sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um sonho furioso para uma viagem na minha companhia #Agentes do Caos

 Perfeito... Como um cisne negro a morrer... Num Lago dos Cisnes congelado...
 Assim foi aquele dia:
 8 de fevereiro de 1984, eu lá, na cama, como fios e cabos nas minhas veias... Um capacete que parecia um escorredor de macarrão, apenas com minha camisa xadrez e minha calça jeans branca... Ela não era lavada a muito tempo...
 Tremor, suor, sangue parecendo vidro, mas apenas por um momento: Estava num salão, agora; grande capela medieval com seu teto gótico e sóbrio, andei.
 -Olá! -Me disse um cara meio careca, de grandes óculos e bigode maior ainda.
 -Desculpe, não fomos apresentados. Meu nome é London, Atratus London. -Estava calmo, pois era um sonho.
 -Ó sim, a típica cortesia de seu país. Meu nome é Leminski, only this.
  Apertamos as mãos.
                               Seguimos por um local amplo, até uma porta, da onde emanavam sequencias de luzes  
                               intensas. "-Podemos entrar?", "-Claro!", respondeu o velho a mim.
                                                                             Luz.
                                                                        Muita Luz.
 -Vê? Deus, você vê? -Me perguntou o velho.
 Estávamos diante dum gigantesco emaranhado de engrenagens em círculos e elipses, eles se emaranhavam como amantes e moviam-se, moviam-se e moviam-se
 -O que é isto?!!! -Gritei com toda a força, uma luz brotava do interior...
 -Isto, deus, é o Universo Inteiro, é Tudo que Existe, o pó, o grafite, a mão!
                     Ouvi um estrondo, a luz abaixou... Calou-se
          -Esta na hora, eles vieram
            Olhei pra horizonte, era tudo escuro, então vi uma luneta panorâmica, me fixei e olhei novamente
         Em um labirinto, muitas sombras vinham... Não tinham corpo nem cabeça, apenas capa e bota, mas via também suas mãos e dedos, com unhas amareladas... As paredes do labirinto cercavam a catedral, como se ela fosse o centro pesado onde ele gravitava; os movimentos dos seres eram caóticos!
                                -Vê aquele no horizonte, no final? Ao mais extremo?
                                 Olhei como Leminski pediu
                          Um único ser, sentado no ar
          Não tinha de corpo, apenas capa
                                                     Uma máscara negra e mórbida, olhei
                                        para seu olhos e...
                                -Não!!! -Leminski bateu em mim e tirou-me da luneta
                             -Você sabe o que há aqui? Não? -Continuou ele
                          -Como assim? -Perguntei-lhe
                      -Mason, isto que está na nossa frente, cheio de engrenagens e luzes é o Mason, o Ideal
                   -O quê?
                -Você carrega uma coisa, a cada dois dias ele se muda para qualquer ser vivo, do mais inteligente, ao mais diminuto... Ele não para... Aquele que você nada mais é que o Agentes do Caos mas não qualquer Agente ele é o Fundador o Primeiro há anos ele vem tentando capturar este lugar e você é o primeiro humano em seiscentos anos em que Mason vem parar...
 -Como assim? -Não podia acreditar, não era um sonho? Os homens que me pagaram pra usar a máquina disseram que sim era apenas um sonho e...
 -Não, não é um sonho...
 -Como?
 -Sou Aquele que você quis ser... Há dez anos, na Faculdade de Letras, você queria ser eu.
 -Mas,...
 "-Então nós somos um, eu sou eu em você?" -Falamos ao mesmo tempo, me apavorei...
 -Vamos!! Confie!! -O velho tiro algo dum baú, eram baionetas velhas, deu pra mim e pegou a outra pra ele
 A arma se desfez em pedaços na minha mão... "-Vamos! Confie!" -Berrou o velho, que com olhar de desaprovação, ou decepção? Pulou as escadas e foi para a porta... Os agentes chegavam
 Um tiro, matou um, carregou a velha arma com pólvora, socou a bucha, esmagou e atirou mais um vez, no peito d'outro... Fez o processo uma terceira vez... Sua arma foi segurada, deram-lhe um tapa, mas ele se desvencilhou e golpeou com a baioneta, derrubou alguns, mas correu em minha direção: pegou duas finas cordas e puxou escotilhas nas paredes
                                                          ossos, muitos ossos, de tudo haviam ossos
                                    Formaram uma muralha e ele disse: "-Aos antigos guardiões eu clamo!!"
                                         Começou a ser espancado, arrancavam sua pele com as unhas amarelas,  
                                    começaram a tirar uma corda dele... Acho que as tripas... Vomitei nesta hora
                                                              "Acredite!"
                                        Berrou e toda a muralha explodiu num fogo azul que me derrubou longe,
                                         eles foram contidos em sua maioria...
                                            Uma fisgada, olhei para o fundo do lugar, ele levantou-se, ele vinha,
                                                  extensão do vento e tamanho d'uma montanha, o Fundador
                                             Tudo se resumiu a montes de pedras quebradas em pedaços, senti-me sendo  
                                        jogado para trás; caí, olhei para cima, estava cercado e não sentia minhas pernas            
                                  nem meus braços, pareci estar cercado de um líquido estranho... Talvez, sangue...
 -Você vai fazer o quê? -Ouvi uma voz na minha cabeça, olhando para o lado eu vi Ele
 nada havia além duma enorme sobra com olhos brilhantes...
 Sorri.
 As engrenagens começaram a parar, tudo começou a ruir... Ele iria vencer
                                                                                           Mason cairia naquele momento...
                                                   Então, eu descobri
                                        ao invés de pensar como estavam doendo meus ferimentos e como tinha falhado em missão de proteger este negócio que existia dentro da minha mente, comecei a imaginar-me como alguém feliz, mesmo a felicidade não existindo, me imaginei em um momento dos mais felizes da minha vida... E acreditei que valeu a pena só por aquele momento. Então, consegui ver o que precisava, uma pequena engrenagem no meio do emaranhado, ali, ali era o ponto em que todo o universo de Mason se resumia a uma simples equação -um simples padrão; e ali ataquei com o espírito
              Senti o Senhor do Caos rir... Talvez, ele tivesse me admirado... Não sei...
              Mason explodiu, em energia, mas não em Caos.
              Fui sendo levado cada vez mais alto, arrebatado, pra cima, pra cima...
                                     ...
 -Olá, alguém aí?
 Não podia levantar-me... Estava cheio de fios e com minha roupa toda suada... Poderia ter tido um pesadelo?
 Então, entrou no quarto um homem seco e magro, olhou para mim; o reconheci como o médico da região, um bairro afastado da cidade de Humboldt, condado de Ritter, na Germana. Com sua casaca cinza ele sentou-se ao meu lado e pôs a mão na minha testa para medir a temperatura, pude ver o sangue seco em suas mãos e roupas.
 -O que houve... Com aqueles que me trouxeram aqui?
 -Morreram... Estão mortos, todos mortos. -Respondeu o homem, ele olhou-me com compaixão:
 -Muitos não conseguiram fazer o que você fez... Poucos conseguiram enganar... Vencer, meu Mestre.
 Minha espinha congelou, sabia do que eles eram capazes, mas, tão rápido?!
 -Sei que esta confuso -disse-me ele-, mas, veja, seus "amigos" estavam mortos há dias... Aliás, você passou muitos dias aqui, "desmaiado", sem "uma inspiração"...
 -Por que você?
 -Só meu Mestre poderia pegar o que você tinha... Mas, infelizmente, você consegui selar tal coisa para sempre... Sabe, você foi o único... O último que teve a chance se matou, preferiu isto a enfrentar meu Mestre. Parabéns!
 -Então... Agora?...
 -Agora... Você acha mesmo que meu Mestre vai te deixar impune?
 -... -Era minha morte, sabia disto...
 -Ele... Ele iria... -Quando ele falou isto, fiquei aliviado- Mas, somos livres para fazer o que quisermos... Você pode não ser morto por ele, mas... -Assustei-me, mas, não havia tempo, o 38 estava na gaveta.
 -Adeus! -Me disse ele... Tentei morrer dignamente, porém, mesmo acreditando que talvez tivesse algo "pra lá", só tolos desejam que suas vidas sejam tiradas...
 Os olhos e o corpo do médico começaram a emitir luz, luz e calor, chamas laranjas, brancas, azuis, amarelados ficaram por cima de meu corpo e pela casa aquela energia... Senti-me indo...
                                          Lembro, da dor...
                                                                      Depois, paz... Não, não isto...
                                                                                                                     Silêncio.
                                                                       ***
 "Uma casa nos arredores de Humboldt queimou nesta terça, dia 18 de fevereiro, ela foi consumida pelas chamas e nenhum vestígio foi encontrado, nada, nem corpos, nem registros. A fonte do incêndio é misteriosa às autoridades, mesmo podendo ser vandalismo, um fogo daquelas proporções é difícil de ser registrado; testemunhas dizem ter visto um homem de casaca cinza sair em meio as chamas e caminhar em direção a linha de trem, sem estar queimado, nem nada.
 Cientistas da Faculdade de Bohr, consultores de nosso jornal, dizem que o caso deve ser estudado, mas não é raro. Pessoas comuns dizer ser um fogo-fátuo, uma criatura deste elemento natural que dizem ser perverso e maligno, tendo a capacidade de se converter em homens como nós ou serpente de fogo mortal quando quisesse; os moradores compraram, nesta sexta, galhos e galhos de arruda e ramos de alho para protegeram suas casas do 'Mal'."
 -Perverso e cruel... -Sorriu com canto de boca o homem seco; levantou-se, guardou o jornal e pegou sua casaca, pagou o café e saiu da Cafeteira Real; "-Em direção ao aeroporto", foi o que disse ao taxista.
 E lá foi o carrinho, um fusca preto, por Bohr em direção ao aeroporto.
 Fim de manhã silenciosa na grande cidade. O peito de alguém não mais batia, e o calor de março chegava.



