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domingo, 31 de março de 2019

Céu azul, quatro amigos, voz de Deus

Sofrer no eu de andar por aí
sobre a sua sombra
esconder-se
mas, falta o meu abraço
que ocupa meu próprio peito
segura m'alma dentro
não me deixar pra que eu voe
não me deixar
que voe
até você


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Eu falei com Deus e Dele apenas ouvi o silêncio, apenas ouvi a minha própria voz. Pensei ser Ele, pensei que estávamos todos destinados a sê-Lo. Deus, então me derrubou, pois minha fraqueza se revelou, pois sou humano, limitado e frágil, um castelo de muralhas abertas ao mundo, não mais precisa de guarda que não seja o teu próprio coração. Eu falei com Deus e esperei ouvir a Sua voz, então, compreendi, eu o ouvi pelas coisas. E não precisei mais ter esperança, nem tanta fé, tive certeza.


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São nas palavras dos gestos e atos, que se escondeu o mister dos novos caminhos


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Quatro pontos cardeais
caminham pela rua
calam estrelas pela estrada
daquela via suja
quatro pequenos caminhantes
entre espíritos dançantes
de um qualquer largo
passaram pela vida
afilharam os passos
nos muros em murros
de qualquer Centro perdido
duma capital do sul
quatro cavaleiros
cadentes de assuntos mil
fazem do coração amigo
via da amizade
n'eu céu anil


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Olhei no céu azul
De um sábado em que eu
Estava um qualquer
Em algum momento, entre
Uma crise de choro ou um grito de fúria
Era o mesmo céu
O mesmo pra você
Meu leitor
Que voa como pássaro
Está aí, eu aqui
Nesta toca, caverna de Platão
Aqui, eu raposa
Aí, você passarinho, sabiazinho
No aguardo por alçar vôo
Canta melodia secreta
Que anoto no sigilo de meu pensamento
E escrevo na discrição das palavras
Jamais as letras do céu ocuparão
Tudo que contém o voar de um passarinho
Toda a cor azul que daqui
De minha toca raposa, enxergo
Não em letras de pergaminho
Mas, azul de uma canção
Que se fez poema
Entre nós dois, nós todos nós
Que lemos de verdade
Lemos com a vida
Pois, a permanência, o mesmo céu
Ocupa e cai sobre nossas cabeças
Séculos dos séculos
Contados em quilômetros, de linhas
Descritas
Porém, impossíveis de serem lidas
São aquelas que tocam pelo coração
Quando escuto meu passarinho
Neste céu azul de um sábado
De um escritor qualquer
Este mesmo céu
Que cai descrito, sobre nós


Pare, respire
Toma fôlego e voa
Que onde estamos sempre será pedacinho
Do infinito céu, que nos abarca
Nos permitindo voar
Passarinhos.


---



Num fio, que tu nunca se encontra
Apenas tromba com outros
Olhares
Que não serão nunca pra você
Mas, sempre de um outro qualquer
E você, está ali, andando
Por aí
Fantasma em seus próprios passos
Um ser neutral que usa suas próprias botas
Respira um ar que pesa
Que parece levar aos pulmões de um condenado
"Há estar aí"
Já não mais estava, anda
Trilha, nunca se encontra
Apenas uma fila de vários outros
Por aí
Por lá
Em alguma cidadezinha fria, contida numa metrópole
Um jovem ou uma jovem
Trombou em mim
Não soube jamais seu nome
Porém, soube que era eu
Num fio, que não mais se tece
Achei meu duplo
Um reflexo do espelho
Derretido entre o olhar do outro
Que escorre entre minhas tripas
O olhar que era meu, o refletido
Reflexivo


Trombe-lhe, e, quando vi
Havia sumido
Pois, não há nada meu ali
Que um sonho, devaneio
De uma juventude gótica
De uma cidadezinha ao sul do mundo
Passada num fio da Moira

Passei
Trombei
E você nem me viu?


quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Amadurecimento materialista

