segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ah Verão-o



Pegue o ventilador
Coloque-o na boca
Ligue até o nível 2
Pule numa bacia de cabeça
Do alto de um morrinho ventilado
E agora
Bem, agora não está mais calor
Pois teu corpo está gelado.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ruiva Caramelo


Ruiva Caramelo
Saiu pela rua atrás do Escaravelho
Na modinha do ser de todo mundo
Acabou comida pela múmia
Que é o seu Chinelo Velho
...
Mas, hoje ela está melhor
Hoje ela está bacana
Gírias dos anos 60, como sua mãe usava enquanto ainda fazia
Xixi na cama
Hoje ela está legal
Mais natural
Como metralhadora atômica de hormônios virginal...
...mente
a idade
...
Mas, hoje a ruiva caramelo está mais com esmero
a quebrar espelhos e o meu velho coração
coração de pó
como o salto da Rua dos Paralelepípedos
Aonde conheci
Eu, a Múmia
Aquela linda sainha de Ruiva Caramelo
...
Um beijo ruiva, com muito esmero
Na rua dos Bobos
Da corte
Em corte
Número Zero.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Menina Coelho 3 - Ab alio expectes quod alteri feceris


Cápitulo 3 - Ab alio expectes, quod alteri feceris

 -Eu voltei. –Disse César
-Então, está aqui, para terminarmos com isto.
-Sim, estou... Amigo Saudade... Estou acabado... O que vivi nesta viagem...
-Eu sei, a luta com os Serafins me destruiu, me fez perder meu sonho, minha agora Violeta
-O que fazer agora, os Serafins estão comigo...
-Eu lhe falei do meu genro, Tomas... Não?
-Sim
-Ele é a única coisa que pode mata o mestre do Castelo Hospital, o Poderoso...
-Mas, como assim? E os Serafins?! Tudo que passei... Foi, por nada?
-Não, meu amigo César... Eu não poderei vencer sem os dois... Pois, Tomas faz parte de minha filha, assim como ela faz parte de mim...
-O que acontece agora?
... E no silêncio, o pássaro ouviu o que devia fazer. Ele fizera um trato, e agora terminaria seus dias:
 Tomou a última lágrima.
 ...
 Nas portas do enorme Hospital viu surgir o Poderoso... Ao seu lado direito, a Enfermeira, no esquerdo, a Filha. Ele olhava um pássaro que estava ali há semanas e sumiu por meses... Porém, voltou há alguns dias e agora estava ali... Ele viu nos olhos dele e achou estranho...
-Quem é você? – Perguntou o Poderoso
-Eu, eu sou ele!
 Então, o Médico temeu, como nunca em sua vida... O pássaro falou e depois se transformou eu um homem de olhos distantes... E a Filha gritou:
-Pai?!!!! – Então, algo doeu nela e ela desmaiou...
-... – O Médico viu aquilo e não acreditava... Aquela imagem nas fotos de sua  falecida esposa, ao qual ela disse que era um Ser Maior que ele e que o fez desejar a morte de tudo que havia nisto, pois, apenas um poderia ser Grande: Ele mesmo. Levantou os braços e deu um tapa na enfermeira:
-Chama nossos filhos!
 Ela, com maquiagem borrada, foi chamando cada um dos números do alfabeto, aos quais foram saindo das portas do prédio branco uma enorme número de soldados de negro, com metralhadoras...
-Você! Pai desta fêmea pequena ao qual ainda não consegui que tenha uma cria minha, qual é teu desejo?! Como quer morrer para o Maior de todos?!
-Meu desejo? –Sorriu o homem profundo – Violeta... Ela vai sonhar novamente, mesmo que tenha de acabar com todo este mundo! E com eles acabarei!
 E apontando para o chão, tudo tremeu...
 Do Leste apareceu alguém, era Cimitarra, com um exército de pessoas com roupas e flores nos cabelos. Junto dele, do Nordeste, veio o Caído, com raposas munidas de dardos e bestas... Então, houve um lançar de armas e tiros.
 E na chuva de morte, o pássaro pegou a deslocada Violeta e correu com ela, correu e correu, enquanto a chuva caíra e explodia em ventos de fogo.
 -Não, volta com minha fêmea e cria! – E lançou o médico para cima dos dois, com grande tamanho eram seus passos, porém, segurado por Cimitarra foi... Que o golpeava e tentava impedí-lo de caminhar e pegar Violeta
 Nisto, a Enfermeira, pegou uma pistola e em uma nuvem que a escondia, atirou nas costas do pássaro... Ele ainda correu mais um pouco, com Violeta nos braços, entrando em uma casa abandonada...
-Estou... Estou...
-Quem... –Disse olhando com olhos verdes a moça – Quem é você?
-Velha amiga... Sou eu, aquele que caiu pela sua história, aquele que veio te salvar... Mas, que você não conhece assim... Sou eu, apenas eu... – Eu uma lágrima caiu da face daquele ser... E ele voltou a ser o que era
-César... – Então, então ela acordou e viu
 Virou-se para a porta e lá estava a Amante Enfermeira, ela apontou a arma para ela, mas, Violeta não temeu... Minha filha não temeu mais. Ela gritou e logo muitos dardos acertaram o corpo da mulher que deixava-a dopada,  ao qual virou uma massa de açúcar podre e morto...
 -É hora... É hora de César ser o que és!
 Então, a Filha saiu e viu o caos da batalha, viu quando Cimitarra teve suas asas coloridas e braços arrancados... O Serafim Caído o tirou dali e tentou acertar o Poderoso com um tiro, mas, apenas o deteve... Ele crescia, ele crescia...
  Violeta olhava tudo aquilo... Olhou César morto em um canto, temeu por tudo... E o Médico crescia, sua face ficava mais medonha... Então, a moça ferida por tudo, olhou para o lado e ali esta um ser de armadura negra e capa branca, orelhas de coelho e cabelo ruivo:
 -Olá!
-Olá?
-Eu acabei com seu pai anos atrás... Mas, eu sei como parar com tudo isto!
-Quem é você?
-Meu nome?... Eu sou apenas alguém... Alguém, Silêncio...
 Violeta não mais entendia... Mas, eu sim... Logo, o Exército de Filhos do Poderoso estava vencendo e cercando tudo com suas balas... Porém, o Serafim Mudo levantou seu braço e do ar se fez um elmo negro, ao colocá-lo, disse para Violeta:
 -Nós apenas podemos destruir o corpo físico do Médico Monstro, apenas você, apenas Violeta pode ter a beleza de matar seu poder... E a maior beleza que tens está em algo que teu pai te deu! Há anos! Lembra dele! César, o Pássaro Guerreiro descobriu qual era... E agora você, jovem futura rainha de sua vida, deve se lembrar!
 E o Serafim abriu as asas mais brilhantes de celofane de todas, e voou, em direção ao monstro... Levantou teu braço e nele disse:
 -Avante! VINGANÇA DOS FUTUROS!
 E de toda a parte de suas asas caíram maçãs, e das maçãs explodiram crianças... E as crianças voavam e caregavam mais maçãs...  Em todo o soldado elas caíram, e pelo corpo do enorme Médico elas agarraram e seguraram... O Gigante Poderoso Padrasto caíra, e ele temeu aquilo:
 -Quem é você?!
-Eu? Eu trago algo que a tudo caí... Eu sou o Silêncio de todo o poder... E cada criança aqui é um de seus filhos, alguém que você prendeu sobre a égide da sina!
 E Violeta viu o medo daquele homem que havia feito aquilo com ela... E, lembrou da morte de César... Então, ela caiu e lembrou-se do Pai:
-Veja, filha... –Disse ele para ela – este é seu amigo, este é Tomas!
Então, lembrou do segredo que seu pai lhe deu: um amigo para todas as horas, um amigo que havia sido seu marido até... A lembrança foi crescendo até que ela, Violeta, olhou para o lado e viu um rapaz de gravata e terno... Ele disse:
-Há muito tempo gostaria que você voltasse, pequena Violeta de meus dias...
-Tomas?
-Sim... Apenas um pequeno amigo imaginário... Apenas algo que seu pai fez para você e por isto morreu...
-Desgraçado!!!!!!!!!! –Libertou-se o Poderoso e olhou, gigante, para o pequeno rapaz, que recitou:
“Um a Lágrima virou Rufião
Outra, Alice
Outra, Bigodudo Professor
Da penúltima, virou um Serafim
E na última, tornou-se o Pai Silenciado
De uma letra virou Mapa
Da segunda, virou Saber sobre a City Apple
E na última, o medo do Desejo
E da Maçã virou futuro...
E eu sou a Esperança!”
 E tocou as mãos de Violeta, e ela soube que por um momento, lá atrás, lá no começo da história, ela foi feliz...
 Ouvi então um estalado, e havia um buraco lá, no Cemitério.
 O Poderoso parou, ele olhou e aquele não era mais o Pássaro na forma do Pai, mas, o verdadeiro Pai... Tomas se transformou em Pai... O Amigo Imaginário que nunca deixou a mente da menina estava de volta!
 -Olá e adeus, filha! Com um sopro se vai um sonho, com um acordar você volta e estará tudo bem... Seu pai sempre estará aqui...
 Sobre os olhos de pavor, o Poderoso ajoelhou e o Fantasma Pai com soco lhe explodiu a cabeça, o sangue jorra! Sangue que apaga tudo!
 Tudo acaba, tudo acaba... Menos o que sonhamos um dia!
 Então, Cimitarra, Caído, Mudo, as crianças-maçãs, as raposas arqueiras, as pessoas flores, o Hospital, City Apple, os Campos, Alice, César, Tomas, o Padrasto, a Mãe, o Pai...
 Tudo se apaga.
 E... Quando acordei, o silêncio não mais havia...
Apenas um olho aberto e sonolento
Apenas um sonho da menina
Menina Violeta
?

domingo, 18 de novembro de 2012

Menina Coelha 3 - Ab ungibus leo


...

