Na madrugada depois de 13 de abril de 2013, os jornais deram a notícia de que haveria uma tempestade solar, com descarga energética que nos atingiria e afetaria nossas comunicações e dados. Porém, isto foi desmentido às 00:01, do dia 14 de abril, quando a Grande Rede de Notícias Norte-Americana deu a notícia vinda dos principais órgãos de Estudos Astronômicos: A Tempestade seria mortal em algumas porções do globo, afetando as espécies em nível atômico, matando as células, consumindo tudo... O fim do mundo foi noticiado faltando algumas horas para ocorrer. Não havia chance de sair, não havia chance de deixar qualquer carta ou texto
Eu, em desespero inicial, gritei com meus pais e até cheguei a chorar, para a minha namorada que apenas via virtualmente, através da Rede Social Azul. Tive medo, porém, isto foi até faltar meia hora para tudo acontecer, quando os cientistas disseram que as últimas transmissões telefônicas poderiam ser feitas, temi por poucos minutos, quando resolvi sair do computador, com suas notícias e choros, ironias e lástimas, resolvi abandonar a minha família, que rezava no quarto, e mesmo para a minha irmã eu não dei "tchau". Fiquei fora de casa, com meus cães, enquanto falava com minha namorada virtual, e pedia para que ela fizesse o mesmo: olhasse as estrelas.
Ela, dizendo já sem lágrimas, perguntou se eu via o que ela via, e disse: "sim". E lá estava a gigantesca nuvem amarela e vermelha no céu, quando, às 23:58, nada mais se ouviu... O sinal caiu, e senti o peso do coração de Jeva para mim, senti aquele calor estranho... Estranho porque a morte deveria ser fria, mas, não era, não era...
Então, veio, um minuto depois, depois depois de muito angústia do pior dos monstros: o Silêncio. Veio calor e senti uma alucinação enorme e intensa, senti que meu sangue torrava por dentro, supus ser meu ferro, minhas hemácias. Depois, foi a zonzeira e como se meu cérebro entrasse em colapso e torna-se pesado, curvo-me e o osso parece líquido, sinto e... De repente, escuto gritos. Mas, não são meus.
Levanto-me, olho o celular num impulso: Acordei cerca de dois dias depois, em um enorme campo de luz, a Terra estava ainda com céu brilhante, porém, eram seis da noite, o que não correspondia àquela luz de meio dia... Fui para dentro de casa e percebi que meu cão mais velho morrera, Tomtom. Já Mefisto, estava dormindo, acordei-o, ele abanava o rabo e estava bem.
Dentro do quarto de minha família, pai e mãe estavam bem, na mesma situação de Mefisto, o cão de pastorio, porém, minha irmã Hanna estava com a pele fria, tentamos acordá-la por cerca de meia hora, mas, nada ocorria... Minha mãe chorou, meu pai, em silêncio, derramou lágrimas por dentro, apenas - homem antigo. Como eu, que fora para fora, quando, estranhamente, Tomtom me tocou com seu focinho! Ele estava vivo, porém, quando abracei-o, estava frio...
Corri para dentro, num lampejo, abracei Hanna, ela, acordou. E, fria, nos deu bom dia.
Não conseguimos ligar nada antes do dia terminar, parece que apenas algumas pessoas desapareceram, a Ciência errou? Parecia que sim. Apesar disto, várias pessoas pelo mundo estavam "frias", outras, não acordavam, apesar de estarem vivas.
Liguei para a minha namorada já era madrugada do domingo Pós-Acontecimento, quando ouvi sua voz, senti uma enorme dor de cabeça, gigantesca. Aguentei-a até que ela contasse sobre a situação de todos os seus gatos estarem dormindo, sua família, bem, ninguém "frio", desmaiei quando ela perguntou sobre mim...
Passaram-se cerca de duas semanas, acordei num hospital. Fiquei em estado catatônico, com olhos abertos, não podendo ser fechados sem medicamentos, nem dormia, nem comia nada que não fosse líquido posto em minha boca. Jeva, estava ali, com seus cabelos mais arruivados do que nunca, com camisa de flanela florida, feliz, só com olheiras, ela falou em meus ouvidos, um "eu te amo".
Só que sua voz estava diferente, mais do que nunca... Então, eles me contaram: algumas pessoas pelo mundo estavam tendo sintomas estranhos, crises sérias de liberarem energia e loucura por ouvirem vozes. Jeva disse que o governo estava levando os que tinham estes sintomas para um tratamento especial... Quando ela disse estas palavras, ouvi uma voz dizendo que iriam nos perguntar em breve sobre isto ali, no Hospital das Clínicas. Dito, e feito, logo o médico veio e eu disse aos meus pais que deixassem eu falar, disse estar com crises da minha doença do estômago, por fraqueza e a tempestade, desmaiara. Minha namorada pensou em dizer algo, porém, eu não quis, e ela não disse nada, porém, não precisei falar nada para ela.
Começamos a caminhar para casa, que ficava perto, já que meus pais alugaram um apartamento, como eu sempre sonhei em viver. Durante o caminho, senti que podia ouvir os corações com medo deles, menos o de Hanna, que não parecia bater, eu não ouvi nada dela, porém, ela parecia tremer toda a vez que eu pensava nela. Deixei meus pais voltarem para a casa com minha irmã e eu e Jeva ficamos no apartamento, ouvindo a tv e em sites, que diziam ser milhares "tratados" pelos governos e exércitos. De repente, na tv aparece o representante das Nações Unidas para a chamada Questão da Crise Solaris, Miguel de Torquemada, olhei para a notícia, e, de súbito, ouvi algum sussurro dentro de mim, em espanhol, porém, entendi.
Disse para Jeva que precisávamos de dinheiro, que eles iriam pegar a todos e matar, ela não cria. Eu toquei em sua testa e lhe dei um beijo, senti uma piedade estranha para com ela, depois disto, entendeu, dizendo que ouviu algo terrível em espanhol, o mesmo que eu?
Vi um jornal matutino sobre os Cassinos Ilegais de Curitiba, então, pensei e vi um velho negro vendendo as entradas, na Rua do Ouvidor. Sabia aonde era e como chegar. Me vesti o melhor que as roupas podiam e entrei no cassino, sem contar para Jeva; girei todas as caça-niqueis em uma ordem que calculei, depois de um tempo, os seguranças tentaram me bater: ganhei em vinte máquinas, dando cerca de vinte mil reais da época. Quando vieram me levar para um beco, eu não tive medo, parecia que ele havia sido apagado de mim, disse em voz calma para que eles se casassem e esquecessem de mim, eles se beijaram e eu peguei meu saco de fichas, mandei trocarem as moedas, firmemente olhando para a mulher que lá cuidava.
Quando, a noite, a desesperada amada veio me perguntar o que eu fizera e como consegui o dinheiro, lhe dei um beijo e disse que tínhamos que sair dali, da cidade. Quanto aos meus pais e cães, não lembrariam de me ver mais, nem os parentes dela.
Eu estava com algo crescendo em mim, podia sentir. Só que, ao contrário do que vocês poderiam supor, não me sentia divino ou no comando de tudo, sentia apenas uma dificuldade em sentir algo, parecia que fui reduzido à algo menor, que apesar de tudo, tinha a Consciência Maior, sabia o que acontecia.
Só que algo competiu comigo, só não sabia o que. Fomos com o dinheiro até São Paulo, um caos como sempre, fui para a bolsa e contratei com uma boa parte do dinheiro um corretor. Depois de dois dias de investimentos em dinheiro quente, estava com duas vezes mais do que ganhara com o cassino.
Jeva, por minhas instruções, foi buscar novos nomes, ela fazia Filosofia, escolheu Arthur para mim, de Schopenhauer, e como sobrenome, Bergman. Dei a ela Jeva Ekerot, por razões que não lembro mais. Em um mês, estávamos com cerca de cem mil e de carteiras de RG novas.
Disse para ela que em cinco meses deveríamos ficar em silêncio, porque estava ouvindo coisas da cabeça dos líderes que apareciam na tv, fora uma forte interferência.
No nosso apê na Baixo Augusta, víamos vários seres estranhos, entre eles, alguém que parecia ser outro dos Frios, um Pastor que ficava falando para as Prostitutas e Travecos largarem a vida de pecado e irem para a "Salvação"; chamava-se a si mesmo de Bournie, o homem negro de quase dois metros de altura, que sempre nos olhava com cara fechada, quando íamos comprar pão pela manhã.
Musiqueta
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sábado, 13 de abril de 2013
Crise Solaris
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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Cappello Nero procura #Agentes do Caos
MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://www.youtube.com/watch?v=lwHpLDgWonM
"Procura-se Cappello Nero"
Escrito no cartaz amarelado preso na venda do Seu Noel, na velha e triste Acapulco. O cheiro de praia trazia o deserto do interior, o velho Oeste que trazia apenas a areia e o cansaço. Era isto que eu queria, queria ser velho de novo, não imortal, queria poder ter vivido uma vida que não tinha mais, uma coisa que perdera há séculos...
