segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sixx Valentine, a Menina Obtusa parte 2 #Agentes do Caos

MUSIQUETA DA POSTAGEM

http://www.youtube.com/watch?v=nsF45oe6d5o
http://www.youtube.com/watch?v=nsF45oe6d5o

 E então, numa sala de cinema eu a encontrei.
 Estava vendo algum filme sobre uma noiva que se vinga com técnicas samurais, algo que professores do meu antigo curso deveriam abominar, pois o gosto culto pela arte estava nos empoeirados museus e não nas coisas básicas de cada fim de semana... Eu gostava da violência e "epicidade" dos personagens, porém, não estava muito interessado no filme, pois havia, a um certo tempo, uma estranha luz azul na minha cara, a partir de uma cena de luta, nada mais vi por causa dela. Era ela, seu nome era Azulli.
 Saímos pra comer algo em alguma lanchonete, perto e que só servia pastel... Estava frio e minha garganta ameaçava adoecer... Não via os olhos dela, ela usava uma grande franja de negros cabelos que quase ia até seu nariz, que era meio grande... Ainda queria descobrir d'onde vinha aquela luz azul, todos olhavam a luz azul no meio do peito dela, ela era contrastante ao silêncio que fazia enquanto eu pedia respostas comuns ao flerte: idade, que eu uso pra ver se não cometo crime, signo, pra dar uma despistada e ver se é exotérica, músicas e cantores, pra me surpreender com os gostos de música pesada e outros, de "mocinha"... Este tipo de papo que sempre é lembrado pelos velhos quando -por algum mistério da sorte - ficam se aguentando e se apaixonando na vida diária e chata... Porém, eu não ligava pra aquilo, nem estava pensando em ter aquilo com ela, porém, a luz azul ainda me intrigava...
 -Por que foi ver aquele filme?
 Minha pergunta não teve resposta... Estranhamente, ela me sorriu, enigmaticamente, me disse:
 -Porque as borboletas não voam para trás?
 Nunca entendi isto... E olha que ela me disse várias coisas... Mas, isto, isto eu não entendi...
 Senti algo estranho entre nós, entre uma batatinha e outra, uma resposta esquiva e outra, pensei na gente na cama, pensei no beijo, no calor e no procurar... Mas, isto, eu nunca iria entender... Não, ao menos, antes de terminarmos o refrigerante Soda Corda...
 Um macaco de terno entra em nossas vidas, sim, isto não é um eufemismo racista... Um enorme gorila de terno, que eu conheço e chamo de Frank Calisto, lá estava o desgraçado, berrando:
 -Aí está você!!!
 Saco de meu bolso esquerdo uma arma de bolso -"Segurança primeiro, 38 na mão!" como diria meu mestre-, respondo o animal:
 -O que há? Um homem não pode chamar uma garota pra um pastel?
 -Saia daí! Skelter! Fuja enquanto pode!
 -O que há, cara? Ficou com medo de mocinhas? Me deixa em paz... Preciso "daquilo", sabe? Me deixa que eu te deixo sem uma bala na fuça...
 Ele sorri, diz com sorriso amarelo e sacando uma navalha:
 -Você não sabe onde bota o bedelho, né? Esta pequena matou muito e destruiu tudo... Sabe, né? Tá com ela?
 -...
 Meu tempo de experiência com o Panda Vermelho me fizeram ser muito cauteloso, mesmo com ela, que na época não fazia ideia de quem ela seria.
 -É verdade? -Olhei pra ela de relance, sem deixar de ver o macacão
 -... -Silêncio, ela ficou em silêncio...
 -Ok, -disse em resposta a ela - Pode levar...
                         Ela foi agarrada pelo macaco, depois, não sei o que houve
                         Ela brilhou, um pouquinho mais... Eu vi algo, como nunca tinha visto
                         Homem negro, vestido com batina e sobretudo, atrás dela...
                         Ninguém via, só eu...