Dois em um pequeno carro preto: Alice e César. Lá se abria a enorme City Apple, com seus vinte milhões de habitantes, era tão enorme que as pessoas viviam em prédios em cima de prédios, formando enormes Teias Residenciais. Vendidas pelo trabalho por doze anos na Grande Empresa, única firma que funcionava e dava certo naquele mundo...
 Os dois seres eram menores do que tudo naquele mundo, eles não conseguiam achar nada ali... Não havia um rastro do Serafim, que diziam estar com o nome de Caído. Procuram por pensões e templos, bancas de revista e puteiros, mas, nada... Nos pequenos becos, apenas pequenas garrafas de vodca e palavras e russo-mandarim, indecifráveis para eles... Os dois aventureiros...
 Então, eles resolveram comer em um fast-food e viram, embaixo do copo de refrigerante de Cola de Alice, um pequeno papel:
-Socorro! – Lá estava escrito. E olhando para o lado, viram um senhor cinza, sentado em uma cadeira, magro e tomando a 4ª xícara de café...
 César então saiu do ombro de Alice voou para atrás de uma placa, aonde tomou uma lágrima e tornou-se o professor Elias, que reprovou o Pai de Violeta no último ano do Ensino Médio, velho bigodudo e alto, agora César sabia de vários cálculos matemáticos... Mas, isto não era importante, já que seus passos não deviam levar-lhe para isto. Foi andando e tocou no ombro do magro ser cinza:
-Saia, tenho de trabalhar! –Disse ele, com voz que sumia. Sua mão, porém, pegou na de César e escreveu:
-Socorro! Eu preciso de ajuda!
 Mas, o homem cinza desviou dos olhos do bigodudo César e saiu do fast-food, levando o hambúrguer para comer no trabalho. Alice seguiu seu colega enquanto eles perseguiam o cinzento até um enorme prédio, lá dentro, eles conseguiram ir apenas até as portas do elevador, pois,  seguranças com máscaras de raposa e arco-flechas os deteriam:
-Aqui é lar das Firma Grande Empresa, apenas funcionários podem passar... Ordem do nosso presidente!
  Alice e César ficaram em um banco de concreto no lado de fora, vendo o movimento da empresa, que parecia não ter funcionários, já que ninguém entrava lá... Então, César pegou uma Letra ao qual ele poderia perguntar qualquer coisa e pensou no que dizer... Alice, “afobada”, se antecipou e disse:
-Quem é o mestre de tudo aqui e aonde ele está?
-Alice! –Disse César- Agora perdemos mais uma pergunta!!!
-Olha! Eu posso ver o que é de cada Eu! Sei o que há dentro daquele homem cinza que vimos... Espere e veja o que a Letra dirá!
 Então, a Letra disse que o mestre de todo aquele mundo era um ser cinzento, que havia Caído pois se perdera dentro dos dias, dentro das tarefas de sempre... Ele se tornou um mero Ser-do-Sempre-o Mesmo. Para cada dia que ele tomava para si, foi criando uma raposa, que protegia o seu castelo, a Grande Firma. Que na frente dos dois estava!
 César amou por alguns segundos o fato de ter salvado Alice, e sua esperteza e personalidade. Mas, era calculista agora, já estava pensando em como entrar... Então, teve uma ideia! Com uma lata de refrigerante ele fez um focinho para Alice, que tinha cabelos vermelhos e orelhas, ao qual ainda pôs amarrada uma vassoura. Para César, uma calculadora e pastas...
 Foram rumando até as portas dos elevadores, quando o guarda parou-os, disse César:
-Sou o Contador
-Contador, o que é isto?! –Perguntou uma raposa
-É aquilo que conta, oras... Toda a Firma precisa de um! – E as raposas se olharam
-Olhe –disse Alice – ele está comigo, posso garantir que ele não fará nada! Sou uma de vocês!
-Você? Quem é você? Quinta-feira dia 20 de dezembro de 1982, conhece esta daqui? –Perguntou a raposa a outra
-Não, Segunda-feira dia 4 de outubro de 1973, não sei quem é...
-Oras! Eu sou... Bem, eu sou... Sou Sexta-feira dia 1º de maio de 1994! Dia do Trabalho!
 As duas raposas se olharam e pareceram respeitar aquela raposa mais que eles, pois, “era uma nobre” e, com uma referência, deixaram eles passarem e apertarem os botões:
-Mas, espera! –Disse uma delas, - Isto não foi Sexta, foi numa Quarta! INTRUSOS! – E as raposas pegaram seus arcos e bestas, nisto, os dois aventureiros entraram no elevador e apertaram o andar 11
-Por que 11, César?!!!
-Por que é um número repetido, parece uma rotina, não?
E lá foram os dois, enquanto as raposas foram pelas escadas, pois não sabiam largar as armas e apertar botões ao mesmo tempo.
 Foram ao 11º, nada. Foram ao 22º, apenas um enorme escritório de biombos vazios... Então, apertaram mais uma vez e no 33º abriram as portas e estavam já com patas de raposas – elas tinham 4 patas, sobem 4 vezes mais rápido!!!
 No 44º, os dois saíram e deram de cara com uma sessão só de scanners e calculadoras... Quando estavam quase desistindo de correr entre os corredores, viram em um do canto ele: o Serafim Caído... Ele tirava xerox de um memorando, um mesmo memorando... Mesma página de uma mesma história.
-Hey, você!!! –Gritou Alice em seu ouvido
-Hey, o quê? – Se assustou o homem cinza, tanto que até ganhou cor...
-Vamos sair daqui!! – Gritava Alice com ele, enquanto César o olhava...
-O quÊ?!!! Não!! Tenho trabalho a fazer!!! – E o homem cinza ficava cada vez mais colorido...
-Pare, Alice –Disse o pássaro – Olhe ele, está assustado... Está...
-Hã? – E a jovem coelha-moça percebeu, as cores do serafim voltavam, enquanto ele se assustava cada vez mais...
-Se a rotina dele criou tudo isto... –Disse César- Para cada susto na vida, há uma resposta de fortaleza e colorido dele!
-Mas, com  o que podemos assustá-lo mais?!! – Perguntou Alice
-... – Calculou o pássaro, enquanto o serafim caído ficava agachado, assustado, ao lado de uma copiadora – Já sei!
 Então, abriu-se as portas das escadarias e vieram as raposas, Alice, pegou uma cadeira e golpeava uma, tentando detê-las, mas, logo, vieram flechas e uma acertou o Serafim... Neste momento, César agarrou-o pelos cabelos e bateu seu cara na luz da copiadora, tirou uma folha e mostrou para o Caído...
 Ele olhou, ele estava com dor e vendo a si mesmo... Então, tudo se desequilibrou e o chão se tornou líquido!
 Todos afundaram e só acordaram no alto de um prédio:
 César olhou para um enorme ser masculino com peruca loira e vestido de bolinhas, ele carregava uma escopeta numa mão e uma espada na outra, fixava seu olhar no topo de outros mil prédios. O pássaro acordou Alice e disse:
-É ele?! Será ele?
-Sim, sou eu, pequeno aventureiro... Pelo seu ato, todos os meus exércitos serão teus... Mas, terei de derrotá-los primeiro!!! – Ele, o enorme ser andrógeno, golpeou uma série de dardos voadores e os transformou em cinzas... – Salvarei vocês simplesmente porque me ofereceram algo que ninguém jamais me dera: um momento de alívio e lazer, um pequeno suspiro, uma pequena lembrança boa, até, queridos!
 E atônitos, os dois foram assoprados pelo Serafim. Porém, antes deles serem levando pelo vento, ele os advertiu:
-Cuidado! Na última Ilha existe o mais mortal de todos nós, com ele, apenas um pode atravessar o buraco de agulha que é seu coração... E, jamais, jamais, olhem em seus olhos, pois todos que tem vida neles quando os verem são roubados!
 E os ventos levaram os dois, já César era um pássaro e Alice o segurara contra o peito, enquanto viam o grande Serafim Caído lutando com seus dias da rotina, em batalha furiosa. Foram para o Norte, última ilha para salvarem Violeta do Hospital, a Los Petras.
...
Era árida, apenas cerrado de baixas árvores... Duas horas andando e já chegaram na costa da pequena ilha de Los Petras. Um enorme conjunto de pequenas árvores secas e tortas, com construções devastadas. No centro, uma Monólito.
-César... –Disse Alice – Você disse que o último Serafim era o Mudo... Será que ele?
 O pássaro olhou quieto... Ele via aquele estranho monumento, sabia que algo estava ali... Mas, um pensamento maior o incomodava:
-Alice... Eu te amo...
-O quê? Mas, você não tem sua família? César?!! – Então... A moça-coelho viu César tomar uma lágrima e se transformar em Cimitarra, ao qual ele disse:
-Sei que você amou este homem-deus, pois ele te deu vida... Mas, fui eu, Alice, fui eu!!!  -Então, César agarrou Alice para beijá-la, e ela bateu eu seu estômago e correu para perto de algumas árvores... Nisto, vei um pensamento que a incomodou:
-Este maldito... Ele me matou! Ele me deixou ser devorada por aquele monstro-dentes-de-sabre! – Alice olhou para o lado e havia uma faca, ao seu lado, uma peça de xadrez que ela nem notou: um peão.
 A coelha-moça pegou a faca e escondeu sob o vestido de flores azuis... Chegou perto do obcecado e babante César, que a agarrou.
 Logo, ele a deitou na relva dourada, mas, mais logo, um filete de sangue caiu sobre a terra e um berro de César. Ao lado de Alice, ele gemia, parecia assustado com algo que via:
 -Adeus! – A coelha iria matá-lo, porém, olhou bem em seus olhos... E o viu.
 Girou a mão e rodou para trás, neste momento, um vento se deu e o véu escuro da névoa se tornou ele, o Último Serafim. Em silêncio, o ser era pálido e seus olhos vazios... Alice não olhou para eles, lembrou do conselho do Caído, vi-o pelo reflexo da adaga...
 O Ser mudo, então, olhou para o chão e a menina-coelha também, lá estava um tabuleiro de xadrez, com peças... O tabuleiro se estendia pela relva... Se estendia por tudo!
 O Serafim pegou duas peças e as jogou para longe, César e Alice foram lançados para o outro lado da Ilha... Que eram pequena, como a chance deles de ficarem vivos...
 A coelha então abriu um buraco e os dois se esconderam... Ela tentava fazer uma tala para o braço cortado de César:
-Alice... Descobir algo... –Falava enquanto gemia – O Pai de Violeta... Ele... Ele... Esta lembrança é de sua morte, quando os Serafins o levaram... Eu sei por que...
 -Hã?
-Ele... Ele por uma vez fez algo perigoso, ele teve um sonho! E os serafins não puderam mais matar os anjos... Não puderam governar o mundo... Pois, com um sonho, o Pai seria o mestre deles, pois, barganharia com cada um...
-Mas, ele morreu por quê? Não tem sentido! –Gritou Alice
-Por que a vida não é feita de sonhos... Eu vejo isto agora... Ela é feita... Por nossas mãos!! – E César viu que tinha o poder de um Serafim, e se curou do corte, disse ainda:
-Alice, busca o que é este ser... Quem é o mudo!
 A moça-coelho olhou para o papel em que estava escrita a última letra... Pensou e perguntou:
- César quis me amar, eu quis matá-lo, o Serafim Mudo é aquele que está com nossos desejos mais profundos e secretos... Mas, qual é o dele, o que ele quer e ninguém sabe?!
 O papel lhe respondeu... Ao pé do ouvido
 Neste hora, abriu-se todo o chão e apareceu o Serafim, com dois pequenos peões...
-Eu lutarei com ele!!! – Gritou César, cheio de si.
-Não há como lutar com nossos desejos mais profundos... Amigo... –Disse Alice, e nisto, olhou para o fundo dos olhos do Serafim...
-Olhe para mim, vil criatura muda!
E ele olhou
-Eu te ofereço algo que você quer, mas, que esconde em segredo para sim mesmo... Eu te ofereço, uma nova chance!!! Uma vida mortal!
-... –A criatura muda olhou Alice... Sem palavras, ou melhor, se movimentos ou pensamentos, algo dentro daquele manto de neblina bateu: um coração de metal voltou a bombear. E uma lágrima desceu do rosto do Serafim...
-Alice! –Disse César, voltando a ser pássaro –Você?!
-Apenas um deve terminar esta viagem, meu amigo César... Vá, vá e termine com isto... – E debaixo do vestido, Alice, a menina-coelho, retirou a maçã-de-vento, ela mordiscou um pedaço e derrubou o resto, que caiu na terra e afundou.
 Seu corpo de moça expandiu até virar uma gigantesca bola de carne... Então, o Serafim puxou com um vento e, César ainda teve tempo de se agarrar na mão da moça, que apenas uma lágrima derramou...
A Neblina a engoliu e, depois, explodiu...
Todo o ar nebuloso de Los Petras saiu, revelou-se o sol e do sol acordaram brotos...
 -Olá, Guerreiro César!
 O pássaro acordou feliz, pois era a voz de Alice, porém, não era mais ela. Apenas com sua face e orelhas, estava mais alta e com uma couraça de armadura negra, sobre capa branca, não, não era mais ela:
-Sim, sou eu, o Serafim Mudo... Você me conquistou, derrotou-me, mesmo que não tenha sido você...
-Então, Alice...
-Ela está bem, ela será eu e será imortal, como eu sou... Agora que meu vício foi morto, farei com servidão o que me pedires... Sei quem és e a quem serve...
-Sabes? –Disse o pássaro, chorando por dentro pelo que ouvia, ainda confuso
-Sim... Um Pai que uma vez teve um Sonho... Ao qual está cada vez mais difícil ter hoje... E o seu sonho está em sua filha, está lá... Não deixarei que nada aconteça a isto... Apesar de ter matado ele há anos atrás, quando com engrenagens ele fez este sonho...
-Por quê?
-Oras, agora eu tenho uma nova chance... Só precisava disto... Só precisava de... Alice – E ele sorriu com o sorriso dela, que não estava mais ali – Agora, vá, eu cultivarei aquela maçã e logo terei milhares de novas chances... Mas, primeiro, você tem de ir ver seu mestre... Vá, vá e faça você mesmo!
 E o Serafim estalou os dedos, e tudo não passou de uma tela de pintura: o Pássaro César estava novamente lá, aonde tudo começou, lá: entre lápides, viu aquela de seu mestre... Aonde apenas estava escrito:
Saudades. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Menina Coelha 2 - Ab ungibus leo


