sexta-feira, 8 de julho de 2011

O fim e o começo de um Agente #Agentes do Caos

 -Filho da mãe!
 Xinga em alemão o porco ex-soldado do eixo...
 As balas calam sua voz como o beijo do Anjo da Morte ao dar a você, leitor, o último apagar de velas, um suspiro antes "do mergulho".
 E a metralhadora canta... Seu nome é Josef Landa, um oficial da Alemanha do Leste... O ouvinte e assassinado pela sua arma chama-se Der Lange, outrora, "O Grande", agora, um simples escondido e refugiado no meio das estepes frias da Sibéria...
 O soldado pega um pequeno amuleto das mãos do morto... Nele, posso ver escrito pequenas marcas, é latim, mas eu, como bom intelectual, sei latim: Et partem ex totum ex totum(...), algo que não termino de ler... Seria como se "toda a parte de um todo é composto por...", as linhas se apagam, o homem rude e com a metralhadora berra o escrito: uma, duas, três...
                            Sangue pela pequena sala
                            Os guardas que traíram seu senhor vêm ver o que ocorre
                            Um homem rude, em cada braço, cinco olhos
                            Três guardas assustados, que tentam correr
                            Uma faca, mata cada um deles...
                                                                   *
 Nada vejo mais na mente do meu carrasco, é estranho... Eu, um Agente, preso aqui... Com bisturis e soros que adormecem meu corpo, nada sinto... No chão da sala, círculos de feitiçaria ajudam a cancelar meus poderes, porém vejo a mente de meu carrasco, um cientista de olhos fundos, de nome Einhorn, Lezte Einhorn; um homem veramente estranho, com nada parece se surpreender, nem com a forma de gato que tenho, nem com meu amigo feito de metal... Adilson, este era o nome dele... Ele fugiu, quando a camionete em que estávamos passou por um solavanco -espero ajuda, mas, já converso com a morte, vejo se ela tem um bom hálito, talvez a beija em breve.
 Meu braço começa a ser escalpado, a pele com pelos negros sai e causa-me uma dor inebriante, com a dor... Consigo ler mais um pouco da mente de meu carrasco
                          Nasceu em um inverno, em 1956, na atual Ecaterimburgo, antiga URSS
                          Infância sem nada de interessante, a não ser por ter tido pai e mãe, viver como um alemão em plena cidade soviete e ter um amigo da família como um quase tio: Andrei Uralmash;
                               Algo ocorreu em 1968... Algo como uma revolução na mente do garoto Einhorn, algo que não consigo ver... Perco sangue enquanto leio a mente dele, entretanto, nada posso fazer além da mórbida ação de saber da vida dos outros e esquecer um pouco da sua -como a dona de casa que deixa o filho queimar a mão na panela do arroz porque fala sobre "o Sistema" e as mazelas dele com a vizinha
                                                                   *
 Josef Landa conversa com o amigo do Sul, um americano do Brasil, de nome André Uralmash. Tratam de assuntos importantes, o maior deles, nada tem a ver com a atividade de espionagem dos dois pro lado "dos Vermelhos", mas sim com a saída da família: Vâni, o pequeno Lester e o próprio Josef; abandonar tal posto com as "habilidades" e conhecimento que ele possuíra seria como suicídio, porém, qual futuro sua família tinha ali? Era uma terra de engrenagem e óleo, cada vez mais inchada e com furos de onde vazava líquido escuro e morto (na mente do soldado desolado, figurava isto, como um gordo que morre aos poucos e dolorosamente mata seus filhos de fome), Landa queria a América, com letra maiúscula e chances de "um sonho".
 Lá ia ele combinar com seu amigo André, este, conduziu uma caneca de metal sem usar as mãos, Landa riu... Sentados numa mesa, no quartel da cidade, o homem rude ouve algo, um olho na sua nuca se abre, outros dois em seu braço...
 Haveria alguém ali? Alguém duplo?
                                                                   *
 O Fantasma Branco corta as linhas da base, os soldados de lá, já desanimados, parecem até desligados, pensando em como sustentar as famílias depois da queda de seu país... No entanto, a sombra do manto branco os corta um a um, com silêncio e rapidez, logo, o grupo de três seres chega dentro da estrutura e abre caminho, sem que as câmaras de segurança vejam mais que focos luz.
 Por outro lado, um jovem de cabelos negros e curtos abre caminho com pouca dificuldade, alguns minutos antes dos três fantasmas com máscaras de gás entrarem, lá esta ele, na sala das câmaras, ninguém vivo esta lá, só ele, Nick Charlie... Ele vê os focos de luz nas câmaras...
                 E pra onde eles vão
                 Ele vai também
                                                                    *
