O homem que perdeu a si mesmo
Penso
O astronauta aos Portões de Aúrion
Vendo a finitude do avanço humano, a chegada
Às portas de todo o céu
Última galáxia do último véu da noite
Perdido estava
Para todo o sempre
Em sua humanidade
Em ser
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
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Coração de Lídia
Dos meios das infinitas pontas
Dos cantos dos olhos das pessoas
Lídia via entre as diversas pontes
Entre as diversas fagulhas de espírito
A vida entre cada uma delas
A voz temida da morte, em Lídia já não mais cantava
Naquele voo ela caminharia para as estrelas
Libertaria o seu coração
E, foi, indo
Foi, indo
E
O braço forte de Ribeiro a segurou
Soldado de várias tomadas e batalhas, o bombeiro
A olhou, nos olhos azuis de seu céu
Naquela tarde de fevereiro
Naquele momento, no penhasco
E o abismo falou de volta
E a calda dos corações raivosos, cantou
Pela fraternidade daqueles dois
E, no passo
E, no pé
Em falso
Ambos despencando, ambos deixando o meu olho vidrado
Na tv; vendo Ribeiro e Lídia
Vendo a igualdade de minhas vidas, de minhas mortes
De tudo o que persegui, por aquele momento
Do suspiro trancado
Do beijo esquecido
Do motivo abarcado nos inúmeros esforços inúteis
Na inutilidade, naquela melancolia
Naquele sorriso, naquele abraço
Voaram
Por um momento voaram
Mas, a vida lhes trouxe de volta
E num abraço dentro da janela se foram
Sem jamais eu soube
Quais eram seus verdadeiros nomes
Qual era o verdadeiro eu
Só apenas sabia, sabia apenas
Que eu me segurei aquele dia
E
E me segurei naquele impulso
Da vida diária dos pulsos
Daquele ar flutuante que voa
Pelas janelas do céu
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Construções
Gostar de alguém é querer construir com alguém e não de alguém, não a pessoa como exercício de seu egoísmo em mudar, mas mudando o mundo com ela. Do seu para o nosso, respeitando-se enquanto dois juntos. Amar é doar, mas não doar-se além da conta, de perder a capacidade de enxergar: o que o outro me oferece? Estaremos construindo pontes, estradas ou castelos?
Palavras de homem que já não amará mais, de sua muralha braveja o deserto de si mesmo
Na estiagem da multidões de eus, sem alguém.
Palavras de homem que já não amará mais, de sua muralha braveja o deserto de si mesmo
Na estiagem da multidões de eus, sem alguém.
sábado, 10 de fevereiro de 2018
Processador Quebrado
Eduardo Van Dick tinha um problema, seu processador estava quebrado.
Era uma manhã fria, mas o sol viria e toraria toda a lataria dos enormes aranha-céus vivos de Beirute, quando todos estaria atrasados para seus café-da-tarde, porém não poderiam ainda terminar seus turnos nas fábricas de dados. Eduardo não estava entre eles, ele era um acadêmico, ou o que restou deles, neste mundo louco de ciborgues, beatrônicos e animais-humanóides, ele escrevi com certa irregularidade para um Diário do Fim do Mundo, uma faculdade disposta a recolher algumas peças de conhecimento em Humanidades para depois enviá-las para a Grande Mãe Data, que escolheria o que significava para a vida fraterna ou não.
Porém, Van Dick tinha o problema de estar quebrado, ele não sabia o porquê. Se foi a sua noitada jogando Dom Dons ou a comida gordurosa processada em tonéis de carvalho, nada disto parecia responder seu principal problema:
-Meu processador parou, Tio - disse o jovem magrelo
-O quê? - riu o forte homem negro a sua frente, seu tio Amálio estava ali para buscar alguns quadros com fotos, valiam fortunas nos hipersites - Você está errado, Eduardo, isto é impossível... Como você está aqui, andando e falando se ele está quebrado?
