domingo, 7 de abril de 2019

Girassol na Praça, Caminho de Amar, Sob o Mal

O amor não era pra ele, preferiu continuar caminhando. Olhou a paisagem, sorriu, guardando nisto cada lágrima do vazio que sofreu. Deitou-se, dormiu, na eternidade.
Amar não fora coisa dele, nunca foi bom nisto. Esperou, errou, jamais se perdoou.
Estes dias, o vi dormindo na relva daquela paisagem, ficou preso num novelo de sonho.
Amar não era coisa que acreditava, a porta se fechou, a luz apagou, e ele dormia.

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Na Praça, no sábado,
Vi um girassol, cair do céu como uma neve, andou por aí como menina.
Cresceu à luz solar
Bailou como mulher, com ursos e lobos, aprendeu psicologia com raposas,
viveu a voar, com os passarinhos roxos,
Azuis e amarelos, aqueles
Que hora me pousam no bolso
Aquele girassol, me contou um segredo:
"Da vida não tenhas medo, de mudar o seu caminho, desde que no vento
Leves consigo sempre ao sol"
Saiu ele, com capinha e espada, à lutar no seu passinho
Eu fiquei, ali mesmo, no bolso, passarinhos

Fiz da conta um colar
E dos anos minha estradinha
Passei entre vários matos e muito aprendi
Na minha pracinha
Hoje, o vi,
O girassol menina, com seu reininho
de amiguinhos e flores
mandei um oi, tomamos sorvete e comemos pipoquinha
E num domingo mágico qualquer
Deu-me nova luz, aquela amarela, plantinha

Olha, girassol, olha
Que a luz é eterna
Enquanto caminhas

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Não busque as emoções e sentimentos. Livre-se do julgamento, daquilo que pensas precisar fazer para amar, pois, isto será veneno.
Provamos o amor por atos, não palavras. O sentimento virá, pois o amar é maior que uma palavra: Amar é um caminho, o meio à vida.
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À guerra dentro da cabeça
Da gente
Quando passou a tempestade
Teu navio está naquela névoa
Aquela mística nuvem, que encobre as paixões
Que me fez perde o desejo de mim
Que me fez odiar o cheiro do mar
Que, naquelas noites de domingo intenso
Me afoga no oceano que sou
O combate cessou, não há mais tambores
O sorriso da moça, me veio a cabeça
Naquele dia de chuva
Ensopado até os ossos, aquele momento icônico
De qualquer história contada
Pois, a história é contada sempre, queira o que diga
O estúpido acadêmico, sacerdote
Que jamais será capitão de nada
Será sempre após, sempre um depois
Antes, antes houve a crise, a revolução
Agora, haverá os mortos
As lágrimas
A ferida dói depois do corte
E quando você vê, sente
Mesmo naquele momento, a adrenalina passa
(Seja isto o que for)
Mas, daí, enquanto o navio está
Névoa matutina
O sorriso parece pequeno
Pois, questiono o que eu fiz
Ser culpado pelo temporal que quase virou o navio
Encharcou-me até os ossos
À guerra me levou
Dentro da gente
Dentro do peito, os tambores vibram
Chamam pela batalha que passou
Que eu sobrevivi
E que talvez, torça o nariz, como torço o espírito
Por ter superado
Levado com leveza
Beijado a princesa
Ou, apenas, ficado

