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sábado, 2 de junho de 2018

Sábado Personalidade/Memória

Personalidade/Memória
Eu sei que sou pelo que fui
Eu sei que sou pelo que fui fazendo
E sei o incompleto do que fiz
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Sopro
Em meus passos, atrás das orelhas
Passando pelo correr de sangue do pescoço
Sopra
Da memória, me escapa
Aquele dia de sol ardente
Mas, brisa fria
Correndo, soprando
Alma de meu caminho
Estrada de minha história
Sopro
Agora fraco, agora frágil
Entre os braços escapo
Alguma lágrima de algum outro lugar
Algum em outro algo
Alguma outra brisa fria, num sol ardido
Alma do meu perrene e agora
Pouco ar
Pouca alma
Mas, movimento
Entre minhas idéias, um alento
Entre os ares das páginas de livros
Um caminho
No meu auto-amor, um robô
Movido por sopro
Ora suspiro, ora palavra, ora afeto


Hora que a alma vai, com sopro
De uma beijo
Dá as memórias
Da melancolia à melhora
Ainda sopro
Ainda respiro
Entre os braços

"O Real me dá asma", disse Cioran

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Às novelas
Dos ventos da noite
Que adormecem meus pés
Mancham meus dedos
Nesta sujeira do inverno
Nesta neve suja, que enerva
Entre pensamentos, atos e omissões


Tormento de um resfriado
Grito de algum vizinho
Latidos de cães para os gatos
Eu, sou aquele felino
Observando tudo, correndo por aí
Na noite
No véu da noite
Te respiro, doença que é
Esta vida, as vezes
Outras, umas tantas
Pequenina aventura diária
De um gato preto feiticeiro
Caminhando entre as colinas de concreto de uma cidade
Qualquer
Poesia barata
Guardada no bolso, olhando
Entre os rostos perdidos do desterro
Algum futuro barato, vendido por aí
Algum latido embusteiro
Algum aperto no peito

Doença no inverno, sujeira do tempo
Correndo entre o relógio
Como as patas do gato preto


sábado, 28 de abril de 2018

Sábado Solidão

"Te amo, meu amigo
Mas, eu não me amo"

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Cada vez mais, meus passos me perseguem pelas ruas
Perguntando quem sou
Respondo que eu era
E eles apenas aceitam, com o eco do passado


Os passos que já não tocam o solo
Mas, cantam melodia d'outrora
Som da memória

Me caçam pelas ruas,
Me toca em cada solo
Em rostos que procuro na multidão
Cheiros que contaram outros perfumes
Noites em que já não era mais tão frio

É a caçada eterna
Da memória
Perseguindo meus passos, que me perseguem
Cada
Passo

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É pela lança de alguns heróis que realizo a aventura moderna
De dormir em confortável cama,
alimentar daquilo que nem crio
Apenas ideias funestas e sonhos perdidos
De um mundo de muito possível, pouco real
Mas, nas armas da fantasia existe algum sono
Algum momento de sonho
Algum caminhar sem se mexer
A tela apaga
A música termina
E teus olhos voltam ao normal


No final, todos somos estranhos em sermos tão normais
E patéticos

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Compreender cada passo
Como o último
Que coisa estranha, ele sempre é
Pois, é perdido
Andando errante pela cidade
Vendo a paisagem do campo
Minha janela de espaçonave
É da condição humana demandar, perder
Perder-se


Encontrar-se, as vezes, em algum ato misterioso de outro
É nele que vejo o que posso ser
E por inveja ou carinho, o que quer sejam
Ah, me perco!
Mais um pouco
Entre cada um daqueles pequenos passos
Guardado em algum canto do Universo
Vazio, sem ânimo e furioso
Mas, único verso
Passo.

---m

domingo, 11 de março de 2018

Olhos de Saturno



Não desista.
Enquanto olhas, Saturno continua
Entre anéis, vidros gélidos e pó de estrelas
Continua lá
Galáticos movimentos, formigas no meu sapato
E toda a força de mil-sóis
E todas as palavras entre raposas
Leões parvos e homens-tartarugos
Todas estarão lá
Continua, teu ouvir
Tua palavra, tua força
Não olhas a cara do ímpio e abaixe
Lute, acredite
Lute ensinando, lute reagindo, lute mesmo no silêncio
Luta, luta minha querida
Respira
Sobe e desce
Continua


Que te vejo agora, presa numa cama
Ainda te amarei pra sempre
Aurélia de minha juventude
Pois, a memória de meus passos
É a estrada de meus feitos
Arrependimentos
E do caos insólito, vi você
Camarada naquela rua
Encontrada na barriga de sua mãe
Na chuva
Me dizendo, ah, minha Eduarda:
-Estou grávida

E de Saturno, permanecerei te cuidando
Pois, a memória de meus passos
É a estrada dos meus feitos

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Um abraço



O corpo de um abraço
mal-acabado, daquilo talvez que dá sobrando
Um abraço, terminado
Parece carregar o mundo consigo
enquanto dura, carrega tudo consigo
terminou o abraço, o sentido do corpo
a lembrança daquela pessoa
indo, caminhando no horizonte
de alguma luz


"Um abraço", saudação misteriosa
Mais forte que o beijo, mais quente que apenas rosas
Mais dura que a mensagem de adeus no celular
Ou aquela palavra não dita
"Um abraço", traduzido quando bem dado
Quando mesmo que restante, acumulado
A memória das boas coisas ou momentos

