Eu estava em um café-bar tomando um suco quando vi ela pela primeira vez, e foi a última. Nunca mais vi aquela garota de longos cabelos castanhos e olhos profundos de morta, talvez fosse algo bom.
Quando cheguei em casa, molhado da chuva de verão, vi no programa de açougue ou o que eles chamam de "policial" que uma jovem de vinte e tantos tinha sido morta, brutalmente, e jogada em um córrego próximo do centro. Triste, mas, sempre a tristeza é momentânea nestes programas, e acho que em tudo da Vida Moderna...
... Espera
É a garota do café!!! Sim, é ela!!! Bete Angélica... Lindo nome...
Mas, estava morta.
Dormi ou tentei naquele dia, enquanto meu gato de barriga pra cima olhava pra minha cara de olhinhos fechados. Quando levantei para tentar me cansar com alguma bobagem de jogo de pc ou notícias em portais, senti algo estranho... Um cheiro de morangos, que eu conhecia. Tomei um copo d'água e consegui dormir, no sofá.
O sol na minha cara queimava minhas vistas, então, olhei pela janela e vi alguém, levantei rápido para gritar, mas, vi uma bunda em poucas roupas e um cabelo castanho. Quando corri pra janela, nada, nem a porta estava aberta da sacada.
Olhar pra baixo e ver a vida urbana seguindo seu fluxo, enquanto Bete Angélica estava morta, talvez no necrotério, talvez já sendo velada por uma família cheia de parentes que não ligaram pra ela... Nem quando ela resolveu fazer Pedagogia à Veterinária...
...
O café tinha gosto de lágrimas, alimentei o gato e deixei sua vasilha com água até minha volta - qualquer coisa, minha mãe vem e cuida dele, afinal, ela tem de fazer alguma coisa pra mim um dia.
Descendo as escadas, continuava a sentir um cheiro estranho de morangos, quando sai na rua, a luz do sol de verão queimou minhas vistas e as limpei com as mãos, minhas mãos estavam sujas de sangue.
Mas, ninguém percebeu, a loucura na Modernidade é hype. Gritei por um momento, um grito azedo e exorcizando tudo que eu tinha... Alguns olhares e logo corri pro meu ônibus.
No escritório, na sala de aula, nada passava além de formas abstratas daqueles tristes pessoas ali na minha frente, todas elas tinham gosto de café. Apenas café, cerveja tinha gosto de café, vinho tinha gosto de café e até água tinha gosto de café. Transei com a Clarinha, a estagiária dois dias depois, ela tinha um beijo com tremendo gosto de café...
-Alô, filho?
-Oi, mãe! Tudo bem?
-Meu filho, aonde você está? O Napo estava morto de fome... Recebi o cheque e o recado na secretária, fui lá na sua casa e estava tudo uma bagunça... As coisas da Bete estavam todas...
Clic!
Voltei a contemplar o lago vazio do Botânico e pensar como tudo é tão interessante quando está vazio, até a gente.
Chega, acho que já está bom de poesia.
...
Segue pela rua o rastro vermelho do cheiro de morango.
-IDIOTA! SEU LUNÁTICO IMBECIL
"Ainda não estava tudo perdido, eu não tinha perdido ela..."
-SABE DE UMA COISA? ACHO QUE VOCÊ DEVERIA SE INTERNAR! OLHA O QUE VOCÊ FEZ A SIM MESMO!
-Ok, mas, antes de olhar pra porra da minha vida, vamos falar da sua!!! Cadê o Bentinho???? Cadê Clara??? Hein??? Cadê Holanda, Luxemburgo e Paris????
-...
-Hey, que é isto??? LARGA ESTA MERDA!
"Apenas percebi que tinha me perdido"
O rastro vermelho seguiu a rua até o rio, a faca-borboleta joguei na lata do prédio. Tomei banho e dormi, amanhã saio cedo... Mas, amanhã é domingo...
Dormi.
E lá estava eu agora, nas memórias de quando me perdi por aí. Rezei para minha santa, Almo das Portas Fechadas, e deitei em um banco na chuva que acabava e mostrava a lua sorrindo.
