sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vem

Venha pros braços
Que te aqueço com eles
Vem pra cama
Que te ganha amassos
Vem pro corpo
Não, não vem
Pois, já está nele
Pois, no porvir do amanhã
Explode o pulso do coração
Que vem
Está
Já dentro do teu.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Digitando Na Luz

Digitando na Velocidade da Luz, mas lendo apenas o pó da Montanha do que há hoje, o Novo Navegador caminha lentamente para uma mente misturada com simples gosma, a mesma gosma que cria as ideias, mas, dissolvê-as no decorrer do piscar de olhos a cada noite, antes de tu, eu, ou ela, irem dormir


Autor: Você mesmo. Usuário

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Alquimata XVI


Alquimata XVI – Acorde Quarta-Feira



 Passei mais um dia acordado até conseguir dormir. Só que os tambores continuavam, agora, pareciam latidos, estridentes, de algo ou alguém que perdi... E então, vieram os delírios, fui saber depois, havia algo na minha comida que reagiu com a bala que levei, havia algo na minha comida... Havia algo...
 Ali estavam, em um horta enorme, passos pequenos da criança de olhos verdes – que depois ficariam quase castanhos.  Não conseguia passar pelos enormes alfaces sem que os pés ficassem molhados, sem que as sandálias, úmidas, encomodassem a criança... Eu não sei pra onde ela vai, apenas, observo, do alto. Tenho febre, eu não sei, apenas vejo um céu que clareia.
 Lá está, a velha casa de madeira no fundo de um grande quintal... Acho que de uma fazenda, até. Por suas portas de velhas tábuas já apodrecidas em seus pregos e juntas, o toque do menino é suave, na áspera superfície. Apenas lembra das antigas Tias que moravam lá, alemãs, Ameia e Enia, só que seus vestidos de bolinha superam a suas faces, que parecem não habitar mais aquele local. E ele vai e vem pra seu nariz um cheiro estranho, algo que nunca sentira: por trás do cheiro, uma porta
 Pequenas mãozinhas curiosas abrem-na, e um sol está sobre uma mesa redonda, como a da vovó.
       Parecem conversando com  o teto, aqueles moços. Não tenho o número deles, apenas, que havia uns gordos, outros magros, mas, todos de ternos lustrosos e cara pálida. Olhando para o teto, despertando mais ainda a curiosidade do pequeno, ele vê que naquele que está de frente para a porta existe um enorme prato... Ele não viria a saber o nome daquilo por muito tempo; chamavam de Escudo Aldovaz, dos Montemarianos. Mas, ele não se importa, pois, o sagrado para um infantil é outro, é menor, não de importância, mas, de tamanho...
 Observa o copinho. Eram vários pelo chão, só que apenas um, ali, colocado na mesa.
 Verdinho líquido dele, quando o sol batia, via por dentro coisinhas, fumacinhas que se misturavam, formavam pequeninas fadinhas... Pequenas fadinhas de luz do sol. Sua boca salivou, seus dedos correram, sua mão era de alguém que sempre desejou algo e parecia ter encontrado... Então, tomou um bebirrico, no toque primeiro dos lábios, a novidade espanta pelo azedo, no tico trago, abre a vontade de mais, no gole profundo, deixa vício – vício pelo novo, este novo.
 LUZ DO SOL
 Agora, o menino está num campo. Um enorme campo de café decepado, morto. Agora, ouve latidos e tudo parece uma imagem desfocada de uma câmera velha, antiga.
 Lá está ela, a Rainha. Linda e de olhos de conta azul. Lá’stá de onde eu vim...
 Porém, há uma conta que não é de seu olho, é de água e me olha fixamente. Ela grita, minha rainha-mãe:
 - ... –Só que eu não ouço nada, há muito barulho de cães e trovões em volta.
 Só que, por mais que de repente, eles cessam. Param, terminam.
O menino toca a orelha e ela sangra, líquido que escorre parece com outro... O das fadinhas. Só que não brilha, opaca, deixa tudo muito escuro quando se vê e se tem ele nas mãos: o sangue.
 Volvendo sua face para a Rainha, ela o olha, e as contas caem mais rápido. Vestido belo de cetim rosa, mas não tinha aquela mancha que tinha ali... Um líquido está nele; tá machado.
 Mas, acho que a Rainha se cansou, deve estar triste, pela sujeira... Será que foi o menino que fez aquilo?
 Ele caminha com a orelha perdida em uma parte e sente que a chuva se aproxima, há muitos trovões. Olhando para a Rainha que cai, ele vê alguém de terno lustroso, como os dos homens que olhavam para o teto: o rei.
  O menino, a Rainha caída e o Rei. O grande homem vai ao encontro dele, está com algo longo e negro, algo que encosta na cara, na orelha que sangra, do menino e a queima... O sangue para, mas, não é o da Rainha... O Rei olha o menino, olhos negros, cabelos longos e ralos... Que misericórdia há neles? Não sei, não se parecem com os da mãe, do filho, apenas, com os daqueles homens com o Escudo Aldovaz.
 -Sua vaca morreu, meu bezerro... –Diz ele, ouço e lembro de suas palavras – Eu sou teu único caminho: levanta isto e acaba com a traição deste clã!!!
 E aquela coisa brilhante é jogada, no chão. O menino vê a faixa brilhante e a Rainha, caída, olha para ele, sorrindo... Com dentes, cheios de líquido. O que fazer? O Rei ou a Rainha neste xadrez?
 CORRE! Diz o coração dele, por dentro; como o instinto animal. Mas, PEGA, diz o outro, aquele que já sabe que não há como fugir de alguém como o Rei, ele é implacável, ele é alto, ele é... Seu pai, origem de tudo que tu és em ódio e fúria.
  - ... Escolhe teu caminho ou mata a ti mesmo! –Diz o homem com sotaque sulista e os canos de carabina ainda com fumaça nos dentes. Eu nunca mais lembro daquele homem, nem em sonhos, nem em coisas boas, como brincar e jogar videogames... Nada, apenas da fumaça entre os dedos da arma, e a Rainha ali, se arrastando... –Ok, se tu não te decides!
 Vi algo apontar para ela, vi ela morrer, a Rainha.
-NÃO!    - Um dos trovões me diz. Todos os outros se calam. Uma faixa de luz brilhante corta o ar e a carabina solta seu rugido entre os dentes, acertando perto de mim, voo para trás, um metro, que parece quando criança, mais de cinquenta, um oceano inteiro.
 O menino quase desacordado, vê um homem, cabelos por acabar... Ele toca carinhoso a face de sua Rainha, ela lhe diz algo, ao qual ele responde com um olhar para o garoto. Desacordado, vendo fadas no dia estranho e escuro, vê apenas o homem indo em sua direção, ele guarda a faixa de luz e chuta algo – rolando para perto do menino, ele vê o olhar do Rei, agora, sem fumaça nem brilho, apenas mais uma... Mais uma bola, uma bola de carne.
 O sol começa a apagar, seus olhos se levantam e ele vai... Vai e olha o homem quase careca e...
 Cheiro de sopa, isto eu sinto bem. Um mundo de cama, o sol mais uma vez me acorda, mas, agora não há nem tambores e nem cães, há apenas... Meu coração batendo. E os olhos do menino dão de fronte a uma figura imponente, um pouco cinquentona, mas, ainda com ares dourados... Com pratinho na mão, ele me diz:
 -Oi, meu nome é Dimas, pequeno!
 -... Uuuuuaaaa! –Tirando a ramela do olho e esbravejando a energia daquilo que parece um sonho, o menino responde – Olá, moço... Eu sou Onório!
 Então, começo a sentir dores, elas são intensas, duras, meu corpo comprime e escuto novamente um enorme trovão. O menino olha para a janela e vê, ela está lá, como uma faixa de luz, só que agora quem está caído é o velho, em sua cama... Ela, o nome dela? Janes Tempest... Acho que é este, ao menos, assim disserem quando me resgataram... Naquela noite, naquela noite de corridas pelo escuro
 E, nas sombras, tudo acaba, apaga; apenas o suor está como meu companheiro e o sonho volta a ser aquilo que ele me é muitas vezes: tormento de uma realidade que poderia ter apenas sido, não que acontecido.
 Este é ele, eu, Onório Escapuleri. Suado e em uma cama, novamente acordado. O sol bate em minha face, me cega como todas as manhãs, acorde maldito de um dia novo.
 Abre a porta um senhor de terno laranja:
-Vamos! Não temos tempo, achamos um Deles, Mestre!
-Deles?!
-Sim, dos Trolls... Ele está na Catedral!! Vamos!
 Levanto meu corpo, ainda fraco, pelo que aconteceu antes... Por tudo que aconteceu mais antes ainda... Pego as chaves do New Lada, olho o relógio, parece parado, como o tempo de tudo aquilo, aquela maldita missão: pego a Espada dos Luparinos...
 De repente, tudo volta na minha mente, tudo do sonho... Fixando o olhar não na espada, mas, em outra coisa: um pequeno prato de sopa, agora frio, agora sem cheiro bom, apenas uma lembrança de algo que já foi um dia – com fadas, luzes e fumaça.
 Adeus, Dimas.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Le Deux de Gévaudan