 -Estou morrendo! Me ajuda! - Fala Landa, enquanto o sangue escorre pelos sete tiros que ele recebera na emboscada... Abre os olhos que possui no corpo, cinco nos braços, um na nuca, quatro na cabeça e dez pelo corpo -todos atiram olhares penetrantes, olhares de basilisco, matam ao atingir o alvo, ou petrificam quando a presa sente medo deles... E lá esta Landa, o caçador, pula no meio da sala e consegue matar os atiradores... Corre na direção de André, que abre a porta lateral
 -Traidor!
 O homem para e olha para o rude, sangrando no meio da sala, ele ri, Uralmash é um duplo, ele sabia dos planos do outro, porém, não traiu sua Pátria, mas seu Amigo. "-Todos temos uma Missão, camarada, esta é a minha!"
 -Morra, porco! -E o pai lança sua mais terrível maldição, de todas que poderia ter aprendido com o amuleto roubado a quinze anos...
                                     A porta se espatifa, joga o amigo André para longe
                                     Porém, havia alguém atrás da porta
                                     Seu nome era Vâni, Vâni Einhorn
 -Amor...
 -Por que Vâni?... O que você? -Lágrimas e sangue no rosto dos dois, ela se arrastou até os pés do marido, o peso do corpo se confunde ao da culpa
 -Ele esta com nosso filho... Ele esta com nosso fil... -O vômito de sangue não a deixa falar... Uma peça de metal esmaga seu crânio
 A passos lentos e lerdo, ainda mancando, está André Uralmash, codinome Águia Branca, que há muitos anos, uns cinco ou dez, junto com seu parceiro, Josef Landa, codinome Anjo Negro, lutaram e ganharam muitas coisas... Entretanto, agora Landa servia a muitos lados, tantos que o amigo não poderia fazer parte, nem ele, nem sua família... Mas, a piedade...
 -Não se preocupe camarada, eu cuidarei de seu filho...
 -Miserável! Porco! -A ira do marido e pai com o corpo de sua esposa aos pés... Ele tenta invocar os olhos amaldiçoados, os olhos do Basilisco
 O amigo lança uma caixa de pregos que tirara do paletó negro no ar... Os pregos voam e furam os olhos de Landa; ele chega perto do amigo e, em seus ouvidos, diz: "-Não se preocupe amigo, eu sei como eliminar a maldição que você conseguiu de seu filho, ele não sofrerá com ela, nem agora, como alguma experiência de nosso país, nem depois, se um dia quiser a Vingança..."
 E André, ou Andrei Uralmash, cria o sobrinho, Lester, ou Lezte Einhorn...
                     Agora ele esta aqui, torturando este Agente do Caos, eu li a mente dele o máximo que pude, agora estou vendo que não posso mais ver... Estou quase morrendo... Ainda vejo que Lezte descobriu tudo, ele quer a Vingança, mas, seu inimigo não pode ser vencido com a força de um humano... Vejo as marcas da cirurgia, que queimou todos os olhos de basilisco do menino.
 Eu entro na história como um traído pelo informante, por Águia Branca; também, com meus poderes e corpo estudado, darei de novo uma esperança de vingança ao filho de Landa...
                                                           *                                     *
 Na pequena sala de cirurgia estão Einhorn, caído com um golpe na cabeça, Reiza-fu -o Fantasma e seus dois "fantasminhas", todos de máscaras de gás-, e Nick Charlie.
 -Não podemos sair aqui pacificamente, não? -Diz Reiza-fu
 -Eu também não sou disto... -Completa o próprio Agente, ao ver o sorriso de Nick -Entretanto, sei que você foi criado pelos Lâminas Azuis... Espero que saiba, acho que mísseis nesta base matariam a todos nós, e você é como uma mira, tem em seu corpo um localizador... Então, creio que eles já sabem que estou aqui...
 -E então, eu venci?
 -Não, aqui esta um dos Agentes mais antigos, porém ele esta ferido demais... Não poderei levá-lo...
 -E então, você perdeu?
 -Seu sorriso, Nick Charlie, é estranho... Não estamos mais em perder ou vencer... Entretanto, este homem que estava prendendo um e nós... Ele pode conhecer uma cura, não para mim, mas para você...
 -?! -A face de Nick Charlie se enche de surpresa, primeiro, por aquele ser de manto negro já o reconhecer, depois, pelo fato dele ser um alvo para mísseis... Ah, claro, e porque ele pode encontrar a cura... A cura para a Imortalidade.
 -Como... -Pergunta o jovem imortal; "-É só ficar sem fazer nada... Vamos levar os dois, o cientista e o nosso amigo..."
 -Com o que fico?
 -Com uma chama de dúvida no coração e uma promessa: Livro você disto e você já estará como um dos Nossos
 ...
 Os três me levam para fora dali.. Pude ver ainda a face de Nick Charlie com a mesma dúvida que vi em Einhorn ao descobrir que seu tio era o assassino de sua família, carregado ao meu lado, por outro Agente... Estou morrendo, é fato, o Gato Preto está morrendo... Sinto que vi estes dois, Nick e o filho de Landa, dois sem casa, que ficaram com suas dúvidas crescendo com ervas daninhas... Como fogo
 Já que agora não tenho muito tempo... Eu vi que não tinha desde o começo da história... Aproveito para ler a minha própria mente, ver se ela ainda tem em quem morar... Afinal, não é isto uma das coisas que fazemos em momentos finais como este?


 MUSIQUETA DA POSTAGEM

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