domingo, 20 de maio de 2012

Poemas musicados d'alma 2


Adianta o
Dia ser
Tão
Findo,
Lindo,
Fofo? ,
Não há
Nada lá fora
Só o
Vento frio e
Perverso.

Respondo: Se tem, e daí?!

A Redenção de Um Velho - A Saga dos Elfuns

 
 Klaln era agora cinza,o ar queimava as narinas,tudo reduzido a escombros.Um único homem andava em direção ao monte de pedras de uma varrida construção,corpos se mutiplicavam as vistas,alguns torrados,outros quebrados e alguns em pedaços,o velho cansado ajoelhou-se e começou a retirar os restos,encontrou uma criança,chorou.
 -Não!-Brandou o velho enquanto acariciava a cabeça da menininha de uns oito anos,tinha sangue atrás de seus cabelos negros como a noite.Escutou um bufar,este foi aumentando de força,um bruxo se levantou,tinha ódio.
 O chão tremeu,uma gargalhada nojenta se espalhou pelo lugar,estrondos tornavam-se mais potentes,finalmente saiu do solo um demônio,este surgiu embaixo do feiticeiro,deu-lhe um soco e,enquanto o velho voava no ar,agarrou-lhe o pescoço,terminado esse ataque,estava Kjards,rei dos cdevos,a segurar Locke Booke,”o mago maldito”,perto do centro da cidade.
 -Pensou ter me matado?!-Disse o ser maligno,guspindo sangue azul escuro e com o braço esquerdo e uma parte do peito com profundos cortes-Pois quase conseguiu!-Sorriu com a boca ferida.
 O mago o olhava com raiva incontável, Kjards virou para trás e percebeu a criança, riu e falou:
 -Idiota!Escutei um choro de um humano patético,não pensei que era você!Foi ela que desviou seu golpe,ridículo,podia ter me matado,mas distraiu-se com uma pequena fedelha!Se pelo menos tivesse me destruído!Me deu tempo de cavar um buraco,pena que estracalhei meu braço...
 -Maldito!-Disse Locke Booke-Cale-se!
 -Foi você que a matou!Se tivesse me deixado em paz,talvez ela fosse meu almoço de amanhã,assim viveria mais um dia!-Riu o demônio em alto tom.
 -Vou matá-lo!Desgraçado!
 -Não,eu é que vou!-Terminando esse dito,o ser maligno começou a juntar uma chama roxa entre seus dentes,Booke reuniu suas últimas forças,abriu a mão esquerda,Whailibur,a espada do mago,jazia próxima,embaixo de escombros.
 Quando estava para lançar o golpe,o rei dos cdevos,ainda piscou sarcasticamente para Locke,este deu um berro e a espada vôou para sua mão,o bruxo deu um ataque na lateral do demônio,quando este baqueou virando para o lado e assim perdendo toda a energia acumulada,o mago passou-lhe a lâmina diagonalmente,do ombro direito ao peito,jorrou o líquido de vida,o golpeado deu um grito de dor,quando viu,já estava com o feiticeiro,que dando um giro no céu,equilibrou-se em seu ombro recém cortado,Booke cravou-lhe a arma no pescoco e pulou para o lado,fazendo uma grande sujeira e caindo de mau-jeito poucos metros depois.
 Kjards ajoelhou,caiu,bufando e sangrando muito,teve forças ainda para dizer:
 -Foi sua culpa,não pode mudar isso.-E olhando para o feiticeiro,que levantando com dificuldade,levantou a espada e fazia esta brilhar com cor de fogo,completou:
 -Um último golpe?
 -Eslibur chenmai!-Berrou Locke,e sua espada queimou em chamas,deixando esta verticalmente,viu ainda um leve piscar de olho,cravou-a,escutou um último sussuro,um fogo amarelado queimou rapidamente o corpo,logo,este explodiu,o mago foi jogado para trás,um enorme barulho ecôou pelo deserto de carcaças,Kjards,o rei demoniáco dos cdevos fora destruído.
Parte 2.
 