Cápitulo 2 – Ab ungibus leo


 Um pequeno vento o levou para o Leste, enquanto caminhava para lá, com suas asas a bater, César levava consigo três pequenas armas que lhe dei para derrotar os serafins: cinco lágrimas, três letras e uma maçã-de-vento. Com as lágrimas, ele poderia tomar a forma de pessoas que conheci na minha vida, com as letras, ele poderia saber de três segredos, com a maçã, poderia fazer uma bomba que expandia tudo até os confins do, fazendo com que quem a comesse se transformasse em luz e pó.
 Com a primeira letra, César fez com que uma montanha lhe desse um mapa de onde estavam os três serafins. A velha montanha de arenito lhe deu, chorando em sua poeira:
 Três ilhas, a primeira, a Ilha de Campo, estava o Gigante Cimitarra, na segunda, a Enorme City Apple, o Serafim Caído, na terceira. Ilha de Las Petras, o Serafim Mudo.
 Lá foi César, caminhando por uma corrente de vento até a primeira Ilha, à Leste. Lá estava um enorme descampado, aonde não havia nada mais que cabanas e pessoas com fazendas de coelhos. No meio de um enorme vale, lá estava a casa de Cimitarra, seu nome era Centro do Mundo.
Enorme e vil criatura, era um Smilodon, felino de dentes-de-sabre. Comendo em um enorme prato três coelhos, que ainda vivos, grunhiam e mexiam seus narizinhos  César apenas olhava a criatura, que antes era um serafim, mas, ao comer um coelho depois de matá-lo sem querer, foi tomando forma monstruosa, até se tornar um monstro pré-histórico... Este monstro deu um nome de arma a si mesmo, Cimitarra. Era o Governador da Ilha do Campo, ao qual julgava todos se eram dignos ou não de viverem...
 César questionou a um aldeão o por quê de subjugarem-se a tal criatura, e ele lhe respondeu:
-Há anos nós somos assim, nós só somos nós porque temos a coletividade... E Cimitarra nos deixa assim, juntos, subjugados à Ele, nós somos felizes, pois não precisamos de nós mesmos... Não precisamos de Alice.
E César descobriu quem era Alice: um menina-coelho de cabelos vermelhos, vivia no Centro do Mundo, no castelo estava, lá, numa jaula, atrás de Cimitarra... Ela era bruxa poderosa, mas, sem memória passada... Sabia aonde estava a personalidade de cada pessoa da ilha, só que não lembrava... Não lembrava nem aonde estava a de Cimitarra, a antiga Verve de Serafim dele...
 O pequeno sabiá sabia que deveria salvar Alice e não matar o gigantesco Smilodon, pois era contra a violência... Mesmo isto indo contra as ordens do Pai de Violeta, Saudade. Então, César foi com suas pequenas asas e a bolsa aonde escondia suas armas, logo, pôs uma lágrima em seus olhos e se disfarçou de Rufião, o menino que bateu no Pai quando ele era pequeno.
Com forma bruta, passando por soldado, César chegou até um enorme salão, cheio de escudos, daqueles que tentaram matar Cimitarra em tempos antigos. O pássaro pegou um deles e uma lança e foi ver o ser governante, que estava comendo sem parar os coelhinhos.
-NÃO TRAZ AQUI VIOLÊNCIA, SOU O REI DELA, DE NADA VALE ISTO – Veio uma voz das paredes, ao qual César temeu por sua vida... Ele não fora avisado, mas, todo o serafim tem mil olhos em todas as direções... Se tentasse ir por qualquer lado, em qualquer lado um atacante morreria, já que estes seres eram os aqueles que matavam anjos.
 A gigantes criatura se virou, e César apenas viu que em sua calda havia uma jaulinha, e nela, Alice estava. O pássaro em sua forma de Rufião lançou a arma e abriu a cela, de onde a menina-coelho caiu, e os dois correram, e a criatura correu atrás, destruindo toda a mobília do salão
 Atrás de um enorme par de chinelos, o pássaro ouviu da moça:
-Obrigado ser desconhecido... Em séculos apenas mortos vinham aqui... Te agradeço com um beijo, te amo agora! – E a menina-coelho beijou a face de César, que olhou-a bem... Sabia que aquilo era errado... Aquela ideia que tivera...
 Os chinelos foram jogados para o lado e lá estava ele: Cimitarra, enorme e furioso.
 -Antes de me matar, você pode me dizer se come coelhos? –Perguntou César
-COMO! CRIATURA RATAZANA! POIS, SUA CARNE É MACIA E ME LEMBRA ALGO!
-Eu sei o quê!
-O QUÊ?
 E César agarrou Alice pelas orelhas e a jogou nas presas do enorme Smilodon:
 Ele a destroçou e se alimentou dela.
E depois, muita luz.  Os olhos da criatura se abriram em duas pérolas negras... Ela ajoelhou e das costas arrancou-se um homem de barba e vestimenta militar...
- O QUE... O QUE HOUVE...?!!! –Perguntou o homem
-Você estava com uma coisa importante, Cimitarra, você estava sem você mesmo! –Disse o pássaro –Apenas Alice poderia te dar isto, já que diziam que ela era a Personalidade de todos... Mas, -chorou o pequeno ser, já voltando a ser pássaro na forma – uma rosa morreu hoje...
 O serafim olhou aquilo e disse, com olhos pesados:
-SER... VOCÊ ME LIBERTOU, TE DEVO A MINHA VIDA EM SERVIDÃO QUANDO PRECISAR, PORÉM, ESTA MENINA TAMBÉM PRECISA SER AJUDADA!
-Ela está quieta agora, silêncio de morte! Nada podemos fazer e há de ter!
-ERRADO ESTÁ... SE TUA LÁGRIMA QUE USOU PARA SE TRANSFORMAR EM HOMEM PODE MUDAR A FORMA DE UM PÁSSARO PARA UMA LEMBRANÇA VIVA, TAMBÉM PODE MUDAR UM MORTO PARA O MESMO
-Mas... Ela... Não durará nada!
-A ISTO DEIXE COMIGO... –Disse o serafim
 E César derramou a lágrima nos restos destroçados de Alice, a menina-coelho renasceu na forma do primeiro amor adolescente do Pai, só que com cabelos ruivos vivos e as orelhas do pequeno roedor branquinho...
 -Mas, o que há aqui?!!  -Perguntou Alice.
-UMA NOVA VIDA E UM AGRADECIMENTO – Disse o Serafim, dando-lhe um beijo na boca da moça, seus olhos tornaram-se pedra topázio – AGORA, NÃO ESQUECERÁ MAIS DE NADA... EU TE MATEI UMA VEZ, NÃO FOI ESTE PÁSSARO... TU DEVES SERVI LO ATÉ QUE EU PAGUE A DÍVIDA COM ELE, EM TROCA, COM ESTE BEIJO, VOCÊ TERÁ A MEMÓRIA E LEMBRARÁ DE TUDO QUE VIVERES A PARTIR DE HOJE... ADEUS, ALICE...
 E a moça-coelho, atônita, se afastou e viu o serafim abrir enormes asas de celofane, voando e explodindo o teto do salão. César segurou-a pela sua mão e lhe disse:
-Agora temos de ir, tenho uma missão, moça dos olhos de topázio...
-Mas, as pessoas daqui... De meu mundo...
-Sem Cimitarra para segurar suas personalidades, elas florescerão – sorriu César.
 Os dois voaram em direção Nordeste, para a Ilha City Apple e, enquanto voavam, as flores brotavam das cabeças das pessoas da Ilha de Campos. Logo, os aqueles campos floresceram  logo, ideias nasceram... E os eus deles voltaram a ser eus. Alice agora olhava todos com alegria, pois, esta era a primeira memória boa que tivera em anos
...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Menina Coelha - Memento mori






