quinta-feira, 21 de julho de 2011

Até mais! Jane's #Agentes do Caos

 as irritantes dedilhadas de violão e violoncelo o faziam querer fugir dali, mas, não podia, seguiu reto pelo corredor escuro -pistola Luger na mão direita, ia caminhando com seus dois amigos: um, a raiva e outro, a vingança. Comerciante de peixes, tinha uma linda mulher de negros cachos que amava seu amigo no outro quarto, naquele lá no fim do corredor.
 Abriu a porta, entrou e abriu com toda a força os tiros nos corpos, agora estavam frios, só havia frio no coração e no sangue dos seres humanos naquele quarto. O relógio tocava e cantava doze horas da noite, uma sombra avança pelo quarto
 "eu fico assustado, vejo alguém alto e assustador, dois faróis e cheiro de óleo queimado
 -Meu nome é Nomoté..."
 Assim, começou a missão do soldado, ele -sem mais nada a não ser a dor de ter acabado com seu sofrimento, abraçou roubos e sequestros, conseguindo peças para o gigante de quase dois metros, cheio de engrenagens e roldanas. Nunca vira seu rosto, era uma máscara de pássaro negro, um Corvo, via algumas correspondências chegarem na casa amarela, rua Paulista, número 080, lacradas e que eu não me importava em ver
 assim vivia a vida, o marido vingado, lembrando enquanto preparava peixes ao patrão... Ele quase não comia, acho que deveria usar um tipo de tubo, ou algo assim... Até que em uma noite do final de um julho frio e muito tedioso, chega um convidado estranho: homem pálido, sem muitos sorrisos, vem consigo uma mulher de véu...
 Na sala, os dois discutem muito sobre coisas de Biologia e Mecânica, coisas que eu ainda não entendia, mas, também, nunca estudara! Passei minha vida inteira vendendo peixes até o dia...
 ...
 Ela teve seu véu levantado pelo homem branco, Lorde Nomoté ficou com uma cara de espanto... Ao menos, o vapor que saía de suas juntas no pescoço demonstrava isto...
 -O nome dela...
 -Jane's, sobrenome, Tempest. Encontrei ela perambulando por aí... Foi um sufoco, mas, consegui capturá-la...
 -Qual o procedimento? O que você fez para que ela... Ficar assim?
 -Ora, Nomoté, procedimento normal... Eu a estripei e retirei toda a Vontade, agora ela é uma das minha maiores preciosidades!
 Eu olhei meu chefe, enquanto colocava chá aos dois visitantes
      -Servente! Não é necessário para ela, pois não precisa! -O branquelo riu e eu, me controlando, pus açúcar no chá dele... Ele me deu um tapa
      -Servente! Eu estou de regime, não queria açúcar, coloque outra xícara
 ...Meu ódio, minha fúria acumulada em anos de silêncio naquela casa, quase que os lancei naquele miserável
 O Lorde me afastou e obedeci ele, pois era um bom chefe, nunca conversávamos muito, só tinha que fingir ser mordomo, tinha acesso a todas as partes da casa, menos o sótão; fui para o outro cômodo e ouvi um engatilhar de arma
 -O que é isto?
 -Dou trinta mil libras de réis por ela
 -Como assim? Acha que tal preciosidade...
 -Sou alguém que você não pode derrotar, pode tentar atirar, porém, aceite minha proposta...
 Virei na metade da escada para a cozinha e pensei em pegar a escopeta na parede, porém, fiquei olhando, nunca vira meu chefe falar tanto... Era incrível, o pacote lacrado que eu enviei dias antes estava na mesa, a mulher estava com uma pequena arma de bolso, apontada para o Lorde
 -Eu não sou qualquer um... Eu sou um Agente, seu velho, posso trazer qualquer um dos mortos, posso derrotar impérios, reinos, eu derrubei Marseille e...
 -Seus dons de nada servem a Nomoté, ele é novo, porém, maior que você
 o branquelo gelou os ossos, eu também, vi a mulher falar, porém, sua língua era morta e preta... Sua face, de cabelos ruivos mortos e pálida pele, parecia um defunto... Me lembrou como uma lâmina, uma bala de uma Luger, minha encaracolada
 ...
 -Como você?...