Agora, eu era a Vingança. Um senhor dentro da mortalidade
E o cartaz ainda me intrigava, nunca vira ele assim - um dos meus nomes, meus vários -, estava preso naquela porta; logo, uma triste memória, enquanto pegava o navio para ir à Londres. Era perto do Natal, as guirlandas nas portas me deixavam um pouco triste, eu realmente devo ser um cara triste...
Uma parte do cansaço vinha do fato de que há muito tempo eu procuro por alguém que me substitua. Sou membro de uma organização antiga, ou melhor, sou um dos fundadores desta organização. Podem chamá-la de Agentes, os Agentes do Caos. Tenho um nome perdido, em algum deserto do Velho Mundo eu perdi como meus pais haviam me chamado quando o sopro da vida tocou meus lábios - porém, isto não importa mais.
Sou Cappello Nero agora, fui o primeiro Líder dos Agentes (nós não temos um chefe na verdade, mas, antigamente, isto foi necessário, as guerras foram sangrentas, aprendi muito, desde manejar uma arma à deixar a mulher amada...); me conhecem como o 1º Aluno, fui aluno do Fundador, posso aniquila-lo com apenas uma mão, porém, não tenho vontade de fazê-lo... Não tenho mais vontade de nada...
Deprimido? Não, só cansado...
Dizem que agora é o ano de 1889, não estou me importando a mínima com isto, já passei tantos calendários que não ligo mais pra nada... Apenas tenho uma missão agora: encontra um certo Lancester, ele será o meu substituto. Por quê? Quem liga... Agora eu não ligo mais pra nada... Ligamos quando temos uma vida, eu tinha uma, faz alguns milhares de anos... Hoje, sou apenas Vingança, perdi o que tinha, ganhei uma Missão
...
Descendo do navio, um guarda da alfandega me sonda, eu não ligo, entrego os meus bilhetes e vou em direção à um bairro suburbano... As casas estão coladas umas as outras, colado está o fedor das indústrias e das crianças que morrem de tifo em minhas narinas... No coldre, escondido por um casaco, minha pistola, na cabeça, um chapéu negro - "o chapéu", ele é importante... Guardem ele na sua memória, assim poderão me reconhecer na rua -, levo apenas uma valise e um contrato dizendo:
Existe apenas um único suspiro entre o Grande e o Pequeno, todos estão no mesmo ar, aquecessem no mesmo fogo, tomam da mesma água e andam na mesma terra. Não me importa o que haja entre os dois, pois agora, o que há entre mim e o deus é apenas uma assinatura.
Ass.: ___________
Desculpe, nunca fui poeta, então, inventei estas baboseiras... O tal Lancester tinha que admitir querer ser um Agente, depois, eu lhe daria meu chapéu... Estaria tudo acabado, pronto, era só isto que eu precisava fazer... Ele ficaria como meu substituto e eu me vingaria, teria alguns meses pra isto, mas, pra quem já viajou tanto pela Terra, alguns meses se tornam anos, quando se sabe o caminho.
Estava num bonde, que nesta terra eles chamam de ônibus. Vi que a rua estava próxima, estavam morando na casa 20, na rua 5 com 78, logo, falaria com Eleven, o novo Primeiro Aluno...
E então, algo é visto
Como uma pequena centelha divina, um fogo azul se expande da janela do segundo andar
Típico, era na casa 20
Chutei o peito do menino que com jornais estava na minha frente, desci furioso a rua, as pessoas gritavam assustadas. Abria a porta com um soco, derrubei a velha senhora que tentava abrir, desesperada pelo que viu acima, nas escadas; todos se reuniam na porta, com medo - algo que eu perdera há algum tempo...
-O vaqueiro subiu ali! -Gritaram, mandavam eu sair, não liguei.
A porta do lugar estava intacta, nada havia ali, apenas um cheiro forte de gordura queimada. Com um chute, a entrada foi feita, olhei para o cubículo, olhei fixamente, mas não acreditava muito bem...
Era aquela sensação, aquele impacto que se sente, estava perplexo... Eleven, menina de 13 anos, tinha uma faca na mão, deixou ela cair... Nos meus pés...
Havia fogo ali, muito fogo, azul anil
Não queimava nada, apenas uma cadeira de balanço e
O corpo que lá ficava em descanso
Mortal, silencioso
Via apenas os chinelos nos pés do homem - parecia um homem, enfim
Levei ela para fora, enquanto o corpo era consumido...
...39 nove minutos depois, olhei no relógio de bolso, estávamos na delegacia, estávamos perto de uma, o que explica a rapidez. Aqui os delegados não usavam estrelas, estranho.
Eleven seria levada para internato para moças, me disse um jovem guarda, fiz cara de paisagem e olhei para a menina.
-Tão jovem? Apenas 13 anos? - Falei no meu mau inglês
-Senhor, deve haver um engano, ela tem 18 anos...
Olhei pro meu papel no bolso do casaco, estranho... Não havia isto na ficha que peguei aleatoriamente no orfanato de Santa Cruz... A data não estava borrada, eu sabia disto...
-Ela só é um pouco pequena para a idade, enfim... - Continuou o rapaz - D'onde o senhor conhece a jovem?
-Eu?
-Sim, o senhor... - O garoto segurou no seu coldre, pois vira o meu objeto de brilho metálico, um erro
Senti que não sairia dali, não queria isto... Um bigodudo estava querendo me cercar, dei-lhe um golpe no pescoço, ele caiu; o jovem, tentando usar seu apito, foi recebido com um soco que o fez engolir o objeto de metal, corri pela rua. A suja via me fez desaparecer sem usar um pingo de mágica que está no meu chapéu...
Por alguma razão, agora estava ali, ligado à moça, Eleven. Eu precisava ajudá-la para que eu fosse libertado para minha Vingança, esta era a hora.
...
O Internato de Santa Joana D'Arc, escuro lugar, lugar fétido. Tudo fedia para mim, que permaneci anos no deserto, na Marcha para o Oeste, apenas algumas flores no jardim me eram caras, mas, isto não importavam...
-Onde esta a nova moça que chegou aqui?
-No quarto 22! -Respondeu a freira com medo, ela viu também a minha arma... Deveria escondê-la melhor!
Sabia que não tinha muito tempo, tinha que ir logo, segui pelos corredores... Ouvi ainda a freira - uma boa mulher - dizer:
-Ela está com alguém! Um homem negro!
O temor em dizer a cor do homem me demonstrou seu racismo, coisa estranha desta época, algo bem condizente com os humanos... Eu já fora um deles, ainda era, na verdade... Um pouco mais... "Vivido", isto é fato...
Abri a porta devagar, 38 em punho
Olhei o homem, era um padre... Não um da Igreja Cristã, mas, alguma Batista, usavam roupas diferentes... A dele era negra, e não vermelha, como a dos outros...
-Vire-se! -Disse
Um foco luminoso tomou conta da sala, não atirei por impulso, nunca faria isto.
-AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!!
O grito da menina me fez atirar no pé do homem que tentava correr... Tudo ficara iluminado pelas velas novamente, olhei para sua face, me transmitia paz, porém, a paz dos mortos...
-Calma amigo! Calma! - Me fez ver seu "livro santo", era preto, as páginas também... Muito estranho... Apenas a forca - o símbolo do martírio para as duas religiões - era amarelado e destacava-se com brilho incomum.
Olhei a menina, estava babando, estava com os olhos virados e em choque...
Sem me alterar no porte da arma, disse:
-O que fez com ela?
-Senhor, eu não fiz nada... Eu apenas...
Senti ele tentar me acertar com o livro, atirei
Uma, duas
Ele pulou para um canto, caindo, levantando-se depois
Estranho, não acertei, eu nunca erro, nunca.
Dois pesos caíram no chão, o homem estava perto da porta, imóvel - suava de temor.
Vi um par de sombras, parecidas com cães, logo, sumiram... Eu deveria achar estranho, mas, isto ficou comum pra mim...
-Você... Você é um "deles"?
-"Deles"?
-... -Ele engoliu seco, jogou o livro no chão, uma fumaça danada saiu de dentro das páginas. Me mantive firme, olhando entre a fumaça, ouvi a porta bater, não atirei, seria fácil, afinal, a única saída seria meu único alvo para acertá-lo, porém, se o fizesse, acertaria uma área vital, não podia matá-lo, não ainda...
As freiras vieram em seguida, olhavam desoladas a menina, como pedra, ela me fitava. Parecia morta, talvez estivesse; não liguei, senti que não precisava dela ali, o corpo apenas haviam, sua mente não estava sendo sentida por mim...
-Qual o nome daquele homem?
-O quê?! -Perguntou a madre que berrava para as outras por um pouco de água
-O nome... Qual é?
-... É... É Bournie, ele é pastor... -Ela segurou no meu braço, ainda disse, vendo minha pistola na mão - Senhor, espere a polícia! Digo que o senhor tentou ajudar a pegar aquele... Aquele feiticeiro! Espere a justiça, por favor!
-Senhora, -eu a respondi - numa situação destas, eu sou a Justiça
Sai, desci a rua, nada achei... Precisava achar aquele homem...
A menina, a moça, Eleven Lancester, acabava de morrer no hospital, soube pelos jornais que tentavam relacionar isto com o caso de combustão instantânea ao qual viram no começo desta estória. É fato que eu vi o que aconteceu com ela... Havia fotos de mulheres nuas em volta do dono do lugar... Um homem que se vestia e portava como mendigo, pelo que disseram... Ele entrou em chamas antes de consumar o fato... Porém, não sei se por "alegria demais" ou se algo tinha ver os jovens olhos azuis de Eleven...
Fato é que Bournie sabia, e se sabia, eu também saberia...
Havia vindo para esta viagem sem uma vida, apenas com uma missão
Agora, tinha uma, tinha que conseguir uma novamente
A de Eleven, a menina de 13 ou 18 anos...
Mesmo que para isto, a do tal Pastor, fosse tragada por meu 38!
http://www.youtube.com/watch?v=lwHpLDgWonM
"Procura-se Cappello Nero"
Escrito no cartaz amarelado preso na venda do Seu Noel, na velha e triste Acapulco. O cheiro de praia trazia o deserto do interior, o velho Oeste que trazia apenas a areia e o cansaço. Era isto que eu queria, queria ser velho de novo, não imortal, queria poder ter vivido uma vida que não tinha mais, uma coisa que perdera há séculos...
Agora, eu era a Vingança. Um senhor dentro da mortalidade
E o cartaz ainda me intrigava, nunca vira ele assim - um dos meus nomes, meus vários -, estava preso naquela porta; logo, uma triste memória, enquanto pegava o navio para ir à Londres. Era perto do Natal, as guirlandas nas portas me deixavam um pouco triste, eu realmente devo ser um cara triste...
Uma parte do cansaço vinha do fato de que há muito tempo eu procuro por alguém que me substitua. Sou membro de uma organização antiga, ou melhor, sou um dos fundadores desta organização. Podem chamá-la de Agentes, os Agentes do Caos. Tenho um nome perdido, em algum deserto do Velho Mundo eu perdi como meus pais haviam me chamado quando o sopro da vida tocou meus lábios - porém, isto não importa mais.
Sou Cappello Nero agora, fui o primeiro Líder dos Agentes (nós não temos um chefe na verdade, mas, antigamente, isto foi necessário, as guerras foram sangrentas, aprendi muito, desde manejar uma arma à deixar a mulher amada...); me conhecem como o 1º Aluno, fui aluno do Fundador, posso aniquila-lo com apenas uma mão, porém, não tenho vontade de fazê-lo... Não tenho mais vontade de nada...
Deprimido? Não, só cansado...
Dizem que agora é o ano de 1889, não estou me importando a mínima com isto, já passei tantos calendários que não ligo mais pra nada... Apenas tenho uma missão agora: encontra um certo Lancester, ele será o meu substituto. Por quê? Quem liga... Agora eu não ligo mais pra nada... Ligamos quando temos uma vida, eu tinha uma, faz alguns milhares de anos... Hoje, sou apenas Vingança, perdi o que tinha, ganhei uma Missão
...
Descendo do navio, um guarda da alfandega me sonda, eu não ligo, entrego os meus bilhetes e vou em direção à um bairro suburbano... As casas estão coladas umas as outras, colado está o fedor das indústrias e das crianças que morrem de tifo em minhas narinas... No coldre, escondido por um casaco, minha pistola, na cabeça, um chapéu negro - "o chapéu", ele é importante... Guardem ele na sua memória, assim poderão me reconhecer na rua -, levo apenas uma valise e um contrato dizendo:
Existe apenas um único suspiro entre o Grande e o Pequeno, todos estão no mesmo ar, aquecessem no mesmo fogo, tomam da mesma água e andam na mesma terra. Não me importa o que haja entre os dois, pois agora, o que há entre mim e o deus é apenas uma assinatura.
Ass.: ___________
Desculpe, nunca fui poeta, então, inventei estas baboseiras... O tal Lancester tinha que admitir querer ser um Agente, depois, eu lhe daria meu chapéu... Estaria tudo acabado, pronto, era só isto que eu precisava fazer... Ele ficaria como meu substituto e eu me vingaria, teria alguns meses pra isto, mas, pra quem já viajou tanto pela Terra, alguns meses se tornam anos, quando se sabe o caminho.
Estava num bonde, que nesta terra eles chamam de ônibus. Vi que a rua estava próxima, estavam morando na casa 20, na rua 5 com 78, logo, falaria com Eleven, o novo Primeiro Aluno...
E então, algo é visto
Como uma pequena centelha divina, um fogo azul se expande da janela do segundo andar
Típico, era na casa 20
Chutei o peito do menino que com jornais estava na minha frente, desci furioso a rua, as pessoas gritavam assustadas. Abria a porta com um soco, derrubei a velha senhora que tentava abrir, desesperada pelo que viu acima, nas escadas; todos se reuniam na porta, com medo - algo que eu perdera há algum tempo...
-O vaqueiro subiu ali! -Gritaram, mandavam eu sair, não liguei.
A porta do lugar estava intacta, nada havia ali, apenas um cheiro forte de gordura queimada. Com um chute, a entrada foi feita, olhei para o cubículo, olhei fixamente, mas não acreditava muito bem...
Era aquela sensação, aquele impacto que se sente, estava perplexo... Eleven, menina de 13 anos, tinha uma faca na mão, deixou ela cair... Nos meus pés...
Havia fogo ali, muito fogo, azul anil
Não queimava nada, apenas uma cadeira de balanço e
O corpo que lá ficava em descanso
Mortal, silencioso
Via apenas os chinelos nos pés do homem - parecia um homem, enfim
Levei ela para fora, enquanto o corpo era consumido...
...39 nove minutos depois, olhei no relógio de bolso, estávamos na delegacia, estávamos perto de uma, o que explica a rapidez. Aqui os delegados não usavam estrelas, estranho.
Eleven seria levada para internato para moças, me disse um jovem guarda, fiz cara de paisagem e olhei para a menina.
-Tão jovem? Apenas 13 anos? - Falei no meu mau inglês
-Senhor, deve haver um engano, ela tem 18 anos...
Olhei pro meu papel no bolso do casaco, estranho... Não havia isto na ficha que peguei aleatoriamente no orfanato de Santa Cruz... A data não estava borrada, eu sabia disto...
-Ela só é um pouco pequena para a idade, enfim... - Continuou o rapaz - D'onde o senhor conhece a jovem?
-Eu?
-Sim, o senhor... - O garoto segurou no seu coldre, pois vira o meu objeto de brilho metálico, um erro
Senti que não sairia dali, não queria isto... Um bigodudo estava querendo me cercar, dei-lhe um golpe no pescoço, ele caiu; o jovem, tentando usar seu apito, foi recebido com um soco que o fez engolir o objeto de metal, corri pela rua. A suja via me fez desaparecer sem usar um pingo de mágica que está no meu chapéu...
Por alguma razão, agora estava ali, ligado à moça, Eleven. Eu precisava ajudá-la para que eu fosse libertado para minha Vingança, esta era a hora.
...
O Internato de Santa Joana D'Arc, escuro lugar, lugar fétido. Tudo fedia para mim, que permaneci anos no deserto, na Marcha para o Oeste, apenas algumas flores no jardim me eram caras, mas, isto não importavam...
-Onde esta a nova moça que chegou aqui?
-No quarto 22! -Respondeu a freira com medo, ela viu também a minha arma... Deveria escondê-la melhor!
Sabia que não tinha muito tempo, tinha que ir logo, segui pelos corredores... Ouvi ainda a freira - uma boa mulher - dizer:
-Ela está com alguém! Um homem negro!
O temor em dizer a cor do homem me demonstrou seu racismo, coisa estranha desta época, algo bem condizente com os humanos... Eu já fora um deles, ainda era, na verdade... Um pouco mais... "Vivido", isto é fato...
Abri a porta devagar, 38 em punho
Olhei o homem, era um padre... Não um da Igreja Cristã, mas, alguma Batista, usavam roupas diferentes... A dele era negra, e não vermelha, como a dos outros...
-Vire-se! -Disse
Um foco luminoso tomou conta da sala, não atirei por impulso, nunca faria isto.
-AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!!
O grito da menina me fez atirar no pé do homem que tentava correr... Tudo ficara iluminado pelas velas novamente, olhei para sua face, me transmitia paz, porém, a paz dos mortos...
-Calma amigo! Calma! - Me fez ver seu "livro santo", era preto, as páginas também... Muito estranho... Apenas a forca - o símbolo do martírio para as duas religiões - era amarelado e destacava-se com brilho incomum.
Olhei a menina, estava babando, estava com os olhos virados e em choque...
Sem me alterar no porte da arma, disse:
-O que fez com ela?
-Senhor, eu não fiz nada... Eu apenas...