Capítulo 1 - Memento mori
 Eu me casei aos 5 anos, disse minha filha, enquanto eu a ouvia, em silêncio. Seu marido tinha 16 já e estava num colégio do Céu, próximo aos anjos, que tinha asas multicoloridas de papel celofane. O nome de meu genro era Tomas, eu o amava como um filho, mesmo ele sendo apenas: um sonho. Sonho de minha filha
 Enquanto ela caminhava, caiu em pequenos espinhos – me disse no outro dia – o Tomas estava longe e não a protegeu, ele era seu amigo imaginário e havia abandonado minha filha... Não acreditava mais no amor, nem ela nem ele, não acreditavam mais em nada... Eu ouvia em silêncio enquanto ela contava que quando pisou no primeiro ramo de espinhos, o mais um veio até sua perna e se amarrou nele, indo e subindo, ia caminhando por sua perna e a prendia.... Os ramos foram até suas partes secretas e com 13 anos, minha filha sangrou pela primeira vez... Seu amigo e marido Tomas estava longe, eu supunha que ele havia sido levando pelos Asas de Todas As Cores, como eu, anos atrás, no mesmo ano de quando ela se casou.
 O sangue de suas perninhas fez com que minha antiga rainha, Felícia, que podia se transformar em uma gata ( eu usava isto para conquistar corações de metal, bombas hidráulicas de sangue, como o meu, por aí), a trancasse em um Hospital. Porém, a menina esperava sair dali o quanto antes... Fraca, mas, confiante, continuava a me contar as coisas, por meio de cartinhas enviadas por passarinhos... César era o mais fiel deles, quase um amante dela... Aquele pequeno bem-te-vi era minha única comunicação com minha filha, que me contava coisas mais atrozes a cada pequeno bilhetinho escrito com ponta de cateter:
 O nome dele era desconhecido, ele era um Padrasto. Não era como o meu, avô de minha filha, que nos criou com amor que seus filhos que não teve. Ele era estranho... Médico de Felícia, tentava sempre arrumar seu nariz, orelha e boca, pois isto desagradava a minha ex, sempre mexendo, tentava cada vez mais deixá-la como ele: seu nariz ela pontiagudo, suas orelhas, em cima da cabeça, seus olhos, esbugalhados e vermelhos pela cólera, me davam uma mostra de como era a Beleza, desde que eu fui levado pelos Anjos-De-Todas- as Cores...
 Mas, minha ida para o Silêncio daquela cripta não me deixava de pensar em minha pequena filha, que casara com 5 anos com um sonho, eu não me permitia... Meus ossos cada vez mais paralisados e meus vermes cada vez mais com fome, pois minha carne acabara... Eu era apenas uma Enorme Vontade, ao qual eu dei o nome de Saudade. Saudade foi aos poucos se tornando meu nome, e eu contei isto a minha filha... Ela me contava que este nome combinava com meus olhos, sempre verdes, como o mar de nossa cidade suja...
 Foi em um dia, quando a mãe de minha Filha estava sedada. O Padrasto tomou uma pequena garrafa de gasolina e despejou nela, com um pequeno corte de um fio solto e conivência de uma enfermeira amante, deixou e esperou minha ex ligar seu ventilador... Era um dia quente, era quente como o inferno... Mas, isto não era importante, não ligava daquela fêmea me encontrar no silêncio, apenas ligava para o que César iria me contar dias depois....
Minha filha, sedada e ainda zonza, apenas viu um Padrasto com seu tubo de carne vermelha e nojento, coisa odiosa... Coisa que não é pra ninguém!!! Coisa que é ato indigno, não pela parte biológica, mas, pela ação odiosa... E a pequena... Um dia ela acordou no ato, um dia ela chorou por Tomas, mas, o maldito havia ido embora...
Como eu fui embora...
E a Saudade foi se tornando algo estranho, força motriz. Foi indo na única parte que havia sobrado na minha carcaça: bomba hidráulica  cheia de coisa vermelha que não mais havia... Ela foi revivendo, foi tornando-se algo poderoso... Algo forte...
Mas, minha filha ainda estava no Hospital, sua mente estava em um feitiço de medo. Ela ia a escola com outros meninos, belos meninos para genros, mas, nenhum ligava para ela... Pequena garota de 17, cabelos roxos até a testa e tênis de borracha: também ela não ligava, a Filha era muda – a mais maligna cirurgia do Padastro.
 Eu tinha que fazer algo agora... Só que o Padastro era agora nomeado Poderoso, pois nos ossos chamuscados de minha esposa, aquele Médico achou a Escritura de todos os meus bens. E com eles ele tomou para si um Castelo, aquele Hospital; ao seu lado, deixava uma mansão, no quarto embaixo das escadas, minha filha jazia... Muda. Morta, semi-morta.
 Eu tinha que fazer algo agora, mas, como minha única forma era César, tinha de levar em conta que ele estava velho, fraco, penas brancas na cabeça... Só que, tinha de me ajudar! Pedia a ele que me achasse três pequenos serafins, eles eram loiros, forma de meninas, olhos negros... Como demônios antigos, foram eles que me levaram anos atrás... César aceitou a missão, porém, me disse:
-Cuida da minha família? É minha última viagem nesta vida... Meus ossos estão frágeis  meus sonhos, se foram, meus filhos, crescem... E apenas algo me mantém, O Algo que Me Faz Lembrar...
 E minhas palavras no silêncio lhe prometi um terço do meu reino em vida e uma parte do meu coração imortal para cada filho do pequeno sabia. César aceitou e nunca mais voltou para a janela de minha Filha, ao qual o pássaro me dizia que tinha a única alegria de ser Violeta, a menina muda, mas, que ao menos em seus cabelos coloridos, fugia do reino maligno do Poderoso.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Olhos de Concreto Acima da Cabeça

 Me fazem pensar enquanto corro para o
Fim da rua que não, nunca
Acaba de caber em meus olhos
Enquanto todos os pequenos filhos de Tanos -
- Os Humanos -
Caminham comigo na Empoeirada Nova Iorque
Buscando algo que lhes dê
Algo que lhes ame
Algo que lhes chame
Chama que não mais acende
Pois, o fogo não corre pelo concreto
Pode explodi-lo
Pode ser lava
Mas, não pode ser mais chama
E dentro de pequenos olhares dos Filhos de Tanos
Que com suas asas ascendem ao e no Céu
Vejo apenas um deserto
Nesta Nova Iorque
Que é minha cidade, provinciana
Que é metrópole
Em minha cabeça
da rotina cotidiana
E os filhos de Tanos permanecem a me olhar
Nos olham acima de nossa cabeça
E os cães latem de manhã
Latindo a presença de um Velho Sol da Manhã
Sol de Concreto Armado


sábado, 3 de novembro de 2012

Solte puxe segure

Então, ela descobri que estava na última névoa do dia
E caiu
Dentro da sua própria rocha da calçada, seu vômito diário surgiu
No sol
E davam o nome disto de respiração
Mas, ela não me olhou nos olhos e continuou
Com o mesmo ritmo, um meme
Meme da vida virada real
Mas, continuamos a respirar
Os dois, ao mesmo tempo, os dois na mesma respiração
Dura como pedra, dua como nada, nada havia na calçada
Só o vômito diário
Respiração
Vamos lá, solta, puxa, segura e
Solta, puxa, segura e solta
Solte sonhos
Puxe esperanças
Segure decepções
Solte mágoas
Puxe aquele primeiro beijo
Segure alguma alegria
Solte, puxe, segure
E Mantenha
A Névoa de vento num dia
Que já nasceu ontem


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vem

Venha pros braços
Que te aqueço com eles
Vem pra cama
Que te ganha amassos
Vem pro corpo
Não, não vem
Pois, já está nele
Pois, no porvir do amanhã
Explode o pulso do coração
Que vem
Está
Já dentro do teu.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Digitando Na Luz

Digitando na Velocidade da Luz, mas lendo apenas o pó da Montanha do que há hoje, o Novo Navegador caminha lentamente para uma mente misturada com simples gosma, a mesma gosma que cria as ideias, mas, dissolvê-as no decorrer do piscar de olhos a cada noite, antes de tu, eu, ou ela, irem dormir