 Leont voltava para perto da cidade com os outros magos,pois correram como o vento durante a fuga,ele estava à frente dos outros feiticeiros e viu a cena narrada a pouco,compreendeu o irmão.Em sua companhia,seu cavalo e o de Booke,este,mesmo estando a uns quinhentos metros,enxergou o jovem mago e assobiando logo fez sua montaria o acolher.Leont permaneceu calado,apenas abaixou a cabeça e,sussurando,disse:
 -Adeus.
 O jovem mago disse aos outros apenas o necessário:”-Ele sumiu,assim como Ecinos(cavalo de Locke),logo que chegamos,o potro saiu em disparrada para os campos,Locke deve estar lá,temos que ir procurá-lo!”-Os velhos bruxos,claro,desconfiaram da história,tendo alguns até demonstrado isso,porém,seguiram para o leste em busca de Booke,entretanto,o verdadeiro seguia para o norte,sem rumo nem espírito.
 Andara quase um dia inteiro quando chegara à Tol,pequeno vilarejo fundado pelos lendários Galampricys durante a expulsão dos gigantes,isto,a muito tempo atrás,tendo descido da montaria,estava Locke Booke de frente a taverna-estalagem de Dom Libidijos,um famoso velho porco da região,agora caolho e sem uma perna.
 -Quero um quarto.-Falou Booke ao taverneiro,um gordo rosado e de faces abigodadas.
 -Vai custar 20 pesos em ouro,mas se quiser bóia,velho torpe,é 25.-Respondeu cuspindo.
 O mago estava como disfarçado,havia tirado suas peças armaduradas e posto roupas mais simples,se estivesse de posse de uma forma guerreira,com certeza,seria uma “pérola no meio de conchas vazias”.
 -Pago metade hoje.-Disse o mago,como se desse uma “resposta”.
 -É agora ou racha!-Guspiu mais o gordo.
 -Venha.-Desafiou o mago.
 A taverna estava cheia,o fim de tarde atraía “os lobos velhos”,o balconista olhou para uma mesa,nesta,estavam malencarados e robustos capangas que,ao olhar de ordem,levantaram-se e iam na direção de Booke,este,calmamente,olhou de relance para os três bugres.
 Eles estavam armados de picaretas e paus,aproximaram-se cada vez mais perigosamente,de repente,a um som de vento,estava Locke a empunhar o cajado,olhava-os poderosamente,a disfarçada bengala de velho senhor voltava em sua forma de bastão de feiticaria e apontava para o pescoço de um dos atacantes,de vistas agora aterrorizadas.Como se obra de magia,os atacantes,em movimentos compassados,sentaram-se novamente em seus lugares,beberam sua bebida e,imediatamente depois do gole conjunto,caíram a dormir sentados.
 -Sua melhor bebida,por favor.-Pediu o mago.
 -Sim,sim,já vai.-Respondeu,sem guspir,o assustado gordo.
 Era uma bebida pobre,mas com certeza a melhor da espelunca,de nome Wizirum,tinha um cheiro forte,pois fora fermentada de um arroz-bravo da região ainda no mesmo dia.Desceu a garganta do mago como uma labareda que cai em uma folha seca,ele,já com um bafo horrível,perguntou:
 -Onde há diversão por aqui?
 -Na Casa de Cortesia,senhor,-falou baixo o gordo-fica descendo a ladeira.-Apontou com o dedo.
 -Pode dar-me a chave do quarto?-Entregou o gordo a chave para o feiticeiro,este,pegou a garrafa da bebida que tomara,perguntando:
 -Posso?
 O balconista permitiu com um movimento de cabeça.Locke subiu para seu quarto deixou suas coisas,as quais foram decarregadas de seu cavalo gentilmente pelo gordo,pôs a garrafa na pequena mesa ao lado da cama e trocou de roupa,ficando com uma não tão pobre nem tão refinada,saiu e se dirigiu para a Casa de Cortesia de Dona Majerona,que só para constar,era mulher do fundador da taverna.
 Voltou à madrugada,tinha tido uma noite boa,uma bela e alguns vinhos o haviam acompanhado,porém,estava em silêncio,total e mortuário.Entrou no quarto,sentou na cama,olhou para o nada,revisou toda a vida que participou,sua e a dos outros,lembrou-se desde o resgaste seu e do irmão feito pelo mago Son-tsu,o treinamento com este,a vida de pobreza e orfã,o roubo,a sobrevivência,o assassinato,o bandido,o mercenário,o mestre e a morte.
 Chegou o raiar avermelhado do dia,Locke pegou a garrafa,deu três longos goles e derramou o pouco que restava no chão,sua face era estática,meditante,não chorou,pois suas lágrimas secaram-se.
 -Chega disso...acabou!-Ordenou.
 Um velho bruxo redimira-se.
 Pegou seu cavalo,ainda durante o meio da manhã,pagou ao taverneiro,25 pesos de ouro e 5 de prata,”-A fim de pagar a bebida.”,disse ao gordo.Partiu rumo ao nordeste,pois queria ver o passado.