 Ali estavam
 Ela no banho
 Ele no pequeno tassé de café
 E nada mais havia no amanhecer
 Além de que, o puro e relevante ar da manhã,
 Cheiro de cafeína, vapores do sereno e da água
 No corpo dela
 Enquanto, saindo e se encontrando com ele
 O susto correu sobre uma gota suada
 Na testa, compartilhada
 E eu perco a inocência
 Ela, à inocência me tem roubada
 Nada mais há daquela manhã, em que um "Bonjour" se tornou um
 Toujour
 Apenas meus olhos fecharam
 E a escopeta lançou
 Sangue pros lados, lados de um algo que os escritores tolos
 Chamaram de amor
 Hoje, é só sexo, drogas e rock'n'roll
 Hoje, nada mais é do que uma manhã
 Em que dois seres famigerados
 Roubam a inocência dos velados, entre dentes
 Vapores, saliva e cafeína
 Entre eu, você e nós
 Apenas isto, leve e tristo, até
 Um leve sorriso
 E os dois seguem seu caminho, nos bosques de Gévaudan
 Alimentando-se de si mesmo, deles, delas, nós e eles
 O Mundo contra dois Seres
 O caminha apenas como única flecha rajada de sangue
 Que sai entre nossas presas
 Ao quais chamamos: coração
 Meu, teu, nós
 E um bom dia pra você
 Mon Deux.