Sorriso da Bete.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
O título tem de ser visto
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Arca de Prometheus: O INCAL
Arca de Prometheus: O INCAL: O Incal é uma saga de ficção científica em quadrinhos escrita pelo psicólogo, poeta, cineasta e escritor chileno Alejandro Jodorowsky...
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Ruivez do Vampírico
Sharon Tate, uma das beldades dos anos 60, atriz em filmes como o divertido "Dança dos Vampiros", cruelmente assassinada pelo hoje pop Manson e sua trupe. Ao menos, fiquemos com sua beleza registrada
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terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Efeito-de-parada
"Uma ideia antiga era a de que nós somos muito ligados ao presente, como se no passado tínhamos um tempo mais lento, o ritmo da vida era mais demorado. Conforme foram passados os séculos, começamos a pensar que na verdade o que faz as coisas na vida passarem tão rápido é o fato de um certo 'efeito-de-parada', quando olhamos nossas vidas agora, até mesmo a nossa era atual, tudo parece rápido, vivo, ríspido, o Universo se mostra na sua magnitude e nos sentimos pequenos e sem ação, porém, se olharmos para o passado, em outras épocas, tudo parece maior, as vezes grandioso ou épico, outras triste e solitário, não estamos vendo a velocidade que as pessoas daquela época viam em suas próprias vidas, estamos escolhendo os momentos que as vezes elas nem ligaram para observar... Um dia, pode ser que nos olhem e riam da nossa cara, fazer o que, o tempo e as memórias são ironias agridoces" (personagem Jauna, "O Novo Imperador Nyxk")
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domingo, 21 de dezembro de 2014
A corrida é correr (citação)
"Além disso, não precisamos correr sozinhos o risco da aventura, pois os heróis de todos os
tempos a enfrentaram antes de nós. O labirinto é conhecido em toda a sua extensão. Temos
apenas de seguir a trilha do herói, e lá, onde temíamos encontrar algo abominável,
encontraremos um deus. E lá, onde esperávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos.
Onde imaginávamos viajar para longe, iremos ter ao centro da nossa própria existência. E
lá, onde pensávamos estar sós, estaremos na companhia do mundo todo."
(Joseph Campbell, O Poder do Mito, 1988)
tempos a enfrentaram antes de nós. O labirinto é conhecido em toda a sua extensão. Temos
apenas de seguir a trilha do herói, e lá, onde temíamos encontrar algo abominável,
encontraremos um deus. E lá, onde esperávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos.
Onde imaginávamos viajar para longe, iremos ter ao centro da nossa própria existência. E
lá, onde pensávamos estar sós, estaremos na companhia do mundo todo."
(Joseph Campbell, O Poder do Mito, 1988)
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domingo, 23 de novembro de 2014
Sobre a Nostalgia da Lua
Em um mundo de tantos sonhadores e pragmáticos, é única a certeza de que a visão de que não temos mais tempo de vida se sobrepôs ao que fazer da vida.
A dúvida, percorre todo o corpo do humano moderno. O humano é moderno porque não é contemporâneo, ele não passa pelos olhos nostálgicos que buscam algo mais nem por sua rotina rígida e fixa do nascer e procriar
Meia Noite em Paris (Midnight in Paris) por filmow
A dúvida, logo, é o fato do humano moderno, desde que descobriu que havia vários com a mesma dúvida entre a nostalgia e a rotina, esta última foi a primeira, armada das máquinas e da urbanização dos anos 1900. Ela transformou o espaço e a atividade agrícola em citadinos e organizados para a produção, porém, isto apenas é parte do processo, em geral, você para na questão das indústrias, de como o capital e o social dominaram toda a mente, mas, não é apenas isto, é o contato que me vale a pena.