Poemas musicados em música d'alma


Vivendo com uma pena na cabeça e
Depois de um dia
Trabalhei
Tô morto,
Beber,
Beber,
Beber alma,
Reconstruir espírito.

Tempo pra que
É tudo pó no
Final,
Sua decisão:
Cheirar ou não.

Você morreu com um beijo e reasceu com um amor #Agente do Caos


MUSIQUETA DA POSTAGEM

-Oi – me disse aquela moça estranha que vi uma vez andando pela rua abandonada do meu bairro, ela não era solitária, como era quase todo o meu bairro sempre naquelas madrugadas de sábado pra domingo, porém, naquele dia estava, talvez, pra ela, ou, era pra mim...
 Vi chegar em passos estranhos, tinhas algo no olhar, eu também, mas, não sabíamos o que um ou outro haviam em seus bolsos; de grandes e profundos, de nossos bolsos, de sobretudos, ouvi simultaneamente o clicar de um dedo sobre um aparelho – celular, talvez? – porém, imediatamente, ouvi um engatilhar de arma...
 E o vapor de ar corroía todo o ambiente escuro, ela me olhava com seus olhos de sereia e eu mirava apenas aquelas duas partes do seu tórax, que estavam naquele dia muito chamativos aos meus olhos... Me sentia um lobo atrás da frágil mocinha de chapéu vermelho, talvez ela, gostaria de ser também a mesma coisa para mim... Ficamos, ali, por alguns minutos... Ela virou-se não me dando bola e entrou na porta de madeira, que fora aberta por um gorila de terno. Indo atrás do barulho que seus pés – pequenos pés! Na minha mente consumida por alguma vodca ou certeza de um desejo a ser realizado – faziam no assoalho daquele corredor ao qual entrei, depois de pedir passagem pro segurança ( o que me custou malditos 10 contos, um roubo!)...
 Logo, entrei naquela casa de luzes vermelhas e pessoainhas rebolando seus corpos, suados e logo resfriados pelo frio... Eu sorria, não para ela, mas, pela condição daqueles vermes... Tristes vermizinhos, macaquinhos evoluídos... Ainda bem, eu não mais era um daqueles, era outra coisa... Talvez, superior – a mim evidente, claro. Vi o seu sobretudo num cabideiro, vi que um corpo ia em direção mais do interior da casa de luzes vermelhas... E os corpos se mexiam, saltitantes, bêbados, por alguma razão que desconheço, comemoravam a simples questão de estarem vivos e de poderem ficar bebaços e vomitos, comemoravam a vida... Eu, não, eu não estava ali pra isto... Segui pelo segundo corredor... Já sem casaco, minha camiseta com um enorme desenho de uma máscara de gás com um “xis” revelava, de certa forma, o que eu caçava... Além, das pernas dela, ou melhor, com as pernas dela... Máscara de gás dos malditos Agentes, máscara que me persegui a vida inteira... Agora, eu, com uma Lâmina Azul de Caçar estes malditos era um deus, eu podia derrotá-los...
                   Mas, então, eis que eu a vi de novo...
 Bela, de rosto bem pequeno, ela era até que pequenina... Cabelos ao vento de brilhar com a luz meio laranja, não via seus olhos por causa da franja, no entanto, não era isto que queria ver... Seguia para ela, que me fitava, agora, de costas para uma porta no final de um corredor... Ela entra e eu também...
 Com um certo bailado, eu agraro-a, sem chance pra que ela reaja, como seus lábios em uma longa mordida... Neste momento, ouço os trompetes e os violões da música lá fora... Eu, aqui dentro, sinto ela... Sinto, como poucas vezes na minha vida de caçador, uma certa paz. Nós, então, dançamos, bailamos entre os biombos, que daquele lugar em que entrei – e nem percebi – era um banheiro sujo e emporcalhado... Mas, não os lábios e a pele dela...