Autor: Você mesmo. Usuário

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Alquimata XVI


Alquimata XVI – Acorde Quarta-Feira



 Passei mais um dia acordado até conseguir dormir. Só que os tambores continuavam, agora, pareciam latidos, estridentes, de algo ou alguém que perdi... E então, vieram os delírios, fui saber depois, havia algo na minha comida que reagiu com a bala que levei, havia algo na minha comida... Havia algo...
 Ali estavam, em um horta enorme, passos pequenos da criança de olhos verdes – que depois ficariam quase castanhos.  Não conseguia passar pelos enormes alfaces sem que os pés ficassem molhados, sem que as sandálias, úmidas, encomodassem a criança... Eu não sei pra onde ela vai, apenas, observo, do alto. Tenho febre, eu não sei, apenas vejo um céu que clareia.
 Lá está, a velha casa de madeira no fundo de um grande quintal... Acho que de uma fazenda, até. Por suas portas de velhas tábuas já apodrecidas em seus pregos e juntas, o toque do menino é suave, na áspera superfície. Apenas lembra das antigas Tias que moravam lá, alemãs, Ameia e Enia, só que seus vestidos de bolinha superam a suas faces, que parecem não habitar mais aquele local. E ele vai e vem pra seu nariz um cheiro estranho, algo que nunca sentira: por trás do cheiro, uma porta
 Pequenas mãozinhas curiosas abrem-na, e um sol está sobre uma mesa redonda, como a da vovó.
       Parecem conversando com  o teto, aqueles moços. Não tenho o número deles, apenas, que havia uns gordos, outros magros, mas, todos de ternos lustrosos e cara pálida. Olhando para o teto, despertando mais ainda a curiosidade do pequeno, ele vê que naquele que está de frente para a porta existe um enorme prato... Ele não viria a saber o nome daquilo por muito tempo; chamavam de Escudo Aldovaz, dos Montemarianos. Mas, ele não se importa, pois, o sagrado para um infantil é outro, é menor, não de importância, mas, de tamanho...
 Observa o copinho. Eram vários pelo chão, só que apenas um, ali, colocado na mesa.
 Verdinho líquido dele, quando o sol batia, via por dentro coisinhas, fumacinhas que se misturavam, formavam pequeninas fadinhas... Pequenas fadinhas de luz do sol. Sua boca salivou, seus dedos correram, sua mão era de alguém que sempre desejou algo e parecia ter encontrado... Então, tomou um bebirrico, no toque primeiro dos lábios, a novidade espanta pelo azedo, no tico trago, abre a vontade de mais, no gole profundo, deixa vício – vício pelo novo, este novo.
 LUZ DO SOL
 Agora, o menino está num campo. Um enorme campo de café decepado, morto. Agora, ouve latidos e tudo parece uma imagem desfocada de uma câmera velha, antiga.
 Lá está ela, a Rainha. Linda e de olhos de conta azul. Lá’stá de onde eu vim...
 Porém, há uma conta que não é de seu olho, é de água e me olha fixamente. Ela grita, minha rainha-mãe:
 - ... –Só que eu não ouço nada, há muito barulho de cães e trovões em volta.
 Só que, por mais que de repente, eles cessam. Param, terminam.
O menino toca a orelha e ela sangra, líquido que escorre parece com outro... O das fadinhas. Só que não brilha, opaca, deixa tudo muito escuro quando se vê e se tem ele nas mãos: o sangue.
 Volvendo sua face para a Rainha, ela o olha, e as contas caem mais rápido. Vestido belo de cetim rosa, mas não tinha aquela mancha que tinha ali... Um líquido está nele; tá machado.
 Mas, acho que a Rainha se cansou, deve estar triste, pela sujeira... Será que foi o menino que fez aquilo?
 Ele caminha com a orelha perdida em uma parte e sente que a chuva se aproxima, há muitos trovões. Olhando para a Rainha que cai, ele vê alguém de terno lustroso, como os dos homens que olhavam para o teto: o rei.
  O menino, a Rainha caída e o Rei. O grande homem vai ao encontro dele, está com algo longo e negro, algo que encosta na cara, na orelha que sangra, do menino e a queima... O sangue para, mas, não é o da Rainha... O Rei olha o menino, olhos negros, cabelos longos e ralos... Que misericórdia há neles? Não sei, não se parecem com os da mãe, do filho, apenas, com os daqueles homens com o Escudo Aldovaz.
 -Sua vaca morreu, meu bezerro... –Diz ele, ouço e lembro de suas palavras – Eu sou teu único caminho: levanta isto e acaba com a traição deste clã!!!
 E aquela coisa brilhante é jogada, no chão. O menino vê a faixa brilhante e a Rainha, caída, olha para ele, sorrindo... Com dentes, cheios de líquido. O que fazer? O Rei ou a Rainha neste xadrez?
 CORRE! Diz o coração dele, por dentro; como o instinto animal. Mas, PEGA, diz o outro, aquele que já sabe que não há como fugir de alguém como o Rei, ele é implacável, ele é alto, ele é... Seu pai, origem de tudo que tu és em ódio e fúria.
  - ... Escolhe teu caminho ou mata a ti mesmo! –Diz o homem com sotaque sulista e os canos de carabina ainda com fumaça nos dentes. Eu nunca mais lembro daquele homem, nem em sonhos, nem em coisas boas, como brincar e jogar videogames... Nada, apenas da fumaça entre os dedos da arma, e a Rainha ali, se arrastando... –Ok, se tu não te decides!
 Vi algo apontar para ela, vi ela morrer, a Rainha.
-NÃO!    - Um dos trovões me diz. Todos os outros se calam. Uma faixa de luz brilhante corta o ar e a carabina solta seu rugido entre os dentes, acertando perto de mim, voo para trás, um metro, que parece quando criança, mais de cinquenta, um oceano inteiro.
 O menino quase desacordado, vê um homem, cabelos por acabar... Ele toca carinhoso a face de sua Rainha, ela lhe diz algo, ao qual ele responde com um olhar para o garoto. Desacordado, vendo fadas no dia estranho e escuro, vê apenas o homem indo em sua direção, ele guarda a faixa de luz e chuta algo – rolando para perto do menino, ele vê o olhar do Rei, agora, sem fumaça nem brilho, apenas mais uma... Mais uma bola, uma bola de carne.
 O sol começa a apagar, seus olhos se levantam e ele vai... Vai e olha o homem quase careca e...
 Cheiro de sopa, isto eu sinto bem. Um mundo de cama, o sol mais uma vez me acorda, mas, agora não há nem tambores e nem cães, há apenas... Meu coração batendo. E os olhos do menino dão de fronte a uma figura imponente, um pouco cinquentona, mas, ainda com ares dourados... Com pratinho na mão, ele me diz:
 -Oi, meu nome é Dimas, pequeno!
 -... Uuuuuaaaa! –Tirando a ramela do olho e esbravejando a energia daquilo que parece um sonho, o menino responde – Olá, moço... Eu sou Onório!
 Então, começo a sentir dores, elas são intensas, duras, meu corpo comprime e escuto novamente um enorme trovão. O menino olha para a janela e vê, ela está lá, como uma faixa de luz, só que agora quem está caído é o velho, em sua cama... Ela, o nome dela? Janes Tempest... Acho que é este, ao menos, assim disserem quando me resgataram... Naquela noite, naquela noite de corridas pelo escuro
 E, nas sombras, tudo acaba, apaga; apenas o suor está como meu companheiro e o sonho volta a ser aquilo que ele me é muitas vezes: tormento de uma realidade que poderia ter apenas sido, não que acontecido.
 Este é ele, eu, Onório Escapuleri. Suado e em uma cama, novamente acordado. O sol bate em minha face, me cega como todas as manhãs, acorde maldito de um dia novo.
 Abre a porta um senhor de terno laranja:
-Vamos! Não temos tempo, achamos um Deles, Mestre!
-Deles?!
-Sim, dos Trolls... Ele está na Catedral!! Vamos!
 Levanto meu corpo, ainda fraco, pelo que aconteceu antes... Por tudo que aconteceu mais antes ainda... Pego as chaves do New Lada, olho o relógio, parece parado, como o tempo de tudo aquilo, aquela maldita missão: pego a Espada dos Luparinos...
 De repente, tudo volta na minha mente, tudo do sonho... Fixando o olhar não na espada, mas, em outra coisa: um pequeno prato de sopa, agora frio, agora sem cheiro bom, apenas uma lembrança de algo que já foi um dia – com fadas, luzes e fumaça.
 Adeus, Dimas.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Le Deux de Gévaudan


 Ali estavam
 Ela no banho
 Ele no pequeno tassé de café
 E nada mais havia no amanhecer
 Além de que, o puro e relevante ar da manhã,
 Cheiro de cafeína, vapores do sereno e da água
 No corpo dela
 Enquanto, saindo e se encontrando com ele
 O susto correu sobre uma gota suada
 Na testa, compartilhada
 E eu perco a inocência
 Ela, à inocência me tem roubada
 Nada mais há daquela manhã, em que um "Bonjour" se tornou um
 Toujour
 Apenas meus olhos fecharam
 E a escopeta lançou
 Sangue pros lados, lados de um algo que os escritores tolos
 Chamaram de amor
 Hoje, é só sexo, drogas e rock'n'roll
 Hoje, nada mais é do que uma manhã
 Em que dois seres famigerados
 Roubam a inocência dos velados, entre dentes
 Vapores, saliva e cafeína
 Entre eu, você e nós
 Apenas isto, leve e tristo, até
 Um leve sorriso
 E os dois seguem seu caminho, nos bosques de Gévaudan
 Alimentando-se de si mesmo, deles, delas, nós e eles
 O Mundo contra dois Seres
 O caminha apenas como única flecha rajada de sangue
 Que sai entre nossas presas
 Ao quais chamamos: coração
 Meu, teu, nós
 E um bom dia pra você
 Mon Deux.

