais uma vez destruiu e obteve o poder do derrotado...
         Mas, há o vazio. Algo que ele fora derrotado. Ele narra:
 No deserto, no fundo do precipício nas proximidades da Mansão Suboshi é que isto acaba... Ando pelas areias e lá, perdido em cheio de algum cheiro de óleo e carne queimada. No sóis escaldantes, depois de um monte de pedras, é lá que encontro uma cabeça robótica, cercada de destroços... Uma lembrança que não pode morrer neste palhaço...
 Com um feitiço, evoca em sua barriga uma criatura: Goobo, o Devorador, este, só é uma enorme boca no ventre do Panda e que o deixa com olhos inteiramente verdes... As mãos do mago jogam a cabeça robô para dentro e se fecha o feitiço... O Panda digere a pequena GG, como uma lembrança, algo de bom que talvez ainda houvesse nele. Talvez, crescendo de novo, talvez, não só lembrança.

Chorando palhaços tristes 2 #Panda Vermelho


 Ainda desmaiado, minha pele esta coberta de fios e catéteres... Sinto que alguém tenta roubar meu sangue...
 Ele ri, então, ri e ri... Criatura azul e de olhos amarelados, seu nome é Nakagobo, o Bebedor de Sangue Ruim.
 -Você é um tipo de ser divino? –Diz o ser azulado. – Pois, nunca vi alguém com tanto sangue assim!! É divino!
 A voz dele é insuportável, mas, não tanto quanto a dor dos cartéteres que vejo levarem meu sangue para dois tonéis quase cheios... Olho bem para a cara do demônio e digo:
 -Você vai morrer antes de provar meu sangue! Demônio!
 -Ora, prove você o meu! – Ele se corta com uma faca e leva os pingos até a boca de um outro prisioneiro, que forçado por ele, engole as gotas de líquido escarlate. O homem começa a espumar pela boca quase que instanteneamente, sua face se cobre de bolhas e ele vai vomitando líquido amarelo até parar... As convulsões param, em menos de dois minutos, se foi.
 -Olha, - diz Nakagobo – sou uma entidade imortal! Se tocar em mim com teus golpes, logo sangro e tu se infecta, bicho esquisito! – E a gargalhada dele se faz absurda de estranha...
 -Ainda não! – E me movo duas vezes: quebro as correntes, percebo que estava sem meu manto, apenas com as vestes de baixo. Nakagobo me vê e se assusta, mas, rapidamente, corta sua língua e quase me acerta com o veneno que lhe dá vida.
 Olhando para seus olhos amarelos e aquele lugar fétido, vejo que meu manto está ao seu lado, existe apenas uma chance! Cuspo-lhe fogo e ele salta, voando em um leque para amortecer a queda ao qual vai preparando um enorme cuspe sanguíneo.
 Meu manto é pego, mas, ele cospe: toda a minha roupa está coberta de veneno, mas, antes de largá-la, eu cuspo um pequeno monte d’água. Encarro o Sangue Ruim, ele canta:
 -E agora, Mago? O que tem pra mim?
 Uma sombra surge atrás dele e chutá-lhe a perna, que quebra. A coisa pula e me engole...
 -Eu tenho isto! Conheça meu servo e amigo: Máquina Bagre, o guardião do 7º Mar terrestre! – Sai uma pequena bolha de vidro da cabeça do enorme bagre humanóide, coberto de uma armadura azul, que logo, revela duas metralhadoras Gatling.
 -Eu, eu tenho sangue ruim! – Grune o mostro, ainda com a dor lastimável...
 -Sim, e este ser tem uma couraça formada de sete peles... Logo, seu veneno demorará... Agora, maldito Nakagobo... – As metralhadoras destroçam o ser, espalhando por todo o lugar seus restos e veneno.
 O Bagre lança um enorme turbilhão de água que limpa tudo. Posso sair e pegar meu sangue de volta: abrindo um do barris, toco minha cauda e ele volta ao vermelho de minha pele. O outro, porém, não coloco em mim, mas, tiro um chumaço de pelo ao qual uso meu sangue para escrever um texto na parede da caverna em que estava preso, “Viagem da Memória dos Amigos”, escrevo em língua baltânica [ de Baltos, antigo lugar de treinamento do Panda Vermelho na Terra, N. A]; afinal, sinto que precisarei de ajuda...
 -Mak sokir altur, je necessité d’um bagne! – Ouço o Bagre dizer, ele pede para tomar um banho para tirar o veneno antes que ele entre em seu corpo, eu permito. Nós partimos para a luz e logo vemos um lago e uma montanha com escadaria.