 Sinto agora, suas mãozinhas entrarem na minha camisa, eu a encostarei em cima da pia e tudo estará feito, tudo estará acabado para ela... Sei que não se deve – como ser superior e racional que sou – misturar “trabalho com lazer”, porém, nada é como era antes, nenhum beijo é como este ao qual tento me esforçar para que dure o máximo, dentro dela, pra que tenha tempo de alcançar aquela agulha de prata e cobre, uma arma que pode matá-la, este demônio...
                                                           De lindas pernas, perninhas, mas, um demônio
 Ouço que o coração dela bate mais rápido... Ainda, com um momento entre os beijos, me olha com dois olhos de maresia, corroendo minha vontade de matá-la... Estou com as mãos na minha agulha, que nas minhas calças aguarda para ser cravada e matar este ser do Caos... É só um momento... Só aquele momento...
                                “ – Não exite um único momento, pois, se a vida é feita as vezes deles, a morte igualmente o é”, já dizia meu mestre... É, pode isto ser verdade...
 O golpe na nuca foi preciso, não vi d’onde veio, até cair perto de um privada e ver um enorme homem de pele negra saindo do espelho sujo do banheiro... Havia apenas pavor agora, não. Estava seguro, mesmo com a nuca sangrando... Levantei e soltei da bota a faca, ele saiu e entrou na frente, antes de que eu conseguisse mirar a moça... Maldito!
 Ouvi um partir de vidro, vi ele tirando a faca das entranhas, ainda vivo... Levantei e cerrei os punhos, fitava o desgraçado, minhas últimas palavras foram:
 -Azulli, também a antes chamada de Sixx Valentine, você, é umas das Jóias dos Agentes do Caos... Eu, Temor Comtell, prendo-te com a autoridade da Ordem da Lâmina Azul e...
 -Cale-se, homem belo... – Não vi o ser se mexer... Ele era realmente rápido, principalmente com facas... Rasgou minha barriga, vomitando sangue por todo o lugar... Não via mais nada, apenas fui caindo pra trás, ao lado da privada... Ouvi:
 -Você, bom homem e belo... Você tem um beijo doce, senti isto em você, isto me cativou... Porém, o que é ter um beijo doce se você já um dia perdeu o que tinha atrás dele e se tornou como um amrgo? Bem, eu não sei o que isto significa...
 -Você, monstro, das belas pernas... –Dizia minha voz frágil e já falsante, estava morrendo. – Eu, eu... Eu ainda tenho algo pra o que ser amargo... Vazia!
 Ela me fitou, eu estava morrendo, vi ainda o gigante, um espectro que a servia como se fosse ela mesma, de nome Bournie, me agarrando pela cabeça... Não me mexia ou reagia, apenas, minha cabeça era levada e movida... Senti me molhado, depois de um cheiro impressionante de escremento...
 Ouvi as bolhinhas correndo pelo meu rosto, vazio de expressão, vazio de tudo, agora, todo o desejo se resumia, em menos de uma página de minha história, em simples água de merda... Água de privada, a última coisa que beijei... Ao menos, acho que eu, o último Agente dos Lâminas Azuis na ativa, teve algum tipo de sorte em sua morte rápida:
 -Amou deve se amar, como um beijo que te deixa morto na merda, mas, que ainda valeu um último beijo.