Amadurecer me aparenta, ou talvez seja efeito de nossos dias, perder a capacidade de chorar ou sorrir por qualquer coisa. E como coisa, digo que este efeito de empedramento do deslumbre se foca nas pessoas - e até em alguns casos, saudáveis, nas instituições -, mas, geralmente no círculo íntimo: vamos ficando com poucos amigos, vamos nos fechando na família, para aquelas que tem a felicidade de encontrar uma companhia amorosa, e não mais rimos ou choramos por qualquer coisa que alguém faça, não o ato em si da pessoa, mas sim o que nós pensamos deste ato.
Amadurecer é ficar mais íntimo de si, ver seus erros e, na maioria dos casos, lembrar mais destes do que dos acertos - ao qual, geralmente nos pensamentos religiosos pregam um agradecimento, no entanto, como não é chique hoje falar de religião (ou em uma dimensão espiritual), é considerado tolice -, transformando-nos em um efeito reflexivo gigantesco. Poucos passos não são dados sem as dores do passado, ou, minimamente as feridas do mesmo, se quando jovens não formos apresentados à aventura, a capacidade de batalhar - não o que hoje se chama de resiliência, ou, teimosia e falta de educação, na maioria dos casos -, tendemos a uma inércia.
Amadurecer, é emocionar-se com si mesmo, com o efeito do mundo externo que é produzido em nós: já não escutamos uma música, lembramos de algo com ela, já não rimos de uma piada (menos as de gags físicas), correlacionamos com uma situação que aconteceu em nossas vidas, não buscamos outros pontos de vista ou entender o outro, buscamos ver o outro pelo nosso prisma. Não nos movemos nem para imaginar que a outra pessoa existe, ela nos parece algo produzido, quando não achamos que o problema é nosso, apenas colocamos o outro em uma cápsula de raiva, ou é apenas um filho-da-puta.
Amadurecer é ser mais rígido, principalmente consigo, pensar mais em si, lembrar de si. Porém, não me aparenta isto ser um efeito contra a bondade ou a caridade, não, é um efeito da vida, de nossas feridas. Não poderia reduzir os efeitos da idade ou das vivências apenas à palavra amadurecer, porém, posso dizer que cada vez mais vejo esta amadurecimento se tornar, para além do pensamento em si, algo que chamo de um "projeto materialista". Tudo se compõe de acumular ou objetos, ou "vivências" (turisticamente falando) ou contas.
A isto se trata viver sendo "realista" como dizem, se fechar em si, nos efeitos que me produz algo, e dentro deste espaço diminuto em que eu existo, apenas me focar nas obrigações (familiares, de saúde, de trabalho, de administração do lar), ou seja, restritivas, naquelas das vivências, ou seja, àquelas ou socialmente aceitas como que agregam na memória, seja uma viagem, um namoro não usual, um desafio esportivo, etc., dadas como agregadoras ou cumulativas, e, finalmente, a acumulação de objetos, relatados aqui de forma larga, sejam pessoas, sejam coisas inanimadas, seja mesmo dinheiro, seja, finalmente, o status (a "coisa de ser alguém", "ser o fulano de tal", "doutor nisto e aquilo"), resultando em um efeito "possibilista", ou permutativo - emprestando um termo que ouvi na contabilidade -, isto é´, estes objetos se prestam a serem trocados externamente a nós, para que possamos nos "realizar", mais e mais, porém, sempre de uma forma temporal, sempre nesta vida.
Assim, a maturidade também traz, contraditoriamente, um grau de incerteza, ao qual, me parece, vai diminuindo com o tempo, talvez, na velhice e senilidade, períodos aos quais preciso ainda meditar. Se esta curva de incerteza aumenta até o momento de nossas doenças de ansiedade e depressão, não posso dizer, o vazio psicodinâmico é poderoso hoje e isto talvez tenha efeito nesta questão. Me restrinjo, neste comentário-ensaio, a dizer sobre o amadurecimento (dado hoje) como pensar-em-si, após os sofrimentos, um endurecimento do coração, e um acúmulo de restrições, agregados positivos e de meios, ou permutas, tudo em uma perspectiva que me faz muito lembrar da meta utilitária, da felicidade.
Queiram me perdoar a delonga, bom dia.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Fragmentos 5

O que é um amigo pra você? Uma mão caridosa? Uma espada justa que usa das palavras pra te mostrar a Verdade das coisas? O que é um verdadeiro amigo, além daquela companhia que te faz ver um pouco mais com clareza as treva do mundo, mostrando que, as vezes, é apenas uma noite esperando pelo sol nascente

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Existem tesouros que não estão escondidos em ilhas, mas, no coração das pessoas. Quando encontro com eles, posso chamá-los de amigos, amores ou mesmo, de colegas de uma conversa na hora certa. Não perca a oportunidade de amá-los na medida que precisam, não deixe de cantar sons para eles ou admirar suas pinturas, pois, uma vida vendo a beleza neles já vale a pena


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A alegria maior do mundo é estar contigo, pequena
Gigante é o mundo escondido entre
Você e eu
Porém, nele cabe apenas a distância de um abraço
De um olá
De um tudo o mais que está
entre aqui e lá
Pois, se um espírito está perdido
Cabe algum guia ajudar


Pode se perder mais, podemos
Pode terminar por completo, é o que acontece com o que começa
Pode queimar o sol e apagar as estrelas? Talvez, isto a Física explica
Mas, não fique na potência do quase
Pois, do quase a vida está cheia de pequenas coisas
E desculpas, e restos de nós mesmos
Com 30 anos você olha pra trás
Com 60 você olha pra trás
Com 18 você olha pra trás
Finge olhar pra frente?
Pra que, olhe para o lado.
Faça das montanhas de pedras no caminho
Seu castelo

Se os bárbaros vierem, lute
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A paz está naquilo que se está fazendo
No que completa, não repleta
Nem repete
Naquilo que está, que firma meus pés no chão
E me deixa navegar pelas Universos dos outros