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sábado, 5 de fevereiro de 2011

"In hoc signo vinces" #Agentes do Caos

"IN HOC SIGNO VINCES"
 O repórter Francis escreveu em suas palavras da 140, uma famosa rede social cibernética dos anos 70. Era menção a frase de Mílvia, quando ela derrotou seu irmão na Ponte D'Constante no séc.IV, ela significa: "Sobre esta marca vencerás", pois nos escudos da general estavam as marcas da Forca, símbolo duma fé esquecida de nosso mundo; a fé move montanhas, mas quem as move sempre serão mãos humanas.
 Algo que não parava de pensar enquanto era arrastado pelo corredor da Casa Real, sede do governo de Dom Afonso; como era um membro ligado à Corte, deveria ser morto pelo próprio rei ou o seu Juiz-Mor, com o uso de uma espada montante, aquelas gigantes que os antigos cavaleiros utilizavam, mesmo sendo um mero barbeiro... Teria esta honra...¬¬'' Tsctsc. 
 Fato é que minha pena de morte só existe nas dependências desta casa, isto porque a pena de morte foi abolida na Lusitânia, desde que o povo vota em primeiro-ministros e legisladores... Mas, eu estava em outro território, era a Casa Real, um lugar que mantinha independência das "leis do mundo mortal" -como falavam. Estava ferrado; ah, meu nome é Helter Skelter.
 Frio, chovia, era agosto. As luzes fracas nos vitrais me deprimiam ainda mais, na verdade, depressão foi algo que sempre me acompanhou pela vida, como não acreditava em nada pós-morte, então sabia que lá ela não me acompanharia... Que coisa feliz!
 Ouvi um zumbido fino, sabia o que era; o guarda do lado caiu, o outro, assustado, ainda viu seu peito estourar com o tiro de fuzil, droga, o sangue dele sujou minha cara. Só pra constar, estava paraplégico neste tempo, por isto me arrastaram até o Salão Real. Estourou o vidro, entrou um velho amigo: São Denis, um corpo de velho, na cabeça um escafandro, nas costas, um fuzil ainda com fumaça saindo pela ponta; levantou-me e disse um: "-Salut!", meu francês foi sempre ruim, mas consegui retribuir o "oi" e logo saímos dali. Ah, sim! Claro que outros guardas apareceram, mas Denis acertava-os com uma faca, ou usava a pistola com silenciador.
 9 agosto de 1988: Jornal O Pisão -um dos maiores concorrentes do The Wall Floyd bretão, também tinha o nome de Le Pesata, The Stomp e Quebra Tu Cara, se alguém se interessar em comprar.
 Bem, algumas notícias sobre a União Sovieta saindo da crise, mas com uma estranha Peste nas terras do Oeste (plano 122 dos Agentes do Caos, quem cuidava dele era o Desmorto e seus amigos), time da Bulgária ganha a Copa de Futebol (plano 899, uns caras da Confederação de Futebol trapassearam, logo cairiam e levariam um caos a confiança nos jogos oficiais), homem de 45anos, desempregado, encontra 5milhões em libras de Bretan em ouro numa arca no quintal de casa (plano 456, "Roda da Fortuna"), Dom Afonso e sua Guarda Real caçam o conspirador Helter Skelter depois de uma ousada fuga ontem, da Casa Real... Olha, sou eu!!