domingo, 7 de outubro de 2012

Alquimata III


Alquimata III – Visita na Tabacaria
 Pegaram o metrô em direção ao Ponto Sudeste, no Sistema Radial de transporte de Campos Gerais, tudo saía da cidade ou entrava deste jeito. E lá iam o jovem Onório, sentado apenas olhando a espada ao qual ganhara, embainhada e acorrentada, Rita, que estava fumando em lugar proibido, e o Velho Dimas, lendo um livro de Nelson Rodrigues.
 -Velho...
 -Sim, Mestre Onório?
 -Mestre? – Perguntou Rita, assustada em sua cara.
-Sim, – respondeu o senhor quase careca e pequeno – agora ele é o Rei do Mundo dos Luparinos, e como nós o somos, devemos chamá-lo assim.
-Ah... Sim...
-Hey, Rita, cale a boca! –Gritou o jovem de mullets e camisa listrada verde – Os humanos estão conversando aqui, ok?
-Oras... Seu...
-Tome, Rita, leia um pouco... – E Dimas deu para Rita um livrinho, se bem lembro, Jerusalém Libertada, acho que uma ópera antiga – Vai saber muito mais lendo do que berrando.
 Ela obedeceu e o jovem continuou:
-Os Altos de laranja que estavam com a gente... Se eu sou o chefe, por que deixaram a gente depois de me anunciar?!
O Velho se aproximou de Escapuleri e disse, segurando seus ombros como que para um segredo:
-Nunca confie nos caras de laranja! É uma cor que dá azar...
-Como assim? Eu não sou O CHEFE?
-Não. Você é apenas o Portador da Espada de Salomão, esta, que você tem nas mãos... Cada um dos Três Clãs de alquimistas tem uma arma: a Espada dos Luparinos, a Javelin dos Be-Strokers e o Escudo dos Montemartinos. Estas armas são importantes, não os Portadores... Elas contém todo o segredo das principais magias e selos que cada um dos nossos povos possui, em quinhentos anos de guerra entre os Alquimistas, nunca perdemos esta arma porque sempre há alguém para protegê-la, se não forem os Altos Alquimistas, o próprio Portador deve ser de todo o modo proteger a arma!
-Ok... Os Três Clãs dependem disto? E nós nunca soubemos? – Onório olhou para Rita, ela nem estava ali para a conversa, apenas lia seu livrinho, devorando-o enquanto o mesmo dava vermes em seu cérebro de Djanho. –Enfim, e agora?! Eu não posso nem tirar esta espada da bainha! Como vou proteger alguma coisa?
-Bem, garoto, estamos indo pra um ponto da Metrópole visitar um velho amigo meu...Dono de Tabacaria.
-Por quê? Isto é hora de fumar um begue?
-Não, vamos lá porque ele é alguém que pode explicar sua situação para você.
 Desceram na Estação Central da Lapa, uma antiga cidade daqui. Tiveram ainda que tomar um ônibus para uma região perto do Aeroporto 125, deserto e degradado, um bairro surgia do mato verde que ainda se via ali. Em uma casa de dois andares e estilo polaco, com teto pra neve apesar de estarmos nos trópicos, lá estava escrito na plaquinha:
Tabacaria Xavier
Cinquenta anos servindo o melhor tabaco legal para sua família
 Entraram e já estava noite, foram recebidos por um velhinho mais velho que o Velho Dimas, só que mais alto, apesar de ser oriental, acho que japonês. Ele abraçou o companheiro idoso e logo todos foram tomar um pouco de chá, enquanto ele fumava um enorme cachimbo fedorento.
 Ao entrarem na Sala de Chá, dentro da loja, uma enorme biblioteca. Olhando para o chão, Onório disse para Rita:
-Tome cuidado, este velho é esperto...
-Sim, entendi! –Disse ela fingindo agora ler seu livro e com uma faca próxima da mão, mas por baixo do casaco.