sábado, 28 de abril de 2012

Parágrafo Decepção

Realmente, em cada Decepção ou Memória Ruim (cabe ainda entender cada uma das duas) tem em si não só o caminho da Vingança, mas, de um Auto-Conhecimento, ou seja, de certa forma, crescemos conforme sofremos. Evidente, a vida não é só sofrer por algo e alguém - em algum tempo e lugar que pessoa e coisa nos fez ou fizemos -, também o viver tem igualmente estes "momentos", estas "vivências", as quais chamamos de Alegrias.
Cabe a cada um encontrar algum mecanismo ou interpretação do que fazer com cada uma destas coisas, destes verbos: sofrer e viver. Mas, então, passemos a discussão de quanto de Eu existe no mundo, daí, um post é pequeno para isto.

domingo, 8 de abril de 2012

Númeno #Agentes do Caos

 MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://www.youtube.com/watch?v=VXa9tXcMhXQ



-Estou dormindo melhor hoje dia, talvez sejam os remédios...
 Nosso herói toma uma cápsula de comprimido azul, numa metade, vermelho, noutra pequena parte. Segue escapando pelas trilhas das ruas sujas que o levaram a acontecer o que aconteceu...
 Neste verão chuvoso de 1807, o céu é cinza e a manhã logo nos brindará com teu beijo, porém, nada disto importa para aquele apaixonado... Amante das coisas da cabeça e do corpo em curvas de uma tal Senhora Marié, ele corre por alguns lugares em busca de alguém que queira seus conhecimentos sobre as ciências nascentes da Engenharia dos Vapores e para plantações de tomates, realmente, isto em um lugar como a Batávia é realmente difícil, afinal, aqui já há um excesso de construtores, desde daqueles que fazem gigantescos moinhos até aqueles que inventaram chapéus capazes de suportar as chuvas, que ali, são constantemente responsáveis por encharcar as botas e capas...
 De repente, o jovem que está pensando nestas coisas da vida vê um anúncio numa parece suja e molhada, é um papel velho, mas, dá pra ler, mesmo ele sendo germânico e muitas vezes não entendendo nada desta língua das holandas...
 “Precisa-se de jovem que queira voar”
 Em um momento de luz de sua mente, ríspido como um fósforo que naquela época não existia, ele toma de assalto aquele folheto e sonha com tempos lindos, de campos de tulipas azuis e beijos apaixonados como nos romances que ele lia na juventude e que, sem sentido muito prático naquela época – como talvez, toda a nostalgia é quando estamos a realiza-la -, hoje se tornava sua “tábua de salvação”, seu motivo pra sonhar, até de viver, em certo ponto do desespero provocado pela sincera e confiada taça de vinho vienense...
-Agora, veja só, nada mais me faz dormir... – E ele, com dificuldade, se levanta... Agarra vosso braço de metal, amarelado pelo tempo, encaixando em seguida no ponto entre o osso do ombro e um vão... O lampião funciona bem, acesso, pode-se ver a pá enorme do Moinho Vertical Nº3, da nave direita, enquanto ele gira, gira e rodando, leva mais uma vez que ele se lembre das coisas de algum tempo...
 Era um lugar fantástico! Realmente para ele... Um lugar cheio de vida e pessoinhas caminhando de um lado para o outro...
 Era em 30 distintos cavaleiros, entre jovens, velhos, militares derrotados em guerra, sonhadores, uma mulher gorda, todos ali chamados pelo cartaz ou amigos, que o leram ou estavam ali... Recepcionados por um senhor de roupas sóbrias e bigode, além de um monóculo, todos se maravilharam e acharam o lugar fantástico (como se pode ver no parágrafo anterior) que era aquele local, as Oficinas Münchensen. Seguiram uns dez minutos com a narração entusiasmadas do senhor de roupas sóbrias até que um servente de carpinteiro, um funcionário realmente longe da personalidade que estava ali, mas, que nenhum dos visitantes que estavam ali sabiam ou queriam saber quem era, o chama-se:
 -Bom dia, senhor Almirante Münchensen!
 Imediatamente, o distinto senhor chamou um homem que os acompanhava, um sujeito mal-encarado e com uma mala nas costas, o disse, em francês:
 -Mostre a saída a este senhor de língua que não cabe na boca, por favor...  –Virou-se para o grupo- Vejam só! Ele estragou minha surpresa! Sim, eu sou o líder deste projeto magnífico de engenharia e arte, coisas que talvez se confundam... Muito prazer, senhores, meu nome é Münchensen, o décimo Conde da Ordem Hospitalar da Espada Azul!