Senti ele tentar me acertar com o livro, atirei
Uma, duas
Ele pulou para um canto, caindo, levantando-se depois
Estranho, não acertei, eu nunca erro, nunca.
Dois pesos caíram no chão, o homem estava perto da porta, imóvel - suava de temor.
Vi um par de sombras, parecidas com cães, logo, sumiram... Eu deveria achar estranho, mas, isto ficou comum pra mim...
-Você... Você é um "deles"?
-"Deles"?
-... -Ele engoliu seco, jogou o livro no chão, uma fumaça danada saiu de dentro das páginas. Me mantive firme, olhando entre a fumaça, ouvi a porta bater, não atirei, seria fácil, afinal, a única saída seria meu único alvo para acertá-lo, porém, se o fizesse, acertaria uma área vital, não podia matá-lo, não ainda...
As freiras vieram em seguida, olhavam desoladas a menina, como pedra, ela me fitava. Parecia morta, talvez estivesse; não liguei, senti que não precisava dela ali, o corpo apenas haviam, sua mente não estava sendo sentida por mim...
-Qual o nome daquele homem?
-O quê?! -Perguntou a madre que berrava para as outras por um pouco de água
-O nome... Qual é?
-... É... É Bournie, ele é pastor... -Ela segurou no meu braço, ainda disse, vendo minha pistola na mão - Senhor, espere a polícia! Digo que o senhor tentou ajudar a pegar aquele... Aquele feiticeiro! Espere a justiça, por favor!
-Senhora, -eu a respondi - numa situação destas, eu sou a Justiça
Sai, desci a rua, nada achei... Precisava achar aquele homem...
A menina, a moça, Eleven Lancester, acabava de morrer no hospital, soube pelos jornais que tentavam relacionar isto com o caso de combustão instantânea ao qual viram no começo desta estória. É fato que eu vi o que aconteceu com ela... Havia fotos de mulheres nuas em volta do dono do lugar... Um homem que se vestia e portava como mendigo, pelo que disseram... Ele entrou em chamas antes de consumar o fato... Porém, não sei se por "alegria demais" ou se algo tinha ver os jovens olhos azuis de Eleven...
Fato é que Bournie sabia, e se sabia, eu também saberia...
Havia vindo para esta viagem sem uma vida, apenas com uma missão
Agora, tinha uma, tinha que conseguir uma novamente
A de Eleven, a menina de 13 ou 18 anos...
Mesmo que para isto, a do tal Pastor, fosse tragada por meu 38!
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#Agentes do Caos,
#Agentes do Caos. Pastor Bournie,
Agentes do Caos,
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segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Sixx Valentine, a Menina Obtusa parte 2 #Agentes do Caos
MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://www.youtube.com/watch?v=nsF45oe6d5o
http://www.youtube.com/watch?v=nsF45oe6d5o
E então, numa sala de cinema eu a encontrei.
Estava vendo algum filme sobre uma noiva que se vinga com técnicas samurais, algo que professores do meu antigo curso deveriam abominar, pois o gosto culto pela arte estava nos empoeirados museus e não nas coisas básicas de cada fim de semana... Eu gostava da violência e "epicidade" dos personagens, porém, não estava muito interessado no filme, pois havia, a um certo tempo, uma estranha luz azul na minha cara, a partir de uma cena de luta, nada mais vi por causa dela. Era ela, seu nome era Azulli.
Saímos pra comer algo em alguma lanchonete, perto e que só servia pastel... Estava frio e minha garganta ameaçava adoecer... Não via os olhos dela, ela usava uma grande franja de negros cabelos que quase ia até seu nariz, que era meio grande... Ainda queria descobrir d'onde vinha aquela luz azul, todos olhavam a luz azul no meio do peito dela, ela era contrastante ao silêncio que fazia enquanto eu pedia respostas comuns ao flerte: idade, que eu uso pra ver se não cometo crime, signo, pra dar uma despistada e ver se é exotérica, músicas e cantores, pra me surpreender com os gostos de música pesada e outros, de "mocinha"... Este tipo de papo que sempre é lembrado pelos velhos quando -por algum mistério da sorte - ficam se aguentando e se apaixonando na vida diária e chata... Porém, eu não ligava pra aquilo, nem estava pensando em ter aquilo com ela, porém, a luz azul ainda me intrigava...
-Por que foi ver aquele filme?
Minha pergunta não teve resposta... Estranhamente, ela me sorriu, enigmaticamente, me disse:
-Porque as borboletas não voam para trás?
Nunca entendi isto... E olha que ela me disse várias coisas... Mas, isto, isto eu não entendi...
Senti algo estranho entre nós, entre uma batatinha e outra, uma resposta esquiva e outra, pensei na gente na cama, pensei no beijo, no calor e no procurar... Mas, isto, eu nunca iria entender... Não, ao menos, antes de terminarmos o refrigerante Soda Corda...
Um macaco de terno entra em nossas vidas, sim, isto não é um eufemismo racista... Um enorme gorila de terno, que eu conheço e chamo de Frank Calisto, lá estava o desgraçado, berrando:
-Aí está você!!!
Saco de meu bolso esquerdo uma arma de bolso -"Segurança primeiro, 38 na mão!" como diria meu mestre-, respondo o animal:
-O que há? Um homem não pode chamar uma garota pra um pastel?
-Saia daí! Skelter! Fuja enquanto pode!
-O que há, cara? Ficou com medo de mocinhas? Me deixa em paz... Preciso "daquilo", sabe? Me deixa que eu te deixo sem uma bala na fuça...
Ele sorri, diz com sorriso amarelo e sacando uma navalha:
-Você não sabe onde bota o bedelho, né? Esta pequena matou muito e destruiu tudo... Sabe, né? Tá com ela?
-...
Meu tempo de experiência com o Panda Vermelho me fizeram ser muito cauteloso, mesmo com ela, que na época não fazia ideia de quem ela seria.
-É verdade? -Olhei pra ela de relance, sem deixar de ver o macacão
-... -Silêncio, ela ficou em silêncio...
-Ok, -disse em resposta a ela - Pode levar...
Ela foi agarrada pelo macaco, depois, não sei o que houve
Ela brilhou, um pouquinho mais... Eu vi algo, como nunca tinha visto
Homem negro, vestido com batina e sobretudo, atrás dela...
Ninguém via, só eu...
Eu o conhecia, de fotos em livros secretos, em juras que não poderia cantar nem se fosse de uma banda de canções pesadas... Aquela cara escura com olhos claros - brilhantes, digo, como faróis... Seu nome era Pastor Bournie, um ser misterioso, que comandava muitos e muitas coisas...
Ele tocou os ombros do pobre Frank, sim, pobre, mesmo ele já tendo tentado me matar... Eu vi aquilo com desprazer... Sua cabeça foi acertada com um soco, todos na lanchonete chinesa correm, os dois brigam e o sangue é espirrado, porém, de Bournie só sai fumaça dos furos, de Calisto, líquido vermelho e grudento...
Azulli, - sim, eu descobri o nome dela antes, só pra explicar - permanecia parada e com olhos brancos... Puxei ela pra mim, estranhamente, não fez nada, a não ser ficar em estado catatônico... Nós caímos num dos bancos da lanchonete, os dois lutadores, se engalfinhavam, pensei até em usar a minha arma... Mas, contra um gorila e um ser com Bournie? Nem a pau!
Finalmente, com um soco, o Pastor derruba Frank, ele pisa em sua barriga, eu tentei ajudá-lo - só pensei... Na verdade- Olhei pra Azulli... Vi que, logo, eu seria o próximo, beijei medrosamente sua boca, fiz o mais heroico:
Sai correndo.
... Assim, conheci Sixx Valentine, ainda a chamava de Azulli, nome que ela nunca me contou por que tinha... Apenas poderia ser um apelido, por sua chama azul que crescia... Crescia dentro de todos, dentro de mim, mais ainda...
...
Um prólogo, no mínimo, rotineiro...
Peguei um ônibus, sujo e triste chuva caía lá fora, dentro de mim também... Olhei pro lado, lá estava ela, com sua franja, olhando pra um celular, talvez na Rede...
-Olá! -Lhe disse
-Oi! - Me respondeu...
-Sobre aquele dia...
-Gostei do beijo... Foi quente... -Olhou e sorriu... Vi a luz brilhar de novo... Temi por algo como Pastor Bournie aparecer... -Sabe seu amigo? - Ela me disse
-Sim...
-Hm... -Ela sorriu
-Entendi... Você vai fazer o mesmo comigo? -Antes que eu terminasse, ela respondeu:
-Acho que a sua boca é muito boa pra ficar fora daí! ^-^
Seu sorriso fez-me ver a luz azul de novo...
Assim, conheci Azulli, no segundo encontro... Uma menina que nunca me pareceu direta, um ângulo reto... Sempre, meio obtuso
E azul, debaixo da franja.
http://www.youtube.com/watch?v=nsF45oe6d5o
http://www.youtube.com/watch?v=nsF45oe6d5o
E então, numa sala de cinema eu a encontrei.