 -Não precisam se preocupar, ele é confiável, meus jovens. –Disse Dimas – Xavier não possui nenhum vínculo, ele é um Sem-Clã.
 Diante da cara de espanto dos dois, o japonês completou:
-Exatamente, sir! Francisco Xavier de Oliveira, um orgulhoso velho Sem-Clã! E não se preocupem – Apontou para chão – este Selo de Estrela de Cinco Pontas aqui é contra todo o tipo de magia, mas, não é para vocês serem atacados ou algo assim... Se tentasse atacar alguém que é amigo do Dimas, com certeza estaria morto hahahahahahaha e olha que sei disto, ele já foi meu amigo! Hahahahahahaah
 Os dois gargalharam por alguns minutos. Depois disto, sentaram em um sofá velho e Dimas contou a situação que aconteceu naquela manhã, ao qual o japonês perguntou para Onório:
-Oras, então, você é o Chefe dos Luparinos agora! Que grande honra! Eu vi tipos como você apenas me perseguindo ou ceifando cabeças alheias hehehe e já faz uns cem anos?!
-Não vale nada, na real, este título aí... De que vale ser o “Chefe dos Luparinos” se nem posso ser protegido ou algo assim?!
-... Hm... –E assoprou o velho Xavier  seu pito – Acho que Dimas veio aqui porque tenho algo bem didático para explicar esta situação, ainda mais para jovens como vocês, que não gostam de ouvir como eu ouvia de meu pai, lá na Terra do Sol Nascente...
 Ele levantou-se e tirou os panos de um velho maquinário no meio da biblioteca:
 -Isto é uma Maquiladora de Metempsicose, algo velho e antigo... Funciona como um mostrador de slides de hoje em dia, mas, é melhor...
-Hm... Por que melhor, velho china? – Pergunta a curiosa engenheira Rita.
-Ele é baseado na Metempsicose, o transporte do que nós chamamos de aura para outros corpos... Ela faz isto e, assim, pode-se passar um tipo de “filme” com as antigas histórias do passado, reproduzindo tudo o que viveram aquelas pessoas e...
-Oras, por favor, comece logo, Xavier! –Fala Dimas – Mostre ao rapaz de uma vez!
-Ok, sir!... Continua um chato – resmungou o velho japonês, que pegou alguns ossos e jogou numa rede de tubos que havia para um enorme triângulo branco. Logo, tudo começou a se encher de fumaça e o velho pitou seu cachimbo e assoprou, misturando as duas névoas...
-Mas, o que...
-hehehee isto é para o show! –Sorriu o oriental e deixou seu cachimbo em uma mesa. – Agora, se me permitem, vou ao banheiro que o chá desceu na bexiga!
 Então, apertou o velho um botão e uma luz encheu a sala...
Começa a narração de uma voz pra dormir, só que como se fosse a sua voz que falasse para você mesmo. Uma sensação estranha de perder o controle de si mesmo, ao qual começou dizendo, enquanto cada imagem que ela ia comentando se mostrava em sensações para nossos sentidos:
Então, no alto da Guerra entre os Alquimistas, Três Clãs vieram à tona como a espuma da água do mar que invade a terra, vem e lhe rouba a areia, para os Castelos Submarinos.
No século XV, nos restos da Cidade Romana do Ocidente, se ergue os Luparinos, poderosos da Pele Vermelha. No sultanato púrpura, amarelo e vermelho de Solimão, que com seu Sabre baniu todo o Mal sobre seu Clã e numa floresta, encontrou o Lobo, símbolo de toda a Criação Luparina...
Nos anos de 1000 até 1790, uma enorme batalha se findou, e dela, surgiram os Cores Azuis, Cinzas e Castanhos, entre dois clãs inimigos surgiu um vitorioso apenas: os Montemartes. Dotados da defesa de todo o saber e mesmo sendo de Sicília, seu reino se deu nas florestas insólitas e negras da América Espanhola, sobre o Signo de Aldovaz, o Andarilho...