 Então, ali está... A Mansão vazia dos antes glorioso Suboshi. Lá reside Miboshi, o Silencioso.
 Cada passo meu é como se um assobio frio corresse meu corpo... É estranho. Apenas a minha espada é minha roupa, ando e ninguém impede a minha passagem: as muralhas estão vazias, os moinhos, secos, as flores, não mais dadas a ninguém. Por um momento, sinto o silêncio correr pela minha mente, que nunca para – nunca  -, só que agora ficou quieta, estranhamente.
 No topo da escada, o castelo de Suboshi e em sua porta, ali, o último filho legítimo: Miboshi. Com pele estranhamente cheia de pó de arroz, ele me vê e nada diz, com as mãos dentro do quimongo dourado, apenas observa... O vento corre, de um lado para o outro, porém, nada escuto, nem uma palavra. Se nada escuto, corro e ataco: ele escapa. Tento de novo, mais uma vez, só que o filho de Suboshi salta para longe do alcance da minha espada katana.
 -Homem-Animal, - diz ele com uma voz calma e lenta – eu sei de todos os selos de meu pai, foi o seu legado para o Mais Amado Filho... Se você lutar comigo, não mais viverá!
 -Oras! – Jogo minha espada nele, ele desvia e toca o cabo da arma. Com três pulos já estou com ela próxima de minha mão, ele já está longe. Quando toco minha arma que está presa numa rocha, ela queima minha mão...
 -Desgraçado! – Grito-lhe, sabendo que ele selara minha arma. Cuspo-lhe fogo e com papéis ele evita que eu o queime, pois eles apagam antes que meu hálito o toque...
 -Maldito! – Grito e me transformo em craquém, lançando dois tentáculos nele, o qual toca dois selos neles, viram um tipo de madeira... Madeira petrificada!
 -Todo... –Diz Miboshi – Todo o poder...
 Me destransformo e metade da minha mão está petrificada.
 -Droga! Então, é assim? – Digo-lhe
-Como?
-O Silêncio... É assim que você ganhou este apelido e por isto não sinti nada quando te enfrentei?
 -Ora, meu caro, estes selos são antigos demais para que você possa evitá-los: são divinais, sagrados! – Ele anda em minha direção.
 Faço uma posição com os dedos cruzados e tento evocar as Torres de Pedra, ele joga seus panos como tentáculos no chão e sela com figuras antes que eu possa completar...
 -E agora, mago? – Diz ele de frente para mim.
 Abro minha boca em um ângulo gigante e o engulo.
 ...  ...   ...
 Os olhos de Miboshi abrem e ele está em um lugar apenas branco e listrado de preto, ao olha tudo aquilo, escuta:
 -Agora acabou, filho de Suboshi...
 -Sim, diz ele, acabou para você, Mago! – E as mãos de Miboshi trazem uma faca ao qual ele corta o ar que é listrado branco e preto, o corte revela uma luz ao qual o ser esquálido salta...
  O Panda, cai segurando sua barriga, a sua frente, o filho Mais Amado o olha, diz:
 -Você tentou me selar dentro de você para tentar me matar, um erro, pois, agora, eu te matei... – Sorri – Veja o que fiz com sua barriga.
 O Panda olha e há um enorme selo em sua barriga. Logo, vai crescendo um enorme vazio e silêncio em seu corpo, ele vai virando madeira, não viva, mas, de pedra... E vai crescendo o frio como é aquele do medo, e vai crescendo o momento da morte do Mago...
 -Não! –Diz o Panda. Nisto, de seus olhos se lança uma brilho vermelho que ilumina tudo, uma onda de choque joga Miboshi para trás... Só que nada acontece, ao menos, ali: o Panda continua se trasnformando em árvore morta enquanto seu atacante apenas desmaiou.
 Na caverna do morto Nakagobo, ouvem-se barulhos e passos...


 Cuidando de seus ferimentos, a Máquina Bagre passa sua esponga mágica nos cortes e machucados provocados por Nakagobo ao lançar seu sangue venenoso, banhando-se no lago abaixo de toda a batalha lá de cima...
 Porém, ele puxa rapidamente uma metralhadora de um coldre em suas costas... Não é rápido o bastante e é acertado por uma coisa áspera... Ele choca-se em uma rocha que faz uma cachoeira. Olha para a fumaça e vê uma criatura enorme, qual uma metade é mulher e outra peixe, ou serpente – pelo tamanho da cauda... Há uma placa em seu peito, nela está escrito Ashita. Ela, segundo o documento que o Panda lera, era uma filha bastarda da Família Imperial daquele mundo  - reconhecida no final da vida por Suboshi -, ao qual tinha uma gêmea perdida Soiboshi.