                         Eu o conhecia, de fotos em livros secretos, em juras que não poderia cantar nem se fosse de uma banda de canções pesadas... Aquela cara escura com olhos claros - brilhantes, digo, como faróis... Seu nome era Pastor Bournie, um ser misterioso, que comandava muitos e muitas coisas...
 Ele tocou os ombros do pobre Frank, sim, pobre, mesmo ele já tendo tentado me matar... Eu vi aquilo com desprazer... Sua cabeça foi acertada com um soco, todos na lanchonete chinesa correm, os dois brigam e o sangue é espirrado, porém, de Bournie só sai fumaça dos furos, de Calisto, líquido vermelho e grudento...
 Azulli, - sim, eu descobri o nome dela antes, só pra explicar - permanecia parada e com olhos brancos... Puxei ela pra mim, estranhamente, não fez nada, a não ser ficar em estado catatônico... Nós caímos num dos bancos da lanchonete, os dois lutadores, se engalfinhavam, pensei até em usar a minha arma... Mas, contra um gorila e um ser com Bournie? Nem a pau!
 Finalmente, com um soco, o Pastor derruba Frank, ele pisa em sua barriga, eu tentei ajudá-lo - só pensei... Na verdade- Olhei pra Azulli... Vi que, logo, eu seria o próximo, beijei medrosamente sua boca, fiz o mais heroico:
 Sai correndo.
 ... Assim, conheci Sixx Valentine, ainda a chamava de Azulli, nome que ela nunca me contou por que tinha... Apenas poderia ser um apelido, por sua chama azul que crescia... Crescia dentro de todos, dentro de mim, mais ainda...
 ...
 Um prólogo, no mínimo, rotineiro...
 Peguei um ônibus, sujo e triste chuva caía lá fora, dentro de mim também... Olhei pro lado, lá estava ela, com sua franja, olhando pra um celular, talvez na Rede...
 -Olá! -Lhe disse
 -Oi! - Me respondeu...
 -Sobre aquele dia...
 -Gostei do beijo... Foi quente... -Olhou e sorriu... Vi a luz brilhar de novo... Temi por algo como Pastor Bournie aparecer... -Sabe seu amigo? - Ela me disse
 -Sim...
 -Hm... -Ela sorriu
 -Entendi... Você vai fazer o mesmo comigo? -Antes que eu terminasse, ela respondeu:
 -Acho que a sua boca é muito boa pra ficar fora daí! ^-^
 Seu sorriso fez-me ver a luz azul de novo...
 Assim, conheci Azulli, no segundo encontro... Uma menina que nunca me pareceu direta, um ângulo reto... Sempre, meio obtuso
                                E azul, debaixo da franja.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

A vida de Vishy Ravana é uma roda #Agentes do Caos

MUSIQUETA DA POSTAGEM
http://www.youtube.com/watch?v=Nfha8kxY7EE


 Era uma manhã de outubro, uma triste manhã que terminava naquele triste cidade de Khartoum City, mas havia no chão outra coisa, aonde pessoas passaram uma vez, um punhado de gritos era coletado por soldados que, atirando com fuzis ou fincando com baionetas, acertavam os chamados "infiéis"... Estas famílias que, antigamente, conseguiam fazer suas rezas cinco vezes por dia, hoje, e aqui nesta cidade, não faziam nada mais do que se esconderem em guetos feitos nos bairros mais distantes do rio, única fonte de água limpa naquele calor dos infernos... O abismo entre "aqueles" e os "outros" havia se tornado insustentável... Por motivos da crença, este elemento estranho de não se ver e dizer que é observado, pensar que alguém liga para sua existência, matava-se naquela cidade, mas, isto não me interessa, aqueles prisioneiros e seus carrascos eram minhas peças, precisava de sua dor.
 Quatro líderes da religião perseguida estavam para ser enforcados, na praça central de um bairro vigiado... Levei um fuzil e uma barra de chocolate, um era pra daqui a alguns instantes, o outro, pra depois, ou vice-versa...
 Leram algo, não sei o que era... Puxaram a corda que dispara a alavanca que faz um mecanismo de morte, os corpos caem em sequência... Um barulho surdo é feito por meus peões... Para eles, talvez fosse uma porta que se abria pro seu Céu...