Estava vendo algum filme sobre uma noiva que se vinga com técnicas samurais, algo que professores do meu antigo curso deveriam abominar, pois o gosto culto pela arte estava nos empoeirados museus e não nas coisas básicas de cada fim de semana... Eu gostava da violência e "epicidade" dos personagens, porém, não estava muito interessado no filme, pois havia, a um certo tempo, uma estranha luz azul na minha cara, a partir de uma cena de luta, nada mais vi por causa dela. Era ela, seu nome era Azulli.
Saímos pra comer algo em alguma lanchonete, perto e que só servia pastel... Estava frio e minha garganta ameaçava adoecer... Não via os olhos dela, ela usava uma grande franja de negros cabelos que quase ia até seu nariz, que era meio grande... Ainda queria descobrir d'onde vinha aquela luz azul, todos olhavam a luz azul no meio do peito dela, ela era contrastante ao silêncio que fazia enquanto eu pedia respostas comuns ao flerte: idade, que eu uso pra ver se não cometo crime, signo, pra dar uma despistada e ver se é exotérica, músicas e cantores, pra me surpreender com os gostos de música pesada e outros, de "mocinha"... Este tipo de papo que sempre é lembrado pelos velhos quando -por algum mistério da sorte - ficam se aguentando e se apaixonando na vida diária e chata... Porém, eu não ligava pra aquilo, nem estava pensando em ter aquilo com ela, porém, a luz azul ainda me intrigava...
-Por que foi ver aquele filme?
Minha pergunta não teve resposta... Estranhamente, ela me sorriu, enigmaticamente, me disse:
-Porque as borboletas não voam para trás?
Nunca entendi isto... E olha que ela me disse várias coisas... Mas, isto, isto eu não entendi...
Senti algo estranho entre nós, entre uma batatinha e outra, uma resposta esquiva e outra, pensei na gente na cama, pensei no beijo, no calor e no procurar... Mas, isto, eu nunca iria entender... Não, ao menos, antes de terminarmos o refrigerante Soda Corda...
Um macaco de terno entra em nossas vidas, sim, isto não é um eufemismo racista... Um enorme gorila de terno, que eu conheço e chamo de Frank Calisto, lá estava o desgraçado, berrando:
-Aí está você!!!
Saco de meu bolso esquerdo uma arma de bolso -"Segurança primeiro, 38 na mão!" como diria meu mestre-, respondo o animal:
-O que há? Um homem não pode chamar uma garota pra um pastel?
-Saia daí! Skelter! Fuja enquanto pode!
-O que há, cara? Ficou com medo de mocinhas? Me deixa em paz... Preciso "daquilo", sabe? Me deixa que eu te deixo sem uma bala na fuça...
Ele sorri, diz com sorriso amarelo e sacando uma navalha:
-Você não sabe onde bota o bedelho, né? Esta pequena matou muito e destruiu tudo... Sabe, né? Tá com ela?
-...
Meu tempo de experiência com o Panda Vermelho me fizeram ser muito cauteloso, mesmo com ela, que na época não fazia ideia de quem ela seria.
-É verdade? -Olhei pra ela de relance, sem deixar de ver o macacão
-... -Silêncio, ela ficou em silêncio...
-Ok, -disse em resposta a ela - Pode levar...
Ela foi agarrada pelo macaco, depois, não sei o que houve
Ela brilhou, um pouquinho mais... Eu vi algo, como nunca tinha visto
Homem negro, vestido com batina e sobretudo, atrás dela...
Ninguém via, só eu...
Eu o conhecia, de fotos em livros secretos, em juras que não poderia cantar nem se fosse de uma banda de canções pesadas... Aquela cara escura com olhos claros - brilhantes, digo, como faróis... Seu nome era Pastor Bournie, um ser misterioso, que comandava muitos e muitas coisas...
Ele tocou os ombros do pobre Frank, sim, pobre, mesmo ele já tendo tentado me matar... Eu vi aquilo com desprazer... Sua cabeça foi acertada com um soco, todos na lanchonete chinesa correm, os dois brigam e o sangue é espirrado, porém, de Bournie só sai fumaça dos furos, de Calisto, líquido vermelho e grudento...
Azulli, - sim, eu descobri o nome dela antes, só pra explicar - permanecia parada e com olhos brancos... Puxei ela pra mim, estranhamente, não fez nada, a não ser ficar em estado catatônico... Nós caímos num dos bancos da lanchonete, os dois lutadores, se engalfinhavam, pensei até em usar a minha arma... Mas, contra um gorila e um ser com Bournie? Nem a pau!
Finalmente, com um soco, o Pastor derruba Frank, ele pisa em sua barriga, eu tentei ajudá-lo - só pensei... Na verdade- Olhei pra Azulli... Vi que, logo, eu seria o próximo, beijei medrosamente sua boca, fiz o mais heroico:
Sai correndo.
... Assim, conheci Sixx Valentine, ainda a chamava de Azulli, nome que ela nunca me contou por que tinha... Apenas poderia ser um apelido, por sua chama azul que crescia... Crescia dentro de todos, dentro de mim, mais ainda...
...
Um prólogo, no mínimo, rotineiro...
Peguei um ônibus, sujo e triste chuva caía lá fora, dentro de mim também... Olhei pro lado, lá estava ela, com sua franja, olhando pra um celular, talvez na Rede...
-Olá! -Lhe disse
-Oi! - Me respondeu...
-Sobre aquele dia...
-Gostei do beijo... Foi quente... -Olhou e sorriu... Vi a luz brilhar de novo... Temi por algo como Pastor Bournie aparecer... -Sabe seu amigo? - Ela me disse
-Sim...
-Hm... -Ela sorriu
-Entendi... Você vai fazer o mesmo comigo? -Antes que eu terminasse, ela respondeu:
-Acho que a sua boca é muito boa pra ficar fora daí! ^-^
Seu sorriso fez-me ver a luz azul de novo...
Assim, conheci Azulli, no segundo encontro... Uma menina que nunca me pareceu direta, um ângulo reto... Sempre, meio obtuso
E azul, debaixo da franja.
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Sixx Valentine a Menina Obtusa parte 1 #Agentes do Caos,
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Sixx Valentine, a Menina Obtusa parte 1 #Agentes do Caos
MUSIQUETA DA POSTAGEM
Era um ângulo desajustado aquele serzinho. Não variava de mim em estatura, mas a chamava de minha pequena. Seus cabelos, longos e negros, sua franja que cobria parte da testa, me faziam passear pelos seus vales ébano - com minha boca e nariz, tocava seus pelos da cabeça e do corpo nesta viagem inebriante e quente, porém, nunca achei direito o que queria, nunca tive tempo para isto.
Era um ângulo desajustado aquele serzinho. Não variava de mim em estatura, mas a chamava de minha pequena. Seus cabelos, longos e negros, sua franja que cobria parte da testa, me faziam passear pelos seus vales ébano - com minha boca e nariz, tocava seus pelos da cabeça e do corpo nesta viagem inebriante e quente, porém, nunca achei direito o que queria, nunca tive tempo para isto.
No entanto, isto será contado apenas depois, bem depois. Primeiro, eu, Helter Skelter, preciso contar a História, enfadonha e triste como tudo neste livro, no entanto, cheia de um mistério em cada palavra que ainda faz seu autor –ou quem quer que esteja a copiar isto daqui- a ler e reler nas noites de uma sexta-feira, buscando uma referência ou segredo para presentear os leitores mais assíduos, ou seja, os que prestam e que se conta nos dedos do pé de uma serpente.
Pois bem, no fim do século das Revoluções, aquele que foi cheio de guerras e sangue, ideologias e depressões, ao qual poderíamos chamar de qualquer um, pois sempre tendemos a pensar que a nossa era passada foi a com maiores mudanças, e que mesmo assim -com esta questão quase que filosófica que coloquei, ou seja, sem importância - defino como o século XX. Fora numa cidade que esqueci o nome, mesmo tendo amado loucamente aquela moça... Só que à sua sombra ao qual me apaixonei não importava muito de onde vinha, só que a amasse...
Ela tinha problemas, sim, tinha.
Sua frase mais bela da vida era dita todo o dia de manhã, e era apenas um "-Bom dia!"
Deixou na adolescência o cabelo crescer, na infância, não mais sabia que brincar e pular... Até que um diz, lá pelos oito, uma sombra passou pelo quarto de sua mãe, ela entrou, silenciosa a menina sapeca viu uma cena que não entendeu
Um ser com olhos vermelhos agarrava sua pobre mãe pelos longos cabelos, em cima dela, fazia estranhos movimentos repetitivos...
Ele se assustou e se vestiu... A menina, pequena e ainda em silêncio, ouvia sua mãe gritar... O líquido vermelho que sai de suas pernas manchava seus pequenos pés... Era inocente a criança...
-Olá! -Disse o ser que se revelava um enorme homem com uma toalha branca como roupa, além de uma barba ruiva estranha...
