quarta-feira, 25 de junho de 2014

Poema número 5

Ela permanece
Quem?
Ela ficava me olhando ali, enquanto lia a primeira edição de "Origem das Espécies"
Ela permanece ali, me olhando volúpia com os olhos da serpente de cabeça redonda
Ali, permanece olhando quase que em cima da parede, eu me lembro
Ela estava lá, quando passei numa rua de luz da lua
Lá, na esquina, me esperando de vestido verde da esperança
Quando passei pelo sorveteiro e deu nó na garganta
Estava ali, comendo sorvete na cara de outra ou de outro, ali, gulosa como a gargantua
Ela permanece, eu não conseguia achá-la
Acordei, numa manhã bem cedo, busquei ela numa compota de doce
Mas, não, ela não estava lá, porém, permanecia
Não lembrava mais seu nome, mas, a minha barba continuava a crescer e ficar com
Pelos grisalhos
Não olhava mais pra ela, mas, ela permanecia ali, toda a olhada no espelho
Olhar escapava pelo canto em busca dela, no meu ombro
Mas, não, ninguém estava lá, porém, ela permanece
Te odeio consciência, mente e lembrança opaca
Pois, há toda a luz que meu cérebro de macaco dá, vinte e cinco escuridões
Volúpias, risonhas e me olhando com olhos verdes nas paredes
Surgem
E ali, permanecem, ali
Porém, eu não estou mais. Quando passei a fugir delas, me entreguei ao bom combate
Acabou. Ninguém mais permanece
Se foram comigo, me levaram no pé da cama, de mansinho, com beijinho
Agora, eu permaneço em você.



(Escher)

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