Alquimata XV – Assassina
Não conseguia dormir, aqueles malditos tambores faziam a
minha segunda-feira pior do que todas as outras, mesmo as de quando ainda
trabalhava e não vivia de uma pensão. Eles ficavam ressoando e batendo na minha
cabeça... Me fazendo, em pulsos, me lembrar o que aconteceu ontem
Uma reunião na
paisagem alaranjada daquela cidade, tudo estava fedendo a novo e eu com o Velho
Dimas, estávamos discutindo o que aconteceu em uma reunião relâmpago por
vídeo-conferência que ocorrera no Bar do Oswaldo (point dos Luparinos).
-Não é possível que
isto aconteceu... Tão perto da Guerra contra os Trolls, Vanda morrer assim...
De ataque do coração
-Sim... –Disse o Velho, ele estava mais calado do que nunca
-O que foi?
-Sabe, acho estranho... – Falava e olhava pra baixo.
Eu nunca soube,
ficava apenas pensando em tudo aquilo, naquela maldita segunda-feira. Os
tambores iam batendo cada vez mais fortes e fui ao banheiro, estava no Hospital
Universitário, mas, não estava. Olhava pro espelho e minha cabeça no dia de
ontem:
-... A morte de Vanda
trouxe um velho do túmulo dos Conselheiros dos Be-Stroker, Søren...
-Quem é Søren?
-Ele é alguém, bem, alguém que eu poderia chamar de Místico
e Severo... – Andamos e atravessamos a rua, já não havia mais sol laranja e
tudo começou a ficar em um estranho breu. Enquanto chegávamos às lajotas da rua
de nossa casa, senti uma névoa nos meus pés.
-Mas... Isto não é importante – continuou Dimas, meu amigo –
sabe, há muito tempo, te levei até a Antioquia, em Esmirna, naquele lugar, que
chamamos de lar, soube que você seria grande...
-Hum? O que você... –E a névoa cresceu percebi, enquanto
chegávamos perto de um beco escuro, havia alguém com cachimbo ali, de onde saia
toda a névoa – Entendo. – completei
-Hm... Tome cuidado, ok? Você agora é o Líder dos Luparinos...
Os Maiores Alquimistas! – E gritando em alto e bom som, disse: - Não deixe de
respirar!!
E o velho Dimas abriu
o olho direito e revelou um Selo de Anulação, apontou para minhas pernas e
senti uma dor enorme, cai no chão, de joelhos. Corri para longe da fumaça do
cachimbo, e ia me virar, já com a Espada nas mãos, porém, quando meus olhos
focaram novamente
... Um clarão. Vi o cara de gorro com algo prateado e enorme
nas mãos lançar luz sobre a cabeça de Dimas, senti que não havia mais nada dele
ali. Nada havia além das lápides agora; e minha vingança fez com que continuasse
e fosse em direção aquele corpo pequeno no gorro marrom.
... Tambores na minha cabeça, depois do clarão em minha
direção. E acordei aqui, com as palavras de Dimas fazendo mais barulho que as
balas que me acertaram no ombro e me jogaram longe, nesta cama de hospital de
segunda-feira.
***
Naquela mesma
segunda-feira, um homem grisalho reza em uma Catedral de Rocha com um enorme
paredão de vidro na frente, de São Denis. Vem andando para perto dele um gorro
marrom:
-Ali estão, sete tesouros de Duendes, como você pediu. –Diz o
grisalho ser.
-Ótimo. – Fala a voz rouca, mas, feminina.
Ela retira o gorro e
revela sua pele branca, cabelos ruivos pintados presos, olhar para o nada. Se
aproxima de sete pacotes, entre caixas de madeira e sacos de pão com inscrições
de selamento. Depois de checar tudo, joga perto do homem grisalho que rezava
uma enorme Colt prateada:
-Ela é sua. Pegue.
-Não, pode ficar...
Você é uma honrosa representante de sua raça, – levantando-se, mas sem virar
para trás, o senhor de terno negro, fala sempre macio, como um pai – esta arma
apenas funciona com guerreiros dignos, você o é, Janes Tempest.
Com os olhos verdes e
negros, ela o fita, mas pega a arma. Coloca as caixas empilhadas e os pacotes
em suas pequenas mãos de 1,68 m.
-Você, por que matar alguém de seu próprio povo?
-Oras, - vira-se o homem grisalho – isto é demasiado humano,
jovem celita.
Ela sorri, e deixa
cair uma adaga no chão. Um vento sopra e desaparece. O homem sorri com o
estalado.
Em um instante,
aparecem das estátuas dos santos na capela diversos homens de preto. O maior
entre eles, pergunta:
-Você está bem,
Mestre Søren?! Alguma coisa quebrou nossa conexão telepática com o senhor!
-Estou bem, Chavalier!
Foi aquela pequena lâmina que barrou vocês... Não se preocupem, apenas uma
reunião com uma Entidade Superior.
-O quê? Mas, mestre, o senhor está bem?
-Sim, agora, vamos... O enterro da nossa amada Vanda está
para acontecer...
Neste momento, toca o
celular tijolo de um dos seguranças, ao qual diz, atônito:
-Mestre Søren! ...Acabo de saber que o Lendário Dimas de
Luparino morreu ontem à noite!
-O quê? Aquele velho desgraçado?!! – Diz outro – Pensei que
ele fosse imortal! Mestre, ele não era seu amigo?
Søren apenas olha
para eles e diz:
-Vamos, estamos atrasados para o enterro.
E a luz alaranjada toma a Catedral, a segunda está pra
acabar.
FONTES: http://letras.mus.br/interpol/104857/traducao.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_igrejas_do_Apocalipse#Esmirna
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