 Máquina-Bagre preparou-se para o combate, retirando uma enorme faca e já ia pegar balas para a sua metralhadora quando, de repente, a fumaça do lago de água quente vai discipando e, aos pés da monstra - para a surpresa dos dois -, uma jovem se encontra. Ela tem um cabelo meio roxo e de um lado cortado, undercut, seus tênis de tecido e borracha de cor amarela e seus grandes olhos não combinam com o que carrega: uma espada-bastarda; enorme lâmina, que, no metal, está com a inscrição “Helter Skelter” – sim, o aprendiz do Panda, o que surpreende o Máquina-Bagre tanto quanto eu. Ela olha o monstro peixe e lhe diz:
 -Você irá morrer, me chamaram pra isto...
 E cai para cima da mostra que grita e desvia, batendo com a cauda e jogando a menina numa pedra. M – Bagre assustado e temendo pela garota, fica irrado e se joga com a faca presa nos dentes, dando socos na monstra que foge, afundando no lago.
 O grande peixe vê a menina que estava com a cabeça chocada na pedra... Ele estranha a falta de sangue e, quando a leva entre seus braços, percebe que ela tem engrenagenagens misturadas a um cérebro esbranquiçado... Ela é uma robô! Uma boneca! Alivia o Máquina...
 Só que, abrindo os olhos rapidamente, a menina grita:
 -Cuidado, Sr. Peixe! – O Bagre pula e vira-se, escapando de uma investida da mulher-peixe, que afunda novamente. Há um silêncio no lago... Máquina-Bagre está sobre as águas e escuta, a menina está em seu ombro, ela diz:
 -Eu sei como derrotar esta coisa... Sr. Bagre, fui chamada pelo Mestre, confia em mim?
 -Senti o cheiro do sangue do Mestre, - escuta a jovem em sua cabeça, sendo uma telepatia do peixe – se ele confia em tu, confio também!
 -Ora, um peixe precisa de uma isca, não? – E com uma piscadela, ela salta para o meio do lago. Nisto, salta a monstra e tenta acertá-la: o Máquina-Bagre carregou sua arma e atira, mas, a monstra é rápida!
 A menina salta e salta, pelas pedras e desviando da monstra que também desvia dos tiros do outro peixe. Porém, quando o lago acaba e ela tenta se virar para afundar de novo nas águas a pequena pega sua espada que tinha caído ali e fica-lhe na cauda,
      Ashita, presa, ainda vê de relance o Bagre mirar e descaregar uma carga nela, que explode em vapor... Lá se vai mais um membro dos Suboshi.
 A fumaça se dispersa enquanto a menina adolescente que nem é uma menina de verdade, talvez só uma máquina, cumprimenta o Máquina-Bagre dizendo:
- Olá, me chamo GG!
-Olá, me chamo Bagre!
 E os dois, por um momento, breve, veem que poderão ser amigos: amizade natural?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Nos mares de Kumasi #Panda Vermelho

MUSIQUETA DA POSTAGEM



Enquanto olhava as ondas cintilantes do mar prateado pela poluição, meu amigo surgiu.

 -Há muita luz aqui... Não?
 -Realmente, nunca tinha visto isto... Como aconteceu toda, a luz?
 -Não sei, não me importo... Não sou como você, velho Vermelho, não ligo pra história e o Por Quê das coisas, acho mais interessante aonde elas estão... Sabe disto, meu Império não surgiria se não fosse por isto
 Vi com uma face de certo espanto, mas, tenho que me acostumar. Derrubando todo um reino, e depois vários, criando máquinas de pedra e pó, canais que davam ao deserto alguma plantação, um verde absurdo para a normal visão, meu amigo Coelho Caolho se tornara o Maior líder deste mundo; um Império sem nome, apenas uma marca semelhante com um risco branco de cima para baixo - uma marca que me lembrava assustadoramente de outro imperador, um ser que eu derrotei há séculos... Em outro mundo... Um Panda como eu, só que nunca teve uma vida –animal ou de pessoa- a não ser seu Ideal, seu Objetivo. Esta porção de terras e cabeças eram lideradas por um igual a mim, nós, que tínhamos por sorte recebido nossos poderes, estávamos perdidos, caçando cada um seu aprimoramento, sua Vontade; vestidos com nossos mantos que davam ao mesmo tempo o Poder e esta Busca.
