quinta-feira, 19 de março de 2020

Ali, no bosque, vi
Meu rouxinol
Canta aqui comigo, no ritmo
Do meu coração alegre
Música festiva, fugitiva
Que busco empreitar a corrida
Em direção aos braços de minha amada, q'és
Tu, pássaro?
Tu, moradora de minhas florestas?
Tu, segredo em meus lábios?
Voa, rouxinol
Canta, em solo meu peito
Na manhã, ao nascer, entre lençóis te espreito
Te beijo
Te canto-lhe
Rouxinol, seremos nós
Rouxinóis.




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Ao enfrentar as ideias de uma pessoa viva, um militante pode arcar com seu pior veneno: a sátira ou o simples ato de ser ignorado. Ao escrever a História das gerações ou pessoas já mortas, haverá o ganho da satisfação do desejo por controlar a vida do outro, a trajetória de um mundo - ao qual, em geral, o pareceria alienígena. Seu ato de detratar ou glorificar terá como barreira apenas membros aceitos da tribo, acadêmicos de linguagem técnica com os mesmos cacoetes.
É impossível a neutralidade, pois isto é antinatural, nossa parte da Queda ou mesmo divina (transcendente ao devir, para os não crentes), mas alardear que há a total capacidade de alterar o passado apenas demonstra o nível de canalhice com quem está morto, aqueles que sempre serão excluídos do debate e escrita da História. Um pouco de austeridade é importante e não apenas o sentimento de plena potência adolescente, que se acha um grande amante da literatura e escrita, mas que só teve contatos de autosatisfação em seu quarto.
Abra as portas e janelas, deixe o sol e o vento entrar.