domingo, 7 de outubro de 2012

Alquimata III


Alquimata III – Visita na Tabacaria
 Pegaram o metrô em direção ao Ponto Sudeste, no Sistema Radial de transporte de Campos Gerais, tudo saía da cidade ou entrava deste jeito. E lá iam o jovem Onório, sentado apenas olhando a espada ao qual ganhara, embainhada e acorrentada, Rita, que estava fumando em lugar proibido, e o Velho Dimas, lendo um livro de Nelson Rodrigues.
 -Velho...
 -Sim, Mestre Onório?
 -Mestre? – Perguntou Rita, assustada em sua cara.
-Sim, – respondeu o senhor quase careca e pequeno – agora ele é o Rei do Mundo dos Luparinos, e como nós o somos, devemos chamá-lo assim.
-Ah... Sim...
-Hey, Rita, cale a boca! –Gritou o jovem de mullets e camisa listrada verde – Os humanos estão conversando aqui, ok?
-Oras... Seu...
-Tome, Rita, leia um pouco... – E Dimas deu para Rita um livrinho, se bem lembro, Jerusalém Libertada, acho que uma ópera antiga – Vai saber muito mais lendo do que berrando.
 Ela obedeceu e o jovem continuou:
-Os Altos de laranja que estavam com a gente... Se eu sou o chefe, por que deixaram a gente depois de me anunciar?!
O Velho se aproximou de Escapuleri e disse, segurando seus ombros como que para um segredo:
-Nunca confie nos caras de laranja! É uma cor que dá azar...
-Como assim? Eu não sou O CHEFE?
-Não. Você é apenas o Portador da Espada de Salomão, esta, que você tem nas mãos... Cada um dos Três Clãs de alquimistas tem uma arma: a Espada dos Luparinos, a Javelin dos Be-Strokers e o Escudo dos Montemartinos. Estas armas são importantes, não os Portadores... Elas contém todo o segredo das principais magias e selos que cada um dos nossos povos possui, em quinhentos anos de guerra entre os Alquimistas, nunca perdemos esta arma porque sempre há alguém para protegê-la, se não forem os Altos Alquimistas, o próprio Portador deve ser de todo o modo proteger a arma!
-Ok... Os Três Clãs dependem disto? E nós nunca soubemos? – Onório olhou para Rita, ela nem estava ali para a conversa, apenas lia seu livrinho, devorando-o enquanto o mesmo dava vermes em seu cérebro de Djanho. –Enfim, e agora?! Eu não posso nem tirar esta espada da bainha! Como vou proteger alguma coisa?
-Bem, garoto, estamos indo pra um ponto da Metrópole visitar um velho amigo meu...Dono de Tabacaria.
-Por quê? Isto é hora de fumar um begue?
-Não, vamos lá porque ele é alguém que pode explicar sua situação para você.
 Desceram na Estação Central da Lapa, uma antiga cidade daqui. Tiveram ainda que tomar um ônibus para uma região perto do Aeroporto 125, deserto e degradado, um bairro surgia do mato verde que ainda se via ali. Em uma casa de dois andares e estilo polaco, com teto pra neve apesar de estarmos nos trópicos, lá estava escrito na plaquinha:
Tabacaria Xavier
Cinquenta anos servindo o melhor tabaco legal para sua família
 Entraram e já estava noite, foram recebidos por um velhinho mais velho que o Velho Dimas, só que mais alto, apesar de ser oriental, acho que japonês. Ele abraçou o companheiro idoso e logo todos foram tomar um pouco de chá, enquanto ele fumava um enorme cachimbo fedorento.
 Ao entrarem na Sala de Chá, dentro da loja, uma enorme biblioteca. Olhando para o chão, Onório disse para Rita:
-Tome cuidado, este velho é esperto...
-Sim, entendi! –Disse ela fingindo agora ler seu livro e com uma faca próxima da mão, mas por baixo do casaco.
 -Não precisam se preocupar, ele é confiável, meus jovens. –Disse Dimas – Xavier não possui nenhum vínculo, ele é um Sem-Clã.
 Diante da cara de espanto dos dois, o japonês completou:
-Exatamente, sir! Francisco Xavier de Oliveira, um orgulhoso velho Sem-Clã! E não se preocupem – Apontou para chão – este Selo de Estrela de Cinco Pontas aqui é contra todo o tipo de magia, mas, não é para vocês serem atacados ou algo assim... Se tentasse atacar alguém que é amigo do Dimas, com certeza estaria morto hahahahahahaha e olha que sei disto, ele já foi meu amigo! Hahahahahahaah
 Os dois gargalharam por alguns minutos. Depois disto, sentaram em um sofá velho e Dimas contou a situação que aconteceu naquela manhã, ao qual o japonês perguntou para Onório:
-Oras, então, você é o Chefe dos Luparinos agora! Que grande honra! Eu vi tipos como você apenas me perseguindo ou ceifando cabeças alheias hehehe e já faz uns cem anos?!
-Não vale nada, na real, este título aí... De que vale ser o “Chefe dos Luparinos” se nem posso ser protegido ou algo assim?!
-... Hm... –E assoprou o velho Xavier  seu pito – Acho que Dimas veio aqui porque tenho algo bem didático para explicar esta situação, ainda mais para jovens como vocês, que não gostam de ouvir como eu ouvia de meu pai, lá na Terra do Sol Nascente...
 Ele levantou-se e tirou os panos de um velho maquinário no meio da biblioteca:
 -Isto é uma Maquiladora de Metempsicose, algo velho e antigo... Funciona como um mostrador de slides de hoje em dia, mas, é melhor...
-Hm... Por que melhor, velho china? – Pergunta a curiosa engenheira Rita.
-Ele é baseado na Metempsicose, o transporte do que nós chamamos de aura para outros corpos... Ela faz isto e, assim, pode-se passar um tipo de “filme” com as antigas histórias do passado, reproduzindo tudo o que viveram aquelas pessoas e...
-Oras, por favor, comece logo, Xavier! –Fala Dimas – Mostre ao rapaz de uma vez!
-Ok, sir!... Continua um chato – resmungou o velho japonês, que pegou alguns ossos e jogou numa rede de tubos que havia para um enorme triângulo branco. Logo, tudo começou a se encher de fumaça e o velho pitou seu cachimbo e assoprou, misturando as duas névoas...
-Mas, o que...
-hehehee isto é para o show! –Sorriu o oriental e deixou seu cachimbo em uma mesa. – Agora, se me permitem, vou ao banheiro que o chá desceu na bexiga!
 Então, apertou o velho um botão e uma luz encheu a sala...
Começa a narração de uma voz pra dormir, só que como se fosse a sua voz que falasse para você mesmo. Uma sensação estranha de perder o controle de si mesmo, ao qual começou dizendo, enquanto cada imagem que ela ia comentando se mostrava em sensações para nossos sentidos:
Então, no alto da Guerra entre os Alquimistas, Três Clãs vieram à tona como a espuma da água do mar que invade a terra, vem e lhe rouba a areia, para os Castelos Submarinos.
No século XV, nos restos da Cidade Romana do Ocidente, se ergue os Luparinos, poderosos da Pele Vermelha. No sultanato púrpura, amarelo e vermelho de Solimão, que com seu Sabre baniu todo o Mal sobre seu Clã e numa floresta, encontrou o Lobo, símbolo de toda a Criação Luparina...
Nos anos de 1000 até 1790, uma enorme batalha se findou, e dela, surgiram os Cores Azuis, Cinzas e Castanhos, entre dois clãs inimigos surgiu um vitorioso apenas: os Montemartes. Dotados da defesa de todo o saber e mesmo sendo de Sicília, seu reino se deu nas florestas insólitas e negras da América Espanhola, sobre o Signo de Aldovaz, o Andarilho...
E na Era do Vapor, dentro de um povo sueco com fome e sede, todos os que se dão nome de Clãs do Norte Austral se unem, sobre um signo Bispal e de cores Celeste, Branca e Rósea, sobre uma única Justa e para uma única Guilda, dão-se o nome de Be-Stroker, os “Para Limpeza”. E em todo o navio vitoriano se vão, conquistando e colonizando, sobre a efígie da Santa Javelin usada pelo descendente do Santo Aurélio, Romano devotado ao único senhor dos Be-Stroker...
Com os três nomes dos Grandes Clãs do Ocidente o mundo se assombra, tamanha é a força e expansão de suas pronúncias e força... Porém, anos negro se vêem
Se vão... E chegam.
A Guerra contra os Inimigos de Todos os Bruxos se dá, e todos se unem!
Porém, a Vitória parece não vir sem o Ego, ao qual consumiu todos os Líderes dos Três Clãs... Na Batalha Quase perdida, apenas os Antigos poderiam ajudar
E das tumbas eles se erguem, Vencendo, todos e tudo!
Selam as armas para que apenas aqueles dignos pudessem usar... Dignidade conseguida apenas no brilho prateado da guerra contra coisas bestiais, como os terríveis...
 ...PLAFT!
 Neste momento, o Velho Dimas sai de sua cadeira e corre em direção ao banheiro, sacando sua pistola. Levanto-me e ainda com bolinhas brilhantes, faço o mesmo, enquanto seguimos pelo corredor, pergunto:
-O que há Dimas?
-Você não ouviu? É barulho de passos!
Ele abre a porta, nisto, Rita já está atrás de mim, portando sua faca. Todos nós paramos, sem nos mexermos... A cena é bizarra: o velho Xavier está com a cabeça decepada, com o corpo ajoelhado em frente ao vaso sanitário. Olho o espelho e há inscrições, na boca da patente, o mesmo.
-Velho, isto é uma Maria Sangrenta?
-Sim, é sim garoto... Mas, parece que ela já terminou, era apenas para o velho Xavier... Se você olhar o espelho, já está queimado e a água da patente, limpa... O feitiço terminou...
 Me aproximei devagar e tirei o corpo decapitado  parecia que o japonês tinha sido acertado no peito e jogado na patente, aonde a Maria Sangrenta foi escrita. Um dos feitiços mais macabros, faz com que toda a massa de água tornar-se uma Devoradora de Membros (em geral, apenas um), - no caso, se escolhem privadas por serem as mais fáceis de se encontrar... O que deu a superstição humana de um “fantasma”.
-Estranho, -diz Rita- teríamos percebido algo como uma Maria Sangrenta... Não ouvi nada!
-Mesmo um ouvido de Djanho, Rita, está prejudicado pelo Selo de Estrela 5 Pontas da biblioteca... Não daria pra ouvir... Na verdade, nenhum humano poderia sequer fazer uma magia com aquilo escrito no chão, usando ferro fundido...
-Mas, velho... Como você? ...
-Espera! –Grita Dimas, ao qual corremos de volta para a sala.
-O cachimbo do Xavier! – Diz o velho. – Sumiu!
-O que tem aquele pito fedorento? Nem se pode fumar mais em local público! – Diz Rita.
-Aquilo era uma arma mágica, Rita –Digo eu para ela. Olho em volta e vejo que os desenhos no chão derreteram, algo poderoso havia passado por ali.
 De repente, sirenes tocam. Dimas grita para tentarmos achar uma saída, mas, a biblioteca não possui nenhuma.
 Então, entram Policiais Militares com metralhadoras Tommy Gun e na frente deles um gordinho que diz:
 -Capitão Torquemada! Vocês estão todos presos pela Polícia do Estado Paranaense!

