quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Menina Coelha 2 - Ab ungibus leo


Cápitulo 2 – Ab ungibus leo


 Um pequeno vento o levou para o Leste, enquanto caminhava para lá, com suas asas a bater, César levava consigo três pequenas armas que lhe dei para derrotar os serafins: cinco lágrimas, três letras e uma maçã-de-vento. Com as lágrimas, ele poderia tomar a forma de pessoas que conheci na minha vida, com as letras, ele poderia saber de três segredos, com a maçã, poderia fazer uma bomba que expandia tudo até os confins do, fazendo com que quem a comesse se transformasse em luz e pó.
 Com a primeira letra, César fez com que uma montanha lhe desse um mapa de onde estavam os três serafins. A velha montanha de arenito lhe deu, chorando em sua poeira:
 Três ilhas, a primeira, a Ilha de Campo, estava o Gigante Cimitarra, na segunda, a Enorme City Apple, o Serafim Caído, na terceira. Ilha de Las Petras, o Serafim Mudo.
 Lá foi César, caminhando por uma corrente de vento até a primeira Ilha, à Leste. Lá estava um enorme descampado, aonde não havia nada mais que cabanas e pessoas com fazendas de coelhos. No meio de um enorme vale, lá estava a casa de Cimitarra, seu nome era Centro do Mundo.
Enorme e vil criatura, era um Smilodon, felino de dentes-de-sabre. Comendo em um enorme prato três coelhos, que ainda vivos, grunhiam e mexiam seus narizinhos  César apenas olhava a criatura, que antes era um serafim, mas, ao comer um coelho depois de matá-lo sem querer, foi tomando forma monstruosa, até se tornar um monstro pré-histórico... Este monstro deu um nome de arma a si mesmo, Cimitarra. Era o Governador da Ilha do Campo, ao qual julgava todos se eram dignos ou não de viverem...
 César questionou a um aldeão o por quê de subjugarem-se a tal criatura, e ele lhe respondeu:
-Há anos nós somos assim, nós só somos nós porque temos a coletividade... E Cimitarra nos deixa assim, juntos, subjugados à Ele, nós somos felizes, pois não precisamos de nós mesmos... Não precisamos de Alice.
E César descobriu quem era Alice: um menina-coelho de cabelos vermelhos, vivia no Centro do Mundo, no castelo estava, lá, numa jaula, atrás de Cimitarra... Ela era bruxa poderosa, mas, sem memória passada... Sabia aonde estava a personalidade de cada pessoa da ilha, só que não lembrava... Não lembrava nem aonde estava a de Cimitarra, a antiga Verve de Serafim dele...
 O pequeno sabiá sabia que deveria salvar Alice e não matar o gigantesco Smilodon, pois era contra a violência... Mesmo isto indo contra as ordens do Pai de Violeta, Saudade. Então, César foi com suas pequenas asas e a bolsa aonde escondia suas armas, logo, pôs uma lágrima em seus olhos e se disfarçou de Rufião, o menino que bateu no Pai quando ele era pequeno.
Com forma bruta, passando por soldado, César chegou até um enorme salão, cheio de escudos, daqueles que tentaram matar Cimitarra em tempos antigos. O pássaro pegou um deles e uma lança e foi ver o ser governante, que estava comendo sem parar os coelhinhos.
-NÃO TRAZ AQUI VIOLÊNCIA, SOU O REI DELA, DE NADA VALE ISTO – Veio uma voz das paredes, ao qual César temeu por sua vida... Ele não fora avisado, mas, todo o serafim tem mil olhos em todas as direções... Se tentasse ir por qualquer lado, em qualquer lado um atacante morreria, já que estes seres eram os aqueles que matavam anjos.