-Não sei... Mas, olha só - abriu o peito e próximo do estômago, nada lá, nem um tipo de luz, barulho ou bugiganga louca, apenas o mais puro silêncio.
-... Olha, é melhor chamarmos alguém, talvez a polícia
-Sério? É tão grave?
-Bem, eles cuidam disto... Você deveria contar a sua mãe e...
-Não, tudo bem, eu chamo, obrigado tio!
Van Dick chamou a polícia, com a pouca coragem que tinha, apenas depois de perguntar a mesma coisa para uma colega e comentar com um professor. Duas horas depois, andando pela grama do campus politécnico, ele vê dois policiais, uma Quero-quero humano e um ciborgue:
-Olá, senhor... Eduardo Van Dick (eles usaram o scanner nas miras foscas no meio de suas testas). Estamos aqui para levá-lo
-O quê?
-Sim, o senhor possui problemas de manutenção - disse o ciborgue, sabendo que era difícil que um cara de metal como o jovem confiasse em um "mudado". - Será tudo coberto pelo Estado.
-... Bem, então, está bem... Que a Grande Mãe me guarde!
-Amém! - responderam, estranhamente, ambos
Eduardo foi sendo levado para uma nave urbana, porém, quando ele ia saindo, viu uma moça, uma moça-coelho de lindas formas, porém, jovem e cabelos azuis, ressaltando mais as poucas coisas animais. Ele a olhou se sentiu a paixão, que todo o dia tinha por alguém nos autotrens, sempre diferente, Eduardo pensou ter achado a resposta, pensou que o processador tinha funcionado e...
Entrando dentro do veículo, dirigiram por algum tipo de autoestrada estranha, que os repórteres não mostravam... Senti alguém me olhando, creio que estou sendo vigiado.
O rapaz passou por uma triagem e, nu ao mostrar seus ainda poucos implantes ciborgues, foi trazido para dois Guardiões de Data. Eles eram normais, digo, pessoas normais e olharam o herói, dizendo:
-Não há mais nada no seu processador. Isto é uma mentira e você será multado por perder o tempo do Estado.
O jovem Eduardo arrependido e humilhado, voltou pra casa, ficou uma semana de cama, um pouco triste, mas, pode voltar pro emprego... Como se nada tivesse acontecido.
...
Eu sei o que houve, meu nome é Felícia Van Dick e eu sou a sua esposa. Ele não se lembra, o mundo não se lembra bem, mas, a mãe sabe, aqueles dois também e o futuro nestas páginas...
Sinto uma mão robô me apertar o ombro. O Caçador-vermelho
---
Mensagem enviada.
Era uma manhã fria, mas o sol viria e toraria toda a lataria dos enormes aranha-céus vivos de Beirute, quando todos estaria atrasados para seus café-da-tarde, porém não poderiam ainda terminar seus turnos nas fábricas de dados. Eduardo não estava entre eles, ele era um acadêmico, ou o que restou deles, neste mundo louco de ciborgues, beatrônicos e animais-humanóides, ele escrevi com certa irregularidade para um Diário do Fim do Mundo, uma faculdade disposta a recolher algumas peças de conhecimento em Humanidades para depois enviá-las para a Grande Mãe Data, que escolheria o que significava para a vida fraterna ou não.
Porém, Van Dick tinha o problema de estar quebrado, ele não sabia o porquê. Se foi a sua noitada jogando Dom Dons ou a comida gordurosa processada em tonéis de carvalho, nada disto parecia responder seu principal problema:
-Meu processador parou, Tio - disse o jovem magrelo
-O quê? - riu o forte homem negro a sua frente, seu tio Amálio estava ali para buscar alguns quadros com fotos, valiam fortunas nos hipersites - Você está errado, Eduardo, isto é impossível... Como você está aqui, andando e falando se ele está quebrado?