 ...Bem, ao que tudo indica para vocês eu sou um Agente do Caos que queria matar D. Afonso... Não.
 Sei dos planos porque a muito tempo investigo os Agentes, sou um tipo de discípulo dum tal Panda Vermelho. Não sou justiceiro nem herói, fui envolvido nisto e preferi fazer alguma coisa na vida para ser lembrado... Ou, ao menos, pra me livrar do tédio. Não queria matar ninguém, eu era o barbeiro real, se quisesse, poderia ter cortado a jugular do rei ou de seu filho, ou na depilação da sua mulher, mas, não o fiz...
 -Tá aqui... -Falou São Denis em sua pronúncia horrível do meu idioma. Ele colocava algumas agulhas na minhas pernas mortas; "-O remédio vai fazer efeito durante sua viagem... Não se preocupe!", me disse, já em francês, fato é que o remédio doía pra cacete... E teria que aguentá-lo até chegar em Feist, ou seja, umas 12ou15horas!! Chegando em Feist, arranjaria novas pernas lá... Usaria magia de bruxa, da pesada, mas prefiro isto a ficar sem pernas, me desculpe prof.° Xavier!
 "IN HOC SIGNO VINCES"
 Continuava na minha cabeça... A frase. "Sobre esta marca vencerás", qual era minha marca? Qual o meu legado? Bem, acho que busco isto a vida inteira... Talvez, a busca seja a minha marca, ou isto seja mais um livro de auto-ajuda do que uma história steampunk...
 O trem ia e minha perna doía. Minha missão era descobrir o infiltrado na Corte de D.Afonso e matá-lo, silenciosamente, já desconfiava de um tal Capitão Manuel Moreira; mas, dois dias depois da minha viagem descobri que São Denis estava preso e fora deportado pra Bastilha... O rei idiota estava morto, ele e sua comitiva sofreram um atentado numa viagem que ele fizera à Lisboa, seu filho e mulher, mortos... Ainda bem que Helter Skelter era um nome comum em Feist, resolvi não trocá-lo, só cortaria a barba e pintaria o cabelo de loiro, falhei na missão, mas estava vivo, é o que importa no final: manter-se vivo no Caos. 


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Sem

                                                100
                                        Postagem inútil pra alguém
                                                        Um dia ler

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Três pessoas

 "Três pessoas falaram num templo a um Gênio: Corajoso, Tímido e Palhaço
 O mais sábio ganharia um prêmio, seu sonho se tornaria realidade
 O Corajoso falou apenas com o coração, não venceu
 O Palhaço, usou somente a lógica e inteligência, e não consegui ver muitas coisas, também perdeu
 O Tímido, não falou nada... Mas, prestes a perder, abriu a boca e falou que preferia perder a ver seus dois amigos derrotados
 O Gênio deu-lhe então a vitória
 O Tímido teve Coragem para abrir a boca e a Inteligência para não entrar em conflito com os outros dois."


 Lição de hoje amiguinhos: aja, antes que sua cama seja uma lápide

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Mulheres de Vermelho #Agentes do Caos

 Na floresta do Níger ela caminhava, entre grandes carvalhos, cerejeiras e jatobás. Missão: Levar numa cestinha  simples e boba, os códigos para a Artilharia Prateada -localizações e coordenadas para que o ataque ao reino da Rainha Iluminista. Tinha três mestres, os Três Porcos, do reino -claro- de Pigest: Heart, grande produtor de palha, Bravery, o madeireiro, e o Grande Descartes, o Inteligente; eram tempos em que a régua e o esquadro eram mais importantes que a massa dos corpos e seus "corações", tudo deveria ser calculado, planejado. Esta era a missão daquela bela Mulher de Vermelho.
                                                                       Belo corpo, tinha a forma embaixo d'uma letra pê, em cima, um ponto de interrogação, polaca ruiva de olhos verdes, nunca precisou de mais de dois olhares para conquistar um corpo para aquecê-la a noite. Nunca um ser companheiro, apenas um "aquecimento dos pé e de suas outras partes". Para ela, deveria ir apenas a sua avó, em Spell-Without, no centro da floresta Níger... Nada saberia, leitor, que carregava, dentro dum bolo de confeitos, as localizações de todas as bases do futuro reino inimigo dos Três Porcos, o da Rainha Iluminista. Ela não era burra, sabia que não venceriam a guerra contra um reino daqueles, mas a Mulher D'Vermelho nada sabia que guardava a matança de seus amantes, de seus sobrinhos e de algum futuro "príncipe", que a trairia em alguma hora... Enfim, carregamos a morte sem saber que a isto fazemos.
                                                       -Estou deprimido doutor... Tenho força, este poder, mas não sei usá-lo! Minha força se desperdiça com a rotina! Um Homem-Comum não terá seu nome escrito mais que em sua lápide!(...) "-Por que você não se alista?"- Filho duma cadela!, isto que deveria falar para o psicólogo que me atendeu. Apolo Volf, meu nome, 21 anos, na época da consulta eu tinha 17para18, ainda estou sem rumo, sou um adulto sem rumo, lenço ou documento, vivendo num maldito século das Luzes que queimam minhas retinas com sua luz falsa, meus sonhos nada mais são que a reprodução vomitada de alguém que a muito tempo atrás conseguiu realizar alguma coisa e, sem saber, influenciou todos aqueles que hoje são apenas espectros dos verdadeiros interesses! Ah, sou um lopino, ou se preferir, um Lobo, do Reino de Feist, amigo da Rainha Iluminista.
                               "Corpo firme! Minha Nossa Senhora dos Lobos! Que olhos!" -Pensava o Lobo Apolo ao ver a polaca ruiva a andar pela floresta... Ela era seu alvo, ele iria fazer tudo para completar sua missão; saiu dum arbusto; "-Oi", disse ele, ela o viu, viu seu corpo peludo, "-Olá!", lhe respondeu com os olhos vidrados... Ela deu para ele os dois olhares, ele respondeu tudo certo e, apesar de ser um lobo, pareceu mais que um simples macho, ele queria manter o plano, mas, por alguma razão, mudara seu caminho. Passaram-se duas horas e muitas coisas, movimentos e palavras, mais sons e barulhos, de certo.
                                                                                                                            Volf foi andando para Spell-Without, junto, levava um bilhete para a avó da Mulher de Vermelho, encontrá-la em determinada cabana em determinado lugar no meio da floresta de Níger:
 -Quem és tu? -Perguntou a velha a Volf, ele se disse um emissário, ela não acreditou, ele mostrou o Anel de Casto, símbolo a Ordem das Chapéus que sua filha, sua mãe e sua neta participaram; a velha, que tinha em volta de si, tiras de couro com balas e duas espadas na cintura, resolveu acreditar na imensa criatura... Que, para ela, além de imensa, parecia bem potente, se o leitor desavisado pode me compreender. Chamou com sigo mais dois soldados, caçadores, com seus mosquetes e machados.