Imaginemos a Lua, a Lua é a Mãe da Nostalgia e o Sol é o Pai da Rotina, uso pai e mãe, homem e mulher, mas, isto é pequeno, não é para ser levado como sexista ou algo assim, apenas alegoria, claro. Voltemos a Lua, ela é um Contato forte, parece que nossos eventos passados, que criam Eras Passadas, a infância, aburrecência, o casamento, etc., criam uma Imagem Mental - ou melhor, um Filme Mental - que concorda com vários de nós, mesmo de culturas e tempos diferentes. Ficamos ligados à este contrato espiritual da Lua, da Nostalgia do que passou, mesmo que vivemos estritamente pragmaticamente, pelo Sol (ao qual discuto em outro texto futuro), ainda assim estaremos ligado dentro do aspecto ou de uma das Potências humanas que considero mais importantes: a Memória.
A dúvida, percorre todo o corpo do humano moderno. O humano é moderno porque não é contemporâneo, ele não passa pelos olhos nostálgicos que buscam algo mais nem por sua rotina rígida e fixa do nascer e procriar
Meia Noite em Paris (Midnight in Paris) por filmow
A dúvida, logo, é o fato do humano moderno, desde que descobriu que havia vários com a mesma dúvida entre a nostalgia e a rotina, esta última foi a primeira, armada das máquinas e da urbanização dos anos 1900. Ela transformou o espaço e a atividade agrícola em citadinos e organizados para a produção, porém, isto apenas é parte do processo, em geral, você para na questão das indústrias, de como o capital e o social dominaram toda a mente, mas, não é apenas isto, é o contato que me vale a pena.

A Memória é muito dita na História e em outras Ciências Sociais, pouco importa as academias, se elas não se valem da busca das verdades de cada um, mas de forjar a sua verdade imperial, porém, a verdade da ciência é para ela a sua Memória, isto que a fez dominar o mundo, imperialmente hoje, diferente da Reflexão que é pontual e casual, da Religião que é excludente do não-fiel, mas confortante, a Ciência bebe da fonte do Método e o Método é definido por sua própria acumulação, ou seja, sua Memória, porém, quem é cientista não é nostálgico, pois a acumulação de sua forma de conhecimento constrói o novo conhecimento, sua rotina é permanentemente ligada ao passado e isto não é nostalgia. Não se pode saborear aquilo no que se está preso, a Liberdade é o primeiro prazer, o segundo é Se prender de novo.
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terça-feira, 7 de outubro de 2014
Processo em aberto na Vara Civil
"-Uma opinião sobre eleições?
-Sim, se possível, estou aqui na coletiva...
-Hm... Bem... Não sei, eu preciso mesmo? É só um voto... Nem sei se meu candidato é bom mesmo, não sei...
-Bem, se você não valoriza o seu direito conquistado com luta, não deveria expô-lo
-"Expô-lo", nossa, que palavra difícil, bem... Eu votei na...
-Bem, isto é terrível, decepcionante até
-... Eu não queria falar você que está falando do seu e...
-Olha, se você tem esta visão e jogou seu voto fora, olha, pessoas como você não deveriam votar... Ou, ao menos, ler mais sobre o Seu candidato
-... É... Sua coletiva não está quase acontecendo?
-Sim, claro, falarei à todo o mundo agora, com licença, velho amigo
-Ok... Escolha bem as palavras
-Claro, pois você não escolheu bem o voto
-..."
Assim a Dr.ª Liberdade de Expressão começou a pensar em processar a Opinião por desacato de autoridade...
-Sim, se possível, estou aqui na coletiva...
-Hm... Bem... Não sei, eu preciso mesmo? É só um voto... Nem sei se meu candidato é bom mesmo, não sei...
-Bem, se você não valoriza o seu direito conquistado com luta, não deveria expô-lo
-"Expô-lo", nossa, que palavra difícil, bem... Eu votei na...
-Bem, isto é terrível, decepcionante até
-... Eu não queria falar você que está falando do seu e...
-Olha, se você tem esta visão e jogou seu voto fora, olha, pessoas como você não deveriam votar... Ou, ao menos, ler mais sobre o Seu candidato
-... É... Sua coletiva não está quase acontecendo?
-Sim, claro, falarei à todo o mundo agora, com licença, velho amigo
-Ok... Escolha bem as palavras
-Claro, pois você não escolheu bem o voto
-..."
Assim a Dr.ª Liberdade de Expressão começou a pensar em processar a Opinião por desacato de autoridade...
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