-Não sei... Mas, olha só - abriu o peito e próximo do estômago, nada lá, nem um tipo de luz, barulho ou bugiganga louca, apenas o mais puro silêncio.
-... Olha, é melhor chamarmos alguém, talvez a polícia
-Sério? É tão grave?
-Bem, eles cuidam disto... Você deveria contar a sua mãe e...
-Não, tudo bem, eu chamo, obrigado tio!
Van Dick chamou a polícia, com a pouca coragem que tinha, apenas depois de perguntar a mesma coisa para uma colega e comentar com um professor. Duas horas depois, andando pela grama do campus politécnico, ele vê dois policiais, uma Quero-quero humano e um ciborgue:
-Olá, senhor... Eduardo Van Dick (eles usaram o scanner nas miras foscas no meio de suas testas). Estamos aqui para levá-lo
-O quê?
-Sim, o senhor possui problemas de manutenção - disse o ciborgue, sabendo que era difícil que um cara de metal como o jovem confiasse em um "mudado". - Será tudo coberto pelo Estado.
-... Bem, então, está bem... Que a Grande Mãe me guarde!
-Amém! - responderam, estranhamente, ambos
Eduardo foi sendo levado para uma nave urbana, porém, quando ele ia saindo, viu uma moça, uma moça-coelho de lindas formas, porém, jovem e cabelos azuis, ressaltando mais as poucas coisas animais. Ele a olhou se sentiu a paixão, que todo o dia tinha por alguém nos autotrens, sempre diferente, Eduardo pensou ter achado a resposta, pensou que o processador tinha funcionado e...
Entrando dentro do veículo, dirigiram por algum tipo de autoestrada estranha, que os repórteres não mostravam... Senti alguém me olhando, creio que estou sendo vigiado.
O rapaz passou por uma triagem e, nu ao mostrar seus ainda poucos implantes ciborgues, foi trazido para dois Guardiões de Data. Eles eram normais, digo, pessoas normais e olharam o herói, dizendo:
-Não há mais nada no seu processador. Isto é uma mentira e você será multado por perder o tempo do Estado.
O jovem Eduardo arrependido e humilhado, voltou pra casa, ficou uma semana de cama, um pouco triste, mas, pode voltar pro emprego... Como se nada tivesse acontecido.
...
Eu sei o que houve, meu nome é Felícia Van Dick e eu sou a sua esposa. Ele não se lembra, o mundo não se lembra bem, mas, a mãe sabe, aqueles dois também e o futuro nestas páginas...
Sinto uma mão robô me apertar o ombro. O Caçador-vermelho
---
Mensagem enviada.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
Coração Fechado
Meu coração está fechado
Na ponta dos dedos
De outro
Enlaçado, agoniado, temendo-lhe
Afago. Fechado em si mesmo
Ulisses nunca saiu da praia
Ele nunca viajou
Foi tudo crise, disse seu analista
Na mesa do bar.
Meu coração está fechado
E eu de punhos cerrados
Luto contra o ar
Mas, que eu respiro
Meu coração está fechado...
E eu aceito isto
Pois, dentro do baú cadeado
Só há tesouro vazio, ar
De fechado em fechado eu tento
Navegar o mundo, que é preciso
Porém, é tudo muito pouco
Precioso
Fechado pra todos, trancando-me de mim
Liberto num coração, cerrado
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punhos cerrados
Fragmentos 4
O que tenho é pouco. O que ofereço é muito
Não tenho nada que valha a pena
Pois, a alma não é pequena;
Não a tenho
Não tenho alma
Tenho espírito.
Move o real, não a ideia, não o verbo.
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O que o gato Tobias mais desejava era beijar a luz da lua. Pena a luz não ser dela, mas emprestado de outra. Ah, vis astronomias! Pobre Tobias, este poeta empobrecido de amor
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Astronauta de prata, escondeu o coração de ouro
Entre seus cachos
E voa entre as galáxias, cheias de medo, esperança
E estrelas
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