 -E os Democráticos? Como está lidando com eles? -Perguntei à ele, não via sua face pelo sol que queimava minha face, da minha forma real, mesmo que o real varie conforme à íris que é queimada, principalmente neste mundo que nem é o nosso... Eu era um panda vermelho e ele um homem de trinta anos e caolho, estas eram nossas formas, este era o nosso real.
 -Ora, sabe que meus canhões de monólitos estão dando conta disto... Aqui, sou um Príncipe, um deus pra eles... Mesmo que os greco-românicos não aceitem ainda, com suas ideias de Voto à todos os seus cidadãos, logo, cairão -O Coelho moveu sua mão, conforme mexia-se em um movimento semelhante ao reger de uma orquestra começou, lentamente e aumentando a velocidade, a brotar uma série de pontas de rocha, roxa, aumentavam as ondas e mais luz batia em meu rosto... Cerrando os olhos, percebia como aquela porção de terra que foi inundada na guerra deste mundo se assemelhava a meu amigo, denso, escondendo muito, explicando apenas o necessário... Ele é muito direto, porém, sendo isto ele guarda mais consigo que alguns que contavam muitas histórias, como se estes, se lhes fosse entregues um teclado e um papel, voltasse apenas com um parágrafo ou um poema, mas, claro, nunca generalizo nada, sobre minha contemplação da terra, disse:
 -Você sabe que sou direto, vamos parar de falar de mim... Temos que completar seu treinamento aqui...
 -Okay...
 As pontas se levantaram até que se mostrassem como entrelaçadas, uma sequência de pontes de pedra rocha entrelaçada, com algas e uma placa de metal enorme, as letras eram um antigo dialeto Ashanti, lá dizia...... Algo como ironia: "Messias", achei interessante, mas deixei de lado, pois sabia que o Caolho não explicaria nada. Entrando na enorme estrutura de pedra, em cada passo, ia me transformando, a pele de pelo ia virando armadura de aço, o tronco ia crescendo e ficando reto, uma capa vermelha saiu desta pesada couraça que crescia, retirei de um bolso no tecido meu elmo, mas antes de colocá-lo, deste capacete de metal tirei - como uma cartola - uma espada; estava pronto, pesado, mas pronto.
 De repente, uma sombra pula pelas pontes de pedra, ela pula e eu não a vejo, suo. O salto me golpeia e eu quase caio, mantenho-me em pé... Não posso me mover muito, tenho que me mover precisamente. Ele vem de novo
            Um golpe, meu elmo cai
            Outro, a capa é destruída... Porém, a minha
            Num último voo, viro a espada em um golpe horizontal, o último...
            Talvez não houve tempo, talvez seja o final
 ...Um flash do sol batendo no meu corpo que cai, eu vejo uma menina jovem, bela de olhos azuis, quase como os mares daqui de Kumasi, os de antes... Seu cabelo é ruivo, ondulado com uma grande franja, reta, mal comportada por ser diferente do resto... O barulho da pesada couraça cai no chão e lembro das danças da tribo dela, do Norte, sua pele branca dá contraste à pele de urso-texugo que eles usam... Foi numa andança que fiz para além dos Gregos-românticos... Agora que sou humano, posso sentir isto, gostava dela...
                 Mas, não era hora. O combate chamava, minha última prova neste mundo
 Levantei com um único movimento que também foi golpe dado na sombra que me atacava, ela chocou em poeira numa rocha. Vi meu amigo com duas enormes facas de obsidiana ao invés de mãos.
 -Você resistiu a isto, amigo velho... -Sorriu e abriu sua capa, moveu de novo para o mesmo lugar e, do misterioso gesto, surge um espelho grande, ao qual ele trás minha Alicia, Alicia das Brumas... Atravessa como água aquele reflexo que pra mim é muito real...
 Seu chapéu é do urso-texugo, seu cabelo escorre pela face, o sol bate em sua pele e reflete mais que no espelho... É estranho o brilho vermelho que seu pescoço tem, é feio aos meus olhos, eu não sei... Não vejo a feiura daquele ato há muito tempo, vejo seus olhos, vejo eles ficarem vermelhos... A boca roxa, como a rocha que cobre todo o lugar, seus lábios parecem que beijaram este chão...
              É lindo, realmente... É mórbido... Ele cresce, ele me fez crescer algo que experimentei poucas vezes...
