sábado, 26 de março de 2011

Obituário de 1931 #Agentes do Caos

 Este homem não tem heróis... É um simples rato de laboratório que fica a ler obituários no jornal pra ver se um dia lê seu nome.
 Ele nada mais faz do que ficar ali, sentado, em frente a sua máquina de escrever ambulante e escrever, escrever e escrever.
 Sua missão na humanidade é encher o saco dos seres vivos e estudar como eles são imbecis ao ficarem falando um dos outros sem prestar atenção em si mesmos.
 Ele fica ali, parado, esperando um milagre dum deus que morreu pra ele acordar do seu sono de mil anos e ver se faz alguma coisa.
 Hoje, tem quarenta anos mentais e físicos e olha os outros com desdém; imbecil, você não é melhor que ninguém, é igual a mim!
 (...)
 "Eu não sou, sou igual a você, e você se acha melhor que eu, quando você diz que não sou especial, esquece que você também não o é. Dar lição de moral é tão simples quando você se acha maior que o outro... Infelizmente, não há como você ser, não pode voar, não é imortal, não há Amor, só há uma coisa: Vida."
 Você me respondeu isto ontem... Deveria se envergonhar! Sempre há um Destino! Tudo que me fere é mal! Eu devo buscar a Felicidade!
 (...)
 "O que te fere é o que lhe faz mal, simplesmente eu não vou continuar a cavar um cova se você acha isto bom... Suas lições de ética se devem a experiências que você teve, como um cão, nós reprimimos o que nos causa dor fujindo; não há destino, não há nada além duma Existência, a Felicidade pode ser minha sobre a carcaça do meu filho"
 ...Você é um bosta!
 (...)
 "Sem argumentos, sem defesa, usa paus e pedras; cale-se e volte pra sua casa, cão; eu volto pra meu ninho de falcão, hoje, pelo menos, esta assim"
 ...
                                                 *               *           *
 Último diálogo do escritor Nick Belane em março de 1931, ele foi encontrado morto em seu apartamento, cianureto e facadas no peito; no pulso direito, a pele foi arrancada, tirando sua tatuagem de corvo já conhecida.
 Trágico. Normal.

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