... -Silêncio foi a resposta da pequena Valentine. Ele elevou sua mão com garras, vermelhas pelo sangue das partes da mãe, um movimento, corte preciso... A pequena garota ainda tentou correr... Sua nuca acertada tomba o corpo de apenas um metro no chão do corredor, ele vai em direção a filha, a mãe o segura -ainda "pintando" o chão com o meio das pernas -, ele a joga para o lado e dá um golpe final
Luz, MUITA LUZ
...
O ser vai andando para trás, ele está queimado da metade do corpo para cima, os olhos estão inflamados, sua cabeça é uma ferida com pus... A janela do quarto, cai o corpo do ser maligno...
A mãe grita, a filha em silêncio.
Três anos depois, a mãe também está em silêncio, a casa amarela em que eles vivem está toda em silêncio.
Até que em uma segunda, ou terça, não me lembro como ela contou... Só lembro dela dizer: "-A mãe tentou voar...", meu amor continuou, "...Só que ela não conseguiu". Um suicídio e uma ida para um orfanato, aí o cabelo dela voltou a crescer, e ela também, espichou...
Duas coisas ainda tenho que comentar
Primeira, é que o ser maligno era o pai de minha querida
Segunda, ainda mais importante, é que do pai veio uma herança, que da mãe passou para a filha, e dela, bem, nela ficou o presente, um livro de páginas negras, que assobiava histórias assustadoras, canções que a pequena Valentine ia ouvindo aos poucos, escutava assim como toda a sua família desgraçada... Mas, nela houve algo diferente...
Cada ponta do seu dedo tinha uma grande força que crescia, cada pequena extremidade que a menina, até o cabelo negro de morte, tinha como um conto de horror; nomes, pequenos sentimentos ruins -ou que fugimos na maioria das vezes - haviam ali
Na mão esquerda, a falta de criatividade
Direita, a fúria
Seios, ou peito, suspiro da paixão
Sob os pés, a preguiça, e a procrastinação no olhar
E embaixo de cada fio de cabelo, um pequeno ser de chama escura, um pequeno pedaço de solidão, silenciosa como a fala da menina para o mundo, silenciosa como um túmulo, como era para o mundo ... Em odesso, língua da família da menina, Sixx, seu primeiro nome, quando lhe conheci melhor
Assim se constitui-a os poderes de Sixx Valentine, a menina de cabelos negros. Mas, não só do que podem fazer se fazem os personagens daqui, e sim do que fizeram e nunca do são realmente.
Pois bem, no fim do século das Revoluções, aquele que foi cheio de guerras e sangue, ideologias e depressões, ao qual poderíamos chamar de qualquer um, pois sempre tendemos a pensar que a nossa era passada foi a com maiores mudanças, e que mesmo assim -com esta questão quase que filosófica que coloquei, ou seja, sem importância - defino como o século XX. Fora numa cidade que esqueci o nome, mesmo tendo amado loucamente aquela moça... Só que à sua sombra ao qual me apaixonei não importava muito de onde vinha, só que a amasse...
Ela tinha problemas, sim, tinha.
Sua frase mais bela da vida era dita todo o dia de manhã, e era apenas um "-Bom dia!"
Deixou na adolescência o cabelo crescer, na infância, não mais sabia que brincar e pular... Até que um diz, lá pelos oito, uma sombra passou pelo quarto de sua mãe, ela entrou, silenciosa a menina sapeca viu uma cena que não entendeu
Um ser com olhos vermelhos agarrava sua pobre mãe pelos longos cabelos, em cima dela, fazia estranhos movimentos repetitivos...
Ele se assustou e se vestiu... A menina, pequena e ainda em silêncio, ouvia sua mãe gritar... O líquido vermelho que sai de suas pernas manchava seus pequenos pés... Era inocente a criança...
-Olá! -Disse o ser que se revelava um enorme homem com uma toalha branca como roupa, além de uma barba ruiva estranha...
... -Silêncio foi a resposta da pequena Valentine. Ele elevou sua mão com garras, vermelhas pelo sangue das partes da mãe, um movimento, corte preciso... A pequena garota ainda tentou correr... Sua nuca acertada tomba o corpo de apenas um metro no chão do corredor, ele vai em direção a filha, a mãe o segura -ainda "pintando" o chão com o meio das pernas -, ele a joga para o lado e dá um golpe final
Luz, MUITA LUZ
...
O ser vai andando para trás, ele está queimado da metade do corpo para cima, os olhos estão inflamados, sua cabeça é uma ferida com pus... A janela do quarto, cai o corpo do ser maligno...
A mãe grita, a filha em silêncio.
Três anos depois, a mãe também está em silêncio, a casa amarela em que eles vivem está toda em silêncio.
Até que em uma segunda, ou terça, não me lembro como ela contou... Só lembro dela dizer: "-A mãe tentou voar...", meu amor continuou, "...Só que ela não conseguiu". Um suicídio e uma ida para um orfanato, aí o cabelo dela voltou a crescer, e ela também, espichou...
Duas coisas ainda tenho que comentar
Primeira, é que o ser maligno era o pai de minha querida
Segunda, ainda mais importante, é que do pai veio uma herança, que da mãe passou para a filha, e dela, bem, nela ficou o presente, um livro de páginas negras, que assobiava histórias assustadoras, canções que a pequena Valentine ia ouvindo aos poucos, escutava assim como toda a sua família desgraçada... Mas, nela houve algo diferente...
Cada ponta do seu dedo tinha uma grande força que crescia, cada pequena extremidade que a menina, até o cabelo negro de morte, tinha como um conto de horror; nomes, pequenos sentimentos ruins -ou que fugimos na maioria das vezes - haviam ali
Na mão esquerda, a falta de criatividade
Direita, a fúria
Seios, ou peito, suspiro da paixão
Sob os pés, a preguiça, e a procrastinação no olhar
E embaixo de cada fio de cabelo, um pequeno ser de chama escura, um pequeno pedaço de solidão, silenciosa como a fala da menina para o mundo, silenciosa como um túmulo, como era para o mundo ... Em odesso, língua da família da menina, Sixx, seu primeiro nome, quando lhe conheci melhor
Assim se constitui-a os poderes de Sixx Valentine, a menina de cabelos negros. Mas, não só do que podem fazer se fazem os personagens daqui, e sim do que fizeram e nunca do são realmente.
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sábado, 4 de junho de 2011
Pastor de minha própria sina #Agentes do Caos
-Hey, garoto! Pegue minha bebida! -Este era a frase de maior carinho que recebi de meu pai.
Sou um pastor, meu rebanho é de homens, meu nome Johan Bournie, sou um ex-escravo, tenho quase cem anos... Ou mais, não sei mais... Tenho um 38 e uma bíblia, com páginas pretas, ela tem demônios em cada uma de suas sagradas páginas, e isto não é metáfora pra suas crises existenciais, não, eu mato estas coisas, e há muito tempo... Desde que sua avó ainda estava nas coisas do pai dela! Sou aquele que é a espada flamejante do Senhor!
...
Enfim, hoje estou no norte das Américas, lugar perto do mar de gelo... Porém, ainda vejo pedras e um mar gelado se abre a minha frente; inukshuk, o monumento indígena, parece um portal... Lá estou, parece que sempre estive -nesta paz, neste silêncio frio -, desde que recebi meu livro, com o qual capturei 102 demônios. Lembro que um índio velho me disse pra ir pra lá: "O Norte Do Mundo"; aqui estou, cumpri minha missão, e nada há mais a dizer.
No mar gelado, vejo sombras, pego meu 38 no coldre, de repente, uma maça gigantesca vestida de negro tenta me acertar, desvio, me aparece outra coisa, atiro... A bala atravessa, viro e me levanto, pra ver o que há na situação, levo uma bordoada. Durmo.
Sombras estranhas, visão "enubleada", levanto...
-Bom dia!
-Aqui não há dia! -Respondo, sei quem é, são eles, Eles...
Três seres de negro que vejo, o primeiro é um gigante -quase três metros-, cara feia e rosto estranho, meio cinza, um outro é magro, muito magro e branco, cabelo escorrido, horrível, o do meio, um cara de estatura normal, só que com uma máscara de corvo e um grande chapéu;
-Seus demônios! -Tenho que me impor a eles... Tento isto
O do meio tira o a máscara, é um homem branco, de cara quadradona, nariz meio arrebitado e olhos azuis... Seu chapéu amarelado, estranho... Parece ter mudado de cor, com alguma diabrura... Só sei que ele parece um cowboy, um pistoleiro...
-Somos todos iguais... Sou homem também...
Meus Inimigos são estranhos, se acham iguais a mim; não tem rei, lei ou Deus, como serão iguais a mim? Ridículo!
-O que quer? Eu não tenho nada pra vocês!
-Nããão? -Falou o cara de cabelo escorrido, com uma voz estranha.
-Não, demônio! -Berrei, ele se assustou, foi me atacar, moveu seu corpo como uma serpente, preparei minha arma, ela não estava lá, puxei minha faca -que numa bainha nas costas estava, não era fácil de se ver. O branco segurou o outro, empurrou-o pra trás. O gigante, ao ver a cena, reprovou a situação com um movimento de cabeça.
