O segredo dos teus olhos, é a maré que eles me trazem
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As pessoas escolhem umas as outras Mentira e bobagem esta coisa de afeto distribuído, como sorrisos bom dia Você escolhe amores,amigos, inimigos O lugar onde estou é o lugar onde caio, já dizia o velho grisalho Então não venhas com insinceras despedidas desculpas, abraços omissões Escolhemos com quem choramos e sorrimos Com os olhos manhã, O resto, meu amigo, é consequência O nada, e o tudo.
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Não posso deixar de amar algumas pessoas
Mas, isto não exclui o ódio, raiva e tédio
Amor não elimina as coisas ruins da vida, isto é paixão
Quando me pego pensando sobre como sou inútil neste mundo, como estou confuso, lembro algo que uma amiga me disse uma vez: Ulisses também não queria sua aventura, sua intenção foi sempre voltar pra casa. Se você está perdido, as vezes é caminhar e não o destino.
----- Ser frágil não é o problema, não compartilhar sua fraqueza com quem importa o é. Ajudar é fortalecer o pouco que tem dando aos outros mesmo que apenas um momento, apenas a paciência de ouvir, é uma forma de amar E ouvir é outra palavra, em nossos tempos de solitários nas multidões, para amigo.
----- A maré nos engole, nos traga em nós mesmos para coisas, que nem estávamos preparados. Ela nos traz para terras distantes, nos leva por terras insólitas, sem mantimentos, companheiros ou bandeiras. O navegante naufrago de si mesmo, vendo afundar a sua vida, pouco a pouco, pelo caminhar dos anos. Ele pode olhar melancólico, pode sorrir histericamente, pode ranger os dentes, mas, o navio continua lá, nas águas Ele, porém, na maré De pé Na praia que convida a algo novo.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Sabedoria é dizer a coisa certa na hora certa que precisamos. Não vem com o tempo, mas, a oportunidade.
Caçando entre os olhos dos outros A verdade que não vejo em nós Impossível encontrar a si mesmo Tento descobrir nas suas opiniões, bravejando que sou Independente Dizendo em voz alta que não ligo, que nada afeta Só que aonde não há medo do mundo Há pavor do mesmo jeito Está lá Só maquiado Em uma pretensa fortaleza moderna Aonde você grita liberdades, direitos e suas ideias O pavor ainda está lá vivendo da opinião dos outros e buscando aqueles Que te dizem não ser livre ou forte Ah, o medo é libertador mais que isto É saber os limites de si mesmo E conhecer a si mesmo é um ganho quântico Em mundos aonde todos se acham fortes o suficiente Pra existir pra além de uns poucos anos Poucos amigos Poucos trocados e viagens no bolso A Doutrina do Medo pede estarmos esperando a Felicidade E não agarramos nosso destino com os dentes Apenas ficar teorizando e não fazendo uma poesia Trepando, mas nunca encontrando um único beijo Que tenha valido a pena Não, meu caro, o pavor não está apenas no bandido, escuro Ou bichos escatológicos ele está ali, te olhando, seu Fracasso Seu carro quebrado, seu inútil namorado Ele diz que você não deve ter medo, pois tem de ser forte Mas, você nunca se perguntou pra quem? Se todos estão morrendo, o que custaria Um pouco de você numa conversa Num trabalho, numa faculdade O quanto custaria, por um dia Ter medos, mas não pavores E poder se mexer dois passos Sem a Doutrina do Medo?
Disse o mergulhador no escafandro No fundo do oceano de si mesmo.
Naquele hotel em Tóquio, no outro lado do mundo Um pedaço de uma pessoa só senti Uma árvore tocando o som do vento De um dia chuvoso, pela janela enxergando A vida passar lentamente Entre as mensagens dos grupos, do curso, da família Mensagens, um pedaço de textos Cortados e selados Enviados Buscando levar sentimentos Sem ti Estava longe de tudo, de mim mesmo Mas, ainda estava ali, cercado do concreto Mas, com ideias na cabeça As vezes, sombrias e enforcadas As vezes, com algum calor luminoso do sol Só naquela hora, entre os papéis do trabalho Café frio, mensagens não respondidas ou que não vi Não encontrava o que faltava Outro pedaço
Naquele hotel em Tóquio no outro lado do mundo Um pedaço de pessoa Só Sem ti "Bom dia, luz do sol e das estrelas!" Lia na mensagem automática
uvindo a borboleta Eu ouvia-a na época do Doctor, Cantava na minha cabeça toda a vez que viajava de bus, Manhã a manhã, Vendo minha juventude escorrer entre livros, cafés e amigos
Nas montanhas da Geografia, conheci alguns amores e dores, mas sempre aprendi que, com o devido tempo, as mais poderosas paisagens estão escondidas em algumas das longas caminhadas
É nos pés da experiência e experimentar Que se encontra um pouco de vida Entre os outros que podemos sofrer mas, também amoras, céus e risos Podem ser um inferno, os outros Mas, em algum lugar, em algum tempo Também ouros, tesouros Da paz do espírito inquieto E do ímpeto tempestuoso
Eu vi o pequeno inseto cair no café Lembro quando salvava, desde as formigas As coisas pequeninas Vi ele e deixei se afogar, lentamente, no café Eu queria beber aquilo, tava quente no ponto certo e com pouco açúcar Mesmo que salvasse aquele bicho, já se fora o café... Seus movimentos foram terminando, pouco a pouco Até que a cinética da vida Abandonou, com espasmos de sua pequena carcaça Já não estava mais vivo No meu café
Me surpreendi quando acordei Eu era o inseto, já não voava E rodeado de cafeína líquida Se mover estava cada vez mais difícil
Não escuto mais além do zumbido Disse pra mim o capitão do navio furado Imenso azul ao meu lado Escuridão, as estrelas me guardarão Não havia mais do que um zuuuum E a voz do capitão Sua barba mal-feita, seus trajes azul blue-monday Seu olho de vidro, o outro de verde oliva A muralha de água estava calma, porém não havia vento E as velas estavam caladas, como eu Menos o capitão, ele olhava Pontos de luz escurecendo na tempestade que vira, vinha A voz do capitão me falava Dava alguma esperança, outra alguma fiança O zumbido continuava e não Mais havia apenas céu noturno Ou oceano profundo Havia eu E o capitão Sozinho em seu próprio barco a vela.
