sexta-feira, 25 de maio de 2018

Sexta não sinto nada

Entre o frio dos dedos
Secos decompondo neste ar
Gelado, certo e ríspido
Caminhante dentro de alguma noite
Rotineira, canseira
Já estou naquele frio
Falta-me empatia
Falta-me você, que vejo no espelho refletido?
A existência não me escapa
Me fogem os outros
E já a moral deste desinteresse se perdeu
Dentro de algum ar gélido
Algum sorriso sem mérito
Ou apenas um caminhante de pouca glória
Ando com o caído e o carrego
Só que sou também em queda
Reajuntando pedaços
Serei de caridade no Inverno?
Carregarei nos verões? Lembrarei das feridas?
Talvez a melhor humanidade esteja em nós
Olha a tua cicatriz de ontem
Viva por aquilo de si
Repire o gelado, sustente
Force o último círculo infernal até que ele,
Estourando
Traga te ao reflexo de si no outro
Desinteresse daquilo que te mandam
Foque naquilo ou procura eternamente
Aquilo que és

---
Pedra que corta o mar. Onda que passa. 
De mundo inteiro, de pensamento total. 
Consciência de erros e omissões.
 Confessando, quieto. 
Ao espírito que me escuta d'alma. 
Corta o mar do mundo a gente. 
A gente fica pedra, fragmento.

---
Deixa as notificações no canto
Pra fingir movimento na vida
Segue gente aleatória
Pra viver a vida deles
Nas pinturas, enganosas dos fatos
Ouve mentiras pra sua alma
Mas, sorri, mera polidez
Se esconde na tolerância
Quando nunca a entendeu:
que outros também
Deveriam tolerar-te
Bem-vindo a modernidade
De aparências, estilos e opiniões
Aventuras mortas, enlatadas pra se comprar
Seja com dinheiro, seja com amigos
Que confia por conveniência
Quem confia por conveniência
Todos dando importância às neuroses
Todos caminhantes na maré dos fatos
Poucas almas, poucas histórias
Mortas, sem likes
Passadas sob algum trator da história
Miradas como meu espírito desnudo
Nas palavras
Vociferando aos coelhos e gatos
Algum Franscisco imbecil coletivo
Fingindo que vive sendo especial
Olhando nos cantos algum sinal
De notificação de celular


Suas definições de vírus atualizadas
A alma humana computadorizada

sábado, 12 de maio de 2018

sábado sexta

Olhar pro lado e sentir que nada tem
Não tenho amigos que já não incomodei
Ou luzes que apago com minha sombra
Reduzo-me ao silêncio
Não quero incomodar
Mas, meu grito sai por palavras
Abafado, quieto
Ninguém se importaria
Em dois anos apenas lembrariam
Aonde aconteceu a despedida
Não, apenas uma lembrança
De um homem-máquina sem motor
Vendo-se como sucata
Atrapalhando vocês
Com sua estranheza
Palavras e modos
Desculpe, mais uma vez

----
Existo por apenas duas horas em cinco dias da semana. Na hora da aula ou explicar. De resto, sou uma parede quando não se olha.

----
"A coisa que te guarda
Que cria abismo na real
É a distância da tua boca da minha
Afetando, num inferno astral
Todo o contínuo espaço-tempo de nós juntos"

---
Entre o vento e uma boa coxinha
Existem mais mistérios que nos múltiplos
Cálculos estelares
De meus cálculos renais
Seguindo compassos
De dança cósmica
Entre um sorriso amarelo
Em crise depressiva
Ou um abraço
Que já nem sei mais perdido
Ou festivo
Ou mesmo, faustivo
Contratando socialmente com o Diabo
De um afago a uma indiferença
Entre o vento
E uma boa coxinha
Existe um mar de picuinhas e gracinhas
Numa aula perdida
Nos arredores de Curitiba

terça-feira, 1 de maio de 2018

Terça ainda vivo

Seu vestido amarelo estava
Bonito, como um mar
De estrelas
Na minha cabeça
Entre suas pernas
Entre seus passos
Via o mundo
Seu vestido estava amarelado
Agora
Já não mais ouvia o assobio no peito
Toda a vez que nos víamos


Antes, eu era o marinheiro buscando o tesouro
Agora
Pirata entre os rochedos,
Vasculhando Sete Mares, gastando meus Cinco Anéis e todo meu ouro
Aonde está a bússola que me mostrava o Norte?
Aonde está o Sul?

No firmamento, já não existe mais nada
E eu
Agora
Fiscalizava a vida alheia, nestes inúmeros perfis
Nesta inúmera alegria registrada
Desconfio que ela nem existiu
A imagem da beleza não é da alegria
Felicidade não se captura
Ela usa um vestido amarelo
Sorri pra você
Te pergunta as horas
E sai
Agora, não reconheço aonde termina a luz do sol
E aonde começa o meu crepúsculo

Estou amarelado
Pelo tempo, desbotado
Por mim, minhas próprias horas


----



em dois momentos era apenas
um cruzado, vagando por terras insólitas
galgando a minha Fé
queria encontrar Deus, mas, ele não me achava!
E pela ponta de minha espada, cruzava
Entre os diversos pontos daquela árida emoção
um ou dois momentos de Glória


"-Não, Eduardo, você não está lá... Nunca foi um cara destes!"
Engraçado, pensei que pessoas mortas não falassem
"-Minha morte é entre eu e você, jamais entenderá o que é ser vivo"
Talvez, talvez eu apenas esteja esperando do Céu... Como um cavaleiro
"-Cale a boca!"
E jamais voltei a ver aquilo de volta
joguei as chaves de minha consciência em algum canto
Tranquei-a com duas fechaduras
Irritei algumas pessoas e dei algumas aulas
Já não esperava muita coisa
Apenas em dois momentos era apenas
Um falido, vagando por terras insólitas
Galgando a minha Fé que já não existia firme
Não encontrava Deus, pois ele sempre esteve lá. Só que apenas olhava
E pela ponta de minha caneta, escrevia
Entre os diversos pontos daquela perdida emoção
um ou dois momentos com a Glória
----

-Você é muito triste e depressivo!
Talvez só esteja imitando o mundo. Alegria se acha em pouca gente, estupidez, vilania e fraqueza, o tempo todo.
Admitir sua mortalidade é um caminho pra se libertar
Pena que a liberdade seja dolorosa e responsável por si
Não mais soldados, não mais fantasmas
O fogo do dragão queima a sua carne e não mais do herói...
Basta trilhar e voltar agora, se ainda consegue dar alguns
Passos
-... Cala a boca