 Houve um movimento dele, outro e mais um
 Meus pés armados começaram a pisar na poça de líquido vermelho pastoso
 A espada corre seca, lâmina vesga de fúria corta o ar com minha paixonite, já não há mais nada... Ela beija o solo e por tudo sujo meus pés com algo quente, vermelho como era o seu cabelo ao sol
 Meu amigo se move para trás, só há o espelho, ele começa a atravessá-lo, sinto o fogo queimar minhas mãos, meus olhos parecem que lançam raios mesmo apenas estando cheios de lágrimas; ele não irá fugir, lanço a espada, como uma bala ela parte o espelho, há poucos centímetros, o Coelho Caolho tem olhos fixos em mim, esbugalhados... Ele está preso na roxa rocha, como se eu tivesse lhe partido a fuga, como realmente o fiz. Porém, mais quero partir, a sensação de ardor se acalma no peito, me pesa as mãos, me pesa as costas – você sente como se o mundo estivesse sobre seus ombros, no entanto, o mundo inteiro não liga pra o que carrega, pra você.
 Agarro o pescoço de Meu Amigo e retiro a espada da rocha, não há mais suor, apenas uma gota corre por minha testa, uma testa humana.
                 A arma laminada parte a ponta de rocha em que ele está, corta ao meio...
                -Acabou!
               ...Em silêncio, sinto de novo o calor deste sol... A maresia faz com que a armadura se comporte de jeito estranho, parece até que enferruja mais rápido... Ela engasga... Eu engasgo... Meu joelho cai no chão, pareço com falta de ar...
 -Acabou!
 -Eu já ouvi!! –Respondo, ainda não acreditando... Começo a me levantar, estou tremendo e a espada mais ainda
 Olho para aonde está o corpo de meu amigo... A fumaça vai saindo dos poros, até que ele inteiro evapora em uma nuvem negra... A nuvem vai subindo pro céu...
 Olho pra cima, vejo meu amigo se tornar uma tempestade. Da tempestade de nuvens negras, cai a água que lava tudo, vai pouco a pouco, com suas gotas me lavando, me recuperando um pouco...
 Para trás, mais uma vez olho, mesmo com a dificuldade de uma couraça rapidamente afetada, vejo meu amigo, na forma de um Coelho Caolho, com seu tapa-olho, sentado numa pedra...
 -Então, acabou? Só isto?... –Meu sorriso irônico é falso pra o que sinto, que agora sinto...
 -Você tinha que aprender isto, sabe muito bem...
 -...... –Olhei pra a Alicia... Parecia que o engasgo voltava...
 -Escute, a morte é o fim, porém, posso trazê-la de volta, sabe muito bem disto, ainda o corpo esta fresco...
 Com pequenos saltos ele chegou perto dela, tocou no pescoço e cauterizou o ferimento... Ele me olhou depois disto e disse:
 -Seu treinamento ainda tem mais duas lições...
 -Quais? –Lhe pergunto
 -Traga a vida dela de volta, você é o mais poderoso... Ou melhor, será... Quando jogamos os dados para decidir entre nós 7, não concordei com isto, mas, agora, sei que pode...
 A água já empoçava o sangue, eu movia-me com dificuldade... Tirei a couraça, cobri seu rosto com a capa... E, por uma questão estranha, senti algo, carinho, esperança, eu era ela e sorri... Eu nunca sorrira por aquilo...
            Beijei sua testa, seu nariz e sua boca,
           Com o manto na face
           Suas funções cardíacas foram acordadas com um choque, cauterizando cada parte danificada pela falta de oxigenação, talvez apenas perdesse os movimentos de um braço, ou da fala... Tudo muito fácil... Tudo parecia tão fácil...
 -Mas, não é, não é mesmo, meu amigo?
 -Sim, não é Coelho... Tratará ela bem?
 -Claro, você não só conseguiu aprender Vingança, algumas coisas a mais como isto do Carinho e Despedida só se aprende com Paixão...
 -Despedir? –Sorri para ele... Estava pensando nisto, enquanto a chuva acabava...
 “-Pelo Desfiladeiro do Crepúsculo, quando chegar lá, haverá uma grande nave, pegue-a e puxe a alavanca de pedra única que existe no cais, será levado pro outro mundo”, falou meu amigo. Estava em frente pra estranha forma de rocha em forma de ponta que mirava para o céu, com enormes velas de metal... Entrei e fui subindo, como uma aranha até a alavanca...
                  Antes de puxar, lebrei do nome dela... Por dentro de minhas brumas ela ainda ficaria, talvez sim ou não. Fora bom ter sentido aquilo... E segui com as instruções...
                  Puxada a alavanca, tudo é luz, sigo na direção da luz de Kumasi, por uma janela lateral, sua mar me beija, com seus olhos, em seus fechar, me despeço.