Aquele moço loiro, aquele moço lá fora Ele jamais entendia o que dizíamos Apenas ficava ali, falando coisas chatas Profundas, mas chatas Ninguém vive nas profundezas Os peixes do oceano lá só estão Os mais estranhos da criação Não, aquele moço loiro andava pelo pátio Cantando e dançando Falando mais que deveria Falando daquilo que não deveria Falando do que não sabe? O suficiente? Aquele moço era um bobo Da corte dos não-nobres Dos homens-mulheres-comuns Dos normais, com alguma substância Não, aquele dançarino, viajava entre os montes Dos últimos mapas Nas fronteiras do bizarro Abraçado com as poucas ninfas que conhecera Era um pobre, parvo Pobre bobo da corte Sempre divertindo, porém nunca regendo escrevendo ou conhecendo Sua função era fazer rir Mas, quando ria?
Você é a piada O outro, o estranhíssimo Vive como qualquer, respira como eles Tem ideias semelhantes, as vezes Fala bobagem Vê filmes, coisas e pessoas Só se sente, cômico Você é a piada mal-contada Sem graça Você é um pequeno gracejo que se escuta E se esquece, lembrando ora Que precisa de algum causo Você é a piada de si mesmo Ali, olhando sempre como um espelho Só vê você, mais nada Só reflete esta piada de mal-gosto Só dá desgosto Só vale o nada Eu ainda rio, pois já não choro Apenas com a beleza, de certos olhos e sorrisos Apenas de algumas palavras Mas, sempre ela volta Piada. Você, você que lê... Não é engraçado, nem mesmo trágico Só nada A piada de você.
Minha vida se resume a comprar livros que não lerei
Parei de lê-los
Leio vidas agora
Leio pessoas
Elas estão lá, com sua palavra
Texto e frases
Buscam efeitos, buscam ser românticas, filosóficas
Criticam a poesia, criticam a ficção muito fantasiosa
Ou, vivem nela, buscando um mundo
mais simples?
Minha vida se resume a comprar livros
Estou rodeados por eles
Cada vez que chego na página 40
Paro, compro outro
E mais outro
Simplicidade das pessoas
Que buscam nas páginas mais letras que
Não existem nelas mesmas
Na vida cotidiana
Na beleza que não é mais aceita, apenas
imposta
Liberdade de ler que é apenas
A liberdade que dizem ser a correta
Correção
Das palavras, de cada frase
Seu sentido latente, seu contexto maior
Que o poema
Páginas dizendo mais que as palavras
O que se escreve com o coração já não importa
Só se o livro é bonito, burguês ou progressista
Não importa, o que vale é a capa
Ou fingir que busca a essência
Ou fingir que está lendo isto daqui
Enquanto vomita seu ar na rua
Do mundo
Enquanto escreve a sua existência
nesta leitura
O mundo não está ligando
Ligue-se um pouco em si mesmo
E vá ler esta pilha de livros que comprou
Ou lutar contra eles, minimamente com palavras
Pois, eu, Quixote, já estou derrotado
Mas, melhor já ter passado pela batalha
(dentro de livros?)
Do que perdido entre as ruelas
Vomitando o seu ar
Da existência pela existência dos outros.
A gente fica pequenininho
pequeninho
De você mesmo
A gente se sente aquela coisinha
Dentro do peito enorme
Vazio intenso, que tem alguma coisa, mas, que esqueci
Eu não lembro que dia é hoje, se tomei banho, se li isto ou se vi aquela pessoa
Argumentos perdidos dentro da imensidão
Do pequenininho
Mundo.
De nada, obrigado, por favor
Problemas de dentro não são maiores
Só são infalíveis
In-fugí-veis
Impenetráveis aos olhos dela
Conhecidos apenas dele
Permaneço naquele ônibus olhando sua janela
Vazia de gente na metrópole lotada
Pequenininho.