Sinto sua falta
Abraço
Com todos os problemas
Abraço
Com alegrias
Abraço
Mesmo não vendo a face daqueles que os damos
Cuide bem daquilo que você dá
E pra quem você dá
Pois, cultivar uma lembrança
Carrega a vida



quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Veneno

Veneno
Aquela coruja das pradarias, me visita noite
Aqueles olhos de vidro refletidos em uma brilhante Rua XV
Aquele momento no show do Noel, stand by me
Don’t Look Back In Anger
Pingo por pingo
Caem aquelas memórias e me matam
Coisas preciosas, diamantes, estrelas voadoras, passos que já
não escutamos

Fora de minha lembrança
Fora dela, apenas o Esquecer, a morte do ser
Mas, parece que elas eu não esqueço
Entre quem vejo sempre, quem falo as vezes
Quem jamais vi outra vez, desde que saiu do bus

Escuto sempre que posso seu piado na noite, coruja
Lembrarei sempre dos seus olhos brilhantes naquela avenida de gente
Da aventura paulista
O mundo é enorme e vasto,
Império dos Esquecimentos
Mas, ainda estou aqui, com vocês
Nas memórias que valem a pena
Veneno que não mata
Vive.



domingo, 20 de agosto de 2017

Semana longa

Às vezes alguém para o tempo
Com você
E aquela semana parece durar meses, parece algo de anos
Atrás
Parece dura tudo
Porém, tudo que passa naquilo que me
Fortalece
E aquela semana passou
Mas, fica na memória
De você
Já não é mais diferente
Pois, a diferença vista com outros apequena
Pra uns isto é ruim, pra uns isto é banal
Banalizar-te a ti mesmo, as vezes, é único caminho
Pra encontrares
Um dos poucos alívios
Do corpo solitário
E aquela semana fica marcada em algum lugar lá
Dentro da memória
Uma guerra dentro da gente
Sempre é a melhor batalha.


domingo, 23 de novembro de 2014

Sobre a Nostalgia da Lua

Em um mundo de tantos sonhadores e pragmáticos, é única a certeza de que a visão de que não temos mais tempo de vida se sobrepôs ao que fazer da vida.
A dúvida, percorre todo o corpo do humano moderno. O humano é moderno porque não é contemporâneo, ele não passa pelos olhos nostálgicos que buscam algo mais nem por sua rotina rígida e fixa do nascer e procriar


Meia Noite em Paris (Midnight in Paris) por filmow

A dúvida, logo, é o fato do humano moderno, desde que descobriu que havia vários com a mesma dúvida entre a nostalgia e a rotina, esta última foi a primeira, armada das máquinas e da urbanização dos anos 1900. Ela transformou o espaço e a atividade agrícola em citadinos e organizados para a produção, porém, isto apenas é parte do processo, em geral, você para na questão das indústrias, de como o capital e o social dominaram toda a mente, mas, não é apenas isto, é o contato que me vale a pena.
 Imaginemos a Lua, a Lua é a Mãe da Nostalgia e o Sol é o Pai da Rotina, uso pai e mãe, homem e mulher, mas, isto é pequeno, não é para ser levado como sexista ou algo assim, apenas alegoria, claro. Voltemos a Lua, ela é um Contato forte, parece que nossos eventos passados, que criam Eras Passadas, a infância, aburrecência, o casamento, etc., criam uma Imagem Mental - ou melhor, um Filme Mental - que concorda com vários de nós, mesmo de culturas e tempos diferentes. Ficamos ligados à este contrato espiritual da Lua, da Nostalgia do que passou, mesmo que vivemos estritamente pragmaticamente, pelo Sol (ao qual discuto em outro texto futuro), ainda assim estaremos ligado dentro do aspecto ou de uma das Potências humanas que considero mais importantes: a Memória.
A Memória é muito dita na História e em outras Ciências Sociais, pouco importa as academias, se elas não se valem da busca das verdades de cada um, mas de forjar a sua verdade imperial, porém, a verdade da ciência é para ela a sua Memória, isto que a fez dominar o mundo, imperialmente hoje, diferente da Reflexão que é pontual e casual, da Religião que é excludente do não-fiel, mas confortante, a Ciência bebe da fonte do Método e o Método é definido por sua própria acumulação, ou seja, sua Memória, porém, quem é cientista não é nostálgico, pois a acumulação de sua forma de conhecimento constrói o novo conhecimento, sua rotina é permanentemente ligada ao passado e isto não é nostalgia. Não se pode saborear aquilo no que se está preso, a Liberdade é o primeiro prazer, o segundo é Se prender de novo.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ela veio dentro da minha mochila

Ela veio dentro da minha mochila
Abri o zíper e lá estava ela
Me olhando com olhos da ressaca da noitada de ontem a noite
Olhei com pena para ela, mas, com pena também de mim mesmo
Entrei
Entrei dentro da mochila minha no meio da aula de Economia Política
Sem que economizasse qualquer efeito lisérgico desta ventura
Continuei enquanto lá dentro, entre os gigantescos materiais de lápis, borrachas e cadernos
Buscava aquele olhar de noitada, que, secretamente
Meu Id escondeu do meu Superego
Logo, me vi com a cueca na cabeça, era o Superman
Voando entre os arranha-céus de lápis, fui seguindo cada vez mais fundo naquela mochila
De repente, olhei para cima e vi que, na ponta do zíper havia uma enorme mão de deus
Sabia que, se continuasse a buscar aquele olhar nunca mais encontraria-me de volta
Em coragem me tornei, a Coragem se parece meio com uma barra de ferro quente,
Voei para mais dentro do que havia lá no interior daquela mochila
Olhei para mais fundo e vi ela
Me olhava com seus olhos
Quando estava prestes a tocá-la novamente
Como toquei com minha memória ainda viva de ontem a noite
BEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEH
Tocou o sinal.
Não foi desta vez, rapaz
Não foi desta vez, moça
Que vocês venceram o tempo e espaço entre duas bocas