Daí, ela veio
Como de mansinho, não me convenço
De merecer agrado
Busco motivos, pra no oceano morrer afogado
Mas, ir para a guerra, meu amigo
Meu criado, minha Alma
É lutar, não brincar com o cajado
Livra
Leve
Tenta voar como o pássaro, capitão
Pois, você consegue
A ferida doerá apenas depois do corte
A lágrima, depois do não-dito
Mas, o sorriso
Aquele sorriso
Dela, da sua Alma
Aquele sorriso é ao Infinito
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Os males se espalham pelo mundo, queimam a tudo, corrompem o que foi belo, o que estava em nós, aqueles que eram bons. Duvidaremos, porém, não é errado, temeremos, porém, temer Aquele que É nos trará coragem, buscaremos algo que sustente, mas, a verdadeira base é a estrada.
Sim, o mal é em maior número, mas, diga, meu amigo, aquilo que é bom, mesmo que único, mesmo que secreto, mesmo que você não creia em nada que lhe faça ajoelhar-se e ser humilde, mesmo que você nunca o veja operar, ele está lá. E a bondade está em menor número, porém, é insuperável, frutifica, pois não precisa nada mais que se deixe por ela infundir, é duradoura, mesmo com todo o açoite, toda a mágoa, toda a solidão... Você poderá durar, não será bom sempre, não seremos nunca, mas, nosso mal não remediará o bem, pois, mesmo perdidos, podemos achar o caminho, e se perdidos novamente, ainda estaremos seguindo.
Admita-se aberto e receba.

domingo, 31 de março de 2019

Céu azul, quatro amigos, voz de Deus

Sofrer no eu de andar por aí
sobre a sua sombra
esconder-se
mas, falta o meu abraço
que ocupa meu próprio peito
segura m'alma dentro
não me deixar pra que eu voe
não me deixar
que voe
até você


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Eu falei com Deus e Dele apenas ouvi o silêncio, apenas ouvi a minha própria voz. Pensei ser Ele, pensei que estávamos todos destinados a sê-Lo. Deus, então me derrubou, pois minha fraqueza se revelou, pois sou humano, limitado e frágil, um castelo de muralhas abertas ao mundo, não mais precisa de guarda que não seja o teu próprio coração. Eu falei com Deus e esperei ouvir a Sua voz, então, compreendi, eu o ouvi pelas coisas. E não precisei mais ter esperança, nem tanta fé, tive certeza.


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São nas palavras dos gestos e atos, que se escondeu o mister dos novos caminhos


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Quatro pontos cardeais
caminham pela rua
calam estrelas pela estrada
daquela via suja
quatro pequenos caminhantes
entre espíritos dançantes
de um qualquer largo
passaram pela vida
afilharam os passos
nos muros em murros
de qualquer Centro perdido
duma capital do sul
quatro cavaleiros
cadentes de assuntos mil
fazem do coração amigo
via da amizade
n'eu céu anil


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Olhei no céu azul
De um sábado em que eu
Estava um qualquer
Em algum momento, entre
Uma crise de choro ou um grito de fúria
Era o mesmo céu
O mesmo pra você
Meu leitor
Que voa como pássaro
Está aí, eu aqui
Nesta toca, caverna de Platão
Aqui, eu raposa
Aí, você passarinho, sabiazinho
No aguardo por alçar vôo
Canta melodia secreta
Que anoto no sigilo de meu pensamento
E escrevo na discrição das palavras
Jamais as letras do céu ocuparão
Tudo que contém o voar de um passarinho
Toda a cor azul que daqui
De minha toca raposa, enxergo
Não em letras de pergaminho
Mas, azul de uma canção
Que se fez poema
Entre nós dois, nós todos nós
Que lemos de verdade
Lemos com a vida
Pois, a permanência, o mesmo céu
Ocupa e cai sobre nossas cabeças
Séculos dos séculos
Contados em quilômetros, de linhas
Descritas
Porém, impossíveis de serem lidas
São aquelas que tocam pelo coração
Quando escuto meu passarinho
Neste céu azul de um sábado
De um escritor qualquer
Este mesmo céu
Que cai descrito, sobre nós


Pare, respire
Toma fôlego e voa
Que onde estamos sempre será pedacinho
Do infinito céu, que nos abarca
Nos permitindo voar
Passarinhos.


