Meus pés alimentam o chão frio da Estação de Metrô do Norte; sem sapatos, estou estranho aqui. A questão é que vendo sombras e fugas, apenas resquícios de ontem a noite... "Para o bairro Belém", fala a placa que leio dentro do vagão, tentando dormir
Ouço alguém entrar, com um capote e chapéu, ele senta alguns bancos à frente
Olhar para a janela e ver um cemitério de celas azuis se formarem lá fora... A Estação vai saindo de minha vista, olho por campos de Petróleo e nada demais...
Sinto o cheiro de sangue negro; olhando para fora de novo, vi gigantes de pedra sendo derrubados por homens de jeans e chapéus grandes; os caipiras, ou mineiros, não sei, derrubam os grandes seres e fincam tubos de onde sai o "sangue negro", eles grunhem...
Meu café de garrafa tem gosto estranho, assim como o cara na minha frente também; tem uma cara que se vira para mim e revela ser uma máscara preta, porém, vejo dentes e engrenagens que brotam dela
E de novo o toque frio do assoalho me desperta, talvez haja perigo em cada passo que dou, ou minha crença em um perigo atrás de cada porta e embaixo de cada cama nada mais seja que eu
Desço na próxima estação e o que vejo é que sai do Inferno para o Purgatório; acho que a festa foi boa demais... Não consigo enxergar bem, esta tudo com muito nevoeiro... O cara de engrenagens levantou e me olha da janela da serpente de metal enquanto esta cava a terra em direção à outra parada
"-Se você olhar pra trás um dia, morrerá!", me disse uma vez uma amiga, Jane's Tempest. Ao olhar para trás vejo que há um enorme homem com um pano cobrindo a boca, ele grita:
-Todo mundo quieto! Ninguém vive aqui!
-O que quer? -Grita um gordo com jaleco e pasta
-Tua vida em mentiras! -O com rosto coberto puxa o gatilho
-Por quê? -Pergunta a velha com uma sacola de compras ao ver o corpo do filho chorando sem vida em seus pés... Nada posso fazer, ouço, vejo, sinto o calafrio da morte percorrer o corpo dela
-Não era filho dela! Eu sei! -A velha engole seco, lembra que seu útero é igualmente assim, seco, nada saiu de lá, a não ser o garoto muito pequeno que nem se lembrava do seu passado num orfanato. Garoto que morreu ali, no seu pé -Você também irá, pois de sua mentira eu já me alimentei!
No corpo da velha caída, um pastor barbudo negro viu e quase uma lágrima lhe veio... -Pai de muitos filhos você! Sacerdote!
-O quê? -Pergunta o monge assustado...
-Você teve muitos crentes passando por sua porta, mas nenhum deles encontrou conforto pois confiou em teu deus, escrito por moedas... -Um tiro percorreu a perna do homem, ele cai - Moedas de teu bolso!
Enquanto acertava este, na cabeça, o justiceiro corria e falava com cada um que via; fazendo a vez da espada de Justiça, caiu mais três: um que mentiu pra você, um que traiu você com seu amigo(a) e último que roubou seu filho para as minas de carvão. Você, leitor, vai deixar ele fazer isto com quem fez tais coisas com você?
Não há tempo, o olhar do cara coberta me cerra como o de um predador, eu o olho, ele responde: duelo constante... Sua arma sacada me aponta, diz:
-Você mente para si, todos em ti confiam porque você os engana com a única face que tem... SUA MENTIRA QUE ANDA!!!
Nunca tivera muito medo de tal morte, nunca a vira de tão perto, no meu nariz. A bala percorre o caminho de vinte centímetros em curso diagonal, cortando o ar como um torpedo que via do submarino de meu pai Nemo, quando a há muito uma guerra engoliu o corpo prostituído de minha nação...
Perfura
Mata
Cai na linha do trem o corpo
Na estação em que eu teria que descer, às 23:28, lá se vai meus pés descalços... Um baralho de sombras
O controle de sua morte, coleciono estes tolos heróis, a Justiça para eles é algo mais que a visão de alguns sobre alguma coisa
O Ser com Face de Engrenagem, o Verdadeiro Eu, lá estava ele naquele trem... Parado durante um tumulto de um mascarado, o que pensava ter a Justiça nas mãos, desceu um tiro duma janela fulminante no Justiceiro, já não mais existe este...
Eu vou com os corvos, continuo no caminho de descobrir quem sou, fugindo de mim mesmo, fugindo não daqueles Justiceiros -aos quais derrotei, derrotamos eu e o outro eu-, mas de mim mesmo
MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://letras.azmusica.com.br/letras_the_do/letras_slippery_slope/letra_gonna_be_sick!.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário