quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Eis

Perambulando pelo quarto escuro
as ideias que não são tão minhas
Eis-me o homem, aqui vacante
Em férias de algo bom em si mesmo
Cadenciando a marcha ao insondável problema
Falta cometida
Necessidade
Aquilo que não está lá
Sacia-se com várias sombras
Está em um quarto escuro, jamais vê a luz lá fora
Pois, é a noite da alma
Na marca de sua caminhada pelas diversas salas
Busca sair de dentro algo que deve estar lá fora
Sujo, sem luz que não seja fraca
Meros raios de uma vida imersa
Serei eu capaz de sair, às pressas, do mar escuro
E respirar?
Eis-lá o homem, vaidoso
Partindo para o caminho em círculo
Qual o vício o condena e cinge
A face a voltar-se como a serpente da falsa eternidade
Alimenta-se do próprio rabo
Vá e volta
Eis-te aqui, a possibilidade
de sair e caminhar de verdade
Entra no sol e queima o olhar
Pois, só no susto em algum despertar
Se ainda é capaz, eis que acredito que sim
Levanta-te e anda
E olha bem, agora, para trás"