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Num fio, que tu nunca se encontra
Apenas tromba com outros
Olhares
Que não serão nunca pra você
Mas, sempre de um outro qualquer
E você, está ali, andando
Por aí
Fantasma em seus próprios passos
Um ser neutral que usa suas próprias botas
Respira um ar que pesa
Que parece levar aos pulmões de um condenado
"Há estar aí"
Já não mais estava, anda
Trilha, nunca se encontra
Apenas uma fila de vários outros
Por aí
Por lá
Em alguma cidadezinha fria, contida numa metrópole
Um jovem ou uma jovem
Trombou em mim
Não soube jamais seu nome
Porém, soube que era eu
Num fio, que não mais se tece
Achei meu duplo
Um reflexo do espelho
Derretido entre o olhar do outro
Que escorre entre minhas tripas
O olhar que era meu, o refletido
Reflexivo


Trombe-lhe, e, quando vi
Havia sumido
Pois, não há nada meu ali
Que um sonho, devaneio
De uma juventude gótica
De uma cidadezinha ao sul do mundo
Passada num fio da Moira

Passei
Trombei
E você nem me viu?


sexta-feira, 22 de março de 2019

DEZ POEMAS, Ontem, Nice

Dez poemas escrevi
três para meus pais
quatro para meus amores
dois para próximos amigos
mas, um, aquele que esteve sempre comigo
este eu perco sempre de vista
este poema para mim
é mister que me faz seguir
meus próprios passos
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Quis hoje acordar atrasado
Mal dormido, cheguei cedo
Me doeram as costas
Do continente de uma alma qualquer
Ao qual meu espírito banhava, com frases
Soltas

Comprei um novo All Star
Ele viera sem cadarço
Eu, como ele sem par
Quis hoje não me apressar
Terminei meu livro do Pessoa
Terminei-me com a vida, com o tênis All Star
Sem o cadarço
Sem o laço

Quis anteontem, me matar
Quando o mar não tinha sentido
E amarrado eu estava no navio
Me doendo por sereias de voz morta
Ontem dormi pouco
Mas, estava sem laço
Fui achá-lo num abraço
Numa portuguesa de Pessoa
N'qualquer bem-estar contigo
Seguindo passos com amigo

Hoje, quis me atrasar
Cheguei cedo
Resisti, ao medo
Em aqui neste mundo estar
Estado oceânico de mim mesmo
Banhei o espírito na alma
Navego trêmulo, porém sonâmbulo
Firme, porém em dúvida
Fractal, porém eu. Eu?

Geógrafo dos mapas das linhas
Circunavego, o poema
Alma do mundo
Ascuta
Estou aqui
No silêncio a buscar, navegar
Navegar é preciso
Quis atraso, acabei por navegar

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Cante, que reúne a estrada, pequeno infante
Que já não mais trará apenas glórias
Serás em devaneio, cantante
A própria musa da memória?
Passarei por você, Nice
Em minha vela aos mares da Terra Sagrada
Portarei armas contra o infiel na caminhada
Mas, já agora, agora ele n'alma minha vaga
Pois, estamos sobre o mesmo Deus
Porém, difere a palavra
Em qual Verbo cantará?
Estou aqui em minhas obras, deposto a espada
Lutei, morri matando
Pois, sobrevivi na espreita
Mesmo te olho agora, Nice
Nos olhos de cada alma
Na boca de Mulher feita
O corpo de minha força, assim se deita
Cruzado como cruzei aquela rua
Em que vi teus olhos, dita feita
Venha comigo, cidade Nice
Tome comigo um café desta empreita
Cavaleiro das doze quadras
Cantar apartilhada


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Todo o gênio morre na véspera.