-O Livro, negro, querrrremos o livrrro! -Falou o escorrido, que deveria ser a Serpente de Satã!
-Vocês nem sabem nada sobre isto! Ele é Meu Destino! Aquele que está nos Céus me deu ele por um motivo! -Respondi-o com minha fé.
-O motivo será de você ser morto por ele, dê logo este livro! -Falou o gigante, que parecia perder a paciência.
O branco, até agora quieto, sentou-se num banco de rocha e, de frente para outra que se assemelhava a uma mesa -inclusive, parecia-me uma mesa de xadrez- pediu para que eu me acomoda-se. Sentei numa pedra de frente para ele, tenho meus motivos pra aceitar seu pedido: não converso com demônios, mas, ele colocara a arma, minha arma! Ali, ali estava ela, em cima da mesa de pedra.
-Bem, poderia jogar algum jogo com você, algum xadrez, não? Seria um Xadrez com a Morte! -Riu, por pouco tempo o demônio.
-Não faço jogos ou gracejos com seres maus, o que querem, quais são os seus negócios com este meu Livro Sagrado?
-Tu sabes que este livro não é uma bíblia, ou seja, que não é o chamado Livro Vermelho, não é mesmo? Ele vem de longe... -Começou o Mal a tentar me ludibriar- ...De recuados tempos e espaços... Não era livro, e sim pergaminho, não era de um Padre espanhol, como tu já deves saber, nem fora escrito por ele em 1521... Mas, bem antes; ele era parte de um grupo de escritos: os Sutras de Borel, um Visitante das Estrelas, que há muitos anos, antes dos romanos e gregos, caíra na Bacia do Rio Ganges, no Oriente... Lá, ele governou diversas batalhas e lutas contra as forças místicas que causavam as belicidades no mundo deles, chamavam, como tu chamas, estas forças de demônios, nestes pergaminhos guardaram vários deles... Porém, eles se perderam, o seu detentor, morto pelas tropas renegadas de um ocidental chamado Alexandre, o Grande, não pôde esconde-los e a maioria se desfez, sobrando apenas um, ao qual foi guardado na cidade de Damasco, no Líbano, porta dos dois mundos: o Ocidental e Oriental... Porém, este pergaminho foi, com os Cruzados, a quem achais santos homens, para a Europa, para um Monastério na Itália e, pelas mãos do monge ladrão Callabre, para Espanha e depois para estas terras, o Novo Mundo, América ou Iracema, como quiseres chamar... Por séculos Tentamos pegar este pergaminho, transformado em livro... Mas, ele era protegido de nossos olhos e ouvidos... Porém, quando você, caro Johan Bournie, foi para o Velho Mundo, nós, pudemos ver... Pro teu azar, Estamos aqui também, e viemos pedir que nos dê isto...
-Venham pegar, oras!
-Não sejas idiota! Sei que se o portador do livro não der ele de gesto de bom grado, o livro protegerá ele e só obedecerá a ele... Sendo para o seu gestor ladrão um simples monte de papel preto... Agora, dê-me o livro!
Sabia que não poderia escapar... Via em duas escarpas próximas, mais dois deles, com mantos pretos e cara escondida... Meu coração palpitava, eu rezava... Minha Missão não poderia ter acabado ali, não, não poderia... Tinha que fazer algo!
Então... Pedi algo a eles:
-Poderei entregar o Livro a vocês, se seguirem a música que ouvi na minha terra, as longínquas pradarias do sul... Ouvia quando criança, e esta será minha resposta a vocês : "Que me enterrem numa cruz funda, se minha boca comer formiga..."
...
Movimentos rápidos, o pastor escreve seu destino, cata a arma na mesa de pedra e atira... Porém, ele apenas tentou pegar a arma, pois o outro, o cowboy carrancudo, de seu poncho atira no ombro do outro, o pastor ainda pega o 38, mas atira errado... O homem que fala e age como serpente pula em cima do atirador, rápido, Johan acerta a faca nas costelas e o ser sai berrando... É a hora da morte...
Mais tiros, mais confusão
Eis que surgem, da escarpa atrás do pastor Bournie, pessoas com lenços azuis, atiram violentamente, acertam muitos tiros na serpente, mas não no cowboy, nem no gigante, este pula e começa a escalar a escarpa, na direção dos novos atacantes, o outro se esconde, por trás de pedras. O pastor sorri.
"Anjos do Senhor!" -Pensou
..."Lâminas Azuis?!" -Reconheceu o cowboy, também conhecido como o Homem do Chapéu, ou o Aluno do Fundador; ele revida os tiros furiosamente, acerta muitos e nunca é acertado.
Os outros dois, que estava nas pontas de rocha por cima do mar, também atiram com suas escopetas e acertam alguns...
-Dê-nos o livro, homem de deus! Dê-nos o livro e o protegeremos! -Disse um dos atacantes
Um dos com lenço azul consegue descer a encosta e pede a mesma coisa ao santo homem sangrando e que neste momento apenas tem em sua mente um desapontamento... "-Vamos, podemos guardá-lo bem, nos dê!"
...
Eu, que agora falo, digo meu testamento... Sou Johan Bournie e vejo que apenas homens de bom coração poderiam guardar este meu prêmio... Porém, nem quem pensei que iria me ajudar, queria me salvar, mas sim, a este meu livro... "Nada pode ser mais importante do que a vida de um homem, ou sua dignidade", já dizia o meu professor na liturgia, pastor Enrie, ainda há 50 anos atrás... Está na hora.
Atirei no homem que veio falar comigo, corri para o centro do tiroteio, comecei a sentir as balas entrando em minha perna e em minha barriga... Ouvi o branco berrar: "-Não façam isto, idiotas!"
Não liguei... Só clamei e, por uma última vez, usei os poderes do livro: invoquei Baar, o demônio da Fome, minha boca ficou alargada e engoli o Livro Sagradado... Me perdoem o sacrilégio... Será por uma boa causa... Pois, com isto, meu corpo em estado de morte usa as forças do Livro, as Forças do Senhor... E então, morro... "Ahk du sarre! Mitriartes Mulankê! [Use minhas forças! Potente ação, "desviamento"!]
-"Então, o Mal caminhou pela Terra e nossas mãos estavam atadas, pois os homens eram cegos que não queriam ver" -Berro, meu último suspiro, Livro Vermelho cap 22, vers1.
*
Então, lá estou eu, o Homem do Chapéu... Acerto um dois, o gigante Bararock, subindo na escarpa, acerta com sua clava e seu handgun diversos atacantes... Até que vejo o pastor... Oh não! Droga!!
-Não façam isto, idiotas! -Berrei, mas não adiantou... Ele foi alvejado, tentei ainda correr para ele, mas o safado usou um feitiço do Livro, primeiro o engoliu, depois explodiu, numa enorme massa negra, sumiu das nossas vistas...
...Ele consegui, havia fugido... Morto, mas salvou seu Livro...
Um dos nossos, nas pedras do mar, controla águas... Foi dele o golpe final nos atacantes: com movimentos de mão, fez uma onda matar todos eles... Os que não morreram, matamos depois, não antes de saber que as ordens para tal ataque vieram de um tal Frances Nerro havia mandado eles... Salazar [o homem cobra] havia morrido neste ataque, o pastor conseguiu esconder o Livro... Era hora da vingança, aos malditos Lâminas Azuis, minha arma!
Partimos pelo deserto até a cidade mais próxima... Querendo ou não, o pastor mereceu, ainda colocamos uma cruz lá naquela praia fria e gélida, escrito, na madeira, o versinho:
"Que me enterrem numa cruz funda, se minha boca comer formiga..."
MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://www.youtube.com/watch?v=pv3GsATxABA
Sou um pastor, meu rebanho é de homens, meu nome Johan Bournie, sou um ex-escravo, tenho quase cem anos... Ou mais, não sei mais... Tenho um 38 e uma bíblia, com páginas pretas, ela tem demônios em cada uma de suas sagradas páginas, e isto não é metáfora pra suas crises existenciais, não, eu mato estas coisas, e há muito tempo... Desde que sua avó ainda estava nas coisas do pai dela! Sou aquele que é a espada flamejante do Senhor!
...
Enfim, hoje estou no norte das Américas, lugar perto do mar de gelo... Porém, ainda vejo pedras e um mar gelado se abre a minha frente; inukshuk, o monumento indígena, parece um portal... Lá estou, parece que sempre estive -nesta paz, neste silêncio frio -, desde que recebi meu livro, com o qual capturei 102 demônios. Lembro que um índio velho me disse pra ir pra lá: "O Norte Do Mundo"; aqui estou, cumpri minha missão, e nada há mais a dizer.
No mar gelado, vejo sombras, pego meu 38 no coldre, de repente, uma maça gigantesca vestida de negro tenta me acertar, desvio, me aparece outra coisa, atiro... A bala atravessa, viro e me levanto, pra ver o que há na situação, levo uma bordoada. Durmo.
Sombras estranhas, visão "enubleada", levanto...
-Bom dia!