 -Sou um Catástrofe, sou Aquele que Salvou o Aprendiz do Fundador, nunca liguei para títulos, pois só aqueles que conquistam poucas coisas é que ligam para eles... Pode me chamar de Consertador
 O branquelo pega o dinheiro, ele olha para o mestre... Ele o teme, eu vi isto -mesmo eu estando tão surpreso com as lembranças que aquele cadáver me dera, percebi o medo do outro...
 -Hey, antes de sair de minha casa, -um cano negro sai do braço de meu chefe, ouço um zumbido e um estouro, sangue azul espalha-se pela sala, alguns livros se perderam- este é um presente...
 -AAAHHH
                              *
 Limpo o sangue na sala e fico pensando mais na lembrança que tive ao ver o cadáver que estava sentado ali, ao qual meu chefe levara para o sótão; um sorriso mórbido me tomou ao imaginar uma semelhança com o que passara há sete anos, logo, esqueci de tal ideia tola, já que não queria o mesmo destino que o branquelo, que perdera a mão e a pompa, agora deveria já até ter tomado o vapor para outro país!
 os passos na escada e o pedido para que sente na cadeira, escuto Lorde Nomoté me propor um filho, deveria tê-lo com a tal Tempest, deveria fazer isto logo, pois ele precisava arrumar tudo...
 Vomitei
 Passaram-se dias, semanas e logo, com alguma curiosidade -e algo talvez do mesmo contido no meu sorriso mórbido-, entrei no sótão, numa torre na casa amarela; estava bela, como uma Noiva... De branco, com tubos cravados no braço e nas pernas... Na sala, tudo estava escuro, só sentia cheiro de óleo queimado, ouvi a porta se fechar, temi a morte, pois pensara que meu mestre saíra
 Ela cheirava bem, e acordou com lábios frios, olhou com olhos muito bonitos, porém... Acho que havia algo no ar e... Não sei
 ...
 Acabo de vomitar aqui.
 Sai três anos depois, o corpo estava morto, no entanto, levei minha estrelinha... O desejo de um jovem casado, de nome Bento, agora realizado em uma pequena coisinha ruiva
                               *
 A fumaça daqui é irritante, as máquinas dos goblins são minha única fonte de renda, eu as arrumo e eles pagam seus pistoleiros numa guerra entre camponeses e camponeses, não há classes, agora vejo, o que há são balas que atiram entre especuladores, industriais, curiosos, etc. E lá minha pequena cresceu, o nome da mãe eu dei, as coisas mudaram rápido -o corpo dela, agora bonito e jovem, sua mente, um intricado sistema de sonhos e loucuras as quais nunca entendi...
 eu deixei ela como uma jovem Agente, como Nomoté me pediu, agora ela, Jane's Tempest, o mesmo nome da mãe, ao qual meu mestre transferiu a mente da mãe para o filha; nada há mais o que fazer... Só ensinei ela a escrever e disse que as coisas no mundo sempre mudaram para mim, se a Rotina for para ela o seu norte, aceito, beijei sua testa e ensinei-lhe violão
 Havia só destruição da Luger quando cheguei naquela casa do ser mecânico e sem alma, ao menos, aquilo que eu achava que era alma... Hoje sou pai de uma mãe peculiar, fora pai sendo viúvo e sem ter casado, porém, amava minha filha, em meus braços o calor e o cheiro da lavanda me davam força, ou me obrigavam, a correr para a oficina pelos doze anos que cuidei dela... Lá ia ela, meu pequeno pedaço da encaracolada mulher, mesmo que não fosse sua "mãe", sentia-me remediado, sentia que até um culpado passional poderia ter chance
 Porém, as coisas mudam, e o mundo nunca se importou para o que fiz, nem antes, nem naquele sótão, nem por doze anos, nem agora, enquanto olho a minha pistola e lembro que há uma semana minha estrela ruiva saiu, já quero ver se o gatilho de minha arma esta funcionando, se esta como um relógio...
 E ninguém se importa, adeus filha, Jane's



 MUSIQUETA DA POSTAGEM

http://www.youtube.com/watch?v=jq9-5FjQb8g

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