 Todos os presentes o aplaudiram, menos o mal-encarado que levaram o aprendiz educado para um canto afastado, dentro da floresta negra, e mexia na sua bolsa tranquilamente com uma mão, enquanto agarrava o moço com a outra pelo braço. Nosso jovem herói estava maravilhado pela desenvoltura e vivacidade do Conde, que achava ser um ser muito velho e chato... Como todos os nobres de sua terra... No entanto, era este senhor de roupas sóbrias muito vivo e explicava com entusiasmo, as vigas que se levantavam do chão daquele enorme descampado e era acompanhado com estranhas pedras encrustadas nelas, fazendo um mosaico de formas grotescas para os olhos daqueles ferrados que não lhes deixava nem mesmo ouvir um tiro... Ou, podem ter sido os martelos e maretas... O que importa, é que nosso herói estava maravilhado e a história é dele, não do educado servente de carpintaria que acabara de ser baleado na floresta e iria ser deixado para os lobos e corvos, por ter em sua boca de trabalhador, ter proferido o nome do distinto Conde sem a sua autorização.
 E a empatia entre o velho Münchensen e o jovem era tamanha, que ele conseguiu apertar sua mão, porém, antes disto, ele teve de passar mais de duas semanas, carregando de um lado para o outro, as estranhas pedras negras que chegavam de caixas com símbolos indecifráveis para as línguas civilizadas – chamadas na época-, ou seja, de algum lugar do Oriente. O aperto foi rápido e sincero, pois, o jovem, com seus conhecimentos da novíssima Engenharia do Vapor, havia indicado uma falha estrutural numa caldeira indicada, no projeto do 2º chefe da sessão, como da nave direita, d’algo nomeado como Moinho Nº 3, seja lá o que isto seja... O responsável, claro, foi levado para o bosque de árvores negras e lhe foi mostrada a saída, como o servente; nosso herói, promovido ao seu cargo no dia seguinte, teve felicidade por ter seu trabalho reconhecido...
 -Hoje, não vou conseguir dormir mesmo! –Disse, enquanto andava de um lado para o outro dentro da cabine... As nuvens passavam no lado de fora, estava frio e as caldeiras pareciam com problemas, pois, oras se é uma caldeira, por que não esquenta o resto da estrutura?! Tendo estes pensamentos, até quis colocar a faixa que o dava o título de Vice-chefe Geral da Ala Direita, mas, não, sentou-se na cama novamente... Olhou o relógio e viu que já eram três e sete da manhã e ainda não estava dormindo... E dormir bem era algo que não fazia há tempos...
 Passaram-se três meses... As obras não andavam e o Conde cada vez mais vinha até os trabalhadores fiscalizar e promover promoções para gratificar os que mais se esforçavam... Nosso herói estava progredindo bem, porém, não compreendia como os Engenheiros eram tolos, usando materiais tão banais quanto pedras negras e madeiras moles pra montar aquelas estupendas estruturas de trinta metros... Já estavam feitas quatro das seis quando houve o tal atraso... Alguma guerra sobre uma pedra fumável ou algo assim, uma planta, não se sabia direito, só que era por um cachimbo que se fumava, estava atrasando o envio do Oriente das rochas, além disto, o povo Libelungo, donos das terras distantes d’onde vinham as madeiras, começava uma revolta furiosa contra sua Metrópole; ou seja, tudo era caos no projeto original e o Conde ficava cada vez mais pálido e raivoso...
 -Então, houve aquele dia... –Lembrou o jovem, enquanto desmontava o braço que acabara de colocar, deixando um buraco seco no lugar...
 -Posso fazer uma sugestão? – Disse o herói de pouca idade, uns 18 ou vinte, não me lembro agora, enquanto o Conde passava perto dele, nervoso com um papel na mão – uma carta de oficiais ingleses amigos dele - neste, dizia que a guerra no Oriente tomava proporções catastróficas e que, se não tinha feito antes, fazer agora, o nobre encontrasse outra fonte da Pedra Negra -, ou seja, não era um momento bom... Mesmo na Festa de Anos de Münchensen.
 -O que foi moço? – Perguntou o velho olhando de cima a baixo o jovem corado com caneca de cerveja e de braços dados com a amada Marie, uma jovem loira de olhos castanhos como avelãs e decote de peras.
 -O senhor tem problemas com as pedras de nossa obra, não é, meu senhor? Pois, eu tenho a solução!
 -Em primeiro lugar, esta obra não é nossa, é minha, e escute mais, meu rapaz...
 -Os eslavos, principalmente os russos, nós podemos conseguir as pedras que precisamos deles! Ouça... Eu vivi numa terra distante daqui... Quando eles guerreavam com o povo tcheco, e meu pai era um destes bravos, na verdade, estavam em busca de um bem precioso, algo que a lendária Horda de Ouro dos Bárbaros Orientais havia deixado por ali, naquelas terras, algo que crescia como árvore, mas era rocha e...
 -Espere! – O Conde até esquecera-se de repreender o mancebo, rapaz, por tê-lo cortado a fala, porém, pensou e ouviu bem, pois, “algo que crescia como árvore, mas era rocha e...” o havia interessado. Detalho que, naquele tempo da obra, todos já haviam ficado impressionados com a rocha negra trazida do Oriente que, depois de dias exposta á chuva, crescia em ramos vertiginosos para e entre as vigas enormes de madeira, criando bases para as caldeiras, berço para os homens e pequenas pontas estranhas, que – naquela época chamaram de naves- mas, que hoje, chamaríamos pela palavra “asas”.
