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sábado, 16 de dezembro de 2017

Para a bruxa Cibele de Marte

Dance! Dance!
Disse a vândala aos seus espíritos
A bruxa encantados cílios
Cigana disfarçada
Apocalipse de corações
Ajudante de jovens varões e donzelas perdidas
A bruxa
Encantando através da fogueira da noite escarlate
Pela fogueira de mil-sóis lacrimosos
Seus encantamentos roubavam a vida da cidade grande
A minha cidade
A minha vida
O meu coração, em suas mãos
E naquele espaço sideral frio
Naquela colônia em Marte
A bruxa encantante
Entoava seus versos
DANCE
DANCE
Comigo e não mais
Com ninguém além de meus versos
Tua potência será a minha e nós glorificaremos ao mundo
À bruxa
Oh, minha linda feiticeira espacial
Daquela Ordem Vermelha como carmim de sua boca
Oh, saudade dela
Ò, ódio do coração dos homens e mulheres
Invejosos de seu poder
Agora jaz minha amada
Na fogueira de mil-sóis
Estalando seu corpo e mostrando o metal embaixo de tua pela
Jamais as noites nesta colônia em Marte serão as mesas
Sem você
Minha bruxa Cibele
Eu te amarei pra sempre
Mesmo te traindo
O Amor supera... Tudo?
Ai, de mim!




domingo, 15 de outubro de 2017

El Bravo

O Bravo entrou naquela sala, nele já não havia mais nada
Apenas a vontade de luta armada
Jamais pensada, cogito logo existo
Precisava existir ao menos numa última noite
Mesmo que fosse naquela data
Após aquela bela tarde de jovens brilhantes e cinéfilas saltitantes
Suas garras tocavam as coisas, delas ficava o breu.
O Bravo já não era o mesmo, nem aos seus
Escondido entre versos e poemas podres
Sua lâmina espada tinha endereço fixo, o próprio
Peito
Não a outro, mas, ao próprio Bravo tinha-se desfeito

Desfaço em fita e laços que jamais tive, ou terei
Não confio mais em mim, quem dirá nos outros,
Quem dirá na própria lâmina
Disse o homem ao chegar na boca da caverna
Ao pé da montanha
Havia uma quimera lá, disse um aldeão vizinho
Entrou de pé-a-pé, quietinho
Noite fria do Sul, chuva fininha do Leste
O sol não nascera, apenas uma luz vermelha
Adentrando o Bravo olhou
Caixa de tesouro de um lado
Uma foto de uma bela dama n'outro
A poção da sempre-vida num canto
Aonde estava a criatura, questionava o Bravo?

A criatura era eu.
Quimera, fragmentado
Com o jornal lido embaixo do braço, xícara de café
A metade
Nenhuma visão do futuro que não fosse
A próxima meia hora perdida do relógio
Sua vida era desprezível, punível
Por não aproveitada
Mas, o Bravo ainda me olhava, com a lâmina guardada
Escondida
Nela havia meu nome
E eu escrevi o nome dela

Não podia fugir agora
Era escritor perseguido pelo texto
Pela memória ingrata
Das palavras que mesmo escritas
Perseguem
Matam
Acolhem no abraço
Sinfonia das palavras
Fúnebre dos combates jamais vencidos
Pois, jamais foram lutados

Era escritor rugido de seu próprio poema
Queria ser Bravo
Só fui Quimera.




sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Blade Runner 2049



O que é um androide?

Para além das divisões técnicas do mundo nerd, penso que é aquela máquina que busca emular nós, humanos, em seu agir, seu ser. E nesta viagem pela continuação do filme dos anos 1980, mesmo que eu a tenha assistido dublada, me levou entre a busca de entender o que nós mesmos, ainda humanos, temos de máquina; é na Distopia de 2049 com sua duração longa, música imersiva (para um amante de Retro Wave como eu, um presente), e respeito pela "lentidão" do primeiro longa que somos levados a buscar naqueles personagens robóticos que nos parecem mais humanos e humanos, que já não nos parecem mais que máquinas - seria uma espécia substituindo a outra? O homem-máquina que aprende o que é ser homem?