sábado, 9 de março de 2019

Vender-se

"Algumas pessoas usam seus corpos e sua imagem, como pinturas ou performances (sejam íntimas ou públicas, pois hoje mesmo isto já está perdendo o sentido), ficam se enrolando àqueles que se acham muito espertos ou o são, realmente, por possuir por algum tempo a disposição destas pessoas. Porém, o comércio de si, este utilitarismo das existências, toda este troca-troca me parece uma perda de tempo... Realmente, perdi muitos dias de minha juventude buscando profundidade nas coisas, achei que este comércio de si fosse algo dos jovens, me enganei, os velhos também o fazem, porém, por falta de oportunidade, força física ou beleza, resolvem amadurecer. Talvez as crianças não o façam, mas, nelas tudo é tão espontâneo que talvez seja isto, tolhido por esta lógica comercial, logo não passe de uma simples memória estúpida, que é o que chamo a nostalgia sobre a própria vida.
Porém, talvez buscar profundidade nas coisas e não em meu interior, seja o meu erro. Ao menos, ainda me atormentará toda esta geração de vendidos, mesmo que eu ainda me venda, as vezes, por simples poder do hábito ou cansaço intelectual. Todos estes anos acumulados, com lágrimas falsas, sorrisos de fotografias, depressões por falta de sentido na vida, todo este mal-estar humano me causa tristeza, pois sou parte de toda esta decadência materialista e não existem mais ordens ideias no mundo que não te puxem ou pra baixo, em profanas neuroses, ou pra cima, em coletivismos que hora ou outra vão requirir a destruição do gênero humano.
Enfim, são só algumas palavras que anoto neste caderno, de alguém que tentou voar como gavião por cima das nuvens um pouco... Mas, não pôde, não é mais possível, a força não está em nós que nos possa levantar, assim como a profundidade das coisas, está nelas e não em nossos véus de atitudes, muitas delas simplesmente vendidas, entre gente que não gostamos e um ou dois amigos e amores.
Que se vendam, que se amadureça por falta de capacidade, que sejam tomados por este mal-estar de 2019, ainda buscarei algum pouco água ao que possa mergulhar, mesmo em um oceano que, no fim, eu demonstre ser apenas uma poça. Já não se pode deixar-se ferir e não acreditar em si mesmo pelas práticas dos outros, deixe-os livres e fale, não se cale, não deixe de demonstrar em suas faces que tudo tem seu grau de falsidade, mesmo que demorem as máscaras para cair, mesmo que você morra sozinho, ainda estas palavras serão lidas, machucará este hedonismo e talvez lhe dê até um prazer, se fizer errado, mas, se fizer certo, você mostrará a este mundo de comércio de consciências um sorriso estranho... O sorriso de ser livre, ser real, limitado e improvável, que alguém sobreviva, mesmo que por apenas 27 anos, a todo este mal-estar venenoso e comerciável."

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sexta-feira, 8 de março de 2019

Chuva, gavião, amor fruto

Chove, como em m'alma
que escorre entre as paredes
duma vila sem nome, qualquer uma
cai a chuva, que pinga n'entre os ouvires
gotas ilimitadas de si
cata cada gole d' água
alma que escorre
chove lá fora
chove aqui dentro
forma rio
corre, vaza, escoa
no delta dum mundo qualquer
de terra salgada de lá
me escorre de cá
passo, escorro
o rio permanecerá
a água choverá
eu, riofico

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Por um momento, vi um gavião
Nele, foi meu coração
Por aqueles horas, vi o tempo
Nos olhos do gavião, para os meus
Vi o ilimitado de meus limites
Do alto, vi pequeno eu mesmo
Todos nós
Nos sonhos imanentes, instinto de gavião
Abri a tudo meu olhar ao mundo
Por um tempo, dois dias ou mais
Pareceu-me que sabia muito
Mas, apenas olhava com os olhos do pássaro
Não os meus
Não há ordem nesta cultura da desordem
Neste galope de cavaleiros bêbados
Já estou ébrio de mim
Já me assola o gavião
Me lembra teus olhos:
Sou pó, mas sereis sal desta terra?
Pode resistir a olhar tudo
Falar nada
Voar, poderá voar, gavião?
Até que o sóis apaguem e
a luz deixe o sem limites
Voa, gavião
Por um momento
Nos vimos.

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Frutifica no peito
do seu amor
Aquilo que ele
Quis ser
Paciente, veja ele
Livre
Abraça, beija e deixa
Voar com você
No imenso
Céu presente em todos nós

sexta-feira, 1 de março de 2019

Liberte os outros

Não se afete pelos outros, admita-os como outros para que você ganhe a consciência sobre sua parte com eles. Ser caridoso é também saber o que você é consigo, é estar aberto a lutar com o outro e morrer com ele. A morte da fraqueza e depressão, é ser amigo àqueles que precisam e tentar, o máximo que puder, ouvir e acreditar no outro.
Se a arrogância bater a porta, observe o que fez que despertou no outro suas flores, seus cardumes de potências, aquilo que você pôde fazer e despertar a constelação do outro. Deve se aceitar a sua pequenez no universo, porém que você faz parte dele e só isto representa que você poderá participar de toda a sua possibilidade limitada por você ser pequeno, porém, e aí está o encanto, por ser você.
Você será pro outro em muito o que você é consigo. Nossos símbolos são limitados, mas estarmos abertos, é caminho do infinito.
...
Seja amigo, o que não impede o inimigo, mas firma sua mão na batalha