 E o jovem herói trouxe para todos a sua ideia, todos os engenheiros e chefes ficaram impressionados com a rapidez do rapaz, até mesmo o Conde, surpreso, sabia que aquele rapaz tinha futuro, até mesmo na nobreza... Nobres ao qual ele servia e era servido, aos quais deveria mostrar a “tal máquina fênix” que poderia voar destruir coisas, como já previra o padre De Gusmão, o cavaleiro da Ordem da Cruzeta Da Vinci e tantos outros Renascentistas, que hoje, mais que sonhadores, nos pareciam visionários, mas, como todo “aquele que vê”, fora queimado na fogueira de alguma igreja ou rei por estas terras ásperas que eram o mundo naqueles dias de escuridão. Algo, verdadeiramente, deveria ser feito sobre ele...
 -Deveria ter deixado que tudo se explodisse... Sim, deveria... –Disse o jovem triste, olhado para a pequena pintura de Marie, já amarelada pelo tempo. Ele abre a gaveta, acha um convite do casamento dela com o Conde, também atingido pelo tempo, amassa, joga fora... Olhando para a janelinha entre as nuvens, lembra-se:
 -Bom dia, Pierre! – O nosso jovem herói cometeu dois erros, o 1º, foi virar-se de costas para o malvado Pierre, o homem mal-encarado da nossa história, enquanto este pegava um porrete e o desacordava, já o 2º, foi ter tido uma ideia que salvou a construção da Nave-Transmundo Fênix, a maior coisa a levantar voo até a criação dos cargueiros, nos anos 40 e 50... A criatividade, às vezes, dá apenas aos seus donos uma glória pós-mortem e, até em alguns casos, como este, até pra outro autor... Ou seja, o nosso amado Conde.
 Aí, só luzes e pequenos fragmentos ocorrem na mente do jovem, enquanto este corre pelos corredores da Nave, silencioso, porém, vai de pés descalços...
 O malvado Pierre o leva para a floresta, lhe dá dois tiros, um nas costelas e outro no ombro, as duas pistolas estraçalham seu membro, ele começa a morrer rapidamente... Porém, algo ocorre pra que não...
 Gritos de Münchensen... A cara de um homem pálido à sua frente, muito pálido e assustador... Sente que coisas o atravessam, enquanto é carregado para algo semelhante a uma carroça, mas, não é o homem pálido... Vê de relance o que é. Algum ser amarelo, um anão, algo assim, algo estranho...
                      Depois, só dor, ouve-se algumas coisas entrando pelas costelas e, finalmente, seu braço não dói mais, nada mais dói... Sente formigamentos na face, talvez, por acidente, uma parte dela se perdeu, nunca se soube...
 Silêncio, muito silêncio e... Bem, depois, só história de como um sujeito foi se virando para arrumar as peças da sala de máquinas da “Maior Maravilha do Mundo Moderno”, a Nave-Transmundo de Münchensen... Depois de vinte anos, casado e pai de uma filha chamada Sicília, o distinto Conde era um endividado em fuga num mundo de guerras entre seu país e os faladores de francês... Até o malvado Pierre, desertara e caçava seu antigo senhor... Resumido a dono de um circo voador, a gigantesca construção de cerca de 40 centípetas (aprox. 400 metros), era um alvo fácil, mesmo para um girador de alavancas e engrenagens, como era nosso jovem... E ele caminhava em direção ao velho...
 Sua face não mudara, sua face tinha uma chapa de ferro e cobre no lugar da bochecha direita, um braço de metal e uma couraça pesada... Havia ficado forte, mas, mesmo assim, abrira a gaveta e pegara a pistola que roubara de um bandido na última parada do “circo”, só por precaução, levava aquilo, pois, sabia que o velho Münchensen sempre teve uma língua mais poderosa que seus punhos...
 Nosso herói esperara por tanto tempo que esquecera de muitas coisas que viveu... Ele lembrava apenas destes dias de peão de obra, ele lembrara disto agora pouco, pois mesmo com pílulas azuis e vermelhas não conseguira dormir... Pensava até o dia de ontem, um sábado, que era um órfão da Bavária, resgatado pelo Conde e “reconstruído”, melhor e mais forte que qualquer um... Porém, não...
              Não era ele isto...
 Ele nem sabia que era mais... Ele se esquecera até mesmo de que a foto de Marie que sempre guardara era da amada, não de sua mãe... Enfim, sem nome também estava...
            Disto, no entanto, não poderia ficar sem! Matar e vingar sem nome não é “matar e vingar”, pois, como nas Artes, sem um nome para ser lembrado, de nada adianta a caminha e pincelada...
 E, durante a andança no corredor estreito de pedra negra, olhou para a arma e viu escrito nela “Númeno”, pois o “n” estava riscado devido ao desgaste da arma, já que ela era numerada, e havia uma sequência logo após...
 Então, nosso jovem herói tinha um nome para vingar, seu nome era Númeno. 