E na Era do Vapor, dentro de um povo sueco com fome e sede, todos os que se dão nome de Clãs do Norte Austral se unem, sobre um signo Bispal e de cores Celeste, Branca e Rósea, sobre uma única Justa e para uma única Guilda, dão-se o nome de Be-Stroker, os “Para Limpeza”. E em todo o navio vitoriano se vão, conquistando e colonizando, sobre a efígie da Santa Javelin usada pelo descendente do Santo Aurélio, Romano devotado ao único senhor dos Be-Stroker...
Com os três nomes dos Grandes Clãs do Ocidente o mundo se assombra, tamanha é a força e expansão de suas pronúncias e força... Porém, anos negro se vêem
Se vão... E chegam.
A Guerra contra os Inimigos de Todos os Bruxos se dá, e todos se unem!
Porém, a Vitória parece não vir sem o Ego, ao qual consumiu todos os Líderes dos Três Clãs... Na Batalha Quase perdida, apenas os Antigos poderiam ajudar
E das tumbas eles se erguem, Vencendo, todos e tudo!
Selam as armas para que apenas aqueles dignos pudessem usar... Dignidade conseguida apenas no brilho prateado da guerra contra coisas bestiais, como os terríveis...
 ...PLAFT!
 Neste momento, o Velho Dimas sai de sua cadeira e corre em direção ao banheiro, sacando sua pistola. Levanto-me e ainda com bolinhas brilhantes, faço o mesmo, enquanto seguimos pelo corredor, pergunto:
-O que há Dimas?
-Você não ouviu? É barulho de passos!
Ele abre a porta, nisto, Rita já está atrás de mim, portando sua faca. Todos nós paramos, sem nos mexermos... A cena é bizarra: o velho Xavier está com a cabeça decepada, com o corpo ajoelhado em frente ao vaso sanitário. Olho o espelho e há inscrições, na boca da patente, o mesmo.
-Velho, isto é uma Maria Sangrenta?
-Sim, é sim garoto... Mas, parece que ela já terminou, era apenas para o velho Xavier... Se você olhar o espelho, já está queimado e a água da patente, limpa... O feitiço terminou...
 Me aproximei devagar e tirei o corpo decapitado  parecia que o japonês tinha sido acertado no peito e jogado na patente, aonde a Maria Sangrenta foi escrita. Um dos feitiços mais macabros, faz com que toda a massa de água tornar-se uma Devoradora de Membros (em geral, apenas um), - no caso, se escolhem privadas por serem as mais fáceis de se encontrar... O que deu a superstição humana de um “fantasma”.
-Estranho, -diz Rita- teríamos percebido algo como uma Maria Sangrenta... Não ouvi nada!
-Mesmo um ouvido de Djanho, Rita, está prejudicado pelo Selo de Estrela 5 Pontas da biblioteca... Não daria pra ouvir... Na verdade, nenhum humano poderia sequer fazer uma magia com aquilo escrito no chão, usando ferro fundido...
-Mas, velho... Como você? ...
-Espera! –Grita Dimas, ao qual corremos de volta para a sala.
-O cachimbo do Xavier! – Diz o velho. – Sumiu!
-O que tem aquele pito fedorento? Nem se pode fumar mais em local público! – Diz Rita.
-Aquilo era uma arma mágica, Rita –Digo eu para ela. Olho em volta e vejo que os desenhos no chão derreteram, algo poderoso havia passado por ali.
 De repente, sirenes tocam. Dimas grita para tentarmos achar uma saída, mas, a biblioteca não possui nenhuma.
 Então, entram Policiais Militares com metralhadoras Tommy Gun e na frente deles um gordinho que diz:
 -Capitão Torquemada! Vocês estão todos presos pela Polícia do Estado Paranaense!

