Era uma triste insólita tarde de chuva em Alex-Andria, uma terra cinza em que o Partido Chauvinista tinha deixado as paredes cheias de citações anti-governamentais, o governo deles.
Andou por alguns metros o garoto magro, sujo e cinza, nada mais se fazia naquela terra que não fosse xingar um governo ou com ele bate nos domingos nas cabeças dos membros do Partido Feminista, ou de outras coligações proibidas... Era estranho, mas o garoto de echarpe azul nada tinha a ver com aquilo... Ele sabia somente que às 11 horas da manhã o "mundo pararia"... Uma Justa entre os Lancelotes e Amadeus de Gaula se daria -um jogo muito violento e monótono, dado com onze homens (ainda havia a questão sexual nestes tempos, sendo imprópria a participação de mulheres) correndo atrás de uma bola, aonde sua meta era atingir outro defensor, que com uma espada, tentava cortar o objeto duro de couro com uma espada; era o esporte mais popular de toda a região, sendo que muitos parariam e ele poderia andar pelos becos da cidade tranquilamente, poderia buscar algo que precisava fazer... Precisava encontrar Mila...
Ouvimos todos os gritos e gaitas... A grande final nacional aconteceria... Tudo parou, por quase uma hora e meia o mundo daquele país parou em tudo para acompanhar algo mais que um jogo, era suas vidas que estavam nos pés e mãos daqueles jogadores... O jovem cinza, porém, não se vestiu com nenhuma das cores dos times, ele até achava tudo "meio besta", mas toda a sua família, não. A jovem Mila, metida e de cabelos loiros frescos, também amava as bolas mais que o jovem cinza... Ele só caminhava para a casa dela, ele precisava mudar isto...
O silêncio sepulcral de uma cidade, aonde, sem bares com tvs para a transmissão dos jogos naquele bairro, fazia o cinza andar e ouvir, dentro de um túmulo, as trombetas de um povo que acompanhava firmemente o balé que se dava dentro do Estádio Metropolitano... Eles amavam aquilo por aqueles 90 minutos, eles amavam e se matavam por aquela bola mal jogada, o juiz do jogo que parecia roubar pelo outro, pela cor da roupa que um torcedor usava... Era legítimo, era entendido...
"Estava certo", a mente do menino estava coerente a todo a massa que assiste aquela partida... Ele estava cansado como estavam os outros, ele estava querendo se libertar por um dia de sua cela diária, como eles queriam... Só que havia uma 22 em seu bolso, naquele secreto do paletó...
Abre a porta, há um murmurinho na sala, um amigo velho levara a família ao estádio... Ela, sozinha, era "pra ele"... Aquele objeto duro e mortal era pra isto, o homem cinza queria acabar com aquilo, ele queria se libertar aprisionando ela ao seu corpo...
Abre a porta, depois de mulo pulado, o barulho na sala se mostra... Eram gemidos, de vermelho, ela que era para estar doente pelo remedinho que o amigo, o jovem cinza, colocara em sua comida no dia anterior... Mas, ela estava bem... Ela estava bem em cima de um velho, um cara mais velho que levanta ainda com as vergonhas de fora... Ele esta assustado, o nosso protagonista, com a arma na mão, porém, parece até rir o outro, o "Ricardão"
-QUEM É ELE?!!! -Solta o grito mais alto de sua vida, o jovem cinza armado
-Sou um noivo, meu bem...
-Sua puta!!! -Ele descarrega um tiro no sofá, não acerta e ela se assusta... Seu berro é de terror... O do jovem cinza se mistura a cólera... Lá fora, ouve-se uma torcida indo contra a outra
O jogo acabou, um dos times do Futebol -o nome do esporte- acabara e alguns não conseguiram aguentar a dor e resolverem descarregar sua fúria sobre outros... Da mesma forma que o jovem iria descarregar sobre o "Noivo" e Mila as balas da arminha...
"Eu que deveria estar sobre ela... Ela é minha!", pensava antes de atirar. O movimento em direção ao homem era certeiro, porém, algo o atingiu... Nada o jovem viu... Era um violão, ele era ainda um violeiro! Isto deixou o garoto mais decepcionado... Mas, o Noivo lhe perguntou:
-Você quer sobreviver? Você foi testado por mim... Sou um ser que "casa" almas ao qual gosto, sou um ser do caos e quero que você me responda:
O Ela, ou você?
A resposta seria difícil... Ouvia-se lá fora os torcedores urrando, ouvia-se o peito do jovem cinza tomando cada vez mais cor e urrando... Seu coração revivia e tomava a cor vermelha, ele saíra do feitiço que ele mesmo deu com seu amor por aquela jovem que nunca lhe respondeu... Diz ele:
-Quero a minha vida... Por favor...
-Ok... Porém, isto não é romântico, não sei se sabes?
-Eu não ligo... Eu por muito fui ligado a ela, eu deveria ter gostado de um time, não sei, eu poderia ter sido mais feliz e... -Ele levanta e começaria a descrever sua sina... Entretanto, o Noivo saca um 38 e fulmina na cabeça a jovem...
O garoto em silêncio, engole seco... Ele teme... Não, não é isto... Ele esta só confuso...
O Noivo, próximo a ele, o acerta com seu instrumento, ele cai, acerta de novo e mais algumas vezes... Diz assim o ser:
-Eu te pouparia, pois sou romântico... Admiro os fanáticos, pois deles é o Reino...
Com o pé, ele virou o jovem, ele demorou algum tempo e foi se arrastando... Para a porta que dava para a rua... O outro se vestiu, sentou e olhou...
O jovem chegou ao meio da rua, em uma esquina e da cada lado, as duas torcidas chegavam naquele lugar...
-Encontro interessante, você vai encontrar com outros...
O sangue escorria do amante... Ele tinha uma vez acreditado neste amor platônico que falam os poetas e torcedores, assim como o Noivo acreditava...
O Agente saiu, na direção sul, sumiu num beco; o jovem cinzento se misturou a paisagem com o vermelho vivo de seu sangue... Os dois grupos, tanto do Lancelotes quanto do Amadeus de Gaula, pintaram com suas cores a rua ao qual havia sido combinada uma "batalha", ou, uma "Justa na rua"...
Foram passando e nem viram o corpo, o jovem ficava frio, a chuva parou
Nada de novo, só algumas paixões
MUSIQUETA DA POSTAGEM
Pelo título...
http://www.youtube.com/watch?v=9KDmN-SiMu0&feature=related
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