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Ouvir é sacrificar a fala. Porém, quando nos comparamos com o outro, não com as ações ou força, mas com a banalidade, a putaria e a materialidade, a dor corrói o egoísmo, o pior deles, que é a ambição- o não entendimento de seus limites, que é o que constituirá nós mesmos


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Entre minhas rugas, corre um menino, porém com dor nas costas.


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Nunca fui um homem, uma pessoa. Sempre o estranho, o esquisito, ou no mínimo o inteligente... Um sujeito apenas adjetivo, fui um símbolo, mas a solidão permanece. Apenas eu como alguma pouca coisa pra alguém e a realidade, o resto, me traz a dor do nada.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Três aforismos, Flores de Emma, Trecho de sexo, Fome

Amigos são pilares que sustentam o céu

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Em nossas feridas podem nascer flores de aço

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Triste, porém, vivo

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Apenas sinta, meu amor
Apenas sinta, em seu corpo que adormece
Em seus olhos que se mexem, sonhando em quando éramos jovens
Ou quando éramos um simples corpo
Em busca do infinito?
Descanse, meu pequeno pedaço de céu
Enquanto te vejo aqui, nesta cama fria
De um mundo mais frio
Pois, meu sol está indo embora
Mas, ele está no meu peito
Em busca do infinito?


Apenas sinto, meu amor
Minha pequena Emma, nossos anos acumularam
Nos dedos enrugados selados numa aliança
De uma liga metálica
Que preenche todo o vácuo de nossas vidas
Apenas sinto, meu amor
Por todas as desculpas, por toda aquela palavra que não pude dizer
Mas, que agora é apenas um pequeno nada
Frente a nós, simples poeira, das estrelas
Do universo de tudo que existe
Em busca do infinito estava?
Toda e qualquer estrada, tem suas feridas estancadas
Quando nascem as flores de aço

Durma, que eu sonharei sempre contigo
Até nos vermos
Emma
De seu pequeno, Romeu, aos 78 anos

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O homem que jamais sorriu
Triste, porém vivo
O aço de sua face, festim das chamas
Olhava cinicamente
A mulher a sua frente
Perdida na solidão do desejo
Apenas entregava seu corpo
Queria entregar tudo para ele
Jamais sorrindo
Já não mais ela perde-se
Encontram-se
Furiosamente
No duelo do deserto de seus espíritos


Cai o raio de sol, corta seu rosto, o homem, com o calor
Treme a mulher, pelo fio condutor do suor
Um beijo sela, aquele ato de ferver os mares aos céus
Numa única...
Encaixe cósmico

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FOME
SINTO FOME
Entre as estepes, cacei meus sonhos
De ser o imperador de toda a terra conhecida
Entre meus dois olhos!
Nos mares, cacei os tesouros
Escondidos nas ilhas mais secretas, das brumas
Dos cabelos daquela pessoa mais linda
Nas cidades mais cheias de gente,
Pensei ser eu alguma coisa, quando não era nada!
SINTO FOME
E ela é de vida
Viver em cada momento uma vida, gastar à força meus anos
Consumi-los numa fagulha
Nenhuma vela acendeu
Nenhum foguete se levantará
E a Guerra Mundial cessará
Nas sombras criadas pela luz
Síntese eletrônica de meu coração
SINTO FOME
Já somos máquina, robôs da história
Folias de outros reis
Espíritos que perseguem a si mesmos, exorcizando-se
No baile de máscaras que é o mundo
SINTO FOME
Das vidas que me fizeram querer
Mas, não ter


Assim, vomitou os anos o jovem com fome.