 Há um barbudo lá, um gordo e um magro... Minha mira, está neles, nas cordas que os carregam pra outro mundo, se é que este existe... No meu fino instante, em que todo o povo dali, naquele gueto, presta atenção em silêncio e temor, escolho quem para sobreviver?
 O gordo se debate, vejo que não aguenta a queda do palanque... O barbudo, esta muito confiante em sua "missão" e deixa o corpo cair levemente para o sono derradeiro... Aquele ser magro, de nome Salim, ele parece bem... Seu irmão, o líder que morreu sem ganhar a minha chance de piedade - pois, quebrou o pescoço, o idiota -, ao seu lado deu-lhe o temor da morte...
 Faço minha escolha, dou dois tiros...
 Um, mata o gordo, o outro, liberta Salim... Há alvoroço, gritos de alegria e surpresa... Sou visto pelos soldados que faziam a segurança do local, tiros saem de seus fuzis... Eu, vestido como os perseguidos, sou por eles protegido - caem sobre as balas e com paus enfrentam espadas e fuzis...
 Corro, corro pelos tiros que não me acertam. Minha barriga arde em chama vermelha, minhas mãos também... Meu nome é Vishy, o Homem Azul...
 *              *          
 -Vishy? O Azul? - Grita aquele ser estranho... Ele está na Embaixada da Laurásia, escondido e dando ordens, é uma cabeça; basicamente, o corpo daquele serzinho de um metro e meio não representa em nada a sua "fúria interna", é um demônio... Perverso matador de crianças que de tão cheio de si, acabou só com a cabeça e uns bracinhos e perninhas... Estranho ser, tem prisioneiros, a Família Carneiro - o pai esta amarrado em uma cadeira, os três filhos, em uma jaula, a mãe, ainda uma bela mulher de 30 e poucos, esta de roupa emborrachada vermelha, esfrega-se no queixo da cabeça voadora para lhe dar prazer... Ou, ele cortaria suas crianças... Eram apenas turistas, agora, são prisioneiros como são os perseguidos desta cidade quente e empoeirada
 -Vishy Ravana... Este desgraçado tem que morrer! -Diz para um subordinado, enquanto este limpa o chão e a mulher come um banana, ao qual dá pedaços para os filhos na jaula... Ela chora... Ele a vê e ri sempre, mas não agora, não com aquele ser andando por aqui, em Khartoum City.
 -Senhor... Por que tem tanto medo deste ser?
 -Por quê?! -Grita o ser - Imbecil!!! - Ele chuta a cabeça do guardinha, uma cabeça chutando outra...
 ...Mas, tudo para, até a cabeça de pensar bobagens... Uma gota de suor salgado corre por minha testa e pela de todos que estão naquela sala, do prédio da Embaixada da Laurásia, que ficava perto de uma certa praça, onde momentos atrás, ouvi-se tiros... Ao qual o leitor sabe de quem são
 ...
 Ouve-se sons para fora do cômodo, depois silêncio... O Homem Azul entra... Sua aparência é assustadora... Agora as roupas brancas típicas da região estão em frangalhos, seu manto negro se mistura com a pele tão branca que é azulada... Em cada mão, um círculo com sete outros dentro, no peito, queima uma gigantesca réplica dos desenhos das mãos... É a chamada "Roda da Fortuna", se ainda me lembro do nome antigo...
 -Você esta vivo?
 -Não, estou como uma Vingança... Eu vim te matar, demônio! -Responde o Homem-Azul ao Homem-Cabeça;
                Aquele que é simplesmente um membro ambulante pula, aperta um botão e logo um sinal toca, soldado aparecem e revela-se a armadilha... Tiros são ouvidos e toda a Família Carneiro vão morrendo, sobram dois filhos... Vishy libera uma luz da mão, quebra as grades da jaula e leva um casal de filhos que sobreviveu... As poças de sangue do soldadinhos, pai e mãe, além do irmão fazem os pequenos chorarem...
               A corrida não é importante, importante é a chegada.