MUSIQUETA




Alquimata XV


Alquimata XV – Assassina



Não conseguia dormir, aqueles malditos tambores faziam a minha segunda-feira pior do que todas as outras, mesmo as de quando ainda trabalhava e não vivia de uma pensão. Eles ficavam ressoando e batendo na minha cabeça... Me fazendo, em pulsos, me lembrar o que aconteceu ontem
 Uma reunião na paisagem alaranjada daquela cidade, tudo estava fedendo a novo e eu com o Velho Dimas, estávamos discutindo o que aconteceu em uma reunião relâmpago por vídeo-conferência que ocorrera no Bar do Oswaldo (point dos Luparinos).
 -Não é possível que isto aconteceu... Tão perto da Guerra contra os Trolls, Vanda morrer assim... De ataque do coração
-Sim... –Disse o Velho, ele estava mais calado do que nunca
-O que foi?
-Sabe, acho estranho... – Falava e olhava pra baixo.
 Eu nunca soube, ficava apenas pensando em tudo aquilo, naquela maldita segunda-feira. Os tambores iam batendo cada vez mais fortes e fui ao banheiro, estava no Hospital Universitário, mas, não estava. Olhava pro espelho e minha cabeça no dia de ontem:
 -... A morte de Vanda trouxe um velho do túmulo dos Conselheiros dos Be-Stroker, Søren...
-Quem é Søren?
-Ele é alguém, bem, alguém que eu poderia chamar de Místico e Severo... – Andamos e atravessamos a rua, já não havia mais sol laranja e tudo começou a ficar em um estranho breu. Enquanto chegávamos às lajotas da rua de nossa casa, senti uma névoa nos meus pés.
-Mas... Isto não é importante – continuou Dimas, meu amigo – sabe, há muito tempo, te levei até a Antioquia, em Esmirna, naquele lugar, que chamamos de lar, soube que você seria grande...
-Hum? O que você... –E a névoa cresceu percebi, enquanto chegávamos perto de um beco escuro, havia alguém com cachimbo ali, de onde saia toda a névoa – Entendo. – completei
-Hm... Tome cuidado, ok? Você agora é o Líder dos Luparinos... Os Maiores Alquimistas! – E gritando em alto e bom som, disse: - Não deixe de respirar!!
 E o velho Dimas abriu o olho direito e revelou um Selo de Anulação, apontou para minhas pernas e senti uma dor enorme, cai no chão, de joelhos. Corri para longe da fumaça do cachimbo, e ia me virar, já com a Espada nas mãos, porém, quando meus olhos focaram novamente
... Um clarão. Vi o cara de gorro com algo prateado e enorme nas mãos lançar luz sobre a cabeça de Dimas, senti que não havia mais nada dele ali. Nada havia além das lápides agora; e minha vingança fez com que continuasse e fosse em direção aquele corpo pequeno no gorro marrom.
... Tambores na minha cabeça, depois do clarão em minha direção. E acordei aqui, com as palavras de Dimas fazendo mais barulho que as balas que me acertaram no ombro e me jogaram longe, nesta cama de hospital de segunda-feira.
 ***
 Naquela mesma segunda-feira, um homem grisalho reza em uma Catedral de Rocha com um enorme paredão de vidro na frente, de São Denis. Vem andando para perto dele um gorro marrom:
-Ali estão, sete tesouros de Duendes, como você pediu. –Diz o grisalho ser.
-Ótimo. – Fala a voz rouca, mas, feminina.
 Ela retira o gorro e revela sua pele branca, cabelos ruivos pintados presos, olhar para o nada. Se aproxima de sete pacotes, entre caixas de madeira e sacos de pão com inscrições de selamento. Depois de checar tudo, joga perto do homem grisalho que rezava uma enorme Colt prateada:
 -Ela é sua. Pegue.
 -Não, pode ficar... Você é uma honrosa representante de sua raça, – levantando-se, mas sem virar para trás, o senhor de terno negro, fala sempre macio, como um pai – esta arma apenas funciona com guerreiros dignos, você o é, Janes Tempest.
 Com os olhos verdes e negros, ela o fita, mas pega a arma. Coloca as caixas empilhadas e os pacotes em suas pequenas mãos de 1,68 m.
-Você, por que matar alguém de seu próprio povo?
-Oras, - vira-se o homem grisalho – isto é demasiado humano, jovem celita.
 Ela sorri, e deixa cair uma adaga no chão. Um vento sopra e desaparece. O homem sorri com o estalado.
 Em um instante, aparecem das estátuas dos santos na capela diversos homens de preto. O maior entre eles, pergunta:
 -Você está bem, Mestre Søren?! Alguma coisa quebrou nossa conexão telepática com o senhor!
-Estou bem, Chavalier! Foi aquela pequena lâmina que barrou vocês... Não se preocupem, apenas uma reunião com uma Entidade Superior.
-O quê? Mas, mestre, o senhor está bem?
-Sim, agora, vamos... O enterro da nossa amada Vanda está para acontecer...
 Neste momento, toca o celular tijolo de um dos seguranças, ao qual diz, atônito:
-Mestre Søren! ...Acabo de saber que o Lendário Dimas de Luparino morreu ontem à noite!
-O quê? Aquele velho desgraçado?!! – Diz outro – Pensei que ele fosse imortal! Mestre, ele não era seu amigo?
 Søren apenas olha para eles e diz:
-Vamos, estamos atrasados para o enterro.
E a luz alaranjada toma a Catedral, a segunda está pra acabar.





segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Alquimata I e II


Alquimata I
 Aqui encontram-se os escritos sobre a Batalha de Witmarsur, quando eu venci os Trolls e seu rei, Gustave Gepetto, e sobre o Cerco em Bombaína, quando mais da metade de meu povo foi morto pelo Cruel, Søren. Depois disto, me tornei líder efetivo do Clã Luparinos, através da dentenção da Espada Selada de Salomão e vivo meus dias melancólicos olhando para um espelho vazio de reflexo, pois, perdi minha motivação de viver.
(Onório Escapuleri)

Alquimata II – Metrô
 Era um dia estranho, abriu uma porta do trem-bonde que corria da Avenida Xavier até o Alto da Glória. Entramos, eu e Nervosa, o Velho Dimas estava atrás de nós, nos dando o apoio. Estava claro e estranho, abafado... Mas, ainda de blusa de pele negra colada em mim, e capote em minha colega, o velho estava vestido como um de sua idade, com as modas de outrora, de velho.
 Vimos ele, estranho, magro, calvo... Anel de casado numa mão, mas, olhava rapidamente pra todo o lugar, buscando uma fuga daquela vida:
 -Hey, você, Montemarte!
 Ele levanta, assustado, percebendo que a bolsa negra que carrega é o que queremos
-Cala-te! Meu nome é José...
-Não, mortos não tem nome... –Voz cadavérica de Rita Nervosa, com seus caracóis de medusa, assustando. Puxa a mulher uma faca, as pessoas do metro olham para baixo... Em silêncio
-Saia! Meu nome é José! – E o careca toca na mão de minha colega, ao qual ela responde com cortes em seu braço... Ele cai em cima de uma pessoa no metro, que sentada, olha pra baixo...
-... Meu nome... – Diz  o homem... – Meu nome...
-Você é morto! – E minha colega arma o braço para desferir corte mortal, matador; grito não, mas, ela não escuta, o Velho Dimas, está sentado, mas, não olha pra baixo, olha a morte do careca
     Cravada no ombro, a dor é sentida por mim... Eu sinto a dor dele... É o meu segredo...
-Meu nome é Stigma! – E o braço do careca lança minha amiga quebrante da janela do metro com o corpo, quase desmaiada agora...
    Abro a mala que levo comigo, e o sabre se volta, começo a bater  no maldito Stigma, mas, ele defende, pois, embaixo de sua pele, há uma braçadeira... Os golpes são contínuos, mas, estou conseguindo!
 Viro pr’aquele ser, ele babeia, ao qual bato em sua canela e ele desaba sobre uma velha que foi fazer compras... A velha olhava para baixo, não nota, cravo o sabre no meio das costas do careca, que gruni
 -Maldito Lupa! – Ele não morre, maldito!
 Pá! – Corta o som surto todo o ar
 A bala sai da arma quente latente do Velho Dimas, em pé, com seu velho 38...
-Vá, garoto, eu vi o que ele é, é um Djanho dos Be-Stoker, sua cor é o Cinzento!
 E eu sigo para cima do ser, que agora está caído, num canto, grunindo baixinho... Ele retirou minha lâmina de seu corpo... A bala parece que o fez murchar... Cato minha lâmina, e professo o rito contra Be-Stoker:
 -Al-Afaan tout quel le mer et earth, grundo-mon hands! – E minha espada se torna brilhante e alva, com corte certeiro, a cabeça do ser rola entre o corredor do metro-bonde...
     No mesmo momento, chegamos na Estação do Alto da Glória. Pego a cabeça do nosso inimigo, Rita, o corpo, saímos do lugar... Neste momento, antes de sairmos, o Velho Dimas estala seus dedos e retira a Desatenção das pessoas daquele vagão, todos acordam de seu sono... Também chamado de Rotina Que Nos Cegou.
 Sobre os Djanhos, eles são os Humanos que tiramos as dores e a emoção da compaixão, são nossos guerreiros perfeitos, como a Rita Nervosa – que perdeu seu nome quando a fizemos uma Djanho. Eu e Dimas, já somos Cavaleiros (Chavalier, no idioma original), nossa estratégia é golpear os inimigos depois que seres-escravos como os Djanhos os cansam, então, os mais velhos descobrem de qual dos Três Clãs eles são, ao qual cada um tem uma fraqueza... Logo, uso um feitiço para selar a força do ser e matá-lo, tomando para mim a sua Força.
 Depois de mais de cem mortes, ganhei a Alcunha de Lobo da Estepe, porque nos Campos Gerais nós temos muitas destas plantas, é de lá que venho, de uma família de classe média, de um curso de Humanas, mas, isto é antigo... De antes
 E estava na minha vida de Cavaleiro Luparino, quando, saindo da estação de trem-bonde Norte e Sul dos Campos Gerais, aparecerem três homens, de óculos escuros e ternos laranjas:
 -Olá, você é Onório?
 -Sim! - respondo eu. Olhando para o Velho Dimas, ele responde:
-Eles são confiáveis, posso ver marcas de Alta Alquimia deles... – Disse o Velho, com seus olhos azuis. Sendo que a Alta Alquimia era algo que deveria ser respeitado, estavam mais próximos do Chefe da Ordem, dos Luparinos, a nossa e...
-Então, você sendo Onório... – O segundo disse e retirou de uma bolsa uma espada embainhada e ajoelhou, o mais próximo de mim, segurou a minha mão e me puxou para baixo, para se ajoelhar com ele... O terceiro, disse em alto e bom som:
 -Salve Onório Escapuleri, Herdeiro e Líder dos Luparinos! Lutador contra Be-Strokers e Montemarianos, campeão dos Lobos, Sangue e Pele Vermelha!
 Ninguém entendeu... Ainda mais, eu.
 Porém, todos ainda olhavam para baixo



domingo, 16 de setembro de 2012

Asas do Epílogo Alvo

 Em uma casa antiga, de sapê... Enquanto existia alguns meteoros caindo nos carros, enquanto os povos fugiam em seus V8. Nada havia de esperança, apenas alguns 38 e escopetas... Os bacamartes caiam por cima dos fugitivos, apenas olhávamos na escuridão... Enquanto as asas rodavam pelos céus e as vozes tremiam, logo
queria ver bastante de você
queria ter por baixo
dentro dos beijos
da boca no seio, risonho límpido
do teu corpo nu branco, alvo
com poemas que não me deixam terminar, pelos fogos da escuridão
     Mas, nem teu corpo para de tremer, mesmo com eles
para
continua
no ritmo frenético
sigo, até o crepúsculo
de todo o deus, a Queda, no Poder dos Filósofos
falo com teu falo, meu falo
linda, alva coisa, quente
mora na mente
delírio do epílogo