MUSIQUETA




Alquimata XV


Alquimata XV – Assassina



Não conseguia dormir, aqueles malditos tambores faziam a minha segunda-feira pior do que todas as outras, mesmo as de quando ainda trabalhava e não vivia de uma pensão. Eles ficavam ressoando e batendo na minha cabeça... Me fazendo, em pulsos, me lembrar o que aconteceu ontem
 Uma reunião na paisagem alaranjada daquela cidade, tudo estava fedendo a novo e eu com o Velho Dimas, estávamos discutindo o que aconteceu em uma reunião relâmpago por vídeo-conferência que ocorrera no Bar do Oswaldo (point dos Luparinos).
 -Não é possível que isto aconteceu... Tão perto da Guerra contra os Trolls, Vanda morrer assim... De ataque do coração
-Sim... –Disse o Velho, ele estava mais calado do que nunca
-O que foi?
-Sabe, acho estranho... – Falava e olhava pra baixo.
 Eu nunca soube, ficava apenas pensando em tudo aquilo, naquela maldita segunda-feira. Os tambores iam batendo cada vez mais fortes e fui ao banheiro, estava no Hospital Universitário, mas, não estava. Olhava pro espelho e minha cabeça no dia de ontem:
 -... A morte de Vanda trouxe um velho do túmulo dos Conselheiros dos Be-Stroker, Søren...
-Quem é Søren?
-Ele é alguém, bem, alguém que eu poderia chamar de Místico e Severo... – Andamos e atravessamos a rua, já não havia mais sol laranja e tudo começou a ficar em um estranho breu. Enquanto chegávamos às lajotas da rua de nossa casa, senti uma névoa nos meus pés.
-Mas... Isto não é importante – continuou Dimas, meu amigo – sabe, há muito tempo, te levei até a Antioquia, em Esmirna, naquele lugar, que chamamos de lar, soube que você seria grande...
-Hum? O que você... –E a névoa cresceu percebi, enquanto chegávamos perto de um beco escuro, havia alguém com cachimbo ali, de onde saia toda a névoa – Entendo. – completei
-Hm... Tome cuidado, ok? Você agora é o Líder dos Luparinos... Os Maiores Alquimistas! – E gritando em alto e bom som, disse: - Não deixe de respirar!!
 E o velho Dimas abriu o olho direito e revelou um Selo de Anulação, apontou para minhas pernas e senti uma dor enorme, cai no chão, de joelhos. Corri para longe da fumaça do cachimbo, e ia me virar, já com a Espada nas mãos, porém, quando meus olhos focaram novamente
... Um clarão. Vi o cara de gorro com algo prateado e enorme nas mãos lançar luz sobre a cabeça de Dimas, senti que não havia mais nada dele ali. Nada havia além das lápides agora; e minha vingança fez com que continuasse e fosse em direção aquele corpo pequeno no gorro marrom.
... Tambores na minha cabeça, depois do clarão em minha direção. E acordei aqui, com as palavras de Dimas fazendo mais barulho que as balas que me acertaram no ombro e me jogaram longe, nesta cama de hospital de segunda-feira.
 ***
 Naquela mesma segunda-feira, um homem grisalho reza em uma Catedral de Rocha com um enorme paredão de vidro na frente, de São Denis. Vem andando para perto dele um gorro marrom:
-Ali estão, sete tesouros de Duendes, como você pediu. –Diz o grisalho ser.
-Ótimo. – Fala a voz rouca, mas, feminina.
 Ela retira o gorro e revela sua pele branca, cabelos ruivos pintados presos, olhar para o nada. Se aproxima de sete pacotes, entre caixas de madeira e sacos de pão com inscrições de selamento. Depois de checar tudo, joga perto do homem grisalho que rezava uma enorme Colt prateada:
 -Ela é sua. Pegue.
 -Não, pode ficar... Você é uma honrosa representante de sua raça, – levantando-se, mas sem virar para trás, o senhor de terno negro, fala sempre macio, como um pai – esta arma apenas funciona com guerreiros dignos, você o é, Janes Tempest.
 Com os olhos verdes e negros, ela o fita, mas pega a arma. Coloca as caixas empilhadas e os pacotes em suas pequenas mãos de 1,68 m.
-Você, por que matar alguém de seu próprio povo?
-Oras, - vira-se o homem grisalho – isto é demasiado humano, jovem celita.
 Ela sorri, e deixa cair uma adaga no chão. Um vento sopra e desaparece. O homem sorri com o estalado.
 Em um instante, aparecem das estátuas dos santos na capela diversos homens de preto. O maior entre eles, pergunta:
 -Você está bem, Mestre Søren?! Alguma coisa quebrou nossa conexão telepática com o senhor!
-Estou bem, Chavalier! Foi aquela pequena lâmina que barrou vocês... Não se preocupem, apenas uma reunião com uma Entidade Superior.
-O quê? Mas, mestre, o senhor está bem?
-Sim, agora, vamos... O enterro da nossa amada Vanda está para acontecer...
 Neste momento, toca o celular tijolo de um dos seguranças, ao qual diz, atônito:
-Mestre Søren! ...Acabo de saber que o Lendário Dimas de Luparino morreu ontem à noite!
-O quê? Aquele velho desgraçado?!! – Diz outro – Pensei que ele fosse imortal! Mestre, ele não era seu amigo?
 Søren apenas olha para eles e diz:
-Vamos, estamos atrasados para o enterro.
E a luz alaranjada toma a Catedral, a segunda está pra acabar.