                                                                                                          Eram três da tarde, Hora da Libertação, como diziam os livros mitológicos, a Velha entrou na barraca, o Lobo ficou com os dois caçadores no lado de fora... "-Que braços grandes você tem..."-Perguntou um dos caçadores, interessado; o outro, pensando ser brincadeira, continuou: "-Que grandes olhos, hein?" -Ele riu, o primeiro a perguntar sorriu, envergonhado. O Lobo Apolo olhava para a porta recém fechada... Esperava.
                                                                                                                                 A Mulher de Vermelho surgiu de trás da porta da pequena cabana, a Velha disse, sem se assustar, mas pegando em sua espada: "Ah, olá!"
 -Sabe, -disse a Menina de Capuz Vermelho- você vovó, nunca me deu um beijo de boa noite, fiz faculdades em Lisboa e Versaille, nunca me falou nada... Mas, hoje a compreendo...
 -O que é isto? Por que esta tentando se confessar?-Riu a Velha depois de responder, ela pegava em sua espada mais firmemente, suava.
 -Nunca quis ser da Ordem, vovó... Queria algo, não sei, talvez uma cantora de ópera-rock, até pianista de Samba! Por que a Ordem?!!
                                           A Velha sabia, não dava pra escapar, esta seria a última missão que ela faria, depois seria a linda polaca ruiva a sua frente, aquela que puxara ela em sua juventude, que seria A Chefe. Mesmo se escapasse, a missão estava comprometida, a cabeça da Velha já estava em uma bandeja para Heart, Bravery e Descartes. Mas, estranhamente, se sentiu libertada, libertada pela liberdade de outro, parecia feliz quando...
                                 Um tiro saído de trás da capa vermelha se ouviu lá dentro, o Lobo arrancou a cara de um dos caçadores, o outro reagiu, o machado zumbiu e arrancou um pedaço do braço do Lobo; Chapéu pulou em cima do caçador, ele deu-lhe um tapa e, na grama verde e macia da floresta do Níger, ele já estava "a postos" para consumir o ato físico com a Mulher de Vermelho... BAM!! A pólvora do mosquete queimou as costas do caçador, a ruiva puxou a faca deste e enfiou tão fundo em sua barriga que foi difícil puxar para de novo enterrar na boca do pervertido... Olhando para trás, ela viu a Velha, morta pelo tiro na porta da cabana, o mosquete que ela poderia ter usado para se salvar, salvou sua assassina, ou sua neta libertada?
                                      "-Adeus!"-Ele me disse... "-Não poderemos ir para as florestas da Riviera, não?"-completou aquele tolo, enquanto nós dois nos esvaíamos em lágrimas, mas tendo sorrisos nelas incrustados... Talvez já de antes nos conhecêssemos, talvez de Lisboa, das aulas de Estudos Humanos? Não sei... Sei que Apolo Volf morreu em meus braços, havíamos nos libertado; corri, corri muito, com minha cesta e a grade coisa que nela guardava, estava livre, sem coração, mas, livre, perto daquilo que chamam de Paz.
                                               ***
 Levantei da cadeira, eu, o escritor. Peguei minha máscara de corvo, pus meu jaleco negro, segui para Lion; tinha que me encontrar com alguém, depois de ter mudado os nomes dos espiões que atacariam ela, eu, um "simples funcionário público de Feist", deveria terminar meu serviço, os códigos pela morte de qualquer perseguidor e mais dois barris de rum repletos de ouro, um preço justo pela aparente "paz de espírito" de nossas vidas mediócres. Peguei a carruagem e fui me encontrar com a Chapéu, a última Mulher de Vermelho.


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