-Aqui não há dia! -Respondo, sei quem é, são eles, Eles...
Três seres de negro que vejo, o primeiro é um gigante -quase três metros-, cara feia e rosto estranho, meio cinza, um outro é magro, muito magro e branco, cabelo escorrido, horrível, o do meio, um cara de estatura normal, só que com uma máscara de corvo e um grande chapéu;
-Seus demônios! -Tenho que me impor a eles... Tento isto
O do meio tira o a máscara, é um homem branco, de cara quadradona, nariz meio arrebitado e olhos azuis... Seu chapéu amarelado, estranho... Parece ter mudado de cor, com alguma diabrura... Só sei que ele parece um cowboy, um pistoleiro...
-Somos todos iguais... Sou homem também...
Meus Inimigos são estranhos, se acham iguais a mim; não tem rei, lei ou Deus, como serão iguais a mim? Ridículo!
-O que quer? Eu não tenho nada pra vocês!
-Nããão? -Falou o cara de cabelo escorrido, com uma voz estranha.
-Não, demônio! -Berrei, ele se assustou, foi me atacar, moveu seu corpo como uma serpente, preparei minha arma, ela não estava lá, puxei minha faca -que numa bainha nas costas estava, não era fácil de se ver. O branco segurou o outro, empurrou-o pra trás. O gigante, ao ver a cena, reprovou a situação com um movimento de cabeça.
-O Livro, negro, querrrremos o livrrro! -Falou o escorrido, que deveria ser a Serpente de Satã!
-Vocês nem sabem nada sobre isto! Ele é Meu Destino! Aquele que está nos Céus me deu ele por um motivo! -Respondi-o com minha fé.
-O motivo será de você ser morto por ele, dê logo este livro! -Falou o gigante, que parecia perder a paciência.
O branco, até agora quieto, sentou-se num banco de rocha e, de frente para outra que se assemelhava a uma mesa -inclusive, parecia-me uma mesa de xadrez- pediu para que eu me acomoda-se. Sentei numa pedra de frente para ele, tenho meus motivos pra aceitar seu pedido: não converso com demônios, mas, ele colocara a arma, minha arma! Ali, ali estava ela, em cima da mesa de pedra.
-Bem, poderia jogar algum jogo com você, algum xadrez, não? Seria um Xadrez com a Morte! -Riu, por pouco tempo o demônio.
-Não faço jogos ou gracejos com seres maus, o que querem, quais são os seus negócios com este meu Livro Sagrado?
-Tu sabes que este livro não é uma bíblia, ou seja, que não é o chamado Livro Vermelho, não é mesmo? Ele vem de longe... -Começou o Mal a tentar me ludibriar- ...De recuados tempos e espaços... Não era livro, e sim pergaminho, não era de um Padre espanhol, como tu já deves saber, nem fora escrito por ele em 1521... Mas, bem antes; ele era parte de um grupo de escritos: os Sutras de Borel, um Visitante das Estrelas, que há muitos anos, antes dos romanos e gregos, caíra na Bacia do Rio Ganges, no Oriente... Lá, ele governou diversas batalhas e lutas contra as forças místicas que causavam as belicidades no mundo deles, chamavam, como tu chamas, estas forças de demônios, nestes pergaminhos guardaram vários deles... Porém, eles se perderam, o seu detentor, morto pelas tropas renegadas de um ocidental chamado Alexandre, o Grande, não pôde esconde-los e a maioria se desfez, sobrando apenas um, ao qual foi guardado na cidade de Damasco, no Líbano, porta dos dois mundos: o Ocidental e Oriental... Porém, este pergaminho foi, com os Cruzados, a quem achais santos homens, para a Europa, para um Monastério na Itália e, pelas mãos do monge ladrão Callabre, para Espanha e depois para estas terras, o Novo Mundo, América ou Iracema, como quiseres chamar... Por séculos Tentamos pegar este pergaminho, transformado em livro... Mas, ele era protegido de nossos olhos e ouvidos... Porém, quando você, caro Johan Bournie, foi para o Velho Mundo, nós, pudemos ver... Pro teu azar, Estamos aqui também, e viemos pedir que nos dê isto...
-Venham pegar, oras!
-Não sejas idiota! Sei que se o portador do livro não der ele de gesto de bom grado, o livro protegerá ele e só obedecerá a ele... Sendo para o seu gestor ladrão um simples monte de papel preto... Agora, dê-me o livro!
Sabia que não poderia escapar... Via em duas escarpas próximas, mais dois deles, com mantos pretos e cara escondida... Meu coração palpitava, eu rezava... Minha Missão não poderia ter acabado ali, não, não poderia... Tinha que fazer algo!
Então... Pedi algo a eles:
-Poderei entregar o Livro a vocês, se seguirem a música que ouvi na minha terra, as longínquas pradarias do sul... Ouvia quando criança, e esta será minha resposta a vocês : "Que me enterrem numa cruz funda, se minha boca comer formiga..."
...
Movimentos rápidos, o pastor escreve seu destino, cata a arma na mesa de pedra e atira... Porém, ele apenas tentou pegar a arma, pois o outro, o cowboy carrancudo, de seu poncho atira no ombro do outro, o pastor ainda pega o 38, mas atira errado... O homem que fala e age como serpente pula em cima do atirador, rápido, Johan acerta a faca nas costelas e o ser sai berrando... É a hora da morte...
Mais tiros, mais confusão
Eis que surgem, da escarpa atrás do pastor Bournie, pessoas com lenços azuis, atiram violentamente, acertam muitos tiros na serpente, mas não no cowboy, nem no gigante, este pula e começa a escalar a escarpa, na direção dos novos atacantes, o outro se esconde, por trás de pedras. O pastor sorri.
"Anjos do Senhor!" -Pensou
..."Lâminas Azuis?!" -Reconheceu o cowboy, também conhecido como o Homem do Chapéu, ou o Aluno do Fundador; ele revida os tiros furiosamente, acerta muitos e nunca é acertado.
Os outros dois, que estava nas pontas de rocha por cima do mar, também atiram com suas escopetas e acertam alguns...
-Dê-nos o livro, homem de deus! Dê-nos o livro e o protegeremos! -Disse um dos atacantes
Um dos com lenço azul consegue descer a encosta e pede a mesma coisa ao santo homem sangrando e que neste momento apenas tem em sua mente um desapontamento... "-Vamos, podemos guardá-lo bem, nos dê!"
...
Eu, que agora falo, digo meu testamento... Sou Johan Bournie e vejo que apenas homens de bom coração poderiam guardar este meu prêmio... Porém, nem quem pensei que iria me ajudar, queria me salvar, mas sim, a este meu livro... "Nada pode ser mais importante do que a vida de um homem, ou sua dignidade", já dizia o meu professor na liturgia, pastor Enrie, ainda há 50 anos atrás... Está na hora.
Atirei no homem que veio falar comigo, corri para o centro do tiroteio, comecei a sentir as balas entrando em minha perna e em minha barriga... Ouvi o branco berrar: "-Não façam isto, idiotas!"
Não liguei... Só clamei e, por uma última vez, usei os poderes do livro: invoquei Baar, o demônio da Fome, minha boca ficou alargada e engoli o Livro Sagradado... Me perdoem o sacrilégio... Será por uma boa causa... Pois, com isto, meu corpo em estado de morte usa as forças do Livro, as Forças do Senhor... E então, morro... "Ahk du sarre! Mitriartes Mulankê! [Use minhas forças! Potente ação, "desviamento"!]
-"Então, o Mal caminhou pela Terra e nossas mãos estavam atadas, pois os homens eram cegos que não queriam ver" -Berro, meu último suspiro, Livro Vermelho cap 22, vers1.
*
Então, lá estou eu, o Homem do Chapéu... Acerto um dois, o gigante Bararock, subindo na escarpa, acerta com sua clava e seu handgun diversos atacantes... Até que vejo o pastor... Oh não! Droga!!
-Não façam isto, idiotas! -Berrei, mas não adiantou... Ele foi alvejado, tentei ainda correr para ele, mas o safado usou um feitiço do Livro, primeiro o engoliu, depois explodiu, numa enorme massa negra, sumiu das nossas vistas...
...Ele consegui, havia fugido... Morto, mas salvou seu Livro...
Um dos nossos, nas pedras do mar, controla águas... Foi dele o golpe final nos atacantes: com movimentos de mão, fez uma onda matar todos eles... Os que não morreram, matamos depois, não antes de saber que as ordens para tal ataque vieram de um tal Frances Nerro havia mandado eles... Salazar [o homem cobra] havia morrido neste ataque, o pastor conseguiu esconder o Livro... Era hora da vingança, aos malditos Lâminas Azuis, minha arma!
Partimos pelo deserto até a cidade mais próxima... Querendo ou não, o pastor mereceu, ainda colocamos uma cruz lá naquela praia fria e gélida, escrito, na madeira, o versinho:
"Que me enterrem numa cruz funda, se minha boca comer formiga..."
MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://www.youtube.com/watch?v=pv3GsATxABA
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