Epílogo dos Humanos, com seus automotores... Correndo pelo deserto de estepes, cheios de asas
Asas do Escuro,
Lápides voadoras


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Ensinamentos sobre o Tempo

Os anos 50 nos ensinaram como querer um mundo sem disputas ideológicas: explodindo em bombas atômicas. Os anos 60, a espionar nossos filhos. 
Os 70, a ficar de trip em cogumelos. 
Os 80, a se vestir como manda seu coração - por isto, as roupas daquele jeito! 
Os 90, bem, não teve muita coisa senão esperar que o mundo acabasse nos 2000... E começa
 um nome milênio e, veja, o Universo não gira em torno de você, 
Humanidade! Beija a própria mão onininante e vá dormir.

domingo, 2 de setembro de 2012

Triste


My dead girl sang in my ears
And a picture pulled off the photo
Push a tears for inside
And uprising
Rise in the sun

domingo, 26 de agosto de 2012

Oofotorianos - Cosmologia do Caos


 Os Oofotorianos são, juntamente com o Sol de Kaleria, Protetores Galáticos da UGOSK. Seu planeta sede é Oofotoria, que fica no Sistema Solar de Ooia, constituído de uma estrela amarela e apenas dois planetas telúricos – Oofotoria e Dagon 1 -, cercadores de enormes correntes de asteróides e um gigantesco planeta gasoso nos confins do sistema:  Dagon 2.
 Oofotoria é um planeta totalmente coberto por enormes cidades de concreto e metal, sendo que não há muitas áreas com plantas e animais, isto se deve ao fato de que os oofotorianos serem uma raça ciborgue, aonde possuem pouquíssimas células, sendo estas apenas constituintes da sua capacidade de imaginação e criatividade, além de algumas emoções – que os transformam e seres passionais as vezes. A Cidade de Silvian é a maior do planeta, constituindo-se de todo o continente de mesmo nome, fora ela, há mais três continentes cercados de águas as vezes azuis e outras púrpuras e sufurantes. Há apenas uma grande floresta, Ciparis, aonde há espécies de gramas e poucas árvores altas, constituindo no único remanescente do ambiente original em todo o planeta.
 A Sociedade Oofotoriana foi fundada há cerca de 150 há 170 mil anos terrestres. Ela se originou de uma guerra entre os ciborgues e os habitantes orginais do Oofotoria, que naquele tempo era Silviatoria, e pareciam ser algo entre humanóides e seres faunicos. Não se tem muitas informações sobre como era esta sociedade anterior, só se sabe que eles começaram algumas teorias numéricas da Tecnologia Dimensional e que eram avansadíssimos em questão legal e teórica; porém, dentro da questão do tratamento de seus robôs, acabaram por desenvolver os Ciborgues, que possuíam uma parte de seu DNA adjunto a uma armadura metálica. Os ciborgues eram mal tratados pelo governo vigente, o de Silvian, sendo quase que aniquilados por serem considerados como não-vivos; isto acabou gerando a Guerra Mundial de Dagon, um ciborgue-mordomo de Silvian que acabou se tornando o Senhor de Oofotoria, após os antigos silvatorianos serem totalmente aniquilados ou os povos sobreviventes serem continuamente cada vez mais transformados em ciborgues através de partes robóticas.
 Dagon acabou emulando a ditadura de Silvian e ordenou um Reboot de toda a Cultura Anterior ao seu governo, sendo que apenas sobraram como remanescentes o nome da cidade principal e a Floresta de Ciparis, aonde estava a Mansão do Antigo Ditador. Dagon desenvolveu ao máximo as áreas urbanas de Oofotoria e investiu na tecnologia Dimensional ao passo dela ser possível. Quando isto ocorreu, o planeta começou a descobrir outros mundos em sistemas solares próximos e muitos embaixadores destes foram sendo encontrados, assim como os ciborgues também viajam para estes mundos.  Dagon então ordenou que seu governo fosse “expandido até os limites de tudo” (a dita Lei de Dagon), e toda a tecnologia Dimensional foi aplicada pelos ciborgues, expandindo em cerca de dez planetas: o Império de Dagon.
 Porém, entre os próprios ciborgues houve um crescente descontentamento com o governo de Dagon, que ficara igual ao antigo governante do planeta e emulava a destruição que ocorrera com a Guerra Mundial. Nisto, em uma ação impressionante, todas as tropas de Dagon foram aniquiladas por um novo grupo de governantes, o Conselho Justo, formada por ciborgues complexos aliados a tecnologia Dimensional de capacidades aplicáveis na distorção do tempo-espaço. Nisto, o próprio Dagon foi desmontado e sua porção viva foi julgada e condenada ao Reboot, aonde tudo foi apagado e ele foi exilado nas florestas de Ciparis, aonde existe um túmulo pré-construído para ele. Seu governo foi terminado, após vinte mil anos.
 Depois disto, houve um período de estabilidade e pausa na expansão do Império Oofotoriano. O Conselho Justo resolvera tentar a conciliação com todas as sociedades destruídas por Dagon, porém, isto não durou muitos anos, quando os Generais do Exército voltaram por conta própria a conquistar violentamente os planetas, com sociedades ou não. O Conselho Justo se preparava para a guerra com os Generais, porém, foi descoberto que Oofotoria estava entrando em um colapso ambiental e que uma guerra esgotaria fatalmente os recursos, não sendo possível a vitória contra os comandantes ciborgues, que naquele tempo já controlavam quinze dos vinte planetas participantes do Império Oofotoriano.
 Neste ambiente hostil, um novo grupo surgiu: os Amigos de Ôsnio. Ôsnio (abreviatura do nome Oo-Silvian Nativo Inácio Obus) é um lendário ciborgue-soldado expansionista, portador do Estandarte Oosia, ele possuía poderes de Tecnologia Dimensional desconhecidos pelo Conselho dos Justos e suas tropas, o que gerava desconfiança sobre ele. Após anos de uma guerra fria, o conflito finalmente estoura sobre alegações do General Isidoro que habitantes do conselho haviam invadido seu planeta (dasabitado de alguma sociedade que não fosse de ciborgues), Isidoro-6. Nisto, o conflito começara e os Amigos de Ôsnio foram chamados a escolher um lado, já que eram famosos por seus feitos.
 Ôsnio, em uma decisão até hoje lembrada e não entendida, ordenou que seus colegas formassem uma milícia que não lutaria por ninguém e atacaria apenas os mandantes da Guerra. Antes que algum conflito mais forte se iniciasse, alguns dos membros do Conselho e dos Generais foram destruídos, juntamente com suas tropas de elite. O Pânico fez com que todos buscassem explicações, elas vieram dos Amigos de Ôsnio, que diziam que continuariam a destruir todos os comandantes de todas as guerras até que a intenção de violência parasse... Isto comoveu as grandes massas de ciborgues e formaram-se grandes filiações aos Amigos.
 Neste momento, haviam duas facções dentro do Império Oofotônico, aquela dos Generais e do Conselho Justo, que queriam a Guerra Interplanetária, e aquela dos Amigos, que gostariam de novas medidas que não fossem em um primeiro momento as da guerra e destruição. Adjuntas a este conflito teórico, foram conhecidas as Ideias da Nulidade do sistema do Sol de Kaleria, que aumentaram as confusões acadêmicas e militares.
 Só que não apenas de ideias este ambiente confuso se formava, pois, entraram em cena um gigantesco inimigo: a Galáxia Virgo. Sobre um governo ditatorial, aquela galáxia vinha se expandindo e começava a tencionar o ataque final e mortal a própria Oofotoria. Contando com um total de vinte e cinco planetas, anexados violentamente ou por acordos, o Império Oofotoriano não conseguia se organizar devido a crise filosófica e social que havia entre os diversos segmentos da sociedade. No entanto, antes que tudo fosse perdido e já com um ataque maciço sendo realizado na cidade de Silvian, aonde ocorreram várias baixas, Ôsnio liderou uma contra ofensiva que destruiu toda a frota de Virgo.
 Com a vitória, Ôsnio fora elevado pelo Conselho Justo como seu imperador, os Generais começaram a tomá-lo por inimigo. Mas, o Soldado-Ciborgue não aceitou o título por mais do que alguns meses, tempo suficiente para gerar a União Oofotoriana na questão legal e promover uma eleição entre todos os ciborgues vivos de um novo Conselho, com candidatos do antigo grupo de conselheiros e generais expansionistas. Abandonando o governo, Ôsnio se retitou para os confins do sistema de Kaleria, que mostrou total apoio a nova União, sendo anexado a ela quando, surpreendentemente, tudo ocorrera bem e se formara pela primeira vez nas galáxias conhecidas uma união de planetas: a UGOSK.
 O Segundo Conselho Justo evocara uma combinação do Exército Expansionista Ciborgue, a Guarda do Conselho, o Monastério Kalérico e outras raças, como os Vandalorianos, Mantalorianos e Reptilianos, a chamada Coalisão Veloz-Mortal. Com o ataque combinado e seguido de diversos séculos e diversos planetas e raças destruídas, finalmente se findou a Primeira Guerra Galática, com a vitória da UGOSK.
 Após isto, houve um interesse enorme para com a Tecnologia Dimensional, que se mostrou poderossísima em níveis de conquista galática enormes. Só que os membros do próprio conselho não aceitaram este novo interesse e, em uma ação secreta, chamaram o lendário Ôsnio para liderar uma séquito de agentes que destruíram todas as secretas técnicas de controle e máquinas-sem-registro do velho Império Dagoniano e do Primeiro Conselho, após isto, alguns membros discordantes de manter este segredo foram expulsos ou rebootados, sendo colocados na Floresta de Ciparis, desmemoriados de toda sua vida, próximos ao túmulo de Dagon. O próprio Ôsnio, agora membro de uma misteriosa Ordem, a do Caos, desapareceu.
 E assim se deram os principais eventos da União Oofotoriana-Sol de Kaleria por parte dos poderosos povos Ciborgues de Oofotória. Que permaneceram com um governo relativamente estável e de filiação pacífica de outras sociedades como protetorados, membros e sócios, mesmo com eventos como o envolvimento não de larga escala na Quarta Guerra Galática.

FONTES: http://pt.wikipedia.org/wiki/Silvano_(mitologia)   http://merzworks-animes.blogspot.com.br/2010/08/o-oceano-negro-e-metafora-de-lovecraft.html  http://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_de_Loyola http://www.youtube.com/watch?v=KK23BhEQVyU (ouvi esta versãorelacionável às outras fontes, digo isto para outros autores de ficção, como eu, tenham alguma baliza de aonde achar sua inspiração)