 A gigantes criatura se virou, e César apenas viu que em sua calda havia uma jaulinha, e nela, Alice estava. O pássaro em sua forma de Rufião lançou a arma e abriu a cela, de onde a menina-coelho caiu, e os dois correram, e a criatura correu atrás, destruindo toda a mobília do salão
 Atrás de um enorme par de chinelos, o pássaro ouviu da moça:
-Obrigado ser desconhecido... Em séculos apenas mortos vinham aqui... Te agradeço com um beijo, te amo agora! – E a menina-coelho beijou a face de César, que olhou-a bem... Sabia que aquilo era errado... Aquela ideia que tivera...
 Os chinelos foram jogados para o lado e lá estava ele: Cimitarra, enorme e furioso.
 -Antes de me matar, você pode me dizer se come coelhos? –Perguntou César
-COMO! CRIATURA RATAZANA! POIS, SUA CARNE É MACIA E ME LEMBRA ALGO!
-Eu sei o quê!
-O QUÊ?
 E César agarrou Alice pelas orelhas e a jogou nas presas do enorme Smilodon:
 Ele a destroçou e se alimentou dela.
E depois, muita luz.  Os olhos da criatura se abriram em duas pérolas negras... Ela ajoelhou e das costas arrancou-se um homem de barba e vestimenta militar...
- O QUE... O QUE HOUVE...?!!! –Perguntou o homem
-Você estava com uma coisa importante, Cimitarra, você estava sem você mesmo! –Disse o pássaro –Apenas Alice poderia te dar isto, já que diziam que ela era a Personalidade de todos... Mas, -chorou o pequeno ser, já voltando a ser pássaro na forma – uma rosa morreu hoje...
 O serafim olhou aquilo e disse, com olhos pesados:
-SER... VOCÊ ME LIBERTOU, TE DEVO A MINHA VIDA EM SERVIDÃO QUANDO PRECISAR, PORÉM, ESTA MENINA TAMBÉM PRECISA SER AJUDADA!
-Ela está quieta agora, silêncio de morte! Nada podemos fazer e há de ter!
-ERRADO ESTÁ... SE TUA LÁGRIMA QUE USOU PARA SE TRANSFORMAR EM HOMEM PODE MUDAR A FORMA DE UM PÁSSARO PARA UMA LEMBRANÇA VIVA, TAMBÉM PODE MUDAR UM MORTO PARA O MESMO
-Mas... Ela... Não durará nada!
-A ISTO DEIXE COMIGO... –Disse o serafim
 E César derramou a lágrima nos restos destroçados de Alice, a menina-coelho renasceu na forma do primeiro amor adolescente do Pai, só que com cabelos ruivos vivos e as orelhas do pequeno roedor branquinho...
 -Mas, o que há aqui?!!  -Perguntou Alice.
-UMA NOVA VIDA E UM AGRADECIMENTO – Disse o Serafim, dando-lhe um beijo na boca da moça, seus olhos tornaram-se pedra topázio – AGORA, NÃO ESQUECERÁ MAIS DE NADA... EU TE MATEI UMA VEZ, NÃO FOI ESTE PÁSSARO... TU DEVES SERVI LO ATÉ QUE EU PAGUE A DÍVIDA COM ELE, EM TROCA, COM ESTE BEIJO, VOCÊ TERÁ A MEMÓRIA E LEMBRARÁ DE TUDO QUE VIVERES A PARTIR DE HOJE... ADEUS, ALICE...
 E a moça-coelho, atônita, se afastou e viu o serafim abrir enormes asas de celofane, voando e explodindo o teto do salão. César segurou-a pela sua mão e lhe disse:
-Agora temos de ir, tenho uma missão, moça dos olhos de topázio...
-Mas, as pessoas daqui... De meu mundo...
-Sem Cimitarra para segurar suas personalidades, elas florescerão – sorriu César.
 Os dois voaram em direção Nordeste, para a Ilha City Apple e, enquanto voavam, as flores brotavam das cabeças das pessoas da Ilha de Campos. Logo, os aqueles campos floresceram  logo, ideias nasceram... E os eus deles voltaram a ser eus. Alice agora olhava todos com alegria, pois, esta era a primeira memória boa que tivera em anos
...

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