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sábado, 11 de agosto de 2018

Sábado mais um Tomás o gato e raposa

O gato
Bichano, rabo pelúcia
Entre minhas pernas
Sumiu
Entrou em alguma dimensão
Escondida embaixo da mesa

O segui
E lá vi, entre aquela cadeira e papéis velhos
Um mundo inteiro de coisas, uma corrente inteira de minérios
Prontos a serem lapidados
Como jóias escondidas na pedra da mina:
Uma carta minha de quando criança
Uma velha foto que caíra da escrivaninha
Uma lapiseira buscada faz tempo
Pequenas coisas, pequeno universo
Da carta, havia apenas algo, entre os erros de português
"Deus, me dê força imaginar pro mundo inteiro ver"
Assinava uma criança cheia de sonhos
Dentro de algum adulto que agora, passados os 20 anos
Via na foto caída da escrivaninha, outra pessoa
Que também fizera promessa
Porém, entre a nostalgia salgada de mar e a fotografia
Timbrada de nó na garganta
Uma lapiseira, olha ela
Escrevia e tinha ainda ponta!
Ponta de uma lança, ao qual o papel há de respeitar
E nela, andante cavaleiro
De cavalo ou navio, veleja no mar da frase
Numa tarde, noite, de sexta-feira, dos 20 anos depois

E de um gato por inteiro, memórias que trouxe
Pensei ser ele mágico ou feiticeiro
Apenas queria comida, aquele fuleiro
Tomás, meu caro amigo Tómas
O gato que viaja minhas memórias em passeio

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Entre tantos leões faceiros
Digníssimos de seu próprio cabelo
Entre as tartarugas refugiadas em seus próprios canteiros
Munidas de sua caça ao próprio dinheiro
Até alguns ratos, sentindo o que podem de todo cheiro
Ou serpentes a engolir veneno fofoqueiro
Uma raposa, uma raposa ruiva de rabo cumprido
Não tão boa quanto outra
Não de barriga cheia de galinha como aqueles
Está lá, espreitando as montanhas, sondando os vales nebulosos
E perguntando, perguntando sempre
Com um faro, ora falho, de lá pra cá
Toda a alma, meu senhor, não é pequena?

sábado, 2 de junho de 2018

Sábado Personalidade/Memória

Personalidade/Memória
Eu sei que sou pelo que fui
Eu sei que sou pelo que fui fazendo
E sei o incompleto do que fiz
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Sopro
Em meus passos, atrás das orelhas
Passando pelo correr de sangue do pescoço
Sopra
Da memória, me escapa
Aquele dia de sol ardente
Mas, brisa fria
Correndo, soprando
Alma de meu caminho
Estrada de minha história
Sopro
Agora fraco, agora frágil
Entre os braços escapo
Alguma lágrima de algum outro lugar
Algum em outro algo
Alguma outra brisa fria, num sol ardido
Alma do meu perrene e agora
Pouco ar
Pouca alma
Mas, movimento
Entre minhas idéias, um alento
Entre os ares das páginas de livros
Um caminho
No meu auto-amor, um robô
Movido por sopro
Ora suspiro, ora palavra, ora afeto


Hora que a alma vai, com sopro
De uma beijo
Dá as memórias
Da melancolia à melhora
Ainda sopro
Ainda respiro
Entre os braços

"O Real me dá asma", disse Cioran

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Às novelas
Dos ventos da noite
Que adormecem meus pés
Mancham meus dedos
Nesta sujeira do inverno
Nesta neve suja, que enerva
Entre pensamentos, atos e omissões


Tormento de um resfriado
Grito de algum vizinho
Latidos de cães para os gatos
Eu, sou aquele felino
Observando tudo, correndo por aí
Na noite
No véu da noite
Te respiro, doença que é
Esta vida, as vezes
Outras, umas tantas
Pequenina aventura diária
De um gato preto feiticeiro
Caminhando entre as colinas de concreto de uma cidade
Qualquer
Poesia barata
Guardada no bolso, olhando
Entre os rostos perdidos do desterro
Algum futuro barato, vendido por aí
Algum latido embusteiro
Algum aperto no peito

Doença no inverno, sujeira do tempo
Correndo entre o relógio
Como as patas do gato preto


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Fragmentos 4



O que tenho é pouco. O que ofereço é muito
Não tenho nada que valha a pena
Pois, a alma não é pequena;
Não a tenho
Não tenho alma
Tenho espírito.

Move o real, não a ideia, não o verbo.


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O que o gato Tobias mais desejava era beijar a luz da lua. Pena a luz não ser dela, mas emprestado de outra. Ah, vis astronomias! Pobre Tobias, este poeta empobrecido de amor


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Astronauta de prata, escondeu o coração de ouro
Entre seus cachos
E voa entre as galáxias, cheias de medo, esperança
E estrelas