Uma primavera, uma primavera como nenhuma outra! Eu via sonhos nas ruas, lágrimas e choros... Me senti bem, quando vi comemoração e mal quando vi mortos chorando com seus parentes em enterros...
Cabelos ruivos na minha cara, foto do meu amor... Estranho... Acho que ele deve estar sabendo o que penso agora, esta escrevendo poeminhas ou textos bobos, pena que nunca senti o mesmo... Não sei...
Pus mini-saia, coloquei forte maquiagem escura no olho... A melhor marca, perfume, idem. Fui saltando as pedras frias da cidade fria que estourava em trombetas do Apocalipse. Casaco de lã, protegia só meu corpo... Preciso ver se começo meus exercícios... Humpf, há duzentos anos isto não existia... Ainda bem que sobrevivi bem... Droga! As vezes a marca do corvo coça, arde... As vezes.
É, sou uma deles, uma Agente.
Bar.
O gordo balofo do general estava lá, suado e chato, rodeado de seus oficiaizinhos... Um tinha um quepe torto, outro barriga, outro... Hum, acho que ele escondia uma borboleta... Cheguei perto.
-Olá, meu camarada! -Beijei-lhe a face. Nojo.
-Olá, lindinha camarada! -Ele me deu uma lambida com sua língua nojenta... Porco!... Olhei pra baixo.
-Esta, Emanuel, esta é a polaca que te disse! Ela não é uma joinha, camarada?! -E ria o balofo, e os outros riam, só o que foi perguntado estava sem jeito...
Sua voz era insuportável, ele falava pior que eu, e olha que tinha que fingir sotaque!
Estava nervosa, tomei uns drinques, ouvi sobre seus planos de ofensiva ao rebeldes e tudo mais... Subiríamos depois...
Subimos às 21 horas! Cedo demais!
Fomos subindo, eu sentia que ele apalpava-me, sentia seu bafo quente e nojento... Sentia asco... Do fundo do meu ser...
(...Estou vomitando no banheiro)
Entramos, quarto 440, os outros dois que estavam com ele, 402 e 439... Sentia a coisa apertar...
-Vem cá! Amorzinho! Deixa ver o que você tem! Teu segredinho!
Me tocou pela primeira vez, "-Não, tenho que tomar um banho, sabe como é..."; "-Vivi em Marseillé, meu amor, sei o que é ter queijinho!", ele me segurou forte... Pela segunda vez...
Não, tinha que conseguir os arquivos... Aqueles que ele guardava em um implante na pele... Nas costas...
-Vem meu amor!
Rejeitei ele, seu beijo, seu amor... Seu bafo, e pele gorda e verde
(...Não aguento mais!... O que? Esperar?)
Ele me deu um tapa, pensei em cuspir em sua cara... Ganhei tempo, sorri -eles sempre caem no sorriso-, comecei a tirar minha roupa... Casaco... Colete, comecei a tirar a saia...
-Deixa eu ver, camarada! Suas batatinhas, elas me parecem tão durinhas! Deixa eu ver!!!
(...)
Deixei, despi-me...
Ele babava, babava e babava... O Inferno, o da Terra, era a cara daquele ser... De camisa a estrangular sua garganta cheia de veias e com o corpo como se inchado...
-Vem cá! Sem tempo pra esperar! -Abriu a braguilha, tirou pra fora, quis vomitar, mas, há a missão...
-Olha! Minha Bazuca!
Ele veio, ele me agarrou...
Jogou-me com seu peso na cama, macia até, seu bafo era contínuo... Ele não parava! Tentei atrasá-lo e tirar sua camisa... Ele foi mais rápido e tirou minha roupa de baixo...
(...!)
Bandeira Branca
...
* *
Talvez a Liberdade venha com sacríficios... No fim, pode ser até bom...
Quero as vezes ficar tranquilo com ela, mas, afinal, nos damos bem, não? Não aguentei aquilo...
Pé na porta!
Vi a cena... Havia paz naquela recinto amarelo... Havia vermelho no chão...
Ela lá, divina, hein? Grande garota!
-Oi! -Me disse, ela se vestiu. Tinha conseguido o micro-filme que estava por dentro da pele do gordo...
Ele, o general gordo, me olhou e disse em seu soviete podre e mal falado:
-Emanuel... Me ajuda!
Ia dar-lhe um pisão e quebrar seu pescoço. Ela me olhou, com cara séria e disse: "-Péra", okay... Vamos ver o que ela consegue...
Olhou pra ele... O gordo tremeu... O sangue da pele da barriga continuava a sair, suas mãos tremiam e ele derrubou mesmo a faca com a qual tirara o arquivo de sua banha...
-Os Aliados! Os Azuis!!! A Junta!!!! -Berrou o gordo, até em dialetos que não entendi, acho que eram quando ele viva ao norte da Germania, quando era criança; seus medos, seus lobos que comiam sua carne... Tudo vinha naquele momento a ele...
Pegou a faca de novo, levantou e ficou agitando ela, brigando com o ar... A ruiva só olhava pra ele... Com a franja sobre os olhos... Assustador... Pensava "Adeus, gordo nojento!"
Ele se cortou, horizontalmente, passou seu ventre ao meio, acabou.
Sorri pra ela, depois de ficarmos um tempo vendo a cena dele morrer... Não era sadismo pra mim.
* *
As vezes ele me dá medo, mas foi engraçado o sorriso depois, estava cansada, dia duro. Ele perguntou se não queria comer algo... "-Não", disse... Fomos pro hotel... Olhei pro gordo, vida triste, mas muito tinham, poucos eram felizes, menos ainda superavam, apenas ilusão de que podiam...
Casaco felpudo... Chocolate quente... Talvez amanhã... Ou depois de passarmos a fronteira; e a nossa comunicação mental continuava, ele queria ficar um pouco acordado, falei pra dormirmos... Concordamos, muito sangue.
...
Sopa, frio, e na tv estatal mostravam o "crime dos agentes externos", nas ruas, pessoas alegre: "a comitiva inteira exterminada por uma mulher e um oficial do povo!", e lendas se fazia... Eu olhava a neve no chão, ele me andava com o braço no meu ombro... Odeio isto as vezes, mas tudo bem, vamos deixar, por hoje. Achávamos graça até da situação.
Seria duro sair, mas a guerra -ao menos a nossa- já passara; "bandeira branca e riste em meio ao Caos de nossas pequenas vidas, nossas mediócres vidas", como falaria um amigo meu.
MUSIQUETA DA POSTAGEM
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