 Aquele homem de sobrenome Ravana, o de pele azul, está cercado numa igreja, a basílica de Krizevci... Ninguém vai mais lá depois da guerra das religiões, só há pó do deserto ali... O sol é quente, mesmo às 4 da tarde... Quinze anos têm os dois irmãos, Vishy olha-os, não sente nada por sua tristeza... Diz
 -Vocês precisam estar vivos... Fiquem vivos...
 -Quem... Quem é você? -Diz a menina, a mais corajosa, logo, a que mais chorou.
 -Meu nome é Vishy Ravana, sim, é estranho...
 -Nossos pais... Você? - O menino pergunta, ele é um pouco esperto, mas esta em um estado quase catatônico...
 -Não trago mortos de novo a vida... Eu só tenho um poder limitado... Mas, isto não importa, vocês têm que ficar vivos, para contar a uma pessoa especial sobre aquela cabeça maldita!
 -Quem? Algum rei ou deus?
 -Não, um Agente do Caos, não sei o que eles são... São pessoas, acho, apenas isto... -O homem azul olha para o nada, lembra de quando os Agentes salvaram sua vida na Ilha de Experiências de um cientista louco, algum desgraçado que cortava pessoas e as misturava com animais... Porém, no caso dele, ele foi combinado com que eu chamo de Angélico, um ser antigo e destruidor... No entanto, Ravana não era um Agente do Caos...
 -Você é um deles? É seu amigo? -Pergunta a menina... Estranho, mas creio que o homem azul tinha uma força no seu olhar de cor mais azul, os dois estavam calmos...
 -Não, mas acho que nunca serei... -Ele responde...
 O ronco de sete tanques e mais de cem soldados fora da Igreja se faz... São máquinas da 1ª Guerra, os Mach gigantescos de ferro, semi-robôs com canhões aonde poderia ser uma "cabeça", eles são as armas mais mortais daquela região... E, logo, o general de Artilharia Pesada, liga de seu telefone vermelho na cabine da arma
 -Alô! Senhor Bes Head! Estamos prontos!
 -Atirem! Atirem com tudo!! - A cabeça de perninhas grita... Ele sorri...
                Tudo começa, e a Igreja vai indo pro chão...
 -Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! -Gritam as crianças... Ravana sabe que é o fim, ele sabe que precisa deixar as crianças vivas, para contarem e ele realizar sua vingança... Contra o ser que o criou, contra o maldito que em sua pele escreveu os círculos da destruição...
             "-Os círculos!!!", pensa o homem-azul, ele retira seu manto preto, olha para os dois que gritam enquanto tudo explode, diz;
 -Vocês nascem de novo aos quinze anos... Não morram por simples coisas... Como eu, que salvo suas vidas agora! -E então, ele joga seu casaco em cima dos dois, apenas isto...
 As pedras caem... É o teto vindo abraçar mortalmente... Ele abre os braços, os círculos brilham, as rodas de fogo rodando por toda a parte...
 tudo queima
 pouco a pouco, ele brilha mais ainda
 explode, tudo explode
 a igreja de Krizevci se transforma em pedaços
 os pedaços acertam os soldados
 todos caem, todos morrem
 ...
 -Então, vocês confirmam o que escrevi aqui? -Pergunto para as crianças, os dois estão em silêncio, no hotel que fica na cidade parcialmente destruída no centro por uma "misteriosa" explosão; ainda sujos, com um aceno de cabeça confirmam tudo... Me levanto... Com esta história que relatei aqui já escrita e corrigida no computador à vapor...
 Coloco minha máscara de gás, aquele jovem sonhador...  Ao menos, conseguiu minha ajuda... Da parede do quarto, eu invoco um rinoceronte, me transformo num corvo e pouso sobre seu ombro... Esta quente e a cidade cria seus jovens tornando-os órfãos, como um dia foi Vishy Ravana, que "...Tinha na pele círculos desenhados e no coração circulava apenas lágrimas.", sim, acho que isto é um bom final para o meu diário sobre ele... Agora, é hora da cabeça voadora rolar!