Mirroir é a última que morre #Agentes do Caos

 “-E daí que você não consegue viver consigo mesmo?
 Sou obrigado a ficar assim também?
 Sou?
 Miserável, pequeno ser desprezível!”
...De todos os seres do mundo deles, este era o último que ele esperava que fizesse isto, pois, com vontade, corto-te a face esquerda com uma lâmina cega de fazer a barba; sigo com golpes certeiros no braço direito e, logo após, mais dois nas costas...
 Porém, a ira ainda não é suficiente... Saio da casa de madeira afastada da cidade em que nós nos escondemos depois de roubar o Tesouro, perto do caro, apoiada sobre as rodas, a escopeta...
 BUM! – Para o alto, o medo em sua face é terrível, mesmo pra mim... Mas, continuo firme em meus passos de volta pra casinha... Uma pequena caseta que um dia chamei de lar...
 Beijo a sua face com o cano quente da arma, há um grunhido e tentativa de correr... Porém, havia amarrado a sua perna com as algemas que usava nas minhas amigas prostitutas... Ela não podia se livrar de mim...
 Havia gritos e correria no Quartel Generalé, podia ouvir dali os carros do Exército de Rosas vindo para me pegar, no entanto, não estou nem aí pras estas “pirações de doido” – como disse minha filha uma vez.
 Olhei pros teus olhos, temerosos, cara com marca vermelha da queimadura em bolha, a ira aumentava... Aumentava e aumentava... Apenas o peito cheio de costelas aguentava e segurava meu coração de pular em cima dela e se transformar em bicho estranho, escroto, cheio de dentes e veias, tomando teu pescoço branco e certamente sem sangue e sim algum elixir gelado que faz este tipo de criatura sobreviver em nosso amado mundo sombrio e sujo... Aliás, eu tava sujo de pó de brita, desde que correra como um louco daquela maldita padaria, aonde, atrás de um quadro, achei o meu Tesouro...
                         Aquele que ela roubou...
 Ela vai morrer por isto, pois, com seus cabelos loiros e olhos verdes me seduziu a fazer coisas terríveis, como foi se casar, ter filhos, casa e trabalho bucólico como funcionário público de uma fabriqueta do governo das mulheres que dominavam este país hoje em dia... Maldita! Dei uma coronhada na mandíbula...
 Mirei, estava na hora...
 -Adeus, Madeimoiselle Mirroir...
...Corro pro caro... O sangue escorre no assoalho da casa, não escuto nada mais que os meus passos no volante em uma corrida alucinante pelo lodo do ato que fiz... No entanto, tudo tem um motivo aqui neste mundo, o meu não é nenhuma filosofia... O meu não está no sorriso de Sofia – a Sabedoria -, só está ali, dentro do porta-luvas...
 Eu o abro, lá está ele... Meu Tesouro.
 Um lindo reflexo sai dele, junto, a voz que me guia e me respeita, meu deus... Meu Deus!
 -Muito bem, agora me encontra, fez tudo certo e bem, me encontra agora, vem...
 Sigo a voz, mas, antes, com vontade estranha, coloco na minha face uma máscara de gás... Pelo meu pensamento, o tiro final da shotgun não me atormenta mais, mas sim, encontrar tal de deus Númeno, ele é ao qual devo entregar algo... Não sei, sinto que é algo que amo, talvez, pode ser... Não, não pode ser isto... O que amo...
 Viro pra trás enquanto levanto pedras e corro com o veloz carro de corrida...
 O sangue escorre e penso, num minuto rápido e já esquecido, no que fiz:
 -Adeus, minha Esperança, este meu Tesouro que pra todos um simples Espelho me mostrou o que és... Mesmo que exista apenas como parte, de mim
                                Só uma coisa que morre, mesmo que por último... 

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