domingo, 7 de outubro de 2012

Alquimata XV


Alquimata XV – Assassina



Não conseguia dormir, aqueles malditos tambores faziam a minha segunda-feira pior do que todas as outras, mesmo as de quando ainda trabalhava e não vivia de uma pensão. Eles ficavam ressoando e batendo na minha cabeça... Me fazendo, em pulsos, me lembrar o que aconteceu ontem
 Uma reunião na paisagem alaranjada daquela cidade, tudo estava fedendo a novo e eu com o Velho Dimas, estávamos discutindo o que aconteceu em uma reunião relâmpago por vídeo-conferência que ocorrera no Bar do Oswaldo (point dos Luparinos).
 -Não é possível que isto aconteceu... Tão perto da Guerra contra os Trolls, Vanda morrer assim... De ataque do coração
-Sim... –Disse o Velho, ele estava mais calado do que nunca
-O que foi?
-Sabe, acho estranho... – Falava e olhava pra baixo.
 Eu nunca soube, ficava apenas pensando em tudo aquilo, naquela maldita segunda-feira. Os tambores iam batendo cada vez mais fortes e fui ao banheiro, estava no Hospital Universitário, mas, não estava. Olhava pro espelho e minha cabeça no dia de ontem:
 -... A morte de Vanda trouxe um velho do túmulo dos Conselheiros dos Be-Stroker, Søren...
-Quem é Søren?
-Ele é alguém, bem, alguém que eu poderia chamar de Místico e Severo... – Andamos e atravessamos a rua, já não havia mais sol laranja e tudo começou a ficar em um estranho breu. Enquanto chegávamos às lajotas da rua de nossa casa, senti uma névoa nos meus pés.
-Mas... Isto não é importante – continuou Dimas, meu amigo – sabe, há muito tempo, te levei até a Antioquia, em Esmirna, naquele lugar, que chamamos de lar, soube que você seria grande...
-Hum? O que você... –E a névoa cresceu percebi, enquanto chegávamos perto de um beco escuro, havia alguém com cachimbo ali, de onde saia toda a névoa – Entendo. – completei
-Hm... Tome cuidado, ok? Você agora é o Líder dos Luparinos... Os Maiores Alquimistas! – E gritando em alto e bom som, disse: - Não deixe de respirar!!
 E o velho Dimas abriu o olho direito e revelou um Selo de Anulação, apontou para minhas pernas e senti uma dor enorme, cai no chão, de joelhos. Corri para longe da fumaça do cachimbo, e ia me virar, já com a Espada nas mãos, porém, quando meus olhos focaram novamente
... Um clarão. Vi o cara de gorro com algo prateado e enorme nas mãos lançar luz sobre a cabeça de Dimas, senti que não havia mais nada dele ali. Nada havia além das lápides agora; e minha vingança fez com que continuasse e fosse em direção aquele corpo pequeno no gorro marrom.
... Tambores na minha cabeça, depois do clarão em minha direção. E acordei aqui, com as palavras de Dimas fazendo mais barulho que as balas que me acertaram no ombro e me jogaram longe, nesta cama de hospital de segunda-feira.
 ***
 Naquela mesma segunda-feira, um homem grisalho reza em uma Catedral de Rocha com um enorme paredão de vidro na frente, de São Denis. Vem andando para perto dele um gorro marrom:
-Ali estão, sete tesouros de Duendes, como você pediu. –Diz o grisalho ser.
-Ótimo. – Fala a voz rouca, mas, feminina.
 Ela retira o gorro e revela sua pele branca, cabelos ruivos pintados presos, olhar para o nada. Se aproxima de sete pacotes, entre caixas de madeira e sacos de pão com inscrições de selamento. Depois de checar tudo, joga perto do homem grisalho que rezava uma enorme Colt prateada:
 -Ela é sua. Pegue.
 -Não, pode ficar... Você é uma honrosa representante de sua raça, – levantando-se, mas sem virar para trás, o senhor de terno negro, fala sempre macio, como um pai – esta arma apenas funciona com guerreiros dignos, você o é, Janes Tempest.
 Com os olhos verdes e negros, ela o fita, mas pega a arma. Coloca as caixas empilhadas e os pacotes em suas pequenas mãos de 1,68 m.
-Você, por que matar alguém de seu próprio povo?
-Oras, - vira-se o homem grisalho – isto é demasiado humano, jovem celita.
 Ela sorri, e deixa cair uma adaga no chão. Um vento sopra e desaparece. O homem sorri com o estalado.
 Em um instante, aparecem das estátuas dos santos na capela diversos homens de preto. O maior entre eles, pergunta:
 -Você está bem, Mestre Søren?! Alguma coisa quebrou nossa conexão telepática com o senhor!
-Estou bem, Chavalier! Foi aquela pequena lâmina que barrou vocês... Não se preocupem, apenas uma reunião com uma Entidade Superior.
-O quê? Mas, mestre, o senhor está bem?
-Sim, agora, vamos... O enterro da nossa amada Vanda está para acontecer...
 Neste momento, toca o celular tijolo de um dos seguranças, ao qual diz, atônito:
-Mestre Søren! ...Acabo de saber que o Lendário Dimas de Luparino morreu ontem à noite!
-O quê? Aquele velho desgraçado?!! – Diz outro – Pensei que ele fosse imortal! Mestre, ele não era seu amigo?
 Søren apenas olha para eles e diz:
-Vamos, estamos atrasados para o enterro.
E a luz alaranjada toma a Catedral, a segunda está pra acabar.





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