Volto a pergunta inicial, o que são estas máquinas de força e resistências ímpares, que são capazes de amar (minha completa paixão pela Ana de Armas neste filme) e Ryan Gosling, que emula um Blade Runner poderoso - o final, que eu ficara em dúvida todo o filme, demonstra uma expertise que parece que o primeiro não possui, algo que quem ver a película entenderá. Além de vilões propriamente feitos e um fantástico cenário expandido e com vários pontos que ligam com o primeiro filme.

E ligações aparentes, desde "voltar pra casa", até o herói na neve, passando pro outras coisas já não ligadas, mas que ligo com outros elementos, como o Olho de Odin dos Replicantes ou o Cavalo de Troia. Tudo isto, de fato, embeleza o filme ao pensarmos sobre ele.

E pensando sobre ele, digo que ainda acertei no dia de vê-lo, pois, foi andando na chuva de Curitiba que sai do cinema, libertado de mim mesmo, quais seremos nós nas gotas que caem do céu? A chuva que cai nos revela vivos, revela o ciclo que mesmo os androides fazem parte, que mesmo nós, também e muitas vezes robóticos, vivemos nossa vida, até que momentos, amores, fúrias, lágrimas (paralelos usados e muito no filme) e mesmo memórias - que nos fazem quem somos - revelem esta vida, esta potência, mesmo no mar da artificialidade.

O que é um androide? Nós mesmos na chuva ou na neve de nós mesmos?


domingo, 24 de setembro de 2017

Tristeza abraço

Tristeza.
Uma vez você disse pra mim
Que viria me encontrar numa tarde
Pra irmos ao Parque das Rosas Azuis
Você veio na calada da noite, eu já estava em casa
Não estava com fome
Não estava cansado
Não tinha problemas sérios na vida
Você só veio, colocou a cabeça no meu peito e disse:
Meu amor, você sempre terá alguém comigo...

Então, sempre esteve
Em algum momento, em alguma hora, desde o ônibus
Até o dia nublado, do mais belo tempo ensolarado
Nunca deixou de cumprir sua promessa
É uma pena, que você não tenha um corpo
Me casaria com você, sua fidelidade é impecável
Tristeza,
Não é o que nos joga no lago, nos afoga em nós mesmos
Ela só permanece
É o permanecer da mortalidade
É o desejo de incontáveis coisas desistidas
É uma força da natureza.
Não se escapa de ficar triste
O dia tem sempre o crepúsculo

Não cabe aqui a defesa da mortalidade,
Não termina com boa mensagem
Não existe caminho fácil
Viver é difícil
Mas, sua companhia em algumas horas é o que tenho
E precisamos, apenas precisamos
De um abraço.

E do seu cadavérico beijo, Tristeza
Me despeço, me dispo de mim mesmo
Aquilo é ainda um feche de luz, ou o fino do último raio?


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Vitória dos cachos

Pedro adentrou pela Praça Vermelha
Em suas mãos, estava um cacho
De Anastácia
Pedro voltara vitorioso de sua guerra
Marchava com dez mil mechas e possuía onze mil mísseis
Buscava a moça de cachos pelas ruas
Frias e vazias
O general estava em si
E do seu mundo ele governava a si mesmo
Pedro andava pelas ruas soturnas
Elas estavam cheias de festança
Jamais ele vira tanta gente
Porém, com tanto vazio
Chegou a Grande Plaza, vendo a multidão
Ela não estava lá
Anastácia caíra no rio ou fugira durante
A revolução
Apenas ele, ali, sozinho na multidão
Governo de si mesmo
Vitória dos homens
Marchou mais do que qualquer outro
Não conquistou, porém, a própria felicidade
Ela, a batalha sempre perdida.